Autora.

Renesmee tentava ao máximo concentrar-se na melodia do piano em sua frente, enquanto seus dedos hábeis dançavam pelas teclas em uma música lenta, mas naquele momento, mesmo que soubesse todas as notas de olhos fechados, era particularmente mais difícil tocá-lo. Jacob não à via, mas podia sentir o quanto sua garota estava frustrada de não poder participar da reunião. Depois da visão de Alice, o garoto foi chamado para uma conversa ao lado de Edward, Bella, Alice e o doutor Cullen. E mesmo que quisesse recusar, não querendo ficar longe de Renesmee, sabia que precisavam conversar, ele não estava nada contente com todo aquele mistério. Pôde notar que a melodia do piano ficou mais grave e rápida, o deixando mais agoniado dentro da pequena sala de pesquisas de Carlisle, por não estar ao lado dela.

O Black levantou-se da cadeira em um rompante, pronto para seguir à sala de música, onde sabia que Renesmee estava, na companhia de sua avó e padrinhos. Mas nenhum deles podia dar a menina a calma que Jacob lhe trazia, isso era algo que nem ela própria conseguia entender.

Edward o fitou, repreendendo com o olhar.

— Precisamos conversar, Jacob – o leitor de mentes disse firmemente. Estava furioso e angustiado com o que havia visto na mente de sua irmã, e com toda certeza tinham decisões à tomar. A preocupação com sua garotinha passava por cima de qualquer pensamento estupido que o transfigurador pudesse ter – Renesmee pode esperar.

Isabella segurou a mão do marido, sentada ao seu lado, na tentativa de acalmá-lo. O clima já estava tenso o bastante, não podiam piorar ainda mais.

Jacob retribuiu o olhar de Edward.

— Ness precisa de mim! – afirmou, voltando a andar em direção a porta. Antes que pudesse esticar sua mão em direção a maçaneta, Alice parou entre a porta e o lobo, recebendo um belo rosnado em resposta – Sai da frente, baixinha. Não quero te machucar!

Realmente tudo o que ele não queria era brigar com alguém importante para Renesmee, mas nenhum deles entendia... Jacob sentia que ela precisava de sua presença, e nada poderia impedi-lo de chegar até ela.

Alice rolou os olhos em resposta, conseguiria acabar com o lobinho usando somente uma das mãos.

— Ninguém vai machucar ninguém – Bella disse seriamente, segurando o marido ao seu lado com mais força, ao perceber que ele também iria levantar. O seu melhor amigo virou em sua direção, para que pudesse vê-la – Jake, você me prometeu que sempre a protegeria.

A voz magoada de Bella fez com que o peito do lobo apertasse. Ela estava mesmo duvidando do que ele seria capaz de fazer para proteger Renesmee?

— Eu sempre vou protege-la! Você sabe disso Bella! – respondeu com a voz gravemente ofendida.

Ela sorriu amigável.

— Então senta, Jake. Precisamos entender o que está acontecendo – falou suspirando. Renesmee podia ser o imprinting de Jacob, e importante para todas as pessoas daquela sala, mas ela era a mãe. Ninguém poderia se sentir pior do que a mesma – Assim que terminarmos deixarei você correr para ela.

Ele concordou, mesmo que contrariado, mas permaneceu parado no seu lugar. Alice saiu da porta, caminhando para que pudesse sentar ao lado de Carlisle. Bella o agradeceu com o olhar, mas Jacob desviou, não era justo ter que permanecer de mãos atadas, sem poder estar ao lado de sua hibrida.

— Renesmee chegou à fase adulta – Alice anunciou, suspirando pesadamente em seguida, tomando às rédeas daquela reunião.

O Black parou de prestar atenção na melodia que surgia do piano no andar de baixo e encarou Alice com um certo brilho nos olhos.

— O que disse?! – perguntou maravilhado.

Havia esperado sete anos para ouvir tais palavras. Quando contou à Bella sobre o imprinting ela literalmente surtou, assim como o leitor de mentes, mas com o tempo a situação amenizou e puderam finalmente conversar sobre isso. Os pais da menina não podiam negar que tê-lo como uma proteção a mais era reconfortante. Jacob daria sua própria vida para proteger seu objeto de imprinting. Mas havia uma parte que os assustava. Como Renesmee reagiria assim que soubesse de tudo? Afinal, uma hora teriam que contar. Edward fez com que o lobo prometesse que não contaria nada até que ela estivesse definitivamente pronta, e isso só aconteceria quando atingisse a fase adulta. Como o bom protetor que era, sempre esteve dentro dos pensamentos de sua filha – ultimamente nada satisfeito em encontrar pensamentos impróprios de sua garotinha relacionados ao Black. Já estava acontecendo, mas ela ainda não reconhecia tais sentimentos.

— É o que você ouviu – Edward respondeu – Renesmee chegou à fase adulta, Jacob, mas ela ainda não está pronta...

— Eu não faria isso sem a sua permissão, Cullen – o cortou.

— Eu sei. Não o deixaria vivo se visse o contrário – o ameaçou – Mas vai acontecer. Foi isso que Alice quis dizer com tempestades. Você precisará ser forte, e não digo isso somente como pai de Renesmee, mas também como seu amigo.

O quileute realmente estava ficando mais preocupado. Podia sentir seu corpo tremendo aos poucos.

Avançou alguns passos na direção da fadinha.

— Os Volturi estão envolvidos nisso, não estão? – perguntou, temendo a resposta.

A vampira deu-lhe de ombros.

— Não consigo identificar. Só a dor... o medo – fitou o homem em pé em sua frente – Sei que você à ama e Renesmee também sente o mesmo. O laço de vocês é forte demais para ser rompido, Jacob, isso vai muito além do imprinting. Mas Edward está certo, você precisará ser forte para lidar com as mudanças, e na hora certa mostrar à ela como lidar com isso.

— Posso esperar o tempo que for preciso – disse, com um fio de voz.

— Não precisará – Alice retomou a dizer – Não vai demorar. Só... precisamos estar atentos. Sinto que isso vai um pouco além de vocês dois. Há a matilha. Charlie. Todos nós. Será como um banho de sangue.

Bella balançou a cabeça em negação, atordoada depois de ouvir o nome do pai.

— Já passamos por algo parecido antes e estamos vivos – disse, na tentativa de tranquilizar os demais. Encarou Jacob novamente – E se tivermos que fazer tudo de novo para garantir que estejam à salvo, nós faremos.

O Black concordou, mesmo que não precisasse da proteção de ninguém. Virou-se na direção do leitor de mentes, mostrando que havia entendido o recado, mas realmente precisava ver Renesmee, que naquele momento não tocava mais o seu piano. O Cullen o respondeu com um aceno, e Jacob correu para fora daquela sala procurando resquícios do cheiro de Renesmee pela casa.

Ela ainda continuava sentada em frente ao piano, mas encarava os resquícios de Sol que começavam a aparecer. Sentia o olhar de Jacob pesar sobre si, mas não se moveu um centímetro... pelo menos não até ele sentar do seu lado. Odiava ser deixada no escuro. E sabia que ele não lhe contaria nada sobre a conversa. Por tanto, precisava manter seus últimos segundos de fúria, porque sabia que no momento em que olhasse para ele toda a sua raiva e indignação iriam embora. Era algo que nem a própria conseguia explicar, o simples fato de estar na presença de Jacob a reconfortava.

— Ness – ele à chamou, em um sussurro.

Estavam sozinhos. Esme havia ido até a cozinha na companhia de Rosalie para que pudessem preparar algo para Renesmee comer, mesmo que houvesse dito que não estava com fome. Recusou também ir caçar com Emmett, que nesse momento jogava uma partida de video game com Jasper.

— Qual é?! Não fica brava comigo – pediu com a voz torturada – Nós precisávamos conversar.

Renesmee lembrou-se do sonho que havia tido naquela noite, com Jacob e os Volturi. Trincou o maxilar sentindo os olhos arderem. Perdê-lo a mataria por completo. Não podia se dar ao luxo de ficar brava, mas era quase impossível.

Virou-se na direção do homem, esticando a mão para que tocasse o seu rosto.

Não estou brava com você, Jake.

Me desculpe.

Ele sorriu em mostrar os dentes, virando o rosto e por fim depositando um beijo na mão da garota, que ainda permanecia em seu rosto.

— Vem aqui – pediu, puxando Renesmee para o seu abraço.

Ambos estavam cansados. Ele havia voltado de uma ronda, nem em casa havia passado. E ela vinha de uma noite repleta e pesadelos. Então aproveitaram aquele momento para relaxar na companhia um do outro. Sem trocar uma palavra se quer. Apenas se conectando com o toque.

A híbrida sorriu nos braços do melhor amigo.

Nada no mundo poderia separá-los.