Never Be The Same escrita por Yasmin Abreu


Capítulo 4
Um Poema e Uma Carta


Notas iniciais do capítulo

Eu. sei. que. eu. demorei.

Desculpa, galera!!! Mas como no caso do capitulo 2, eu tive imprevistos. Não que eu seja ocupada nem nada, na real to de férias, mas eu também tranquei o curso, então vou ficar sem nada p fazer até ano que vem.
Enfim, eu demorei porque eu perdi a criatividade por conta de eventos que aconteceram na minha vida pessoal. E esses eventos ocuparam todo o meu cérebro, ai não tinha espaço pra pensar na história. Acho que vocês sabem como é isso, quando acontece algo na sua vida e você só fica revivendo aquilo até superar. Não que esse evento tenha sido ruim, quero dizer, é complicado kkk

Bom, como eu disse antes, esse capítulo é super importante pra história, e vocês logo descobrirão porquê hehehehe

Espero que gostem



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Com os dias se passando, e os olhos de Peter sempre encontrando os de Michelle, ela estava no seu limite. De novo.

E era estranho, como se de repente ela tivesse 13 anos novamente, com um crush profundo no melhor amigo e baixa autoestima. E do mesmo modo que há 5 anos atrás ela já não aguentava mais, agora tudo que Michelle quer é se livrar disso o mais rápido possível.

Ela havia desistido de tentar entende-lo, e sempre que os pensamentos voltavam, ela sacudia sua cabeça rapidamente, como se estivesse jogando-os para fora. Não tinha tempo para se iludir, ou para teorizar sobre sentimentos de alguém. Ela precisava se concentrar apenas no mundo dela.

Michelle gosta de viver sozinha. Pessoas externas podem até achar triste ser solitário, mas para ela, era ótimo. Ela não precisa se organizar no horário de ninguém além de si mesma. Pode sair sempre que quiser, ou ficar em casa o dia todo. A última opção é com certeza a favorita dela.

E se ela precisar conversar com alguém, sua mãe está sempre lá para apoia-la. Elas se dão muito bem.

Ou seja, Michelle tem a vida completa, mesmo com Peter fora dela. E ela não precisa, e não vai, se preocupar com ele. Conseguia lidar com o coração acelerado e o frio da barriga, já estava acostumada, não seria agora que ela iria vacilar.

Mas claro que tudo isso muda, como sempre.

...

Michelle havia acabado de chegar na aula, e depois dela, a professora entrou e pediu que os alunos formassem um semicírculo na sala.

Eles assim fizeram, e a sra. Rodriguez logo começou a falar sobre a atividade do dia, que envolvia poemas e músicas. Mas Michelle não tinha certeza dessa parte já que estava distraída com a vista, que obviamente era a da janela, não de Peter Parker num moletom azul-marinho que ela secretamente ajudou May a comprar, não, não, eram as flores do campo da escola, com certeza.

“Bom, eu quero que vocês transformem uma música que gostam muito em um poema, e assim a gente vai fazer uma análise sobre a conexão de ambos.” Sra. Rodriguez dizia sorridente, olhando para todos os alunos sentados.

“Afinal, o som pode mudar a mensagem de uma música? A maneira como um texto é recitado muda seu significado?” Eram perguntas retóricas para incentivar os alunos, mas Michelle já estava bem desinteressada na atividade, pensando em como aquilo era praticamente inútil pois ninguém nunca leva nada a sério na escola.

“Bom, eu vou dar algum tempo para vocês pensarem em suas músicas. Vocês podem pedir ajuda a colegas, ou até mim se precisarem.” A professora falava enquanto se sentava.

Michelle revirou os olhos, e colocou as mãos no bolso de sua blusa de frio, se afundando na cadeira. Não era uma tarefa difícil, Michelle conseguia pensar em músicas para qualquer tipo de ocasião em segundos, e com todo o tempo que a professora deu, ela conseguiu se lembrar de várias.

Logo pegou seu papel e começou a anotar a letra de uma música aleatória que tinha pensado.

...

Depois de alguns minutos, a sra. Rodriguez chamou a atenção dos alunos, dizendo que já era hora.

“Bom, como nós não temos tanto tempo de aula, eu não posso revisar a atividade de todo mundo, então irei sortear alguns alunos para vir a frente e recitar seu poema, que era uma música, para a turma.” Ela falava sorridente, parecia bem animada com aquilo, diferente de Michelle que não podia estar mais entediada. Aquilo ao menos valia nota?

Sra. Rodriguez se voltou a sua mesa rapidamente, pegando pequenos papéis que ela provavelmente vinha fazendo enquanto os alunos procuravam suas canções.

“O primeiro é...” A mulher fez algum suspense. “Brad Davis!”. O garoto olhou surpreso, então se levantou, e enquanto toda a turma o observava, ele se colocou de pé na frente da sala, começando a recitar seu poema.

Assim, todos puderam observar como a letra poderia soar diferente sem a melodia. E a professora fez comentários sobre músicas antigas que foram regravadas, como What is Love, que tinha uma melodia animada, mas na regravação, de outro cantor, ganhou um clima triste e melancólico, porém manteve a letra.

Após alguns poemas sem graça, e piadas estúpidas do Flash, uma pessoa improvável foi sorteada. Peter Parker.

Ele se levantou um pouco nervoso, como se não esperasse isso em momento algum. Michelle, que antes só encarava seu caderno, voltou seu olhar para cima e observou cada passo que ele deu.

“Aah...” Peter agora no centro, amassava levemente o papel em sua mão. Não que qualquer um notasse, apenas Michelle.

“Pode começar, sr. Parker.” A professora o incentivou com um sorriso.

“Ok, certo.” Ele afirmou com a cabeça e encarou seu poema, que antes era uma música.

Não posso deixar de imaginar se esta é a última vez que vou ver seu rosto

Isso são lágrimas ou apenas a chuva?

Gostaria de poder dizer algo

Algo que não soe insano

Mas ultimamente eu não confio na minha mente

Você me diz que eu nunca vou mudar

Então eu simplesmente não digo nada

Você sabe que mesmo quando eu digo que eu segui em frente

Você sabe que embora eu saiba que você se foi

Tudo o que penso é onde eu errei

Sim, eu ainda sonho com você

Não importa onde eu vá, eu sempre vou querer você de volta

Não importa há quanto tempo você se foi, eu sempre vou querer você de volta

Eu sei que você sabe que nunca vou superar você

Não importa onde eu vá, eu sempre vou querer você de volta

Quero você de volta

O rosto de Michelle estava estático. Aquilo queria dizer alguma coisa? Peter estava tentando falar algo? Ela se sentia entrando em desespero, e isso só fazia ela se encolher mais em sua mesa e olhar para qualquer coisa menos para ele, que olhava nervosamente para o papel, tentando lutar contra curiosidade de observar ela.

Michelle engoliu em seco, tentando manter sua postura, e convencer a si mesma de que era só uma música aleatória, e a mais pura coincidência.

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Michelle não podia superar aquele momento. Não dava. Era uma mensagem direta para o coração dela. “Ele gosta de você!”, “Ele sente sua falta.”, “Ele quer você de volta”.

Se antes ela já estava numa luta interna por causa de alguns olhares, imagina agora que ele recitou uma música inteira?

E bom, toda essa inquietação de Michelle em relação as ações de Peter nas últimas semanas resultaram em algo que ela não achou que faria de novo.

Ela escreveu outra carta.

Mas o que mais ela poderia fazer? Não tinha coragem o suficiente de perguntar se aquilo tudo significava o que ela achava. Ela era covarde quando se tratava de amor, e mais covarde ainda quando se tratava de Peter Parker.

Então, assim como 5 anos atrás, quando ela não sabia outra maneira de colocar seus sentimentos para fora, Michelle se sentou na biblioteca à tarde, alguns dias depois do acontecimento, e derramou todo seu coração no papel branco.

Estava concentrada, olhava fixamente para baixo, e assim ela escreveu, e escreveu. Tudo aquilo que estava preso em sua garganta agora se libertando através de sua caneta. Ela podia não conseguir colocar as palavras para fora com sua boca, mas conseguia fazer isso com suas mãos.

Ela registrou ali todas suas dúvidas, todas as suas certezas, todas as emoções que Peter causava nela, e como ela se sentia culpada as vezes por ter se afastado dele, mas ao mesmo tempo, achava que era melhor dessa maneira. Como, apesar de tudo que ela diz para ele, ela quer vê-lo feliz e bem-sucedido, e que ele e May tenham uma ótima e feliz vida. E como ela gostaria de poder fazer parte disso, e que após a formatura, ela teme tanto que ele vá para outro estado estudar e nunca mais volte. Escreveu como ela, até mesmo hoje, sente falta de ver o rosto dele quando ele não vai a aula, ou como ela sempre nota detalhes inúteis sobre ele que ela não nota em mais ninguém.

E dessa maneira, ela sorria, pressionando seu braço contra a mesa, e se apoiando nele.

Não precisava reler a carta, ela tinha cada palavra memorizada, e eram lindas, tinha que admitir.

Mas logo ela ficou séria novamente.

Dessa vez não podia entregar a carta, e nem deveria pensar nisso. Não iria nem mesmo coloca-la em um envelope. Ela iria guardá-la junto com a outra, de quando tinha 13 anos.

Talvez Peter gostasse dela, e talvez ela quisesse que tudo aquilo significasse algo, mas ela não tinha nenhuma certeza, e não queria arriscar nada. Ela gostava da situação que se encontrava agora, muda-la não parecia uma boa ideia, ainda mais quando as chances de um final feliz para tudo isso não são 100%.

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Brad Davis caminhava pela cantina da escola, com passos pesados e um papel branco parcialmente amassado em suas mãos, ele estava com raiva. E até mesmo chamou atenção de alguns alunos com isso, mas não se compara a quanta atenção ele estava prestes a receber.

“Jones.” Brad dizia num tom irritado, agora parado em pé em frente à mesa de Michelle, que estava lendo um livro qualquer e com cara de entediada.

“Davis.” Michelle disse, ainda olhando para seu livro, sem dar muita importância ao garoto raivoso à sua frente.

“Nem vem com a indiferença, eu quero saber que merda é essa.” Brad aumentou levemente seu tom, e jogou duramente o papel na mesa.

Michelle olhou para ele com uma cara levemente confusa, mas tentando manter sua expressão neutra. O garoto simplesmente apontou para baixo com a cabeça, como se estivesse pedindo uma explicação imediata e Michelle não tinha ideia do que estava acontecendo.

Ela então percebeu que aquilo era a carta que havia escrito no dia anterior. E ela congelou, nem mesmo conseguiu esconder sua expressão de susto. Como ele conseguiu aquilo?

Ela tinha tantas dúvidas rondando sua mente agora, que estavam entorpecendo toda sua cabeça.

Não, não, por favor não, Deus, não. NÃO!

“Você sempre age como se não precisasse de ninguém, como se fosse melhor que todo mundo, e agora me vem com essa merda? O que você achou que ia rolar?” Brad jogava as palavras na cara de Michelle, com seu tom alto e raivoso, como se ela tivesse começando algum tipo de guerra ou atacado ele de alguma forma.

“Você acha que alguém gosta de você, Michelle? Ninguém gosta de garotas feias e irritantes como você.” Ok, Brad agora estava lançando ódio gratuito em Michelle, que realmente estava totalmente perdida, não conseguia nem processar todas as ofensas que Brad estava deferindo, até porque se ela pudesse pensar direito, ela já teria comentando o quão infantil e estúpido ele estava sendo, além de estar enganado já que aquela carta jamais seria pra ele, e que ele era com certeza o último garoto que ela iria gostar, ainda mais depois disso.

“Onde...” Michelle pegou o papel e se levantou lentamente. “Onde você conseguiu isso?” Ela respirou fundo para não surtar. Aquilo não podia estar acontecendo.

“Ah sim, óbvio que você vai se fazer de desentendida, não vai deixar todo mundo aqui saber o quão louca você é de achar que pode gostar de mim.” Brad disse, apontando para as pessoas nas mesas, que olhavam curiosas. Apesar de não estar gritando, o garoto falava rapidamente, e sua voz que já era um pouco alta, estava chamando muita atenção, e isso incluía Peter, que estava do outro lado da cantina, observando tudo, enquanto cerrava seu punho, tentando se conter para não ir lá e falar algumas verdades na cara do garoto.

Michelle soltou uma risada irônica e olhou para Brad com cara de descrença. Ele realmente achava que ela poderia sentir algo por ele? Nunca.

"Ninguém gosta de você, Michelle.” Brad dizia, se aproximando dela e diminuindo seu tom. “Você nunca vai encontrar ninguém." Ele jogava tudo isso na cara dela como se fosse verdade.

E Michelle estava com raiva, confusa, triste, surpresa, era um misto tão estranho de emoções, que ela não sabia como agir ou reagir, não conseguia dizer nada, porque ao mesmo tempo que só queria jogar na cara de Brad como ela não tava nem aí pra ele, ela também estava totalmente atordoada pelo fato de que ele conseguiu aquela carta em algum lugar e achou que fosse pra ele.

Os amigos de Flash, e ele mesmo, riam de toda a situação, enquanto batiam palmas, como se o que Brad fez fosse algo positivo. Isso só aumentava a fúria de Michelle e de Peter.

Algumas pessoas na cantina observavam tudo com um sorriso, outros surpresos, outros assustados, mas parecia que todos tinha gostado.

E Michelle, pela primeira vez, se sentiu mal por se sentir sozinha. Era como se todo mundo estivesse contra ela, como se a desgraça dela trouxesse alegria para os outros, e ela não tinha ideia do porquê aquelas pessoas pensariam assim. O que ela pode ter feito de tão horrível para eles?

Ela lutou contra a expressão triste que insistia em aparecer em seu rosto. Não iria chorar, não por isso, não quando ela não tinha culpa nenhuma, não quando ela foi humilhada por um ser tão baixo. Não era justo.

Brad logo caminhou para fora dali, com gritos de alegria dos amigos de Flash, e até alguns tapas nas suas costas. Patético, todos eles eram patéticos para Michelle, pessoas vis e cruéis, que não mereciam a tristeza dela.

Michelle não conseguia acreditar no que acabará de acontecer. Não era possível. Nem em seu pior pesadelo ela podia imaginar um cenário como esse.

O sino tocou. A hora do almoço havia acabado, e com isso, os alunos na cantina saíram um por um para suas aulas, enquanto Michelle e Peter ficaram ali parados.

Ela não percebeu Peter, ele estava longe e mais para trás.

Enquanto isso, Peter sentia seu coração apertar, e tudo que ele queria era poder ir lá e dar um abraço em Michelle, dizer para ela que Brad não merecia os sentimentos dela, que ele era um babaca estúpido, e que ela com certeza iria encontrar alguém melhor.

Ele queria tanto ter ido antes, ter defendido ela, mas a raiva e a fúria dele eram tantas que Peter simplesmente travou. Ele ficou lá, congelado, assim como Michelle, querendo fazer algo, mas não conseguindo nem mesmo se mover.

E agora ele se sentia culpado por não fazer nada, e sem coragem para ir até lá e falar com ela. Tentava imaginar o quanto deve ter sido horrível para ela, ser rejeitada e humilhada na frente de toda escola por alguém em que ela confiou seus sentimentos.

A expressão de Peter era de tristeza pura, ele até mesmo respirava pesadamente. Será que era melhor deixa-la sozinha?

Depois de algum tempo, Michelle respirou fundo e saiu. Precisava registrar tudo aquilo.

Peter observou cada passo que ela deu para fora, em nenhum momento ela percebeu ele ali. E quando ela se foi, ele soltou o ar que nem mesmo percebeu que estava prendendo. Também notou que ela havia esquecido seu livro na mesa, e caminhou até lá. Se perguntou se deveria ir atrás dela para devolver ou esperar até o dia seguinte.

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Michelle estava sentada nas arquibancadas do ginásio. Segurava a carta em suas mãos e encarava o nada, enquanto apoiava seus braços em suas pernas.

Como aquela carta acabou na mão de Brad? Ela tinha certeza que colocou em sua mochila depois que a escreveu. Será que havia, de alguma forma, caído?

Não fazia sentido. Brad a encontrou e simplesmente assumiu que era para ele? Por quê? Ela não escreveu nenhum nome na carta, então poderia ser qualquer um. Aliás, como ele sabia que foi ela quem escreveu? Ela também não escreveu seu nome.

Tantas dúvidas, era tudo tão confuso.

Além do mais, Brad realmente leu a carta? Ela falava de Peter nela, de como ela sentia falta dele as vezes, e como os olhares dele a deixavam confusa. Brad por acaso olhava para Michelle? Algum dia eles foram amigos para ela sentir falta dele?

E era tudo tão específico também, ela até falou do poema que ele havia recitado, e que a letra havia mexido com ela...

O POEMA! Brad também havia recitado um poema, será por isso? Mas ela também falou sobre eles serem vizinhos...

Brad morava na vizinhança.

Michelle havia se esquecido completamente que ele também vivia lá. Isso é o quão importante ele era para ela.

Mas isso não explicava como ele assumiu que a carta era de Michelle, ou ela foi parar nas mãos dele.

Michelle fazia uma expressão pensativa enquanto as ideias e teorias passavam por sua cabeça. Nada disso mudava o fato de que ele a humilhou, e agora todo mundo acha que ela gosta dele e que foi rejeitada.

Que situação maravilhosa para se encontrar, não é mesmo?

Michelle se perguntava o que teria acontecido se Peter tivesse encontrando a carta.

Seria pior? Como poderia ter sido a reação dele? Argh, era justamente isso que ela queria evitar, pensar em como ele reagiria aos sentimentos dela.

Michelle, que estava concentrada, logo ouviu um barulho que tirou todo seu foco. Era a porta do ginásio se abrindo. E logo ela avistou Peter entrando.

Ele a olhava com uma expressão triste e de pena. Como se estivesse se sentindo mal por ela, e normalmente, Michelle só riria da situação, mas agora o coração dela se apertava por fazê-lo se preocupar.

Peter caminhava lentamente em direção a ela, com cuidado a cada passo. E quando chegou ao seu lado, ele se sentou silenciosamente, a encarando. Ele parecia ter várias perguntas.

“Como você tá?” Ele parecia estar escolhendo cada palavra sabiamente. Ela não admitia, mas ela amava quando ele era cuidadoso com a tristeza das outras pessoas.

“Ah, eu tô bem.” Michelle respondeu, dando de ombros. Ela foi humilhada, mas ao mesmo tempo, ela não gostava de Brad, ou seja, no final o idiota era ele.

“Eu sinto muito.” Peter disse docemente. “Posso fazer algo pra te ajudar?”

“Ah, eu tô legal, não precisa se preocupar, além do mais, a carta nem era pr-“ Michelle logo se interrompeu. Peter saber que a carta não era pra Brad não era uma boa ideia. Antes, ninguém sabia que Michelle gostava de alguém, e isso incluía Peter, mas agora, ele sabe que ela tem sentimentos por alguém, e quanto menos ele soubesse sobre isso, mais difícil seria para ele ligar os pontos.

“Sua mãe sempre diz pra gente escrever o que sente.” Peter disse olhando para a quadra laranja a sua frente. “No final, você fez isso, e olha como ele te tratou”.

“Eu sinto muito por você gostar de um cara como ele. Ele é muito babaca.” Peter disse, e assim que percebeu a última palavra, colocou a mão na própria boca, como se não pudesse chama-lo assim. Mas era a mais pura verdade para ele. Brad era um idiota.

“Tudo bem.” Michelle o acalmou. “Ele é babaca mesmo.” Colocou sua mão no ombro de Peter.

“E olha só! Magicamente, eu não gosto de mais dele.” Argh, só de fingir que ela gostava de Brad, Michelle já sentia náuseas.

“Não é tão fácil assim, Michelle.” Peter riu um pouco.

“É fácil assim quando ele te humilha na frente de tanta gente.” Michelle disse, agora também olhando para frente, ao invés de Peter.

“Espero que você saiba que ele tá errado.” Peter a encarou. “Você não é nada daquilo que ele disse.” Michelle não pode se conter e sorriu levemente com a fala do garoto.

“Acho que você é o único que pensa assim.” Ela abaixou a cabeça, enquanto falava tristemente. “Não viu o rosto dos outros? Eles concordam com ele.” Completou. As memórias daquele momento voltaram a mente dela, o que só a deixou mais pra baixo.

“E eles também estão errados.”

“Você acha?”

“Sim” Peter afirmou com convicção.

“Você deveria ser a primeira pessoa a pensar isso de mim.” Michelle se abaixou um pouco, encarando o chão. Não queria deixar Peter vez seu olhar triste. “Já que eu sempre brigo com você.”

“Exatamente.” Peter disse, tentando anima-la. “E mesmo sendo o único que poderia ter alguma raiva de você, eu não tenho, então não se preocupe, você é incrível.” Michelle levou seu olhar para ele.

“Obrigada, mas isso não muda nada.” Ela foi sincera, e Peter ficou pensativo por um momento.

“E o que poderia mudar?” Perguntou enfim.

“Sei lá, algum tipo prova viva de que eles estão errados talvez.” Ela deu de ombros.

“Como...?” Peter indagou.

“Tipo... sei lá...” Ela pensava na resposta. “Ele disse que ninguém me queria e ninguém gostava de mim, então se eu arranjar alguém, vou provar que ele tá errado.”

“Hum...” Peter se virou, um pouco pensativo.

“Acho que é aí que tá o problema...” Michelle continuou. “Eu não vou arranjar alguém... Talvez o Brad esteja certo nisso...” Ela falou tristemente.

“Eu só...” Michelle sentia uma vontade estranha de continuar falando. “Eu sei que eu não tenho que provar nada para ele, mas eu tô com tanta raiva que eu queria poder dar o troco, só pra ver a cara dele.” Peter ouvia tudo atentamente, observando ela novamente se abrir pra ele sem perceber.

“Eu queria poder me vingar, é isso.” Ela voltou a encara-lo. “Queria ver a cara dele quando eu mostrasse que eu tinha outra pessoa e que ele tava errado em tudo que disse.”

“Então é só você começar a namorar alguém.” Peter deu de ombros, inclinando seu corpo para trás, encostando suas costas nas arquibancadas mais acima.

“Não é tão fácil assim, Peter.” Ela imitou o tom dele, repetindo a mesma frase que ele havia dito momentos antes. Peter riu com a fala.

“Bom, se você só quer provar que ele ta errado, não precisa ser real. Só arranjar alguém pra fingir que namora com você então.” Ele disse com um olhar relaxado.

“Mas quem?” Michelle soltou uma risadinha. “Eu não tenho amigos, lembra?” Ela voltou a olhar para a quadra a frente, dando um pequeno suspiro, enquanto Peter pensava no que dizer.

Ele queria sugerir ele mesmo para o trabalho. Por algum motivo, a ideia de fingir que namorava com Michelle fazia ele ficar animado, e ansioso. Mas ao mesmo tempo, ele tinha medo de ela reagir mal e isso acabar estragando o momento.

Depois de alguns minutos em silêncio, com Michelle tentando organizar seus pensamentos e memórias de tudo que aconteceu, Peter finalmente abre a boca.

“Eu.” Peter disse sem olhar para ela, que rapidamente o encarou.

“O quê?” Ela fez uma careta confusa.


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Notas finais do capítulo

Suspense no final hahahahah Na real, eu até ia fazer a continuação nesse cap, mas eu não queria deixar com 4k, além de ter sido um ótimo cliffhanger, fala ai kkkk

Não sei se vcs pegaram a referencia no poema do Peter. A música é Want You Back da 5SOS, e eu tenho uma fic spideychelle baseada nela, que é a Sempre Você. hehe eu amo essa música, acho que deu pra ver ^^

Me digam o que acharam do capítulo. de todos até agora, meu favorito é o 3 hehe, eu tive bastante trabalho nele, e fiquei orgulhosa com o resultado.



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