Depois da ilha - Quem fomos nós? - Livro 3 escrita por Letícia Pontes


Capítulo 9
Ingrid




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Narração por Ingrid Vasconcelos de Carvalho

 

Desde pequena minha mãe me disse a mesma frase: se acha que não vai ser capaz de ser bem sucedida, encontre um homem que seja. Obviamente aos cinco anos de idade eu não entendi isso, me irmão mais velho sempre falava para eu não ouvi-la. Quando a frase dela finalmente começou a fazer sentido, eu discordei imediatamente. Agora que eu entendia que ela me achava burra e acreditava que seria melhor eu me casar com alguém rico do que correr atrás do que eu queria, eu queria provar que eu não era o que ela achava.

De todo mundo que me cercava, quase todos me achavam a garota burra e metida que viveria de luxuria o resto da vida. Poucas pessoas acreditavam em mim e eu podia resumi-as ao meu irmão, Greta e meu professor de educação física. Marcelo havia começado a me dar aula no primeiro ano do ensino médio e desde o primeiro dia de aula ele foi muito simpático com todos, cada dia que passava ele segurava um dos alunos para conversar sobre o futuro. Ele era o tipo de professor que não está ali apenas para dar a sua aula e ir embora, ele era do tipo que queria instigar o melhor de seus alunos para que todos crescessem com o futuro como objetivo certo.

A primeira vez que ele me segurou depois da aula, ficou surpreso por saber que eu me interessava pro Gastronomia e para a MINHA surpresa, ele me apoiou. Foi a primeira pessoa que me disse: Faça isso! O professor Marcelo naquele dia me mandou um email com diversas receitas maravilhosas, e foi assim que começou nosso contato além das aulas. Todos os dias nós trocávamos mensagens sobre tudo o que você pensar, desde sobre o clima até uma briga que tive com minha mãe. Ele estava sendo o meu diário e amigo. Eu me apaixonei primeiro, tenho certeza. Eu me puni por gostar de um homem de 33 anos de idade quando eu tinha ainda 14, mas ao mesmo tempo imaginei que fosse só uma fase boba da adolescência. Logo fiz 15 anos e recebi um presente dele junto com um cartão com uma mensagem grande, mas a parte que mais me tocou foi quando ele disse: Você é uma grande mulher.

Fiquei com medo de contar isso para alguém então guardei com muito amor e carinho esse cartão que me fazia sentir tão adulta. Mais vezes aconteceram de ter presentes, cartões e mensagens fofas. Eu não sabia o que pensar no começo e depois que fizemos uma viagem para uma ilha, eu simplesmente deixei acontecer.

Todos os dias que estive na ilha, eu lutei contra muita coisa, aqui vai a lista:

1. Eu estava realmente apaixonada pelo professor Marcelo que tinha quase 20 anos a mais do que eu? Ou era apenas um capricho da adolescência?

2. Eu deveria contar isso para a Greta? Ela me mataria ou me apoiaria?

3. O professor estava brincando comigo? Queria me usar por ser novinha demais?

4. Mas se não era isso, porque estaria interessado em uma garota tão nova quanto eu?

5. Será que eu estava interessada nele apenas porque minha mãe sempre me falou sobre eu nunca ser bem sucedida e ter que casar com alguém mais velho e já com vida feita?

6. E se alguém nos pegasse juntos?

Pesquisei "Pedofilia" na internet depois de ter decidido contar tudo para as minhas amigas e o que encontrei me aliviou. Pedofilia é uma doença psicológica e não um crime. Crime seria alguma atitude sexual entre uma pessoa maior de 18 anos e uma de 14 ou menos. Então estávamos livres disso. Mesmo assim meu coração tremeu e antes que eu pudesse falar com ele sobre isso, ele me disse que precisávamos parar de nos encontrar escondidos. Não que tenha adiantado já que um dia decidi ir de madrugada chorar perto da piscina e descobri que ele teve a mesma ideia. Uma coisa levou a outra.

Marcelo nunca deixou nada passar dos limites mesmo quando eu quis. Acho que isso me encantou ainda mais. Quando voltamos para nossas casas, eu estava muito chocada pelos acontecimentos e continuei encontrando com ele sempre que conseguia. Greta odiou ver isso e me puniu com palavras pesadas. Nossa amizade nunca mais foi a mesma.

Eu tinha feito 16 anos e eu e Marcelo havíamos decidido que as 17 eu finalmente poderia assumir ao menos para a minha família sobre meu relacionamento, mas como a vida é injusta então não foi assim que aconteceu. Meu irmão encontrou a caixa onde eu guardava tudo sobre o professor, tudo que ele havia me dado, fotos, cartas... Isso não terminou nada bem. Por fim tivemos que nos separar.

 

Agora eu não tinha mais o homem que se tornou meu melhor amigo, meu irmão não era mais o mesmo comigo, minhas amigas seguiram cada um por um lado e minha mãe só falava sobre eu ir atrás de um cara mais novo e mais rico porque um professor de educação física "idoso" não era de nada. Tudo havia acabado para mim, aparentemente, mas terminei o ensino médio decida: Eu iria seguir os conselhos do Marcelo e faria um curso de Administração e então gastronomia. Eu teria o meu próprio restaurante um dia.


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