Ele estava deitado em sua cama, olhando para o teto, pensando. Nada daquilo parecia real, todos os acontecimentos recentes... Ele não acreditava que enfim acabara. Sete anos, sete longos anos e agora o fim. Não o que ele esperava, mas um fim de qualquer forma. Como ele seguiria de agora em diante? O que faria? Para onde iria? Sua casa agora era uma prisão, como no ano passado aquela maldita escola fora.
E o pior é que estava sozinho novamente. Sem amigos, sem os empregados de sempre e, recentemente, sem os pais. Quando estavam chegando em casa dois seres encapuzados atacaram-lhes. Ele não era o alvo, por isso continuava vivo. Mas seus pais estavam mortos, ainda conseguiu atacar um dos encapuzados e o outro fugiu. Aquele maldito desaparatou. E Draco nada pôde fazer.
Há esta hora quem quer que os tenha interceptado deve estar longe da confusão, fugindo do Ministério da Magia, não sem antes ter-se vingando dos traidores que eram seus pais. Eles traíram o Lord das Trevas pelo filho e a recompensa que receberam foi a morte. A fria e cruel eternidade no Reino dos Mortos. Nada restara para ele, o mais novo órfão da guerra.
Ele tinha tudo nas mãos, a conquista de ser o novo Comensal da Morte, a responsabilidade de matar Dumbledore, a liberdade de seu pai nas mãos. A única coisa que conseguiu foi libertar Lúcius, mas para quê?! Para vê-lo morrer em frente à própria casa de maneira tão covarde e desonesta. Na verdade, o que se poderia esperar dos seguidores de Voldemot?
A vida é uma puta traidora. Ela é falsa, mentirosa e ilusionista. Iludiu-o todo o tempo. No início da vida, Draco pensava que a fortuna lhe compraria tudo. E realmente era o que parecia, pois ele tinha uma linda casa, uma família feliz, amigos fiéis (ou seriam capachos leais?) e uma vida inteira pela frente de sucesso e vitórias. Seu castelo de cartas desmoronou por causa do amor, o maldito amor!
No início era apenas uma amizade a menos, uma amizade muito almejada que ele não conseguiu alcançar. Depois ele descobriu o verdadeiro porquê de odiar certos olhos verdes. “Potter!” – Draco falou quase cuspindo tal palavra. Mas esse nome feria o seu coração só em ser pensado. Com grande pesar o loiro lembrou-se de seu querido Menino Que Sobreviveu, da cicatriz em forma de raio, dos lábios carnudos, das mãos calejadas. Detalhes que apenas sete anos de ódio seriam capazes de absorver. Sim ele odiava o moreno, mas também o amava. O ódio era consequência do amor.
Ele vivia feliz dessa forma, amando e odiando o grifinório. Mas então chegou o ano em que sua vida tomaria um rumo diferente, o sexto ano. O ano que arruinou para sempre a sua vida. Por causa de decisões erradas, Draco agora estava sozinho em casa, esperando que o Ministério aparecesse à sua procura ou algum outro Comensal viesse mata-lo. Não importava o que aconteceria primeiro, a dor em seu coração era maior que tudo. Chegara enfim ao fundo do poço. E por mais que arranhasse as paredes, tentasse escalar para sair ou gritasse por socorro, ninguém apareceria. A vida é assim!
Ele aprendeu amargamente a usar Máscaras ao longo dessa mesma vida maldita que agora batia em seu rosto. Quando seu pai o decepcionou indo para Azkaban, quando sua mãe caiu em depressão, quando o Santo Potter começou a sair com a Chang e depois com a filha do Weasley. “Cho, Gina!” – Draco falou entredentes. Os nomes que mais lhe repugnavam, as vadias que lhe roubaram Harry. Sim, roubaram-lhe o moreno, pois ele era todo seu.
No terceiro ano em Hogwarts, em meio a uma briga um beijo aconteceu. No momento não consegue mais lembrar-se como foi que aconteceu, quem começou. Mas depois desse dia em diante, começaram a encontra-se escondidos.