Never Be The Same escrita por Yasmin Abreu


Capítulo 1
A Declaração


Notas iniciais do capítulo

Eu fiz a long fic!!! Aqui no nyah eu praticamente tive quase zero feedback, mas eu não consigo abandonar esse site, é minha casa, e eu to aqui há tantos anos, lendo fic, e eu preciso postar aqui, não dá. Mas eu não tenho muito expectativa, então tudo bem. As one shots bombaram no spirit, pra um ship flopado como spideychelle (pelo menos no brasil), então eu fiquei bem feliz. E o pessoal lá ficou pedindo long fic, então to fazendo também por eles kk, e pq eu também queria, só não consegui pensar no plot antes.

Aliás, queria agradecer a linda da Ângela que sempre faz as minhas capas, e que sempre capta a essência da fanfic nelas. Além disso ela também é sempre a primeira a ler tudo que eu escrevo, e isso inclui até minhas one shots nunca postadas que eu escrevi em inglês no tumblr kkkkkkkk



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5 anos antes.

Peter era um garoto legal. Todos os outros garotos da classe de Michelle gostavam de implicar com ela, seja pelos seus gostos, maneira de falar, agir, ou até por ser inteligente. Mas ele era diferente, ele ria de suas piadas, se interessava pelo que ela tinha a falar, e sempre a incentivou a ser ela mesma.

Garotas na idade de Michelle cometem erros e tudo bem. Elas muitas vezes quebram a cara gostando de outras crianças que não dão a mínima, mas Michelle estava certa de que gostar de Peter Parker não era um erro. Ele era um ótimo amigo para ela. Sempre foi.

Eles se conheciam desde sempre, eram vizinhos, e sempre foram melhores amigos, inseparáveis. Eles sempre se entenderam muito bem, e quando a fase de gostar chegou, Michelle não demorou muito a perceber que Peter era aquele que fazia seu coração bater forte quando sorria.

Ela percebeu em um dia de aula como qualquer outro, eles almoçaram juntos, e ele a contou a história de quando caiu de bicicleta tentando salvar uma borboleta, era uma história boba, e Michelle ouvia ele contar quase toda semana, com um sorriso no rosto, e quando eles estavam indo para suas aulas, que eram separadas, ele acenou para ela, dizendo tchau, e foi quando Michelle se deu conta do que era gostar de alguém, porque aquilo fez ela sentir uma vibração no peito, e um frio na barriga desconhecido, e as sensações estranhas mexeram com sua cabeça, pelo menos é o que ela usa pra justificar o que disse em seguida.

“Só vaza logo.” Foi o que ela disse antes de lançar um olhar de desaprovação e se virar.

E aquele foi o dia em que sua amizade com Peter jamais seria a mesma. Não que ele tivesse percebido, Michelle sempre o achou muito lerdo para perceber as coisas ao seu redor, e o crush que ela tinha nele estava com certeza incluído.

Os dias se tornaram mais longos sem a presença dele, e ir pra casa era um castigo, mesmo sendo vizinhos, ela não poderia ficar com ele o tempo inteiro, por mais que quisesse. Ela pensava nele durante suas aulas, o procurava em todas as multidões, e sonhava acordada com o seu rosto mesmo sabendo que o veria nos intervalos de troca de sala, ou no almoço.

Peter era excluído pela maioria dos garotos da escola pela maneira que se portava, ele sempre foi gentil, bondoso e delicado, e bem, enquanto isso era visto como desvantagem por muitos, as garotas da escola viam como uma enorme qualidade, não que elas fossem falar isso para ele.

Michelle observava tudo, e claro, isso incluía as garotas gostando de Peter. Ela não sentia exatamente ciúmes, mesmo com 13 anos, sabia que não podia ter ciúmes de algo que não é dela. Mas ela admitia que se sentia insegura quando percebia que alguma menina queria chamar a atenção de Peter, ela se perguntava se ele era simplesmente tonto em não perceber, ou se ele já gostava de alguém e preferia não mostrar interesse em mais ninguém. A última opção assustava ela.

Com tudo isso, e as borboletas no estômago que ela sentia o tempo inteiro, Michelle estava no seu limite. Uma parte dela queria desesperadamente dizer a ele como se sentia, gritar com todo seu fôlego “Eu gosto de você, Peter Parker! Eu gosto muito, muito, muito de você”. Enquanto outra parte a dizia para jamais falar uma palavra. Ela precisava escolher, precisava fazer algo. Mas e se ele já gostasse de alguém? Ele iria rejeita-la. Mas... E se ele gostasse dela?

Era tudo tão torturante, e Michelle realmente não conseguiu ver outra saída.

Então, para se acalmar, ela escreveu uma carta dizendo tudo que sentia, ela sempre ficou mais relaxada escrevendo seus sentimentos, era como se eles se transferissem para o papel. Sua mãe havia a ensinado a fazer isso, desde pequena, ela ganhava diários e materiais, o que a incentivava a escrever e desenhar sempre.

Michelle não planejava entregar a carta, ela escreveu como um desabafo por realmente se sentir atolada de sentimentos, bons e ruins, em relação a Peter. Mas quando ela terminou, e releu suas palavras emocionadas e apaixonadas, ela gostou do que viu, e achou que talvez não fosse uma ideia tão ruim assim entrega-la. Peter a entendia tão bem, ele iria ser compreensível, e quem sabe no final, ele também não sentisse o mesmo em relação a ela?

Então foi o que ela fez. Preparou um lindo envelope branco, com pequenos detalhes rosa e um adesivo de coração no meio. Ela planejou deixa-la em no armário dele, e esperar que ele a procurasse, se quisesse falar sobre o conteúdo. Ela estava o dando a chance de rejeita-la sem alarde, se quisesse simplesmente ignorar, ela iria aceitar, e seguir em frente.

E lá estava Michelle, às nove da manhã, caminhando até o armário de Peter, se sentindo ansiosa, com um frio interno e suas mãos levemente suadas, ela se aconselhava a continuar.

Quando estava à metros de distância, ela percebeu Peter em frente a seu armário, ele parecia estar com raiva, enquanto olhava um pedaço de papel que estava em suas mãos. Ela inclinou sua cabeça levemente em confusão. Notou que ele segurava um envelope na outra mão, e quando se aproximou mais um pouco, viu um coração.

Uma carta de declaração. Ele havia recebido uma carta de declaração de outra pessoa, e ele não parecia nada contente com o que via. Michelle então congelou, sentiu todo o seu sangue percorrer seu corpo, enquanto segurava sua carta fortemente. Por quê? Por que ele estava com raiva? Qual o problema em se declarar? Mesmo que ele não se sinta da mesma forma, não é algo que deveria enraivecer alguém.

Ela engoliu em seco.

Peter então levantou seu olhar, e fechou seu armário, antes de se virar e caminhar com passos pesados. Michelle se perguntava onde ele estava indo. E ela logo obteve sua resposta.

Ele parou em frente a lixeira do corredor, amassou o papel com força, pisou no pedal da lixeira para abrir a tampa, e arremessou o envelope e a carta amassados, e então entrou em uma das sala.

Michelle estava estática. Era assim que ele tratava declarações? Ele tinha tanta raiva assim de quem gostava dele? Ela teria passado por isso se tivesse chegado um pouco mais cedo e depositado seus sentimentos naquele armário?

Os pensamentos dela estavam confusos, mil coisas se passavam por sua mente. Ela mexia seus olhos, mas seu olhar era vazio.

E então ela se sentiu triste, soltando uma de suas mãos da carta, e deixando seus braços caírem nas laterais de seu corpo. A Ansiedade passou, mas agora seu coração doía.

E depois de algum tempo, encarando o nada e com feições tristes, Michelle se sentiu com raiva. Peter não era quem ela pensou que ele era. Não era um garoto gentil e bondoso, ele não era nada diferente dos outros garotos da sua idade. Ele era egoísta e só pensava em si mesmo. Ele com certeza em momento nenhum pensou nos sentimentos da pessoa que escreveu aquela carta, em o quanto a pessoa havia lutado para se expressar e quanta coragem ela precisou para caminhar até aquele estúpido armário.

Michelle jamais faria isso, ela jamais ficaria com raiva por alguém gostar dela. É um sentimento tão lindo, que ela veio cultivando a tantos meses. Não é algo que se deva ficar com raiva, deve ser celebrado, mesmo que platônico.

Com tantos pensamentos e sentimentos, Michelle fechou seus dedos em volta da carta em sua mão, a amassando levemente. Ela então se virou, mesmo com raiva, ela queria chorar, não que ela realmente fosse. Chorar por um garoto é algo que Michelle jamais faria, mas sua tristeza era insuportável. Sentia como se tivesse sido rejeitada, mesmo que não diretamente. A ação de Peter era uma mensagem para ela. “Não se apaixone por mim. Você não pode. Você não tem esse direito”.

Michelle caminhou. Ela andou por todo o corredor, em direção a porta de entrada. Ela iria para casa. Não podia ficar lá, não hoje, não quando seu coração doía tanto, e seus olhos se umedeciam. Seus passos eram pesados e rápidos, precisava sair dali o mais rápido do possível.

Quando chegou em casa, ela arremessou sua mochila em qualquer canto, e se sentou na cama, abraçando seu travesseiro e olhando para a parede.

Ela então observou que a carta ainda estava em suas mãos, tinha alguns amassados na lateral, por conta do aperto de seus dedos.

Ela abriu o envelope, que havia sido lacrado com o adesivo de coração, e então leu a carta novamente.

Como ele pode fazer aquilo? Ele não era um cavalheiro? Não era isso que sua tia sempre o ensinou? O que será que ela pensaria de saber o que seu sobrinho fez com uma pessoa inocente.

Michelle pensou em amassar sua carta, em joga-la no lixo e nunca mais se lembrar de nada disso. Mas algo nela a dizia para fazer o contrário. Guardá-la, segura e secreta, assim como seus sentimentos. E foi isso o que ela decidiu fazer.

Fechou o envelope novamente com o adesivo já gasto, e procurou por algum lugar em seu quarto onde sabia que ninguém iria olhar, mesmo que acidentalmente. Achou uma caixa antiga que sua mãe havia a presenteado, e era perfeita, pois o intuito da caixa era justamente colocar sentimentos ruins, para expressa-los sem magoar ninguém. E era exatamente isso que Michelle queria.

Ela depositou nela a carta, e a caixa antes vazia, agora estava preenchida apenas pelos sentimentos mais lindos e tristes de Michelle. E assim ela a escondeu entre suas prateleiras, sua mãe nunca tocava nelas já que Michelle sempre as mantinha limpas e organizadas, era o esconderijo perfeito.

E ali ficaram escondidos, todos os sentimentos bons que Michelle tinha por Peter.

E naquele momento ela decidiu que iria acabar com tudo, mesmo que não pudesse se livrar do que sentia, poderia tentar até o fim. Ela não iria apenas superar Peter Parker, ela iria apaga-lo de sua vida, e se ela não conseguisse, ela então esconderia o máximo que podia.

Ela sentia raiva e tristeza, coisas que jamais imaginou que Peter provocaria nela. E agora que ele fez, ele iria pagar. Ela não iria deixar barato, não era justo que ela passasse por tudo isso e ele saísse ileso. Não quando ele era o culpado de tudo, não quando ele havia provocado tudo isso.

E com esses pensamentos ela voltou a escola no dia seguinte. Logo sendo alvo de perguntas do garoto, como “Por que você não veio ontem?”, “Tudo bem com você?”, “Você ficou sabendo o que o Flash fez ontem?”, todas sem respostas e seguidas por um olhar de desinteresse por parte de Michelle.

Peter perguntava o tempo inteiro porque ela andava tão séria e fria, e sua resposta era se afastar cada dia mais dele, deixando de fazer trabalhos em dupla, se sentando sozinha no almoço, lendo seus livros para ignorar todos. Ela só tinha Peter como amigo, sem ele, ela estava sozinha, mas ela preferia assim. Se sentia melhor assim. Ela não iria deixa-lo magoa-la de novo, e graças a Deus que ela não precisou contar a ele seu segredo mais profundo para fazer isso. Não conseguia nem aguentar o pensamento de como teria sido se ela tivesse entregado aquela carta.

Se sentia mal pela pessoa que se declarou primeiro, teve o azar de ser terrivelmente humilhada, e Peter nem sequer parecia se sentir mal com o que fez. Ah, que pessoa sem sorte. Mas graças a ela, Michelle pôde se poupar, pôde se esconder, e pôde perceber que tipo de pessoa Peter realmente era.

Os anos se passaram, e Michelle nunca se esqueceu. Peter havia sido seu primeiro amor, e se dependesse dela, seria o último. Não queria passar por aquilo de novo. E ela jamais escreveria outra carta para alguém, ou sobre alguém.

Outra pessoa havia se magoado, era um pensamento egoísta, mas ainda bem que ela fez aquilo primeiro, Michelle se sentia agradecida a quem quer que fosse, que tenha passado por aquilo no lugar dela.


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Notas finais do capítulo

Eu escrevi esse capítulo todinho ouvindo "When you walk away" da 5SOS, e antes que me perguntem, não, eu não sou fã deles, mas eu amo muito as músicas deles, e apesar dessa música que eu citei não ter nada a ver com o capítulo, eu queria dizer isso só pra vocês ouvirem também hehe

é isso, vejo vocês num futuro próximo com o capítulo dois, que já está escrito na metade nesse momento, pq eu sou ansiosa kkkk



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