Depois da ilha - Quem fomos nós? - Livro 3 escrita por Letícia Pontes


Capítulo 10
Marcelo




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Narração por Marcelo Dantas de Oliveira

 

A escola de Elite em que eu entrei aos 23 anos, é daqueles tipo de escolas que ou você ama ou odeia. Os alunos mimados, pais que reclamam de tudo ao mesmo tempo que estão cagando para os filhos, funcionários que só se importam com dinheiro e status...Nada disso combinava comigo. Me tornei professor por amar o que fazia, e trabalhar ali foi só um acaso, o salário não era o meu foco.

Lecionei por dez anos tranquilamente, com alunos que iam e vinham o tempo todo e nunca tive problema com nenhum deles. Nunca tive problemas com ninguém na verdade. Meus pais desde sempre foram excelentes incentivadores dos meus sonhos, queriam que eu fosse alguém já que eles não tiveram oportunidade de deixar suas marcas no mundo,pelo menos é o que diziam, porém eu sabia que lá na padaria deles que era sempre lotada, as pessoas não estavam ali somente pelo pão gostoso, era por eles. No interior onde eles morava, e onde eu cresci, todos amavam aquele casal de idosos que eram tão grudentos e amorosos. 

Aos 33 anos de idade uma aluna nova entrou na minha aula e eu me senti um pervertido ao perceber que meus olhos não saiam dela. "Ela é uma criança de 14 anos", eu repetia para mim mesmo todas as aulas que ela estava lá correndo na minha quadra. Certo dia contei aos meus pais. Ela tinha 14 anos e eu com 33 indo contar para os meus pais sobre minha paixão adolescente, como se eu tivesse 8 anos de idade.

—No meu tempo isso não seria problema. - Meu velho me disse.

—Mas não é mais seu tempo, véio, agora essas coisas dão cadeia.

Meu pai fez questão de usar o doutor Google para me mostrar que não daria cadeia, mas eu preferi ignora-lo e seguir minha razão.

Ingrid era uma garota fácil de conversar, apesar da aparência de fútil ela tinha muita bagagem e um sonho louco de ter um restaurante vegano. Aquilo era incrível e eu percebi que se eu estava me apaixonando por uma jovenzinha que eu não poderia ter um relacionamento, então eu ao menos ajudaria ela a realizar seu sonho. Infelizmente não consegui em conter e fiz um cartão fofo no dia do aniversário de 15 anos dela. E essa foi só a primeira vez.

Então teve uma viagem de férias como tinha todo ano desde que eu havia chegado na escola. Era sempre igual: Primeiro ano iam para a ilha, no segundo iam para a Disney e no terceiro apenas tinha uma super festa de despedida. Eu nunca havia ido junto com a escola mas me candidatei dessa vez, obviamente porque queria ficar perto da garota. O caminho inteiro dentro do avião eu me puni mentalmente por ter tomado essa decisão, uma vez que já havia sentido muitos sinais vindos dela também.

Passei as férias dividido entre razão e emoção. Ela era uma menina de 15 anos, filha de algum rico da cidade que teria dinheiro suficiente para me manter na prisão pra sempre. Depois eu pensava: Que se dane! Ai meu pensamento voltava para : não´vai dar em anda, ela é só uma adolescente...

E por aí ia.

Acabei beijando-a. Acabei beijando-a novamente. E novamente. Acabamos percebendo que aquilo não era nada demais, mas não tínhamos coragem de contar para o mundo. Até q a amiga dela aparentemente nos viu e me ameaçou. Eu decidi que eu era um homem adulto e podia muito bem parar de gostar de uma jovenzinha quando eu decidisse parar. Não funcionou.

As férias acabaram, a escola faliu depois da morte de duas alunas e eu agora decidi que ia finalmente abrir a minha academia, quem sabe eu tirasse o foco de meninas de 15 anos. Mas agora ela tinha 16 e nós continuávamos nos encontrando.

—Nós vamos falar com os seus pais. - Eu falava para ela que sempre desconversava.

—Então ao menos me deixe fazer 17, eles ainda me acham muito menina.

Ela era na verdade. Era ciumenta e impulsiva, cheia de atitudes de adolescente mimada e mesmo assim eu adorava. Eu só tinha olhos para ela.

Nosso plano foi por agua a baixo, recebi logo pela manha uma ligação ameaçadora do irmão dela que dizia que eu havia corrompido-a. Nada disso havia acontecido.

Brigas, gritos, choro, ameaças, e tudo acabou.


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