Pokémon - Luz do Amanhecer escrita por Benihime


Capítulo 22
Um finalmente muito esperado




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Calista acordou no dia seguinte com uma dor de cabeça horrível por ter dormido tão pouco e tão mal. A morena sentou-se, massageando suas têmporas. Aquela não era a pior dor de cabeça que já sentira, mas chegava bem perto.

Quando a dor finalmente cedeu o suficiente e a jovem olhou em volta, viu que as outras ainda dormiam profundamente. Apenas a cama de Serena estava vazia, o que não era surpresa.

Ela provavelmente dormiu tão mal quanto eu. Calista pensou. É melhor eu ver se ela está bem.

Decidindo que uma xícara bem quente de café era exatamente do que ela e Serena precisavam, a irmã de Ash desceu silenciosamente para a cozinha.

Ela parou ao chegar à porta, seus lábios se curvando em um sorriso travesso enquanto sua expressão se iluminava em quantidades iguais de incredulidade e deleite.

Ash e Serena já estavam acordados. Era cedo demais, e os dois estavam sozinhos na cozinha, sentados lado a lado, tão perto que seus ombros se tocavam sempre que um deles estendia a mão para tomar mais um gole de café.

Calista recuou imediatamente, se escondendo do outro lado da moldura da porta, com as costas pressionadas contra a parede de modo que os dois não a vissem. Sabia que era extremamente rude ficar bisbilhotando, e Ash ficaria furioso se descobrisse, mas não conseguiu deixar aquela oportunidade passar.

— E então, o que você queria me dizer? — O rapaz perguntou distraidamente.

— Nada. — Serena respondeu com uma risadinha nervosa. — Não era nada.

— Ah, qual é! — Ash riu. — Pode me falar. Minha irmã andou sendo má com você?

— Não. A Caly é incrível. Você tem sorte de ter ela como irmã.

— Ah, tá. — O rapaz zombou, revirando os olhos. — O que é, então?

— É sério, Ash, não é nada.

— Serena, eu conheço você. Tem alguma coisa na sua cabeça. Alguma coisa bem importante. Vai me contar, ou vou ter que adivinhar?

A jovem performer não respondeu, corando ao tomar mais um gole de café. Ash não insistiu, simplesmente a observou em silêncio.

— Eu ... Eu gosto de você, Ash. — Serena disse enfim, sua voz um sussurro quase inaudível. — Não só como amigo. Eu gosto mesmo de você.

O rapaz moreno não disse nada, apenas encarou sua companheira, boquiaberto. Calista teve vontade de ir até lá e estapear seu irmão por ser tão estupendamente cego.

— A Caly te pediu pra dizer isso, não foi? — Ash inquiriu enfim, rispidamente. — Há-há, mana, muito engraçado! Ande logo e mostre essa sua cara feia, eu sei que você está aí nos ouvindo!

Idiota!, Calista berrou mentalmente, cerrando os punhos para se controlar. Seu tremendo, completo idiota!

Ela espiou brevemente pela porta, vendo que Serena mantinha a cabeça baixa. A menina loira tinha as bochechas em fogo, e mesmo de onde estava a morena pôde perceber as lágrimas naqueles olhos azuis.

— Ash Ketchum, você é um tremendo idiota! — Serena exclamou enfim, se pondo de pé para encará-lo, agora lívida de raiva. — Idiota, idiota, idiota! Calista não tem nada a ver com isso! Eu me apaixonei por você quando nos conhecemos naquele acampamento de verão, e você foi o único burro o bastante para nunca perceber!

Silêncio de novo. Até mesmo Calista ficou surpresa com a explosão de sua jovem amiga. Ela não esperava, dada sua natureza tímida, que Serena fosse ser tão veemente.

Mas tanto melhor. A morena pensou com satisfação. Talvez assim ela abra os olhos desse meu irmãozinho idiota.

Espiando mais uma vez, viu que Ash ainda encarava a jovem kalosiana, totalmente boquiaberto. Parecia paralisado. Pikachu, empoleirado no ombro do rapaz como sempre, foi quem decidiu agir.

O rato elétrico saltou para o chão, atingindo o jovem moreno com sua cauda em forma de raio para fazê-lo perder o equilíbrio. Serena foi rápida e o segurou pela manga. Os dois congelaram, olhando nos olhos um do outro, tão perdidos que nem notaram Pikachu correr para fora da cozinha, juntando-se a Calista no corredor.

— Nada mal, Pikachu. — A morena soltou uma risada sussurrada enquanto o pokemon tipo Elétrico subia em seu ombro, esticando o pescoço para espiar o jovem casal na cozinha. — Belo truque, garoto. Você tem estilo.

Os dois observaram o casal por mais alguns segundos, então Ash os surpreendeu: num movimento rápido, enlaçou Serena pela cintura com o braço livre, puxando-a para si e cobrindo-lhe os lábios com um beijo. A jovem foi pega de surpresa por um momento, mas depois passou os braços pelo pescoço do rapaz e retribuiu o beijo com entusiasmo.

— Até que enfim. — Calista comentou com o pokemon em seu ombro. — Já estava mais do que na hora. Anda, Pikachu, vamos dar um tempo para esses pombinhos.

A morena subiu de volta para seu quarto, entrando no momento exato em que Bonnie sentava na cama, tendo acabado de acordar. A garotinha esfregou os olhos, soltando um enorme bocejo, o que fez a mulher mais velha sorrir de ternura. Bonnie parecia um bebê Meowth.

— Bom dia, baixinha.

— Bom dia. — A garota respondeu, abrindo um sorriso sonolento enquanto o pokemon tipo Elétrico pulava para seu colo. — Oi, Pikachu.

Já conhecendo o temperamento ativo de Bonnie, Calista pensou rápido para tentar dar mais algum tempo ao casal na cozinha. Felizmente, uma ideia lhe ocorreu quase de imediato. 

— Então ... — Ela disse. — Eu estava pensando em irmos dar um passeio mais tarde. O que você acha?

— Demais!

A jovem riu ante tanta empolgação, fazendo sinal para que Bonnie falasse mais baixo já que quase todos ainda estavam dormindo. A menina dramaticamente sussurrou um pedido de desculpas enquanto Calista sentava ao seu lado.

— Se bem conheço o Clemont, aposto que vocês já pesquisaram tudo sobre Kanto.

— Pode apostar! — A menina loira respondeu, cheia de si. — Pesquisamos mesmo.

— Eu já imaginava. — A morena riu. — E então, baixinha, algum lugar em especial ao qual você queira ir?

— A cidade de Rota! — Bonnie respondeu imediatamente. — Ouvi dizer que eles tem um festival de Herói do Ano. Deve ser tão legal!

— É, eles tem mesmo. Mas só acontece uma vez, no final de cada ano. Ainda faltam vários meses.

A menina pareceu desapontada por um momento, depois encarou a jovem mais velha com curiosidade.

— Você já esteve lá?

— Já. Um amigo me levou uma vez. 

— Me conte tudo! Por favor, Caly! Por favorzinho!

A morena cedeu após mais um segundo de falsa resistência, descrevendo o festival e o baile do qual participara. Kalos tinha seus bailes anuais também, parte do concurso de Rainha de Kalos, mas a elegância vazia daqueles eventos não chegava nem perto de se comparar com a graça genuína do baile em Rota.

Quando Calista descreveu até o último detalhe, cerca de meia hora havia se passado. Só então a morena, fingindo estar cansada de falar, propôs que descessem para tomar café, com o que Bonnie concordou.

Ash e Serena já não estavam mais na cozinha, mas o rapaz havia deixado uma xícara ainda fumegante, cheia até a borda com café, na bancada ao lado de um prato cheio dos biscoitos de chocolate favoritos de Calista. Sob a xícara havia um bilhete, escrito naquela letra extremamente familiar que era quase um garrancho.

Desculpe pelo que eu disse, mana. Estamos bem?

Serena e eu fomos dar uma caminhada, voltamos logo.

— É um bilhete do Ash. — A jovem disse, ao ver o olhar curioso de Bonnie. — Ele e Serena foram dar uma caminhada.

— Sozinhos? Tão cedo? — A garotinha ergueu uma sobrancelha, seus lábios se curvando em um sorriso. — Eu sabia! Sabia que eles estavam namorando!

— Bonnie! — Calista exclamou, embora sem conseguir conter uma risada, surpresa e divertida com a percepção da criança. — Ninguém está namorando aqui. Não que eu saiba, pelo menos.

— Vão estar. — Bonnie afirmou com certeza. — Espere até eles voltarem.

— Ok, espertinha, chega dessa conversa sobre namoro. — A morena declarou, rindo. — Me diga uma coisa: você gosta de panquecas?

— Adoro!

— Ótimo. Então vou fazer panquecas para nós.

— Posso ajudar, Caly? Por favor!

— Certo, está bem. — Calista cedeu. — Vamos reunir os ingredientes primeiro.

A irmã de Ash fez as panquecas em tempo recorde. Era uma cozinheira habilidosa, afinal. Também, como poderia não ser, se Dehlia fizera questão de lhe ensinar desde a infância?

Pouco a pouco, conforme os ponteiros do relógio iam avançando, o restante do grupo foi se juntando a elas. Dehlia foi a última e ficou extremamente surpresa por ver sua filha mais velha no fogão, parecendo muito à vontade.

Os amigos de Ash, especialmente as meninas, praticamente  gravitavam ao seu redor, o que aparentemente a agradava. Ela conversava com todas, rindo e fazendo piadas enquanto cozinhava. Dehlia a encarou, boquiaberta. Não se lembrava de jamais ter visto Calista tão à vontade antes.

— Bom dia, mãe. — A morena disse, notando sua presença. — Venha, aproveite enquanto as panquecas estão quentes.

— Bom dia. — Dehlia respondeu. — Caly, podia ter me chamado. Você não precisava ...

— A senhora trabalha demais, mamãe. — A jovem performer disse, seu tom de uma gentileza jocosa. — Descanse por hoje e deixe tudo por minha conta, pelo menos uma vez. Não é justo se for só a senhora a cuidar de mim.

A matriarca dos Ketchum cedeu, aceitando o prato fumegante de panquecas recém cozidas que sua filha lhe estendia. Não só porque Calista tinha um excelente argumento, mas também porque sabia que era impossível discutir com aquela garota.

Enquanto isso, Dawn e Cynthia também tomavam café da manhã, acomodadas de frente uma para a outra em uma mesa do restaurante de um hotel na cidade de Celadon.

A campeã mal se dava ao trabalho de erguer os olhos. Com uma das mãos segurava um livro, e com a outra ergueu a xícara de café à sua frente para tomar mais um gole, ignorando a curiosidade de sua pupila.

— Cynthia! — Dawn protestou. — Você disse que queria minha ajuda. Como posso ajudar se você não me contar o que aconteceu?

— Eu também disse, Dawn, que não posso lhe contar. — A loira respondeu. — Eu prometi.

— E por que acha que deve cumprir uma promessa feita a ela?

— Não se trata dela. — Cynthia declarou. — Promessa é promessa, e ponto final. Simples assim. Que valor tem uma pessoa que não cumpre sua palavra?

— Eu queria que todos pensassem como você sobre isso.

— Pois é. — A campeã respondeu jocosamente. — Quem me dera. As coisas com certeza seriam mais fáceis, não?

Dawn não respondeu. Estava acostumada demais às tentativas de Cynthia de mudar de assunto quando não queria responder a uma pergunta. E, além do mais, tinha certeza de que a campeã apenas fingia ler para evitar olhá-la nos olhos. Mas Dawn já a conhecia bem demais para deixar aquilo passar em branco.

— Então ... — A jovem Coordenadora Pokemon disse depois de alguns segundos. — Tem certeza de que desafiar Calista foi uma boa ideia?

Isso atraiu a atenção da campeã, que enfim ergueu os olhos.

— Como você ... ? — Ela balançou a cabeça, soltando um pequeno suspiro. — Ah, então era sobre isso que vocês estavam falando.

— Não exatamente. — Dawn admitiu. — Mas Calista me contou, sim. Ela estava furiosa.

— Eu sei. — Cynthia confessou. — Mas foi a única coisa em que consegui pensar. Calista é obstinada demais e não vai me ouvir de jeito nenhum, a não ser que eu primeiro prove que ela estava errada.

A garota morena teve suas dúvidas sobre aquela linha de raciocínio, mas ficou calada. Já conhecia Calista bem o suficiente para saber que, exatamente como Ash, era inútil tentar fazê-la mudar de ideia.

— Não sei, não. —  Dawn disse pensativamente. — Pelo que pude ver, ela odeia mesmo você.

— Nada disso, Dawn. — A loira discordou. — Calista me enfrentou com a certeza da vitória, e eu a derrotei. Não é de mim que ela tem raiva, é do próprio orgulho que a levou a fazer um mau julgamento. E é isso que pretendo mostrar a ela.

— Acha mesmo que isso vai dar certo?

— Eu não sei. — Cynthia deu de ombros, voltando os olhos para o livro que lia. — Mas posso tentar. É melhor do que deixar as coisas como estão.

— Por que isso é tão importante, afinal? — A menina quis saber. — Achei que não se importasse com o que os outros pensam sobre você.

— É complicado, Dawn. — Cynthia respondeu simplesmente, num tom que claramente encerrava o assunto.

— Tudo bem. — A jovem se rendeu. — Mas duvido que você vá conseguir fazer Calista mudar de ideia. Adivinhe só de onde Ash herdou toda aquela teimosia?

Exatamente como Dawn sabia que aconteceria, sua piada fez Cynthia rir. Ela percebeu, mesmo que a campeã tenha tentado disfarçar.

— Posso imaginar. 

— Sua sorte é que não pode ficar pior. — A jovem coordenadora continuou. — Quer dizer ... Ninguém consegue ser mais teimoso do que o Ash.

— Ninguém. — A campeã concordou. — Exceto Calista.

— Ela é assim tão ruim?

— Não. É muito pior.

— Bem, pelo menos vai ser interessante. Faz muito tempo que não vejo você batalhar.

— E não vai ver dessa vez. — O tom de voz da loira foi uma ordem inequívoca. — Me prometa, Dawn. Isso é entre Calista e eu, tem que ser um contra um. Sem plateia.

Dawn assentiu, pega de surpresa. Não via aquela expressão determinada nos olhos de sua mentora há um bom tempo, desde ... Desde a época em que ela enfrentara Cyrus no Mundo Distorcido.

Falando em determinação, Calista estava ficando quase louca com a determinação de Mirabelle. A Sylveon estava decidida a batalhar, e nada a faria mudar de ideia. Naquele preciso momento, as duas estavam envolvidas em mais uma discussão acalorada sobre o assunto.

— Eu já disse não, Mirabelle. Que droga! — A morena repetiu pelo que sentia ser a milionésima vez. — Você podia me obedecer pelo menos uma vez, sua cabeça dura!

A única resposta a essa declaração foi um rosnado e um olhar carrancudo daqueles olhos cor de violeta. Calista podia praticamente ouvir sua parceira dizendo "não estou nem aí. Deixe de ser idiota."

— Eu sei, eu sei. — A jovem suspirou pesadamente. — Você detesta aquela Garchomp. Eu sei o quanto você quer acabar com ela para se vingar daquela última derrota. Mas, se eu usar você, Cynthia nunca vai nos deixar em paz. Ela vai esfregar na nossa cara que precisamos de uma imunidade de tipo para vencer. É isso que você quer?

A Sylveon pensou por um momento, depois balançou a cabeça. Não, não era. O que ela queria era ver Garchomp derrotada, e ponto final.

— Façamos assim ... — Calista propôs. — Você fica de fora dessa vez e me deixa cuidar disso. Depois, quando a encontrarmos de novo ... E nós vamos, pode ter certeza ... Desafiaremos aquela loira juntas, só você e eu. O que acha?

Mirabelle sorriu e concordou, envolvendo a mão estendida de sua treinadora com suas fitas e sacudindo-a com vigor. "É uma promessa", sua expressão parecia dizer.

— Uau, Caly. — Serena exclamou, impressionada. — É quase como se você pudesse entender o que ela diz. 

— Mais ou menos. — A jovem respondeu. — Mira e eu estamos juntas há muito, muito tempo. Eu teria que ser uma péssima treinadora para não entendê-la a essa altura.

— Eu acho que é só porque vocês duas são muito parecidas. — Ash, que estava sentado ao lado de Serena na varanda, provocou. — Duas cabeças duras irritantes.

Tanto Calista quanto Mirabelle se voltaram para o garoto ao mesmo tempo, lançando-lhe olhares zangados idênticos, o que só o fez cair na gargalhada.

— Muito engraçado. — A morena rebateu acidamente. — Pelo menos não somos covardes como você. Todo esse tempo apenas para admitir que gosta de Serena. Pirralho bobalhão.

Ash corou e respondeu com um grunhido, fazendo sua irmã e sua namorada rirem. Não muito depois, Iris se aproximou correndo, praticamente dançando de empolgação. Calista não pôde deixar de sorrir com o quão fofa a jovem treinadora de Unova parecia.

— E então, mestra de dragões, pronta? — A irmã de Ash inquiriu.

— Pode apostar! — A menina respondeu animadamente, tirando sua Emolga da pokebola.

Depois que Calista descobrira que Iris tinha aquele pokemon, viu uma oportunidade perfeita para treinar sua Milotic e pediu por uma batalha. O desafio de pensar em uma estratégia para vencer apesar da desvantagem de tipo seria um bom aquecimento para a batalha contra Cynthia.

— Pois bem, então. — A mulher mais velha disse educadamente. — O primeiro movimento é seu, Iris.

— Legal! Emolga, use Atração!

O comando fez com que Calista soltasse uma sonora gargalhada, o que lhe rendeu olhares confusos de todos que haviam se reunido para assistir.

— Minha Aphrodite é uma fêmea, Iris. — A jovem explicou, recobrando a compostura. — Uma estratégia bem pensada, mas não vai funcionar.

— Eu ... Eu já sabia disso. — A jovem de pele morena exclamou nervosamente, corando enquanto o restante do grupo também explodia em risadas. — Emolga, Poder Oculto agora!

— Aphrodite, use Pulso d'Água!

A Milotic balançou sua cauda colorida em pequenos círculos e delicadas ondas se formaram sob seu corpo, erguendo-se para se chocar com o Poder Oculto lançado pelo Pokemon Esquilo Voador. O movimento tipo Água serviu como escudo, evitando que qualquer dano fosse feito.

Calista encontrou os olhos vermelhos de Aphrodite com um sorriso. Ainda formavam uma boa dupla, apesar de não batalharem juntas há algum tempo.

— Não a deixe escapar! — A mestra de dragões iniciante ordenou. — Use Descarga.

— Rápido, Aphrodite, Tremor.

Sendo Emolga uma combinação dos tipos Elétrico e Voador, era óbvio que um movimento tipo Solo como Tremor teria sua eficácia completamente anulada, o que fez com que o restante do grupo se perguntasse o que exatamente Calista estava tramando.

O corpo da Pokemon Esquilo Voador foi envolvido por faíscas elétricas, que se concentraram em suas mãos e então foram disparadas na direção de Aphrodite. A Milotic, porém, acertou o chão com sua cauda no momento certo, causando tremores violentos.

O movimento fora ineficaz, como Calista sabia que seria, mas serviu para o propósito que havia planejado: ao bater com a cauda, Aphrodite a usara como para-raios, ao mesmo tempo usando os tremores para dispersar a eletricidade no solo.

— Boa, Aphrodite! — A morena exclamou com entusiasmo. — Agora pegue ela com sua Hydro Bomba!

— Voe mais alto, Emolga! Desvie!

Emolga tomou impulso e saltou, planando acima do campo de batalha. Calista sorriu. Iris fizera exatamente o que queria que ela fizesse.

Aphrodite serpenteou seu longo corpo, usando sua cauda como aríete para ganhar ainda mais altura, então abriu a boca e disparou uma Hydro Bomba de altíssima pressão que atingiu Emolga em cheio.

Iris foi esperta o bastante para usar a desvantagem a seu favor: enquanto a pokemon ainda estava sendo atingida pela Hydro Bomba, a jovem ordenara que Emolga usasse Descarga na água. Funcionou, e Aphrodite gritou de dor ao ser atingida.

— Nada mal, Iris. — A irmã de Ash elogiou. — Parece que subestimei vocês duas. Mas não vão derrubar minha rainha dos mares assim tão fácil. Vamos lá, Aphrodite, Raio de Gelo!

Aphrodite serpenteou graciosamente, girando sobre si mesma enquanto uma esfera branca se formava em sua boca, explodindo em um raio glacial de pura energia que ela lançou com toda a força. Emolga foi rápida, fazendo uma pirueta no ar para evitar o ataque.

Aquela pokemon era ágil e bem treinada, Calista tinha que admitir. Mas a jovem e sua Milotic tinham uma pequena surpresa na manga.

Antes que Iris tivesse tempo de ordenar qualquer outro ataque, o Raio de Gelo voltou e atingiu Emolga por trás, derrubando-a em pleno ar. A pokemon caiu nos braços estendidos de sua treinadora.

— É isso aí! — Calista comemorou, avançando e jogando os braços ao redor do pescoço finíssimo da pokemon tipo Água. — Muito bem, garota! Você é o máximo!

Aphrodite deu uma risadinha, descansando a testa contra a de sua treinadora. A Milotic zumbiu baixinho de satisfação quando a jovem aninhou seu rosto entre as mãos.

— Como você fez aquilo?! — Iris inquiriu, encarando Calista com olhos enormes de admiração. — Eu nunca vi um Raio de Gelo ser lançado daquele jeito!

— É muito simples. — Foi Cilan quem respondeu, naquele tom professoral levemente arrogante que sua companheira de viagem tanto odiava. — O giro feito pela Milotic ao lançar o Raio de Gelo o fez girar também, atuando como um bumerangue. Uma combinação linda e eficiente, como morangos e baunilha.

— Cilan, não comece! — Iris protestou, revirando os olhos. — Suas comparações são as piores.

Calista soltou uma risadinha, agradecendo ao especialista pokemon com um meneio de cabeça.

— Cilan tem razão, Iris, foi isso mesmo que fizemos. Posso demonstrar como fazer, se quiser. — Ela disse gentilmente. — E ... Eu acho que morangos com baunilha são mesmo uma excelente combinação. Linda, eficiente e deliciosa.

— Ah, não, você também não! — Iris exclamou, surpresa.

— Ei, Calista! — Brock chamou — Se importa de batalhar mais uma vez?

— Contra você? — A jovem imediatamente se animou. — Nem um pouco. Já estou pronta!

Sendo Brock um líder de ginásio, além de um cavalheiro quando queria, ele permitiu que Calista tivesse a vantagem do primeiro movimento.

Aquele era um costume bem arraigado entre treinadores pokemon. Líderes de ginásio e membros da Elite dos Quatro permitiam a seus desafiantes o primeiro movimento para garantir uma batalha justa. Mas aquela não era uma batalha de ginásio. Brock a desafiara simplesmente como treinador, como um igual. Nessas circunstâncias, permitir-lhe iniciar a batalha era um gesto de respeito e amizade.

A irmã de Ash conhecia a especialidade do rapaz, e resolveu simplesmente usar a estratégia mais óbvia, escolhendo Kyle por sua vantagem dupla de tipo contra os pokemon tipo Rocha do líder de ginásio. Foi uma batalha e tanto, que culminou na vitória do Steelix de Brock graças a um poderoso Obelisco usado no momento certo.

Depois de batalhar pela segunda vez Calista se declarou cansada e foi sentar na varanda com Serena. Ash, aproveitando a deixa, quis uma batalha contra Brock.

Misty praticamente pulou de pé quando a batalha entre os dois amigos terminou. Ash havia contado a ela sobre May e seu Wartortle e, como sempre, a ruiva não conseguiu resistir a enfrentar um pokemon de seu tipo favorito. Enquanto a batalha entre as duas começava, Ash desabou no chão da varanda, entre as cadeiras de vime onde Serena e Calista estavam sentadas.

— E aí, o que achou? — O moreno inquiriu à sua irmã. — Pikachu fica cada dia melhor, hein mana?

— Pode apostar. — Foi a resposta. — Claro, o fato de Crobat ser parcialmente um tipo Voador contou a seu favor.

— Ah, pare com isso! — Ash exclamou, contrariado. — Vantagens de tipo em uma batalha não querem dizer coisa nenhuma.

— Com certeza tornam a batalha mais fácil.

— Ah, é? Então por que não usa a Mira contra a Garchomp da Cynthia? Vantagem para você.

— Por um lado, você tem razão. — A morena admitiu a contragosto. — Tornaria tanto Garchomp quanto sua Investida do Dragão completamente inúteis, o que anularia seu golpe mais poderoso. E Mira poderia derrubar Spiritomb, também. Até onde sei, o tipo Fada é a única fraqueza de uma combinação dos tipos Fantasma e Sombrio, mas ...

— Pensei que você a odiasse, mana. — Ash interrompeu zombeteiramente.

— Ah, eu odeio. Pode apostar que sim. Odeio um milhão de vezes somado ao infinito.

— Então como conhece os pokemon e o estilo de batalha dela tão bem?

— Nós já treinamos juntas, Ash. — Foi a resposta. — E tenho muitas coisas ruins a dizer sobre ela, menos que Cynthia não sabe o que faz em uma batalha. O estilo dela é completamente único. Seria difícil esquecer.

De fato. A habilidade da loira de atacar como e quando o oponente menos esperava, juntamente com sua maestria em virar a força do atacante contra ele próprio era parte da razão pela qual Cynthia era uma treinadora tão poderosa. A outra parte era sua mente brilhante. Ela não contava com vantagem nenhuma, jamais se prendia a uma estratégia, simplesmente se adaptava ao desenrolar da batalha.

Se um oponente a encurralava, ela rapidamente concebia uma forma de frustrar seus planos com uma estupenda mistura de criatividade, raciocínio e força bruta. Quem sabe justamente por isso Garchomp raramente, talvez nunca, era sua primeira escolha. A dragão normalmente era a última cartada, o ás na manga da campeã. E, quando Garchomp entrava em batalha, seu poder descomunal era garantia de vitória.

— E eu não sei? — Ash rebateu, rindo. — Ouvi dizer que, uma vez, cinco dos pokemon dela foram derrotados. Garchomp era a última que restava, e derrotou os seis pokemon do adversário em três minutos. Três minutos exatos!

— É, eu sei. Eu vi essa batalha. Foi mesmo bem impressionante.

— Bom, a Mira é seu ás também, não é? Você devia usá-la e equilibrar o jogo. — O rapaz declarou — Sabe ... Agora que parei pra pensar ... Você e Cynthia até agem parecido às vezes, sabia? Aposto como vocês duas tem o mesmo estilo de batalha.

— Nem comece! — Calista rosnou. — E não, eu não vou usar a Mira. Quero derrotar Cynthia em uma batalha de verdade, sem precisar desse tipo de vantagem. Nem valeria a pena vencer se fosse simplesmente por imunidade de tipo.

As palavras dela fizeram o rapaz soltar uma sonora gargalhada.

— E depois eu é que sou orgulhoso, hein mana? — Ele provocou.

— Ash, deixe sua irmã em paz! — Dehlia, que estava parada na porta, ordenou severamente. — A Caly vai fazer como achar melhor. Não se meta!

Calista se voltou para sua mãe, abrindo um sorriso de agradecimento.

— Obrigada, mãe. — A morena disse. — Pelo menos alguém aqui está do meu lado.

— Ei, eu também estou do seu lado! — Ash protestou, fazendo sua irmã rir.

— De nada, querida. — A matriarca dos Ketchum disse com uma risadinha. — E boa sorte. Vou estar torcendo por você.

— Pensei que a senhora fosse contra a Caly ser uma treinadora, mãe. — Ash disse. — Não achava muito perigoso?

— Ainda acho. — Dehlia rebateu. — Mas isso não vai nos levar a lugar nenhum. Eu decidi apoiar minha menina antes que seja tarde demais.

Essas palavras fizeram o sorriso de Calista se alargar. Dehlia estendeu uma das mãos e apertou gentilmente o ombro de sua filha mais velha antes de voltar a entrar em casa.

— Caly ... — Serena chamou timidamente.. — Talvez eu possa ajudar. Aquele Raio de Gelo me deu uma ideia. 

As duas trocaram um rápido olhar, e Calista ofegou ao compreender as intenções de sua amiga. Uma expressão esperançosa lhe iluminou o rosto.

— Não sei se aguento um ensaio completo. — A morena confessou — Mas vale a pena tentar. Eevee bem que precisa ser treinada, ela nunca batalhou.

— Então vamos ver como ela se sai.

— O que?! — Ash exclamou, confuso. — Podem me dizer do que vocês duas estão falando?

As duas jovens se voltaram para o treinador kantoniano com expressões idênticas de empolgação.

— Dança, Ash. — Foi Serena quem respondeu, no tom de quem declara um fato muito óbvio. — Estamos falando de dançar.

A testa do rapaz se franziu enquanto ele encarava sua irmã mais velha com um misto de surpresa e preocupação. Ele conhecia bem a determinação de Calista, mas jamais esperaria que ela fosse tão longe apenas por uma vitória.

— Caly, tem certeza? Sua perna ...

— Está bem o bastante para isso. — Ela interrompeu acidamente. — Tinha razão, maninho, é hora de acabar com issoE em grande estilo. Venha, Serena, vamos ensaiar no jardim dos fundos. Assim deixamos o pessoal batalhar à vontade.

Serena assentiu e se pôs de pé. Ash suspirou, trocando um olhar significativo com sua namorada. Ela sabia o quanto a perna ferida de Calista a limitava, mas não conhecia totalmente a teimosia da morena. A jovem kalosiana não tinha ideia do quão irresponsável Calista podia ser, ignorando tudo o mais em prol de um objetivo.

Ash considerou assistir ao ensaio, mas sabia que sua irmã ficaria furiosa se o fizesse. Sem opções, ele a deixou ir.

— Nada de usar movimentos especiais. — A morena disse para Serena assim que chegaram ao jardim dos fundos, sob a sombra da enorme árvore que dominava o local. — Vamos treinar apenas passos de dança primeiro, tudo bem?

— Claro. Podemos começar quando você quiser.

— Estou pronta. Você dita o ritmo, loirinha.

Serena escolheu seu Sylveon para aquele ensaio. Calista, como já havia anunciado que faria, escolheu Eevee. Começaram primeiro com exercícios de aquecimento simples, para que os quatro se acostumassem ao ritmo uns dos outros.

Cinnamon, a Eevee, tinha talento natural, acompanhando os movimentos de Sylveon sem muitas dificuldades. Serena foi a primeira a se juntar à dança das pokemon, dando uma pirueta graciosa.

Calista começou a contar a partir daquele ponto, percebendo o ritmo e esperando sua deixa ... Então, com um giro, se pôs ao lado de Serena. Sylveon usou suas fitas, ondulando-as no ar para acompanhar o duplo rodopio das duas performers, enquanto Eevee dava um salto mortal, aterrissando perfeitamente com uma pata no ombro de cada jovem e pulando agilmente para o chão.

Continuaram dançando. Não demorou muito para Serena perceber que Calista estava se esforçando para manter aquela expressão despreocupada no rosto. Sob o sorriso, a dor começava a transparecer. Suor começava a porejar na testa da morena.

— Caly, acho que nós ...

— Não. — Calista interrompeu, com firmeza apesar de estar ligeiramente sem fôlego. — Não se preocupe. Estamos indo muito bem, vamos continuar.

— Tem certeza disso?

A morena assentiu, ficando na ponta dos pés e fazendo um giro triplo que daria inveja em qualquer bailarina. Eevee, atenta, saltou no braço esquerdo que a jovem estendeu, perfeitamente equilibrada nas patas traseiras, e em seguida saltou de volta para o chão com uma pirueta.

Os movimentos de Calista foram ficando cada vez mais elaborados, com saltos e piruetas que Serena sinceramente não entendia como ela conseguia executar. A morena parecia uma dançarina profissional, movendo-se com graça apesar da expressão de dor que não conseguia mais esconder.

Finalmente, ela foi longe demais. Eevee saltou o mais alto que pôde, ajudada pelo impulso das fitas de Sylveon, e Calista deu um salto mortal. Ou melhor, ela tentou. Ao se apoiar na perna direita, soltou um grito sufocado de dor e perdeu o equilíbrio, caindo sentada. Serena correu em sua direção mas a jovem dispensou a ajuda com um gesto.

— Estou bem. — Calista garantiu. — Posso fazer isso. Só ... Me dê ... Um minuto. Já vai passar.

Com outra exclamação baixa de dor, a morena tomou impulso e ficou de pé, ajustando a postura. Ela encarou Serena de cabeça erguida e com um sorriso no rosto. Era uma performer, afinal. E, se queria a coroa algum dia, aquele era seu dever: sorrir. Dançar. Dar o melhor show que pudesse.

Mas seu corpo discordava. Calista havia atingido seu limite, isso estava claro. Serena viu o quanto sua amiga tremia, e supôs que ela se mantinha em pé apenas por pura força de vontade.

Obviamente, o ensaio havia acabado. Sem chance de que Calista ainda fosse capaz de dançar. Mas a jovem kalosiana não duvidava de que ela ainda seria louca o bastante para tentar. Felizmente, a irmã de Ash não teve essa oportunidade. A dor fez seus músculos cederem mais uma vez, e ela caiu de joelhos.

Serena paralisou por um momento, seu cérebro embotado pela surpresa processando as opções lentamente. Sem chance de que poderia ajudá-la. Calista era pelo menos dez centímetros mais alta, e muito mais pesada. Sua única outra opção era ...

— Caly! — Ash exclamou da porta, aparecendo antes mesmo que Serena pudesse chamar por ajuda e correndo para o lado de sua irmã mais velha. — Que droga, mana! Eu te disse para desistir disso!

Mas, mesmo com dor Calista ainda era teimosa. Teimosa demais. E, acima de tudo, orgulhosa. Irritada, ela afastou as mãos de seu irmão com dois sonoros tapas.

— Somos Ketchum, seu babaca. — A morena declarou com veemência. — Nós nunca desistimos, lembra?

— Babaca é você, se acha que vai ter alguma chance de vencer acabando consigo mesma desse jeito!

Calista rosnou de raiva e se pôs de pé mais uma vez, para surpresa do casal. Ela tremia ainda mais do que antes e obviamente sentia dor, mas mesmo assim deu um passo na direção da casa.

— Muito obrigada pela ajuda, Serena. — A performer mais velha disse educadamente. — De verdade.

Antes que qualquer coisa pudesse ser dita em resposta, Misty apareceu na porta com um sorriso enorme no rosto.

— Ei, Star, até que enfim achei você! — A ruiva exclamou. — Os outros encerraram as batalhas por enquanto. Que tal aquela revanche?

— Vamos nessa! Só me deixe descansar um minuto, certo? O ensaio acabou comigo.

Boquiabertos, Ash e Serena a observaram caminhar lentamente para dentro de casa. Ela mancava, mas fazia o possível para disfarçar, e andava ereta apesar da dor.

— Que diabos! — O garoto exclamou quando sua irmã sumiu de vista. — Aquela maluca ainda vai acabar se matando!

— Com certeza. Ela não sabe quando parar.

— Ah, não sabe mesmo.

E Ash tinha razão. Menos de cinco minutos depois, obviamente ainda não recuperada da dor causada pelo ensaio de dança, Calista enfrentava Misty, IceFire contra a Starmie da líder do ginásio de Cerulean, exatamente como havia sido em Hoenn anos antes.

Ambas eram excelentes treinadoras, e Ash tinha razão no que dissera antes sobre vantagens e desvantagens de tipo. Apesar de Starmie estar em vantagem por seu tipo Água, pouco podia fazer contra a velocidade assombrosa de IceFire.

— Que droga, Star! — Misty exclamou, rindo. — Sua Charizard ficou ainda mais rápida desde a última vez.

— Essa era a ideia, ruivinha.

Apesar daquele tom brincalhão, Ash conhecia sua irmã bem o bastante para detectar o rígido autocontrole que ela se impunha para não revelar a dor. Mas não adiantou. Quando IceFire investiu em rasante para usar Ás dos Ares contra Starmie, o deslocamento de ar causado pelas asas da Charizard fez Calista perder o equilíbrio.

Agindo por impulso, a morena estendeu a perna direita para trás ao tentar se reequilibrar. Assim que seu peso recaiu sobre o membro machucado, um gemido baixo de dor escapou de seus lábios. Ela sentiu seus músculos cederem mais uma vez mas, para sua surpresa, alguém a segurou pelo pulso antes que caísse, ajudando-a a manter o equilíbrio.

— Caly! — Misty exclamou, preocupada. — Você está bem?

— Estou. — A morena respondeu. — Não se preocupe, eu só perdi o equilíbrio.

Virando-se para ver quem a ajudara, Calista arquejou de surpresa. Não esperava que Cynthia fosse tão forte. A loira havia passado um braço por dentro do seu, e sustentava-a facilmente valendo-se apenas daquele ponto de apoio.

— Campeã! — A morena exclamou, recebendo um olhar reprovador em resposta por chamá-la daquela forma. — O que ... O que está fazendo aqui?

— Eu liguei para ela hoje de manhã. — Foi Ash quem respondeu. — Pedi para Cynthia me ajudar com a Liga Pokemon. Sabe, dar uns conselhos.

— Sei ... — Calista não conseguiu esconder sua desconfiança e desagrado. — De qualquer forma, não importa. É sério, só perdi o equilíbrio. Obrigada pela ajuda, campeã. Já estou bem.

— Não, você não está. — Ash protestou, zangado. — Não acredite nela nem por um segundo, Cynthia.

— Pode deixar, Ash, não acredito. — A loira respondeu, enquanto o rapaz se aproximava e apoiava a morena pela cintura. — Sei muito bem que sua irmã só está bancando a durona.

— O que?! — Calista rosnou, tentando se afastar de Ash. O rapaz não a soltou. — Você não sabe droga nenhuma! Ei, Misty, vamos retomar nossa batalha.

— Nem pensar. — Ash declarou. — Misty, vamos declarar empate. A Caly precisa ir descansar antes que acabe se matando.

— Nem pensar, pirralho! — A morena rosnou, tentando se soltar novamente, porém Cynthia pousou uma das mãos em seu ombro para detê-la. — Me solte, campeã! Preciso treinar.

— Não precisa. — Para sua surpresa, a campeã de Sinnoh lhe dirigiu um sorriso brincalhão. — Pode acreditar, você já está pronta.

— É verdade, Star. — Misty corroborou. — Vá descansar, podemos ter nossa revanche outra hora. Quando você estiver melhor.

— Que seja. — A morena cedeu com um suspiro de frustração. — Mas não preciso da sua ajuda, campeã.

— Claro que não. Aposto que sua perna consegue aguentar. — A loira rebateu. — Admita, Calista, você simplesmente não quer minha ajuda.

— Está bem, tem razão. Não quero mesmo.

— Poupe seu fôlego. — A irmã de Ash pensou ter detectado uma nota de afeto na voz da mulher loira. — Posso ser tão teimosa quanto você, sua cabeça dura. E seu irmão está certo. Você precisa descansar.

— Viu? — O jovem Ketchum provocou, cheio de si. — Até a Cynthia concorda comigo. Deixe de ser teimosa, mana.

Calista soltou um grunhido de contrariedade, mas Ash pensou ter visto uma pontada de satisfação nos olhos dela. Ele teve a impressão de vê-la  se inclinar na direção de Cynthia e sussurrar um "obrigada", mas se ela realmente o fez, agiu rápido demais para o rapaz pudesse afirmar com certeza.


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