Wildflowers escrita por Nonni


Capítulo 12
Aquele em que esperamos por você.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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A gaveta do armário do banheiro aberta era uma das formas de fazer Regina pensar. Em mais uma manhã, a morena havia sido tomada por um forte enjôo, e embora dissesse que não deveria ser nada demais, ela já estava começando a ficar preocupada. Agora, no entanto, encarando o pacote de absorvente intocado na gaveta, Regina sabia exatamente o que ela tinha. 

A arquiteta estava parada ali há bons minutos, em choque. Em nenhum momento durante as últimas semanas que passaram ela havia pensado naquela possibilidade. Era como se estivesse vivendo em uma névoa que se dissipara somente naquele momento. 

É claro que um pacote de absorvente não poderia confirmar nada, mas era a comprovação de mais um sintoma para seu possível estado. Sua menstruação estava atrasada fazia quase três semanas, e ela só fora perceber agora. Além disso, aquilo explicava os enjôos e a forma como o sono estava tomando conta dela ultimamente. 

Robin e seu pai já haviam insistido para ela ir ao médico, mas a morena achava que podia ser algo que havia comido ou intolerância a algum alimento. Entretanto agora tudo fazia sentido. 

Ela estava grávida.

E esse pensamento ao mesmo tempo que a assustava, fazia uma alegria imensa preencher seu peito. 

Fechando a gaveta, Regina decidiu terminar o que fora fazer ali antes de se deparar com os absorventes. A mulher terminou de despir-se, entrando no box e ligando o chuveiro. Sabia que a água quente caindo sobre os ombros faria com que ela relaxasse e conseguisse pensar. 

Ela e Robin teriam um bebê. 

Ainda parecia muita coisa para assimilar, e ela precisava confirmar antes, mas não haveria outro motivo para que estivesse tão atrasada. Ela sempre teve um ciclo certinho, e não conseguia deixar de se perguntar como fora perceber o atraso somente agora. 

Se permitiu sorrir ao pensar na reação que Robin teria, e ao mesmo tempo agradeceu por ele ter saído mais cedo naquele sábado, pois queria contar apenas quando tivesse certeza. Mas a morena já conseguia imaginar o sorriso que iria enfeitar o rosto do marido assim que descobrisse.  

Regina mal conseguia acreditar que ela e Robin completariam um ano de casados no próximo mês. O tempo passava tão rápido, e os dois sempre tentavam aproveitar o máximo dele um com o outro. Cada segundo passado ao lado de seu empresário era único e especial, até mesmo as brigas bobas. Regina levou as mãos ao ventre, sorrindo ao imaginar que um fruto do amor dela com Robin crescia ali. 

Mas antes de tudo, claro, ela tinha que ter uma confirmação. Enquanto terminava de colocar uma roupa, a morena sabia com quem podia contar para isso. Foi até o bidê ao lado da cama, sorrindo quando viu inúmeras mensagens de seu amor brilhando no protetor de tela. Ele estava preocupado com ela, visto que na noite anterior o simples cheiro da pizza de frango especial fez seu estômago reclamar. 

Era a pizza favorita de Regina. Ela não deixava de comer por nada no mundo, e por isso, Robin sabia que algo não estava certo. 

Regina digitou uma resposta para ele, acalmando-o como pode. Mas sua cabeça não parava de rodar na possibilidade de uma gravidez. Os dedos ágeis então não demoraram a discar o número de sua melhor amiga. No terceiro toque Zelena atendeu, sonolenta. 

"Regina, você tem noção de que dia é hoje?" a voz irritada não escondia a indignação. 

"Sábado, Zel. Achei que já estava acordada, desculpe." respondeu a morena, andando de um lado para o outro no quarto. "Você disse que vinha para cá hoje." 

"E eu vou… só não esperava ir cedo. Agora já me acordaram." reclamou, bocejando do outro lado da linha. "Diz logo o motivo da ligação…" 

"Zelena, preciso de um favor. Você pode comprar um teste de gravidez pra mim?" perguntou, tendo que afastar o celular do ouvido com o grito eufórico que Zelena deu. 

*** 

Quando entrou na cozinha, ficou surpresa pelo cheiro de ovos e bacon não fazer com que enjoasse. Com Lola em roda Henry mexia os ovos na frigideira e o bacon na outra, sem perceber que Regina havia entrado no recinto. 

"Bom dia, papai!" falou, servindo-se de uma xícara forte de café. Henry virou-se para ela sorrindo, e Regina levou a xícara a boca, prestes a desfrutar daquela bebida quentinha da qual gostava tanto. Foi nesse momento que lembrou-se de que o café não era muito aconselhável para mulheres grávidas, e não demorou para que largasse a xícara sobre a mesa, sem beber nenhum gole. 

Enquanto não tivesse a confirmação, era melhor evitar. 

"Bom dia, querida! Está melhor?" perguntou, estranhando quando viu a filha largar a xícara sem beber nada. "Está ruim?" tirou os ovos e o bacon da frigideira, levando para a mesa. 

"Não papai, eu amo seu café." sorriu pra ele, sem saber se abordava o assunto com Henry. 

"Esse foi Robin quem fez." exclamou risonho, servindo-se de ovos e bacon, sobre o olhar repreendedor de Regina. 

"Eu gosto do café dele também papai, é só que…" tentou falar, mas assim que os olhos de Henry encararam os dela, a morena sentiu lhe faltar a coragem. 

"O que está havendo, meu amor?" Henry questionou, preocupado. "Os ovos e bacon são pesados para você comer, mas fiz um bolinho de laranja que você adora, huh? Porque não come e depois a gente conversa?" sugeriu, já cortando um pedaço de bolo para a filha. Regina sorriu em agradecimento, suspirando de contentamento assim que a massa desmanchou em sua boca. 

Robin e ela se casaram exatamente três meses após o pedido. Regina tinha certeza que se pudessem não teriam esperado tanto. A cerimônia fora ali mesmo na fazenda, ao pôr do sol, para os familiares mais próximos e amigos. Ela podia afirmar que fora um dos dias mais lindos de sua vida. Só de lembrar Robin parado no altar, o sorriso que ele tinha nos lábios enquanto ela caminhava até ele… 

Suas vidas só ficaram mais coloridas após o casamento, e ela não podia negar que adorava poder carregar o sobrenome Locksley. 

Quando ela e seu pai acabaram de comer, deixaram as coisas na mesa para que Zelena pudesse desfrutar do café assim que chegasse. Sem demorar, Henry pegou Regina pela mão e os dois seguiram até a varanda, sentando-se no balanço, Regina escorando a cabeça no ombro do pai. 

"Fiquei preocupado com você meu amor, até parar por um instante e ligar os pontos…" Henry quebrou o silêncio depois de longos minutos, fazendo com que Regina se afastasse dele para conseguir lhe encarar. 

"Ligar os pontos?" sentiu os olhos marejarem enquanto o pai abria um sorriso. 

"Antes de sua mãe descobrir que estava grávida de você, ela quase me matou do coração. Nada parava no estômago dela pela manhã, nada mesmo. E sua mãe era tão teimosa, não queria me deixar levá-la ao médico. Acho que ela sempre soube que não estava doente, e sim esperando você." contou, rindo sozinho, o coração aquecido com a lembrança. "O meu ponto é: nada no mundo faria você largar uma xícara de café quentinho, querida… o que me faz pensar em apenas uma coisa…" pegou a mão dela, apertando forte.

“Acho que estou grávida, papai. Estou apavorada!” Regina confessou por fim, observando os olhos do pai brilharem, em uma emoção que ela compartilhava também. Henry não demorou para puxar a filha para seus braços, beijando o topo da cabeça dela. 

“Não consigo acreditar que essa casa daqui a alguns meses estará repleta de um chorinho de bebê. Ah, querida, estou tão feliz!” Henry riu e Regina o acompanhou. “E não há motivo para ficar apavorada, meu amor… você vai ser incrível! Acho que é uma das melhores notícias que já recebi na vida.” 

“Eu tenho que confirmar ainda, papai. Por favor, não sei realmente se é isso…” avisou a mulher, com medo de que o teste ainda pudesse mostrar um resultado negativo. “Zelena vai me trazer um teste de farmácia.” 

“Eu não tenho dúvida de que vai dar positivo, minha menina.” ele assegurou, apertando a mão dela. “Ligue para aquela ruiva e diga que é para ela se apressar, eu tenho coração fraco, por Deus!” brincou, recebendo um olhar de reprovação por causa da brincadeira. 

Trinta minutos depois, quando Zelena chegou, ambos ainda continuavam na cadeira de balanço, Henry tentando acalmar os nervos da filha, que estava bastante apreensiva. Logo a ruiva desceu do carro, carregando a bolsa sobre o ombro. 

“Bom dia, família!” riu, beijando a testa de Henry e a bochecha de Regina, olhando para a melhor amiga de infância com um grande sorriso. “Regina, trouxe aquela coisa que você me pediu…” disfarçou, pois não tinha ideia de que Henry já sabia. A arquiteta riu, mas foi Henry que tomou a fala. 

"Entregue de uma vez o teste de gravidez para ela, Zelena!" o senhor exclamou e a ruiva relaxou, tendo a certeza de que Regina já havia compartilhado a notícia com o pai. A mulher não demorou para abrir a bolsa e tirar lá de dentro uma sacola. Regina levantou-se, espiando dentro e vendo três testes de gravidez, erguendo uma sobrancelha para Zelena. "É para não termos dúvidas."

"Vocês me esperam na sala?" perguntou, mordendo os lábios em nervosismo. 

"Vou estar na porta do banheiro, Rê. Vai logo!" Zelena exclamou, sem cerimônia. Já Henry se aproximou da filha, segurando em sua mão livre. 

"Não importa qual for o resultado, nós amamos você. E seu marido também. E nunca esqueça da mulher incrível que você é, da mãe incrível que será. Vai ficar tudo bem." lhe beijou a bochecha, recebendo um sorriso emocionado de Regina. 

"Obrigada, papai." lhe beijou a testa e se dirigiu para o banheiro, sendo seguida pelas duas pessoas curiosas, que fizeram plantão na porta do cômodo pelos minutos que passaram. 

 

***

O fim de tarde na Fazenda Mills era sempre de arrancar suspiros das pessoas. Robin, mesmo que já estivesse vivendo ali por meses, não conseguia esconder o quanto o lugar lhe encantava. Mas o que mais o fazia suspirar, em tudo, era sua esposa. De longe, conseguia enxergar a silhueta dela escorada na cerca, vendo Stone trotar pelo pasto, livre. 

Robin a amava tanto. E achava que esse sentimento não poderia aumentar, mas sempre que olhava para ela ou simplesmente pensava nela, aquele amor que sentia duplicava de forma automática. 

Encarou o céu azul, agradecendo baixinho por tudo que estava vivendo. Se casara com a mulher que amava, seu sogro não havia apresentado mais nenhuma recaída em sua saúde, sua irmã vivia alegre e feliz com o rumo que sua vida tomava e sua mãe continuava sendo a mulher mais guerreira que ele conhecia. E seu hotel, ah! Robin não tinha nem palavras para descrever o que aquele lugar se tornara para ele, e ver que era um estabelecimento respeitado e requisitado enchia seu coração de orgulho. 

Mas a coisa mais importante para ele, sua vida todinha, estava bem a sua frente, tão perdida em pensamentos que não vira nem mesmo ele se aproximar dela. 

Regina tinha os cabelos castanhos soltos, agora mais compridos do que estavam há um ano atrás, mais rebeldes e bonitos também. Era uma das coisas que Robin amava nela. Aquele cabelo natural que a deixava tão bonita e que combinava tanto com ela. O corpo virado para a cerca não permitia que ele visse a expressão no rosto dela, mas sabia que ela estava pensando… era a única explicação para ela não estar em cima de Stone. 

Ou então, novamente, ela não estava disposta. Isso estava deixando Robin louco, porque não aguentava ver sua caipira daquela forma. 

Não aguentando mais a saudade que sentira dela durante o dia, o homem se aproximou da arquiteta, enlaçando a cintura dela com as mãos, ambas descansando sobre a barriga lisa. Regina sorriu assim que o sentiu atrás dela e seus olhos marejaram no mesmo momento, sentindo as mãos dele acariciarem sua barriga carinhosamente. 

"Boa noite para o amor da minha vida." beijou-lhe delicadamente a bochecha, enterrando o nariz no pescoço de Regina, sentindo o cheiro que tanto amava. A morena se aconchegou a ele, arrepiando-se quando Robin passou a barba de leve pela pele de sua nuca, beijando em seguida. 

"Boa noite, meu turrão, senti saudades." virou-se para ele, podendo encarar os olhos azuis que amava pela primeira vez no dia. Robin não deixou de notar o brilho nos olhos dela, percebendo que naquela noite ela estava ainda mais estonteante. 

"Eu morri de saudades, minha caipira. Desculpe por não ter conseguido almoçar com você… aquele hotel hoje estava uma correria." falou, lembrando-se de que teve até mesmo que ajudar Beth na cozinha. Regina sorriu, negando com a cabeça, querendo que ele soubesse que não havia problema. A mulher tomou o rosto dele entre as mãos, encostando o seu nariz no dele em um beijo esquimó. 

"Você me mandou uma foto cozinhando… como Beth deixou você chegar perto das panelas dela?" Perguntou, abrindo um sorriso. Robin encolheu os ombros em resposta. 

"Eu tenho muito talento na cozinha, meu amor, você sabe." se gabou, a arquiteta semicerrou os olhos para ele. 

"Quando você não queima as mãos nas panelas e derruba elas no chão, sim, você tem talento." brincou, fazendo o loiro gargalhar com a lembrança. Robin a puxou para perto de si, as mãos subindo para o meio das costas de Regina. 

"Eu quero tanto beijar você." disse pertinho dos lábios dela. A morena olhou de um lado para o outro, falando contra a boca dele:

"Não tem ninguém impedindo você." riu, antes de sentir o homem tomar os lábios dela em um beijo intenso, repleto de carinho, saudade e amor. Robin findou o contato quando o ar fora necessário, salpicando diversos selinhos no rosto da mulher. 

"Você está bem? Melhorou?" ele perguntou, arrumando os cachos para trás da orelha dela, querendo enxergar bem o rosto bonito. Avaliar como ela aparentava estar. Mas a morena parecia ótima, as bochechas rosadas levemente, os olhos contendo um brilho sem igual. 

"Eu nunca estive melhor, estou nos braços do meu amor." ela respondeu, traçando os lábios dele com a ponta do dedo. 

"Muito inteligente essa resposta, Senhora Locksley." Beijou a ponta do nariz dela, que sorriu com o sobrenome. "Mas estou falando dos enjôos, fiquei preocupado com você… Melhorou? Acho que seria melhor irmos ao médico." com a mão sobre o queixo dela, Robin ergueu o rosto até que os olhos castanhos estivessem alinhados com os azuis. 

"Estou melhor, senhor turrão. Não se preocupe…" assegurou, beijando a boca dele e virando-se novamente em seus braços, para continuar a observar Stone. 

Robin resolveu aceitar a resposta dela, mas ficaria de olho, porque sabia que ele não era o turrão da história. Ficou com Regina em seus braços por longos minutos, as mãos enlaçadas descansando sobre a barriga dela. De vez em quando o homem lhe beijava a bochecha, o pescoço, os cabelos. 

"Quando seu pai disse que você estava aqui eu achei que te encontraria montando o Stone…" ele disse, distraído, observando o cavalo parar para comer, enquanto Lola corria em volta dele. Robin não sabia como ela fora parar ali, ainda não havia notado a presença da cachorra. 

"Não vou poder montar Stone por um tempo, Robin…" Regina falou, fazendo com que Robin franzisse o cenho. 

"O que aconteceu, amor? Ele está machucado?" Robin a virou em direção dele, olhando para o cavalo além deles, vendo que aparentemente não havia nada de anormal com ele. "Você se machucou?" se preocupou, buscando os olhos castanhos. Regina mirou Robin já emocionada, soltando um sorriso com a preocupação que está a estampada nos olhos azuis. 

"É que… acontece que não é aconselhável que mulheres grávidas montem em cavalos durante a gestação, Robin." disse encarando os azuis com expectativa. Robin franziu o cenho, pensando que havia escutado alguma coisa errada. Ele tombou a cabeça, desviando o olhar do rosto de Regina e descendo em direção a sua barriga, os olhos enchendo-se de lágrimas. 

Os enjôos. O sono excessivo. A forma como ela vinha negando comer as coisas que tanto amava antes. 

Regina estava grávida. 

"Vo-você está grávida?" a voz falhou e Regina riu, assentindo com a cabeça. Robin a encarou novamente, abrindo um sorriso. "Vamos ter um bebê?" perguntou novamente, se aproximando ainda mais dela. 

"Vamos ter um bebê, turrão." Regina confirmou, sentindo o loiro a pegar nos braços, a abraçando fortemente. Depois ele se afastou, pegando o rosto dela delicadamente entre as mãos. 

"Vamos ter um bebê!" exclamou, beijando-lhe os lábios. Regina riu entre o beijo, sentindo Robin girar com ela nos braços. A morena escondeu o rosto no pescoço dele, desejando gravar a risada que saia dos lábios dele. 

"Meu Deus, quando eu acho que não posso te amar mais…" ele sussurrou contra os lábios dela, limpando as lágrimas que caiam dos olhos de Regina. "Obrigada, meu amor. Amo tanto você!" disse, depositando um selinho nos lábios dela, a mão indo até o ventre de Regina. "Amo vocês!" corrigiu, se abaixando e beijando-lhe a barriga, fazendo mais lágrimas caírem dos olhos da mulher. 

***

O avião acabara de decolar e Regina aproveitou para tirar o cinto e se aconchegar a Robin, que a recebeu de bom grado. Ele sabia que sua caipira iria dormir o voo todo, visto que saíram de madrugada da fazenda. Agora com quase três meses Regina já conseguia perceber as mudanças em seu corpo e não havia um momento do dia em que não sentisse sono. 

Na semana seguinte a descoberta da gravidez o casal já fora atrás de um especialista, para que seguissem corretamente todas as etapas do acompanhamento. Regina nunca tinha visto seu pai e Robin tão bobos. Henry parecia 10 anos mais novo após a notícia ser realmente confirmada, e já fazia planos para ensinar tudo o que sabia para o neto. Já Robin conversava com a barriga de Regina todas as noites, mimava a mulher sempre que podia e cuidava e se preocupava com ela cem vezes mais. 

O loiro achava que já tinha sua felicidade completa, mas acabou por perceber que aquele pedacinho de gente que crescia na barriga da esposa veio para completar e somar ainda mais na felicidade dos dois. Na noite do dia em que confirmaram a gravidez por exame de sangue, solicitado pela médica, Robin chegara em casa com três sacolas contendo alguns bodys e tip tops. Regina chorou ao ver as roupinhas, imaginando seu bebê vestido com elas. O empresário ia ser um pai maravilhoso, Regina não tinha dúvidas disso. 

Quando contaram a Rose sobre a gravidez, acharam que a garota iria desmaiar tamanha emoção. Anna teve de correr até a cozinha para servir um copo de água com açúcar para a filha. 

A felicidade na família Mills-Locksley era geral e todos estavam muito ansiosos para conhecer o novo membro da família. 

Como imaginava, Regina logo pegou no sono em seus braços. O loiro ficou a assistir um filme, a mão depositada de forma protetora no ventre da esposa, de vez em quando o loiro lhe beijava os fios de cabelo, cuidando sempre para que Regina estivesse confortável. 

Era aniversário de Richard e a Locksley Construções iria dar uma festa para um de seus principais acionistas. Apesar de terem convidado Henry e Zelena para irem a Nova Iorque juntamente com o casal, ambos preferiram ficar por Crowley Cornes. Henry detestava a ideia de sair de sua fazenda e Zelena não conseguiu se ausentar do trabalho. 

Quando a aeromoça passou no corredor servindo os lanches, Regina ainda dormia. Robin não quis acordá-la, pegando um suco e um pacotinho de cookies para ela. A morena não havia conseguido comer nada antes de sair de casa, alegando que se sentia bastante enjoada, o que a médica garantiu que era bastante normal nos primeiros meses de gravidez. Mas antes que embarcassem a fome bateu, e eles pararam em uma das tantas cafeterias do aeroporto para tomar café. 

Regina só acordou uma hora depois, continuando com os olhos fechados por alguns minutos, tentando fazer com que sua bexiga entendesse que ela queria continuar nos braços do marido. Infelizmente, ela sabia que a vontade de fazer xixi não passaria assim, então a morena deixou um beijinho no pescoço de Robin, que sorriu ao ver que ela acordara. 

"Oi, meu amor." ele disse, tocando o nariz dela com a ponta do seu. "Descansou?" 

"Bastante… teria descansado mais, mas preciso fazer xixi." respondeu, sorrindo quando Robin riu. Ele lhe beijou a testa e a ajudou a sair de seus braços. Regina passou as mãos pelo rosto, para espantar a bobeira que o sono causava. 

"Quer que eu vá junto?" perguntou o loiro, a mão parando na base da coluna de Regina. 

"Não há necessidade, meu amor. Eu volto já." beijou-lhe a bochecha, levantando e seguindo até o banheiro da aeronave. Regina aliviou a bexiga e jogou uma água no rosto, voltando rapidamente para a poltrona ao lado de Robin. 

Assim que se aconchegou, o loiro lhe ofereceu o pacote de cookies e o suco de uva. Regina aceitou prontamente, sorrindo para ele. 

Quando pousaram em Nova Iorque era quase meio dia. No portão de desembarque uma faceira Rose esperava por eles, fazendo seu caminho em direção aos dois assim que os viu. A primeira coisa que a menina fizera fora levar as mãos ao ventre de Regina, emocionada. 

"É a barriga mais linda que eu já vi." disse, sorrindo para os dois. Robin sentiu o coração aquecer, amava tanto a sua irmãzinha e ver o carinho que ela tinha por Regina e agora por seu filho fazia ele se sentir muito agradecido. "Olha isso, mano, meu sobrinho já está desse tamanho." riu, puxando Regina para um abraço. "Obrigada, cunhada." agradeceu, fazendo Regina sentir os olhos marejarem. 

"Estamos tão felizes, Rose! Não vejo a hora de tê-lo em meus braços." confidenciou, se afastando do abraço para encarar os olhos da cunhada. 

"Nem me fale, acho que vou me mudar pra Crowley Cornes só para ficar perto desse anjinho." Disse, abraçando o irmão fortemente. "Parabéns, mano! Você vai ser o melhor pai do mundo!" disse, a voz falha. Robin a abraçou ainda mais apertado, tirando-a do chão. 

"Eu te amo, caçula. Obrigado!" beijou-lhe a bochecha. Eles pegaram as malas e começaram a andar pelo aeroporto. 

"Só veio você, Rose?" Regina perguntou, entrelaçando a mão na de Robin enquanto a outra puxava a mala. A menina assentiu, sorrindo. 

"Mamãe ficou preparando o almoço. Está toda boba! Ah, estamos tão felizes por vocês, quase como se o bebê fosse nosso." falou, parando de andar e abraçando Regina pelos ombros. "Comprei um monte de presentes… estou louca para mostrar." Robin e Regina riram com a empolgação. 

E realmente, depois que chegaram no apartamento e foram enchidos de carinhos por Anna, Rose desceu a escada com 5 sacolas repletas de bodys, tiptops, meias, sapatinhos. Enquanto viam os presentes, Robin e Regina não conseguiam conter o brilho nos olhos. E nem mesmo Anna e Rose. 

***

Regina definitivamente não sentia os pés, de tanto que dançou na festa de Richard. Depois de tantas músicas, parecia que o cansaço decidira dar as caras. Sentada no colo de Robin, ambos observavam a pista de dança do bonito salão. Regina usava um lindo vestido preto que evidenciava a pequena barriga de 3 meses. 

Sorriu ao lembrar o quão bobo o marido estava quando a viu depois de ficar pronta. Ela nunca iria cansar do jeito como Robin a olhava. Ela tinha o homem mais perfeito do mundo ao seu lado e era grata por suas vidas terem se cruzado. Robin era tão carinhoso, tão preocupado, a compreendia e apoiava, a respeitava. Cuidava dela sem sufocá-la, era prestativo todos os dias de manhã, quando ela acordava enjoada, ou quando ela acordava no meio da madrugada e não conseguia mais dormir, pensando sobre o fato de eles terem uma criança a caminho. Robin sempre a acalmava, falava o quanto ela seria incrível como mãe, o quando aquele bebê já a amava e o quanto ele amava os dois. 

"Minha caipira cansou?" perguntou, beijando o ombro nu dela. Regina riu, virando a cabeça em direção a ele, descansando a testa na dele. A mão de Robin acariciava o braço dela em um vai e vem, e a morena colocou a mão na boca para reprimir um bocejo. 

"Bastante… você é um parceiro de dança a altura, mesmo que afirme que não saiba dançar." apertou o nariz dele, vendo-o sorrir. 

"Mas eu realmente não sei dançar.… você não viu como as pessoas nos olhavam?" ele questionou, as mãos fazendo um caminho para as costas dela. 

"Eu não vi, só conseguia prestar atenção no meu lindo marido." confessou, dando um selinho na boca dele. Robin não se contentou somente com o selinho, tomando os lábios dela em um beijo calmo, cheio de amor. Quando se separaram, Regina sorriu para ele, voltando os olhos para a pista de dança, apontando em direção a Rose e Alice que dançavam juntas. "Elas não são lindas?" 

"São mesmo. Ver Rose tão feliz me enche de paz." ele disse, e os dois riram quando Rose deu uma gargalhada de algo que Alice disse. 

Regina avistou Graham dançando com Diana em outro lugar da pista, sorrindo quando seus olhos encontraram com os dele e ele lhe direcionou uma piscada. Seu amigo estava lindo, como sempre. E Diana não era a primeira mulher com quem ele dançava na noite, Graham era realmente um galanteador. Havia tirado Regina para dançar e lhe perguntara sobre Zelena, deixando a arquiteta com uma pulga atrás da orelha, entretanto sabia que Graham não iria embarcar em um relacionamento sério com sua amiga.

Ele também parecia muito contente com a gravidez, dizendo que se fosse um menino deveria se chamar Graham, já que era por causa dele que Robin e Regina haviam se conhecido. A morena só conseguiu gargalhar com a ideia, deixando bem claro que seu bebê não teria aquele nome. 

"Amor, podemos comer mais um pouco?" ela pediu buscando os olhos azuis. Robin assentiu prontamente, beijando os lábios dela enquanto seguiam até a mesa cheia dos mais variados doces. Regina escolheu um de nutella com leite em pó, soltando um gemido de satisfação assim que mordeu o doce. Robin riu, beijando a bochecha dela, enquanto Regina colocava um pedaço do doce na boca dele. “Tem coisa mais deliciosa?” perguntou, enquanto pegava mais um docinho. 

“Você gostou mesmo, né caipira?” ele riu quando ela apenas afirmou com a cabeça, ocupada demais desfrutando do doce. “Vou ver com a mamãe onde ela encomendou, para levarmos alguns para casa.” 

“É exatamente por isso que casei com você.” Regina brincou, bicando os lábios no dele. 

Mais tarde, quando acabaram de sair do banho e se deitaram na cama, Regina suspirou de contentamento. Robin terminava de secar o cabelo e sorriu para ela, que já tinha os olhos fechados. 

“Meus pés estão me matando!” Regina disse baixinho, abrindo os olhos e buscando a figura do marido. 

“Nada que uma massagem minha não resolva.” Robin sugeriu, levando a toalha molhada até o banheiro e depois voltando para o quarto, sentando-se na ponta da cama, colocando os pés da esposa em seu colo. Regina soltou um gemido baixo quando o homem começou a massagem, fechando os olhos e aproveitando o momento. “O que achou da festa?” 

“Estava ótima! É bom aproveitar um pouquinho enquanto ainda aguento o peso da minha barriga.” brincou, fazendo o loiro rir. “Sua mãe é incrível, não é? Todos param para prestar atenção nela.” comentou, soltando um suspiro quando Robin apertou um ponto certo em seu pé. Abriu os olhos e encarou o marido concentrado no que fazia. “Você está sem camisa, senhor Locksley?” chamou a atenção dele. 

“Algum problema?” ele ergueu a sobrancelha, fazendo um sorriso deslizar pelo rosto de Regina. 

“Nenhum… isso enriquece ainda mais a minha vista.” disse, chamando ele com a mão. Robin largou delicadamente os pés dela sobre a cama, indo em direção dela. “Você é perfeito, sabia?” segurou o rosto dele entre as mãos, Robin sorriu, negando com a cabeça. “É o amor da minha vida. Pai do meu filho.” 

“Ou filha.” Robin corrigiu, fazendo a morena sorrir, assentindo com a cabeça. Se arrumando na cama, Regina deu espaço para que o homem deitasse ao seu lado, se aconchegando nele em seguida. “Você acha que é um menino?” ele perguntou, erguendo a camisola que ela usava, deixando a pequena barriga exposta, fazendo uma série de carinhos.  

“Uhum…” ela confirmou. “Mas posso estar errada.” 

“Eu acho que é uma menininha.” opinou Robin, sorrindo quando a mão de Regina se juntou a dele em cima da barriga. “Já pensou? Uma menina que fosse sua cópia… com os seus olhos, seu cabelo, seu nariz, para que eu possa mimar e amar pelo resto da minha vida.” 

“Seja o que for, espero que seja uma mistura nossa. Seria incrível ele ou ela herdar seus olhos azuis, não os meus… eu tenho um fraco por olhos azuis.” se arrumou na cama, sustentando a cabeça com uma das mãos enquanto a outra ia parar na barba por fazer de Robin. 

“Desde que venha com muita saúde é o que importa.”sorriram, Robin tocando a ponta do nariz dela rapidamente. “Como pode eu amar tanto alguém que ainda não conheço?” ele perguntou, suspirando baixinho. Regina sorriu, o dedo traçando a sobrancelha dele enquanto ela o observava. 

“É incrível, não é? O bebê me mantém afastada de café e por causa da gravidez não posso montar e mesmo assim cada batida do meu coração é por ele.” os olhos castanhos marejaram. 

“Sua mãe é uma lutadora, bebê.” Robin falou, acariciando a barriga de Regina, a fazendo rir. 

“Eu sou mesmo!” ela disse, um biquinho se formando em seus lábios. 

“É por isso que eu sou completamente e inteiramente apaixonado por você.” sussurrou contra o biquinho que ela tinha nos lábios. Regina sorriu para logo depois o beijar, o que ocasionou uma série de outros beijos e carícias, que não se tornaram mais intensas porque Robin sabia que Regina estava cansada e precisava descansar. 

***

Na frente do espelho em seu quarto, Regina mais uma vez tentava fechar a última calça jeans que ainda servia nela. Quando a tentativa falhou, a mulher se sentou na cama, arrasada. Tinha uma reunião na Crowley Arquitetura naquele dia, e tudo que queria era poder colocar sua calça jeans, camisa xadrez e as botas. Agora, teria que achar em seu roupeiro alguma roupa que ainda coubesse nela, porque estava ficando gorda e nada mais servia. 

Amava o seu bebê, mas aquela criaturinha estava tirando algumas coisas as quais ela não sabia muito bem como viver sem. 

“Você ao menos poderia me ajudar, bebê. Eu estou carregando você, alimentando você, eu estou fazendo tudo por você!” exclamou para a barriga, a voz embargada. Robin que saia do banheiro naquele momento encarou a cena, as sobrancelhas arqueadas. Observou a esposa sentada na ponta da cama, apenas com o sutiã, a calcinha e as calças jeans colocadas até os joelhos. Quando ela explodiu em soluços, o homem realmente se preocupou e não demorou para seguir até ela, se ajoelhando a sua frente e pegando seu rosto nas mãos. 

“Ei, amor meu, o que houve? O que aconteceu?” perguntou preocupado, os olhos castanhos focando nos azuis. Regina negou com a cabeça, jogando os braços ao redor de Robin, que sentou-se no chão e a puxou para o seu colo, segurando a esposa enquanto o choro a balançava. Enquanto Robin esperava que ela se acalmasse, beijando o topo da cabeça e cabelo dela carinhosamente, o empresário se perguntava o que poderia ter acontecido, visto que ela parecia tão bem quando saíra do banho que tomara junto a ele. “Fala pra mim o que aconteceu, meu amor, talvez eu possa ajudar, huh?” ele pediu carinhoso quando ela se acalmou. 

“Estou com saudade de tomar café…” ela disse em meio ao choro e Robin assentiu com a cabeça, apertando-a ainda mais em seus braços. Embora o que ocasionara o choro fora a calça que não servia mais, a primeira coisa que veio a cabeça dela quando Robin disse que poderia ajudar foi sobre o café. 

“Tudo bem, nós podemos dar um jeito nisso, huh? Lembra que a doutora falou que é aceitável tomar até mais ou menos duas xícaras por dia? Você pode tomar uma, meu amor, isso não vai prejudicar o bebê.” sugeriu e sentiu ela negar com a cabeça. 

“Eu não entendo porque nada mais me serve, porque não posso montar em Stone. Eu trocaria o café pelo Stone, Robin!” falou magoada consigo mesma. Às vezes sentia como se estivesse traindo seu melhor amigo, embora Robin estivesse montando em Stone para deixar Regina tranquila e o cavalo não sentir que fora abandonado, mesmo que tanto Henry quanto Robin assegurassem que o cavalo podia entender a situação 

“Ah, meu amor… se eu pudesse trocar de lugar com você para que conseguisse montar eu trocaria, eu juro.” Robin falou, se afastando dela para que Regina olhasse em seus olhos, o queixo da morena tremeu levemente. “Sei o quanto cavalgar é importante para você, o quanto aquele cavalo significa. E ele está todos os dias lá esperando por você, não está? Mesmo sabendo que você não vai montar, Stone continua sendo fiel a você, amor meu. Não se culpe desse jeito, o motivo pelo qual você não está montando é tão bonito… E seu corpo está mudando porque nosso bebê está crescendo, meu amor, podemos comprar roupas novas para você.” 

“Eu sou uma mãe terrível!” ela chegou a conclusão, escondendo novamente a cabeça no pescoço de Robin. O loiro riu, sabendo que muito daquilo era culpa dos hormônios. 

“Você não é uma mãe terrível, Regina. Hey, olha para mim…” se afastou dela para que a morena olhasse em seus olhos. “Você vai ser incrível, meu amor. Sabe qual a prova disso? Você passou tão mal nas primeiras semanas e aguentou tudo com tanta força, deixou de tomar uma bebida que ama tanto e melhorou sua alimentação por causa desse pedacinho de gente, não monta em um cavalo há mais de 3 meses… Eu não seria capaz de fazer tudo o que você vem fazendo.” ele falou cada palavra olhando nas íris castanhas. Regina fungou, tombando a cabeça. 

“Você faria tudo o que eu venho fazendo com maestria, Robin.” ela constatou, mas o homem colocou o indicador sob os lábios dela, negando com a cabeça. 

“Eu não faria, meu amor, não tão bem quanto você. Ainda temos muitas coisas pelo que passar nos próximos meses, na verdade não estamos nem na metade do caminho, mas vamos estar juntos sempre, entendeu?” Robin falou convicto, enquanto secava as lágrimas no rosto dela. 

“Você promete?” ela perguntou, as mãos subindo até o rosto dele. Robin sorriu, assentindo com a cabeça. 

“Eu juro.” beijou-lhe a testa, puxando-a para seus braços novamente. Regina suspirou no pescoço de Robin, as mãos brincando com os fios de cabelo do marido. Não sabia o que havia acontecido para que todo aquele choro viesse à tona, com certeza era os hormônios. Mais calma, ela sabia que poderia tentar tomar o café descafeinado, pelo menos três vezes por semana, e que poderia continuar vendo Stone todos os dias e também que poderia comprar roupas novas. 

Perto do meio dia, quando sua reunião na Crowley Arquitetura terminou, Robin a esperava na sala de espera, mexendo no celular. A morena ficou surpresa ao vê-lo ali, e ficou emocionada ao saber que o loiro iria passar o resto do dia com ela. Quando entrou no carro, ao olhar o banco de trás, percebeu que o homem havia passado no mercado. Robin a levou para almoçar em seu restaurante favorito, depois eles foram a sorveteria e para finalizar o passeio passaram em algumas lojas, comprando especialmente calças jeans que se adaptassem conforme a barriga de Regina crescesse. 

Ao chegarem na fazenda Robin pediu que Regina fosse aos estábulos ver Stone, que ele a encontraria lá em seguida. A morena que já estava pensando em fazer aquilo, fez o caminho pacientemente, acariciando a barriga enquanto cantava a melodia de Wildflowers baixinho, já que vieram escutando a música no carro e ela ficara em sua cabeça. 

Regina tinha certeza de que o bebê gostava de quando ela cantava, embora ainda não sentira ele se mexer. Na última consulta, Dra. Addison havia garantido que era ótimo que os pais sempre cantassem ou conversassem com a barriga. Regina adotou o conselho sem pestanejar. 

Assim que parou em frente a baía de Stone, a mulher ficou alguns segundos apenas observando seu bichinho. Ele estava concentrado bebendo água e Regina sentia tanta saudade de poder montar nele que o pensamento fez seus olhos encherem de lágrimas. Mas ela tinha certeza que era por um bom motivo, e sabia que poderia montar depois, ou até mesmo ensinar a criança que carregava a montar, quando a mesma tivesse uma idade apropriada. Sorriu com o pensamento, sabendo que ela e seu pai iriam fazer aquela criança amar cavalos, de qualquer jeito. 

Assobiando para Stone ela entrou na baía, puxando-o cuidadosamente para fora, para que o levasse para correr livre, algo que ele tanto amava. Parou por um momento, ouvindo o sopro que ele soltou assim que ela lhe acariciou a crina, beijando seu pelo. Depois começou a caminhar novamente, com o bicho ao seu lado. Quando soltou Stone, ficou observando-o por alguns minutos e logo sentiu duas patinhas baterem na parte de trás de suas coxas, sabendo que Lola provavelmente viera acompanhada por alguém. 

No momento em que virou-se, se agachou para fazer um carinho na pelagem da cachorra e sorriu ao ver Robin vindo em sua direção, com uma xícara nas mãos. Lola não demorou a se juntar a Stone, como de costume, e Regina esperou o marido terminar de fazer seu caminho até ela. O cheirinho de café chegou até Regina fazendo-a suspirar. 

“Prova, esse é o descafeinado.” Robin falou, estendendo a xícara em sua direção. Regina pegou agradecida, beijando-o na bochecha quando ele se colocou ao seu lado. O empresário observou a esposa colocar a xícara nos lábios, sorrindo quando os olhos dela se fecharam e aquele suspiro de contentamento tão conhecido por ele deu as graças. “Tenho que dizer que até eu estava com vontade de ser seu entregador particular de café.” fez graça, arrancando uma risada dela. Regina passou a xícara para ele, que bebeu um gole prontamente. 

“Eu estava com saudades de ter você me dando café. Está ótimo, obrigada!” tombou a cabeça no ombro dele, enquanto eles ficavam ali, Regina desfrutando da bebida e Robin aproveitando a presença dela, a mão depositada no ventre da mulher a todo momento, acariciando a colisão que deixava a arquiteta ainda mais bela. 

***

O gel tocou a barriga de 5 meses de Regina causando um arrepio pela temperatura gelada. A mulher riu, apertando a mão de Robin que a observava atentamente. As mãos estavam unidas e a ansiedade era perceptível em cada ato do casal, e Dra. Addison deixou um sorriso escapar. 

"É bastante gelado, não é? O bom é que você vai se acostumando até o nono mês." simpática, piscou para Regina. 

"Você acha que dará para descobrirmos o sexo hoje, Dra.?" Robin perguntou curioso, já que na última consulta o bebê não quis se mostrar para os pais. A médica sorriu, assentindo com a cabeça. 

"Acho que hoje conseguimos uma resposta. Você já o sentiu mexer, Regina?" perguntou para a morena, que tinha os olhos grudados no monitor, ansiosa. A arquiteta negou com a cabeça, meio preocupada.

"Até agora nada, doutora." respondeu baixinho, apertando a mão de Robin. 

"Não se preocupem, você está apenas no começo do quinto mês, fique atenta, huh? Provavelmente logo você comece a sentir alguns movimentos." Sorriu, tentando tranquilizá-los. Regina sentiu-se um pouco mais aliviada com a resposta de Addison, visto que era algo que vinha preocupando tanto ela quanto Robin. "Agora vamos ouvir o coraçãozinho?" foi uma pergunta retórica, mas tanto Robin quanto Regina concordaram ansiosos. Em poucos segundos a sala fora preenchida pelo som de um coração que apesar de pequeno parecia bastante forte. Robin sorriu, emocionado, se debruçando para beijar a testa de Regina, que também tinha lágrimas rolando pela bochecha. 

"Seu bebê não mexeu ainda mas essas batidas mostram que ele está muito forte. Prestem atenção na tela para vermos o que ele vai mostrar pra nós hoje." pediu Addison e conforme a imagem aparecia ia mostrando com a ponta do dedo o que era cada coisa. Regina segurava a mão de Robin fortemente, apertando conforme o que saia pela boca da médica. 

"Ele está grande, não está?" Robin sussurrou no ouvido de Regina, fazendo a morena sorrir. Ela olhou para ele por um leve segundo, concordando com a cabeça. 

"É por isso que me sinto tão pesada. Imagina nos próximos meses…" fez uma careta, sentindo Robin beijar sua bochecha. 

"Infelizmente, nesse quesito as coisas só ficam mais difíceis." Addison chamou a atenção do casal fazendo Regina suspirar. "O bom é que é um sinal de que seu bebê está crescendo bem e saudável." piscou. "E o bebê de vocês se mostrou hoje, querem saber o sexo?" perguntou, adorando o brilho que surgiu nos olhos do casal… Era nesses momentos que tinha certeza que escolhera a profissão correta. 

Assim que concordaram com a pergunta da médica, o coração de Robin e Regina pareceu parar. Ambos tinham os olhos voltados para o monitor, centrados em cada pedacinho de imagem. Era um sentimento tão inexplicável, algo que ainda custava para cair a ficha. Às vezes Regina tinha que se beliscar, pois o que estava vivendo era muito mais do que sonhara. Tinha um marido incrível e agora um fruto do amor deles. 

"Parabéns, vocês tem uma forte menininha a caminho!" Addison exclamou depois de alguns segundos e Regina buscou os olhos azuis, os castanhos cheios de lágrimas. Robin riu sozinho, pegando o rosto de Regina nas mãos e juntando os lábios aos dela. 

"Nossa menininha, minha caipira." sussurrou quando se separou dela. Regina riu, anuindo com a cabeça. 

"Você estava certo, temos nossa princesinha a caminho." acariciou a barba dele, beijando a lágrima que deslizou pela bochecha do homem. "Obrigada turrão, é o presente mais lindo da minha vida." juntou os lábios nos dele novamente. 

"Eu vou limpar sua barriga e deixar vocês ter um momento… podem me encontrar no meu consultório?" A Dra. falou, fazendo o que disse e se retirando da sala. 

Robin ajudou Regina a sentar-se, pegando mais um pedaço de papel para tirar bem o gel da barriga dela. As mãos pararam sobre o ventre da esposa, que olhava para ele encantada. Regina levou as mãos até onde as de Robin estavam, e o homem não demorou para entrelaça-las. 

"Papai vai ficar tão feliz… não acredito que você estava certo!" ela disse, encarando a própria barriga, sentindo o dedão de Robin fazer um carinho delicado no local. 

"Espero que ela seja uma cópia sua… Papai já ama tanto você, princesa." se abaixou, deixando diversos beijinhos na barriga de Regina, fazendo a morena rir. "E amo também sua mamãe." Voltou-se para a mulher, tomando os lábios dela em um beijo calmo, porém intenso, tentando transmitir através daquilo tudo que sentia. 

"E nós amamos você, meu amor." riu, colando a testa na dele. 

Eles ficaram ali por mais alguns minutos, Robin conversando sem parar com a bebê na barriga de Regina, deixando a esposa boba, com o coração explodindo de tanto amor. 

Depois da doutora terminar a consulta, Robin e Regina saíram do consultório com sorrisos gigantes. Regina tinha certeza que se pudesse Robin sairia gritando na rua que iria ter uma menininha. 

"Queria tanto passar o dia com você." queixou-se Robin, enquanto abria a porta do carro para ela. 

"Eu também, turrão. Ainda mais depois dessa notícia…" respondeu a morena, colocando a mão na coxa dele quando o homem sentou no banco do motorista. 

Embora quisessem passar o dia juntos, Robin tinha que ir para o hotel. Deixou Regina em um restaurante para almoçar com Zelena e seguiu para o trabalho. 

Assim que chegou no hotel, o celular tocou antes mesmo que ele desembarcasse do carro. Era uma ligação de vídeo de Rose, e Robin só conseguiu abrir um sorriso quando atendeu. 

"Como foi lá?" Rose perguntou de cara, os olhos brilhando de ansiedade. 

"Filho, oi!" Anna apareceu atrás de Rose, abanando para Robin. "Conseguiram ver o sexo?" 

"Pelo sorriso eles conseguiram. O que é?" Alice perguntou, aparecendo do outro lado de Rose. Robin gargalhou, com certeza as três tinham planejado. 

"Bom dia, família! O dia hoje está lindo, não?" Enrolou, vendo Rose lhe dirigir um olhar de reprovação. 

"Não nos enrole!" Anna gritou, também ansiosa. 

"Então, indo direto ao ponto, é uma garotinha!" disse, o sorriso enorme no rosto. A imagem no celular tremeu e por segundos Robin só ouviu os gritinhos de comemoração de Rose e as risadas de felicidade de Anna. 

"Eu sabia!" exclamou Alice. 

"Meu Deus! Essa criança é tudo pra mim!" Rose falou, a voz embargada. Robin teve que limpar a garganta, também emocionado. 

"Parabéns, meu menino! Minha netinha está bem?" Anna perguntou, pegando o celular da mão de Rose. 

"Está sim, mamãe. O coração batendo tão rápido, Dona Anna. A doutora disse que ela é muito forte e saudável." 

"E Regina está bem também? Está contente?" Rose perguntou. 

"Está bem, sim. Só preocupada porque a bebê não mexeu ainda, mas a doutora garantiu que é normal e pode acontecer a qualquer momento. Ela está realizada… eu também." Robin falou, segurando as lágrimas de felicidade. 

Ainda não acreditava que ia ter uma garotinha, que poderia ser uma cópia de Regina… o empresário poderia dizer que estava colecionando dias que poderiam ser rotulados como os mais felizes de sua vida. 

"Estamos realizadas também, meu menino, estamos também…" Anna falou, querendo poder estar perto de seu filho e nora naquele momento. Robin falou com as três por mais alguns minutos, a conversa com elas melhorando ainda mais seu dia. 

Passou o resto da tarde no meio de papelada e ligações. Achou que o verão naquele ano iria ser fraco, mas o número de reservas só aumentava. Assim que chegara no hotel compartilhara a notícia com os funcionários, recebendo maiores felicitações principalmente de Belle e Beth. A mais velha estava encantada, tamanho carinho que tinha por Robin e Regina. 

Um pouco depois das 17h, Robin resolveu que iria deixar o restante do trabalho para o dia seguinte e que iria aproveitar sua família. Ao passar com o carro pelo centro, não resistiu em chegar em uma loja infantil, procurando roupinhas para bebês. Infelizmente a primeira loja que entrou trabalhava somente com modelinhos para crianças maiores, mas o empresário não desistiu. Um pouco mais a frente tinha outra loja, que oferecia inúmeros modelinhos para recém nascidos. 

Uma atendente simpática ajudou Robin, mas era tantas coisas, que o loiro se encontrava perdido. Foi procurando entre os modelos que os olhos dele pararam em um conjuntinho composto por um body vermelho, com a palavra "Wild Flower" escrita. Um calção cheio de flores completavam o lookzinho, e o homem não tinha dúvidas de que era aquele que iria levar. 

Tomando o caminho para casa, passou também em uma floricultura, comprando um buquê de rosas vermelhas para a esposa. 

Com o coração extasiado, Robin não conseguia parar de sorrir quando entrou em casa, o sorriso aumentando assim que adentrou a sala de estar e se deparou com Regina sentada em cima do tapete com o notebook na mesa de centro. Henry estava deitado no sofá, e entre os dois, sob um banquinho, tinha uma bacia de pipoca. Lola que tentava se dar bem com algumas migalhas, ergueu as orelhas assim que viu Robin na porta. 

Regina tirou a atenção da TV, os castanhos encontrando os azuis e dando um lindo sorriso. A morena fez menção de levantar, mas antes disso o loiro fez seu caminho até ela, chamando a atenção de Henry que não havia percebido a presença dele ainda. 

Robin se ajoelhou ao lado de Regina, depositando um beijo em seus cabelos e colocando a sacola em cima da mesa, lhe entregando as flores. A mulher riu, já com os olhos marejados, e segurando o buquê em um dos braços, levou a mão livre a barba por fazer do marido, lhe beijando rapidamente os lábios. 

"Para a mãe da minha filha." Robin falou baixinho, depois que se separou dela. Regina riu ainda mais, depositando outro selinho nos lábios dele. 

"Eu não comprei nada para você." falou a morena, enquanto levava as rosas ao nariz, inalando o cheiro bom. Robin aproveitou para se esticar, apertando a mão do sogro. 

"Olha, meu filho, eu sabia que você não iria me decepcionar." sorriram, Robin sabia que aquela era a forma de seu sogro o felicitar. "Vamos ter que nos preparar para enfrentar os garotos!" 

"Que garotos?" Perguntou Robin, confuso. Regina balançou a cabeça em negação quando Henry se ajeitou no sofá, pronto para começar a debater. 

"Os que vão querer namorar a minha neta, oras!" respondeu o senhor, fazendo os olhos de Robin se arregalaram, o loiro mirando Regina em pânico. 

"Deuses, eu estava tão feliz que ainda não havia pensando nisso." Levou a mão a testa, esfregando a têmpora. Regina gargalhou, afundando o nariz mais uma vez nas flores. 

"Vocês dois são bobos! Ela ainda nem saiu daqui de dentro, por Deus!" repreendeu e quando os azuis buscaram os castanhos, a discussão já estava acabada. Robin se inclinou para deixar um beijo em seus lábios carnudos e depois se abaixou até a barriga grande da mulher, distribuindo diversos beijinhos por sobre a camiseta que Regina usava. 

"Boa noite, princesa. Papai trouxe um presente para você." deu mais um beijo antes de voltar-se para a sacola em cima da mesa de centro, entregando para Regina. A morena olhou para ele com os olhos semicerrados, espiando dentro da sacola e encontrando um embrulho de presente com estampa de porquinhos. Henry se sentou próximo aos dois, para espiar o presente. 

"Vamos ver o que o papai comprou para essa gatinha…" Regina disse, enquanto abria cuidadosamente o pacote. Seus olhos marejaram assim que tirou a roupinha para fora, esticando-a sobre a mesa e sorrindo feito boba para Robin. "Amor…"

"É linda, não é? Só de imaginar nossa filha vestida nela meu coração aquece." ele falou, enquanto beijava a bochecha da mulher, que olhava admirada para a roupa. 

"É a nossa história…" ela sussurrou, as mãos passando sobre o nome na blusinha vermelha. Robin descansou a testa na cabeça dela, sabendo que a mulher também imaginava a menininha deles vestindo a roupa. 

Eles não viam a hora de ter a filha nos braços. 

"Então a minha neta vai ser a garota propaganda do Wildflowers?" Henry quebrou o silêncio, chamando a atenção do casal, que olhou para ele e deram uma gargalhada. 

"Como foi com Zelena?" Robin perguntou um tempo depois, acariciando a barriga de Regina. A morena tinha os olhos fechados enquanto a cabeça estava escorada no sofá. 

"Eu achei que ela ia ter um ataque. Todos no restaurante ficaram sabendo." fez uma careta e Robin riu, bicando os lábios nos dela. Regina abriu os olhos, sorrindo. 

"Rose e sua mãe me mandaram mensagem também. Rose é inacreditável né?" riu. 

"Elas fizeram uma festa quando contei. Nossa menininha é muito amada." beijou o ventre de Regina e a mulher correu os dedos pelos fios loiros, agradecendo por aquele momento. 

"Nós precisamos de um nome…" ela disse, chamando a atenção do loiro, que se endireitou ao lado dela. Nesse momento um lance foi perdido no jogo que passava na TV e Henry xingou a televisão, fazendo-os sorrirem. "Você não vai prestar atenção no jogo?" 

"Eu tenho algo melhor para prestar atenção hoje." beijou a bochecha dela. "Vamos pensar em um nome, minha caipira." garantiu, enlaçando a mão na dela. "O que você estava fazendo antes de eu chegar?" 

"Ah! É mesmo, acabei esquecendo de te mostrar… estava pesquisando algumas coisas pro quarto dela." disse colocando o notebook a frente dos dois e mostrando algumas imagens para ele. 

"Você tem ideias? Deveria desenhar… você é boa nisso…" ele sugeriu, enquanto abriam mais uma foto de um modelo de berço. 

"Imagino direitinho como quero, amor… Vou desenhar para ver se você concorda." Ela disse, fechando o notebook e se aconchegando nele. "Estamos com fome…" falou baixinho fazendo Robin rir. Ele beijou a testa dela carinhosamente antes de perguntar:

"O que minhas meninas querem comer?" a mão dele não deixava um segundo a barriga de Regina, que tinha a mão junto a dele. A mulher se afastou fazendo um biquinho, pensativa.

"Uma massa com queijo?" pediu

"São exigentes essas minhas meninas…" riu, beijando a testa de Regina antes de se levantar e seguir para a cozinha, com Lola atrás. 

Com Henry concentrado no jogo e contente com seu balde de pipoca, só quem acabou na mesa da cozinha para jantar fora o casal. 

Regina arrumou os pratos e talheres, pegando um suco natural de laranja que o loiro havia deixado pronto. Conversavam animados sobre como poderiam deixar o quartinho da bebê e logo a comida estava posta a mesa. 

Assim que colocou a massa na boca Regina soltou um gemido de contentamento. Robin riu, provando a massa para ver se a reação de Regina era verídica.

"Eu amo sua comida mais qu…" parou de falar, arregalando os olhos e levando as mãos a barriga. Robin parou de sorrir, se preocupando. 

"O que houve?" perguntou, saindo de sua cadeira e se ajoelhando na frente de Regina em menos de um segundo. A morena tinha os olhos marejados. "Regina, está sentindo alguma coisa?" 

"Ela mexeu." riu, buscando as mãos do loiro e colocando sobre a sua barriga bem no momento em que a bebê deu um chute. "Você sentiu? Sentiu isso?" gargalhou quando Robin riu junto com ela, concordando com a cabeça. "Oi bebê!" falou com a barriga, passando a mão delicadamente pelo ventre. 

"Oi, filha! Você gostou da comida do papai e quis aparecer, é?" Robin falou, próximo a barriga. Como sempre, Regina não conseguiu evitar que as lágrimas caíssem, e quando sua menininha deu mais um chute enquanto Robin conversava com ela, a arquiteta se sentiu completa como nunca antes. "Henry! A bebê mexeu!" o loiro gritou em direção a sala de estar e não demorou para que Henry viesse aproveitar o momento com eles. 

***

O quarto de hóspedes da fazenda estava entulhado de peças de móveis embrulhados que foram feitos sob medida. No cômodo ao lado Robin terminava de pintar as paredes, com as instruções de Regina. Embora a morena tenha deixado claro que poderia fazer o serviço, Robin tirou o sábado para fazer o trabalho, não querendo que a mulher no seu 6° mês tivesse que fazer esforços.

As paredes ganhavam um tom neutro, na cor cinza. Robin terminava de passar a segunda mão e eles haviam optado por usar a tinta sem cheiro, para que não prejudicasse Regina. Com o rosto cheio de respingos, Robin terminou a última camada. 

"E aí?" ele perguntou, indo até Regina, que sorriu. 

"Ficou perfeito, amor!" ela disse, abraçando-o pela cintura. Eles observaram o quarto por alguns minutos, cada qual perdido em seu próprio pensamento. "Eu fico imaginando quando ela já estiver aqui, com a gente… fico tão ansiosa." Virou-se de frente para ele. 

"Eu também, minha caipira. Fico imaginando como vai ser o rostinho dela, acho que ela vai puxar a você…" riram e Robin beijou a ponta do nariz dela. "Vamos sair daqui? Mesmo que a tinta não tenha cheiro fica uma coisa esquisita né? Não quero que te faça mal…"

"Que marido preocupado!" ela falou, enquanto os dois faziam o caminho para o andar de baixo. Regina parou no último degrau, ficando um pouco mais alta que Robin, que se virou para ela e riu. O homem tinha certeza de que Regina ficava mais bonita a cada dia que passava. Ele colocou as mãos sobre a barriga grande dela enquanto a mulher tocava as manchas de tinta em seu rosto. 

"Vou precisar de um belo banho pra tirar isso." ele disse, fechando os olhos ao sentir o toque dela.

"Sim, você vai." riu. "Está muito cansado?" 

"Não, amor meu. O que você quer?" abriu os olhos para encarar os castanhos. 

"Poderíamos ir até o centro naquela lojinha de decorações que falei, lembra? Para comprar o resto das coisas pro quarto da nossa menininha…" pediu brincando com a barba dele. 

Robin assentiu, beijando os lábios de Regina. O que era para ser um beijo calmo se tornou intenso e apaixonado. Aquele beijo passava tudo o que sentiam um pelo outro. 

"Tudo pelas minhas caipiras!" ele fez graça, ganhando um tapa no braço de Regina. 

"Enquanto você se arruma eu vou ir ver Stone." beijou mais uma vez os lábios dele, se afastando e descendo o último degrau da escada, caminhando em direção a porta. 

"Regina?" Robin chamou e ela virou-se. "Eu amo você!" declarou, fazendo o rosto dela suavizar, um sorriso bonito dando as caras. 

"E eu amo você, papai turrão." mandou um beijo e uma piscadinha para ele antes de sair pela porta. 

***

Desbloqueando o celular, Regina percebeu que passavam das 03h10min da manhã. Rolou mais uma vez a timeline do seu Instagram, sorrindo com uma foto de Rose e Alice. Depois bloqueou o celular, virando-se para o lado do marido, que dormia tranquilamente. A arquiteta já o havia observado naquela madrugada, mas enquanto o sono não vinha, ela se permitiu ficar mais alguns minutos ali, decorando cada traço do rosto dele. 

A mulher se encontrava bastante inquieta naquela noite, e ficar acordada estava a deixando com fome. 

Fome de algo bastante especial. 

E que não tinha em casa. 

Regina resmungou baixinho, colocando a mão na barriga. Pegou o celular novamente, suspirando quando na tela marcavam apenas 03h17min. 

Sem aguentar mais, e não querendo acordar Robin, a morena levantou-se da cama, demorando a achar os chinelos. Saiu do quarto seguindo para o que ficava ao lado, abrindo a porta e se deparando com o quartinho de sua menininha pronto. 

Era o projeto mais lindo que ela já havia feito. Não conseguia aguentar para ter a menininha nos braços, de poder usar cada coisinha daquele cômodo. Algumas das roupinhas já estavam guardadas no roupeiro, mas Regina sabia que teria que guardar muitas mais, já que Zelena e Rose pareciam disputar pra ver quem dava mais presentes. Robin também, sempre que podia comprava algo para a filha. 

Eles ainda não tinham conseguido chegar a uma escolha de nome e isso acabava de certa forma deixando a mulher aflita. 

Já haviam pensado em Jasmine… mas apesar de bonito, o nome não tocou o coração de nenhum dos dois. 

Chegaram a cogitar Helena… mas como o anterior, não havia os conquistado. 

Entrando na metade do sétimo mês, Regina sabia que ainda tinha tempo. E como se concordasse com ela, a bebê em sua barriga mexeu, fazendo-a sorrir. 

"Acordei você, filha? Que mamãe malvada!"  adentrou o quarto e sentou-se na poltrona ao lado do berço. "Não estou com muito sono, minha bebê. Tive que levantar para não acordar o seu pai…" explicou, enquanto massageava a barriga. Regina sorria enquanto sentia a filha fazer uma festa em seu ventre.  "O que deixou você agitada? Eu nem comi nada para te dar tanta energia… e por falar em comer…" suspirou, salivando enquanto imaginava uma torta de limão. 

"Não me diga que você está com fome às 03h00 da manhã, Regina." A voz de Robin se fez presente e Regina levantou os olhos até a porta, sorrindo ao ver ele lá. 

"Estou com desejo…" falou baixinho, observando o homem adentrar o quarto e se ajoelhar a sua frente, deixando um beijo terno na barriga e outro nos lábios dela. 

"E por que não me acordou? Estava te sentindo agitada mesmo. Está tudo bem?" perguntou, colocando uma mecha do cabelo dela atrás da orelha. Regina sorriu, assentindo com a cabeça. 

"Não estou com sono e não queria acordar você, por isso levantei." explicou, fazendo carinho nos cabelos dele enquanto Robin brincava com a barriga, sorrindo ao sentir a filha se mexer. "Ela está agitada também." sorriu quando Robin anuiu com a cabeça, dando diversos beijinhos na barriga. 

"Eu sempre percebo quando você não está na cama, Regina… fiquei preocupado." Ele disse, acariciando a bochecha dela. "Qual o seu desejo?" 

"Torta de limão." mordeu os lábios, sabendo que era um desejo impossível. Não achariam torta de limão em nenhum lugar aquela hora. 

"Ah, isso?" ele riu, aliviado. Regina tombou a cabeça, erguendo uma sobrancelha. "Eu faço uma para você, caipira." 

"Agora?" sentiu os olhos marejarem.

"Claro… num instantinho está pronta." Disse, franzindo o cenho com as lágrimas que criaram nos olhos dela. "O que houve?"

"Você faz mesmo?" perguntou, sem acreditar. 

"Claro, amor meu. Ei, faço tudo por vocês duas." beijou a testa dela, levantando e esticando a mão para ajudar ela levantar. 

Assim que chegaram na cozinha Robin pediu para Regina sentar a mesa enquanto ele separava os ingredientes. 

Exatamente uma hora depois Robin colocava a torta no congelador, para que ficasse gelada mais rápido e Regina conseguisse comer um pedaço. A morena tinha o rosto descansado nas mãos, enquanto observava o marido seguir até ela. 

"Parece que o sono chegou…" ele disse, puxando uma cadeira e sentando ao lado dela. Regina riu, negando com a cabeça. 

"Não antes de eu comer aquela torta." falou determinada, beijando a boca dele. "Obrigada, meu amor."

"Pelo que?" ele riu, arrumando os fios que caiam sobre os olhos dela. 

"Pela torta." ela disse, encarando as íris azuis.  

"Caipira, é a minha obrigação manter você e a nossa filha felizes." ele disse, convicto. Regina negou com a cabeça. 

"Não às 03h00 da manhã…" constatou. 

"Sim, 24h por dia." beijou-lhe os lábios. 

"Pensei em um nome enquanto via você cozinhando." ela disse baixinho, brincando com a barba dele. Robin a observou por alguns segundos, vendo os castanhos brilharem. 

"Ah, me ver cozinhar foi uma fonte de inspiração?" brincou, fazendo-a rir. 

"Ele só veio na minha cabeça… é lindo, Robin!" se afastou dele, escorando a lateral da cabeça na mão, enquanto o encarava. 

"Então me diz qual é." pediu, a mão indo automaticamente para a barriga dela. 

"Olívia." falou, mordendo os lábios enquanto esperava uma reação dele. O loiro a observou, repetindo o nome para si mesmo, mas assim que os azuis encontraram os castanhos, ele sabia que sua menininha teria aquele nome, o brilho nos olhos de Regina deixavam aquilo claro. 

"É lindo, meu amor!" declarou. 

"Você gostou mesmo? Podemos pesquisar mais se você quiser." ela disse, se aproximando dele novamente. Robin tirou uma das mãos do ventre dela para lhe tomar o rosto. 

"Eu amei, Regina. Será a nossa menininha, a nossa Olívia." falou, beijando a lágrima que fez um caminho lento pela bochecha da arquiteta. 

"Nossa Olívia." Regina sussurrou, beijando os lábios dele, enquanto sua mão encontrava com a que ele tinha em sua barriga. Juntos sentiram Olívia dar um chute, como se também tivesse gostado de seu nome. 

***

O fim de tarde sempre era estonteante em Crowley Cornes. Enquanto dirigia para casa, Robin pensava nas coisas incríveis que estavam acontecendo em sua vida. Tinha encontrado um lar em um lugar que jamais pensou em viver, estava casado com a mulher mais incrível da face da terra e em menos de dois meses teria sua primeira filha nos braços. 

Só de pensar em Olívia o homem sentia seu coração aquecer e ao mesmo tempo bater mais rápido. Sua pequena já era a coisa mais importante, e só de pensar que logo iria conhecer o rostinho dela, ouvir seu chorinho e pegá-la nos braços o mundo já se tornava mais colorido. 

Olívia veio, com certeza, para somar na sua relação com Regina. O amor que sentiam um pelo outro parecia ter triplicado, como se fosse possível. Robin agradecia ao universo sempre que podia por ter encontrado aquela caipira. 

A reta final da gravidez, entretanto, estava sendo difícil. Nessas últimas semanas Regina se sentia bastante cansada, corria para o banheiro toda hora, não vinha dormindo muito bem. Além de que o tamanho da barriga já não facilitava mais nada. Por diversas vezes a mulher quase chorara ao sentir a filha chutando suas costelas, ou fazendo qualquer movimento perto delas. 

Naquele dia, Robin sabia que a esposa havia ido ver uma das obras em que estava trabalhando para poder conversar com o arquiteto que assumiria em seu lugar. O homem sabia que encontraria a esposa esgotada, e por essa razão decidiu comprar uma torta de chocolate com morango, sabendo que faria a felicidade dela. 

Assim que estacionou o carro na frente da casa, Lola que estava a cochilar na varanda desceu correndo para recebê-lo. Robin desembarcou e brincou uns minutinhos com a cachorra, depois pegou a bandeja com o bolo e adentrou sua casa. 

Avistou sua morena sentada no sofá, de costas para ele, assim que entrou no cômodo, após colocar o bolo na geladeira. Robin fez seu caminho até ela, um sorriso enorme no rosto, que murchou assim que viu o estado que a esposa se encontrava. 

Com o olhar perdido, Regina tinha os olhos inchados. Robin não demorou para seguir até ela, ajoelhando em sua frente. Assim que Regina notou o marido e seus olhos se encontraram, não demorou para que o queixo dela tremesse e seu choro fosse liberado. Robin a puxou para o seus braços, sem saber o que fazer, a preocupação atingindo cada célula do seu ser. 

"Ei, estou com você… schhh… coloca para fora, caipira… estou aqui." sussurrou enquanto lhe massageava as costas, tentando acalmá-la. Regina chorou por mais alguns minutos e quando conseguiu se acalmar se afastou dele, que tomou o rosto dela nas mãos e limpou todas as lágrimas. 

"Não senti ela mexer hoje…" a voz embargada dela denunciava toda a agonia que sentia. Robin apertou os lábios, uma preocupação que ele tentou abafar nascendo em seu peito. "Ela mexeu de manhã cedinho, mas então não teve mais nenhum movimento, nenhum chute…" fungou, não conseguindo segurar as lágrimas que caíam de seus olhos. "Nada, Robin. Nada!" tombou a cabeça sobre a mão dele, fechando os olhos com força. "Seria normal ela não mexer durante a manhã, e foi o que eu repeti pra mim diversas vezes, mas então ela continuou quietinha durante a tarde e agora eu estou apavorada. Acho que tem alguma coisa errada." chorou, vendo Robin negar com a cabeça enquanto a puxava para os seus braços de novo. 

"Meu amor, fique calma. Esse estado vai ser pior, huh?" pediu pra ela, enquanto levantava do chão e sentava no sofá, puxando ela para os seus braços. "Ela mexeu de manhã no café, não mexeu?" sentiu a morena anuir. "Talvez ela só esteja dormindo, Regina, Olívia pode ser uma preguicinha igual a você." tentou tranquilizá-la e também a si mesmo. 

"Mas isso não tá certo, amor, eu nunca fiquei tanto tempo sem sentir ela mexer… já não tem tanto espaço assim… não é como se ela pudesse se mexer sem me apertar em algum lugar." falou, enquanto as mãos apertavam fortemente as de Robin. O homem suspirou, sabendo que a morena tinha razão. 

"Você já tentou conversar com ela?" a morena anuiu. "Cantar?"

"Uhum..." sussurrou, os olhos vertendo água.

"Comeu?" Perguntou. 

"Um hambúrguer e depois tomei um sorvete, coisas que deixam ela bem agitada, por isso comecei estranhar, turrão… Olívia não é de ficar quietinha." levantou a cabeça do peito dele, os olhos castanhos mostrando uma agonia sem fim. Robin suspirou, beijando a testa dela e depois se afastando, até ficar a altura da barriga. 

"Oi, arteira do papai! Resolveu tirar o dia de folga hoje?" ele começou, enquanto levantava a blusa de Regina e depositava diversos beijinhos por toda a extensão da barriga. "Mamãe e eu estamos com saudades, filha. Mexe para mostrar para a mamãe que você está bem?" pediu, as mãos acariciando a colisão. 

Alguns minutos passaram e Robin continuou a conversar com a filha dentro da barriga de Regina, já que a menininha sempre se animava ao ouvir a voz do pai. O homem sentiu a preocupação aumentar conforme conversava e Olívia continuava quietinha. A agonia de Regina aumentava a cada segundo.

"Que preguiça herdada de sua mãe, hein gatinha?" tentou uma última vez, o coração apertando quando as lágrimas começaram a verter dos olhos de Regina mais uma vez.    

"Robin, o que tem de errado?" perguntou, buscando os olhos azuis do marido que suspirou, depositando um beijo em sua testa e pegando o celular do bolso da calça. 

"Vou ligar para a doutora Addison, acho que é melhor… fique tranquila, huh? Olívia está bem e eu estou aqui por você, tá?" Apertou a mão dela e levou o telefone até a orelha. No terceiro toque a recepcionista atendeu. 

"Clínica Médica de Crowley Cornes, boa tarde." 

"Boa tarde… eu gostaria de falar com a doutora Addison, por gentileza." Pediu Robin sendo observado atentamente por Regina. 

"Quem gostaria?" a recepcionista perguntou. 

"Robin Locksley." 

"Certo, vou passar a ligação, só um instante." falou, e logo a ligação voltou a chamar. Regina se aninhou no peito de Robin novamente, tentando controlar o medo e agonia que sentia. 

"Senhor Locksley, boa tarde!" A voz alegre de Addison se fez presente. "Como posso ajudar? Regina e Olívia estão bem?" 

"Boa tarde, Dra. Então, na verdade foi por isso mesmo que liguei… Regina está bem, mas estamos preocupados pois a bebê não mexeu hoje. É normal? Não sei se pode nos ajudar por ligação, mas estou a ponto de pegar Regina e levar até o hospital, para ver se tem alguma coisa errada…" falou rápido, sentindo sua esposa balançar a cabeça em negação ao mencionar a palavra hospital. 

"Hum, certo. Pode passar o telefone para Regina, Robin? Acho que ela deve estar nervosa, não? Deixe-me conversar com ela." pediu gentilmente, e Robin não demorou a atender o pedido. Se afastou de Regina para que pudesse olhar em seu rosto e lhe entregou o telefone. Fungando, Regina levou o aparelho até a orelha, enquanto sentia Robin depositar um beijo em seus cabelos. 

"Oi, doutora." falou baixinho, tentando controlar o nervosismo. 

"Hey, mamãe. Então quer dizer que a espoleta tá quietinha hoje?" perguntou com a voz tranquila, fazendo Regina soltar um sorriso em meio as lágrimas com o apelido que a médica tinha dado a Olívia. "Você fez algo de diferente hoje, Regina?" 

"Não, doutora. Levantei, tomei o café e ela estava bem, se mexeu um monte quando eu e o Robin falamos com ela." contou, sentindo Robin apertar sua mão livre, entrelaçando-a na dele. "Eu fui trabalhar hoje, resolver algumas pendências, não estranhei quando ela ficou quietinha pelo resto da manhã. Achei que ela estava dormindo…" 

"E depois do almoço ela continuou calma?" indagou a médica. 

"Uhum. Foi aí que estranhei, ela sempre faz uma festa na minha barriga após o almoço… Comecei a conversar e até cantei, mas não senti nada. Robin chegou faz alguns minutos e também conversou, acariciou minha barriga, mas mesmo assim nada… Addison você acha que tem algo errado?" perguntou, sem conseguir mais controlar a voz embargada. 

"Teve alguma dor hoje, Regina? Ficou preocupada com alguma coisa?" perguntou Addison. 

"Não, passei bem o dia, apesar disso." Regina falou. 

"Regina, sabe o que está acontecendo? Olívia provavelmente está dormindo… ou brincando com vocês." a médica riu baixinho no final da frase. "Estava tudo bem na sua última consulta, sua garotinha estava cheia de energia e com um ótimo desenvolvimento. Eu quero que você se acalme, tá bem? Ela vai te sentir nervosa…" a médica explicou. 

"Mas e se tiver algo errado?" perguntou, mesmo que a fala da doutora já tivesse aliviado um pouquinho seu coração. 

"Querida, Olívia está bem. Mas mesmo assim podemos fazer uma ultrassonografia amanhã, para ver se tem alguma coisa errada." sugeriu e Regina concordou com a cabeça mesmo que Addison não pudesse ver. "No entanto, tenho certeza que a menininha de vocês vai fazer festa ainda hoje. Eu quero que você dê uma caminhada, uma coisa bem breve. Continue conversando com ela. Se isso não funcionar, quero que descanse uns minutinhos, tente deitar de lado, tenho certeza que isso vai resolver. Qualquer coisa pode voltar a me ligar, tá bem?" Addison orientou. 

"Tá bem, doutora. Obrigada, acho que deixei Robin desesperado à toa… mas fiquei tão assustada." se justificou, sorrindo sem graça. As mãos do marido acariciavam a barriga dela suavemente enquanto ele esperava que terminasse a conversa com a médica. Robin riu contra o pescoço dela quando ouviu-a citar seu nome. 

"Jamais é a toa, Regina. Foi importante vocês me ligarem, eu fico a par da situação. Agora passe para o Robin, vou passar as dicas que lhe falei para ele. Se cuide, huh? Se achar necessário a ultrassonografia é só ligar para o consultório e agendar." 

"Obrigada, Addison." Regina agradeceu, antes de passar o telefone para Robin, que conversou por mais poucos minutos com a médica, que lhe passou algumas dicas para que despertasse Olívia.

Algumas horas depois, quando Regina já estava deitada na cama deles, deixou que algumas lágrimas caíssem de seus olhos quando sentiu o pezinho de Olívia apertar a região próxima a suas costelas. 

Robin entrava no quarto com um pedaço da torta de mais cedo e sorriu aliviado ao ver a esposa sentada contra a cabeceira da cama, conversando animada com a barriga. 

"A preguicinha acordou?" chamou a atenção da dela, que tinha um sorriso de orelha a orelha. 

"A todo vapor." riu, arrancando um riso alto dele. Robin depositou o pires com o pedaço da torta no bidê ao lado da cama, se sentando ao lado da esposa e levando as mãos a barriga grande, sentindo os movimentos e chutes da filha. 

"Sua espoleta! Acho que a mamãe não vai dormir hoje…" falou, deixando um beijo no ventre dela e outro nos lábios. 

"Acho que o papai pode acompanhar a mamãe e ficar acordado também…" Regina disse travessa e Robin sentiu o coração aquecer ao ver o quanto ela estava aliviada. 

"Sempre, meu amor. Tudo por vocês." beijou a testa dela, descendo alguns beijos pela lateral de seu rosto e capturando os lábios da morena em um beijo cheio de amor e carinho. Como se quisesse a atenção só para si, Olívia levou o pezinho novamente a costela de Regina, fazendo a morena se afastar com uma careta de dor. 

"Sua filha quer atenção, senhor turrão!" riram, e antes que o loiro continuasse a conversar com a sua gatinha, ele depositou mais um beijo nos lábios de Regina. 

"Amo vocês!" 

"Nós também amamos você." beijou a ponta do nariz dele. "Obrigada por não deixar ceder ao desespero. Fiquei com tanto medo." riu sem graça. Robin pegou a mão dela, beijando os nós de seus dedos. 

"Pra falar bem a verdade, caipira, acho que nunca fiquei tão apavorado na vida. Vocês duas são tudo pra mim, Olívia já é a minha vida." Robin suspirou, levando a mão de Regina até o ventre dela, mudando de assunto. "Se dentro da barriga ela já apronta… imagina quando nascer?" 

Regina gargalhou, tendo certeza que sua menininha seria bastante bagunceira. Ela ficou por longos e longos minutos a observar a forma carinhosa como Robin conversava com Olívia, como ele de minuto e minuto buscava trocar um beijo com ela, ou beijar-lhe a mão. 

Ela sabia que não existia marido mais perfeito e sabia também que Olívia teria o melhor pai do mundo. 

***

 "Eu consigo colocar a calça, Robin!" Regina exclamou, batendo no braço do homem que sorriu, contente. Mesmo com a fala dela, ele se agachou e a auxiliou a vestir a roupa. "Obrigada, papai turrão." beijou-lhe os lábios delicadamente, não conseguindo conter o sorriso assim que o contato fora interrompido por um chorinho baixo que vinha do berço ao lado da cama de hospital. 

Robin se separou da esposa, seguindo até a filha, vestida em um conjuntinho quentinho na cor bege. Olívia tinha menos de dois dias, mas já era o amor da vida de seus pais. Com muito cuidado, o loiro pegou a garotinha, trazendo-a para o seu peito. Assim que o corpinho pequeno reconheceu o pai, o choro parou, e a bebê agarrou o dedo de Robin, enquanto ele balançava com ela de lá para cá. 

A arquiteta que estava sentada na ponta da cama olhava a cena admirada. Ela tinha certeza que nada aqueceria mais seu coração. No momento em que vira Robin segurar Olívia pela primeira vez, Regina sabia que eles seriam tudo o que ela precisaria para o resto da vida. 

Sorriu com o pensamento, agradecendo por tudo ter dado certo, e que sua menininha tivesse vindo ao mundo tão saudável e linda. 

Olívia era com certeza o serzinho mais perfeito que Regina já vira em toda a sua vida. Não conseguia descrever a sensação de saber que sua filha estava ali, em carne e osso, para completar toda a felicidade que poderia ter. 

Enquanto Robin balançava de lá para cá com a menininha no colo, Regina agradecia pelo milagre que dormia nos braços do marido. Mesmo que se sentisse esgotada, naquele momento, passaria por outro trabalho de parto, se isso significasse ter Olívia em sua vida. 

Mesmo que Robin tivesse pedido em todos os seus desejos que a filha fosse uma cópia de Regina, os cabelinhos no topo da cabeça da bebê eram tão claros quanto os dele e nas poucas vezes que Olívia havia aberto os olhos, ambos perceberam que eles seriam azuis. 

Quando Olívia choramingou no colo do pai, buscando nele o que encontraria somente na mãe, Regina não conseguiu evitar um sorriso. Robin encarou os olhos castanhos, piscando para ela, enquanto seguia até a cama com a menina. Ansiosa para ter a filha nos braços, Regina se ajeitou novamente na cama de hospital, e com todo o cuidado do mundo, Robin passou a filha para a esposa, observando a forma veloz como Olívia achou o peito, agarrando o dedo de Regina enquanto sugava aquele alimento tão especial. 

Com delicadeza Regina traçou a lateral do rostinho da filha, sabendo que mesmo que agora estivesse tudo tranquilo, nem sempre seriam mil maravilhas. Mas enquanto tivesse Olívia, nada mais importava. 

Robin ficou a observar o momento das duas, totalmente apaixonado, trocando sorrisos com a esposa enquanto eles observavam cada pedacinho da filha. 

Sem querer atrapalhar o momento, não sabendo que a neta já estava acordada, Anna entrou no quarto, fazendo os dois adultos levantarem os olhos para ela. 

"Não me diga que a Via já está mamando de novo? Que esfomeada!" brincou, arrancando sorrisos dos papais babões. 

"Não fale assim de mim, vovó. O leite da minha mamãe é muito, muito gostoso." Regina disse, afinando a voz, enquanto encarava a filha que sugava o leite sem parar. "Tudo pronto?" a morena perguntou, agora encarando a sogra. 

"Sim, Robin só tem que passar na recepção para assinar mais alguns papéis e aí vocês estão liberadas." sorriu, se aproximando da cama, espiando a neta. 

Anna viera sem pestanejar de Nova Iorque assim que a data para o nascimento de Olivia se aproximou. Imaginou que a nora gostaria de uma figura feminina e materna naquele momento, e viajou para Crowley Cornes se nem pensar duas vezes. 

Estaria ali pelo que o filho, nora e neta precisassem. Pelo menos pelas próximas 3 semanas. 

E claro que Rose também. 

Robin ainda não havia conseguido chegar a conclusão de quem chorava mais enquanto observava Olívia pelo vidro da maternidade… se era Rose ou Zelena. 

Imaginava que fossem as duas. E também já sabia que ambas iriam mimar muito sua princesinha. 

Quanto ao sogro… Robin jamais vira Henry tão babão. Se durante a gravidez de Olivia o senhor parecia ter rejuvenescido alguns anos, assim que vira a neta pela primeira vez parecia que ele havia recuperado toda a energia de um adolescente de 18 anos. 

Enquanto Regina ajeitava Olívia para que a menininha arrotasse, conforme as dicas de Anna, Robin auxiliava a esposa e juntos eles aprendiam as primeiras manias para lidarem com a filha. 

Anna observava emocionada a família que seu menino havia formado, sabendo que Olívia cresceria rodeada de amor, cuidado e carinho. 

Quando um barulho saiu pela boquinha da bebê, Regina e Robin sorriram, sabendo que estavam prontos para irem embora. Robin seguiu rapidamente até a recepção, enquanto Anna terminava de pegar o resto das coisas que faltavam. 

Como se soubesse que não havia preocupação para ela no momento, Olívia dormiu no colinho da mãe, sabendo que ali seria sempre o seu porto seguro. E enquanto observava a esposa seguir com a menina nos braços em sua direção, Robin sabia que as duas eram o dele.

*** 

Regina desceu as escadas da entrada do Wildflowers, seguindo em direção ao jardim, que em plena primavera estava uma das coisas mais maravilhosas que ela já tinha visto. 

Havia prometido a Beth que lhe passaria a receita de uma torta de frango com bacon e não conseguira escapar da mulher antes de terminar de lhe contar tudo o que sabia. 

Andou por um tempo até conseguir avistar os dois amores de sua vida, fazendo bagunça no meio das flores selvagens. 

Regina sentiu os olhos marejarem de tanto amor que sentia assim que a gargalhada gostosa de sua menininha chegou até ela. Robin jogava a garotinha para cima, pegando-a no colo logo depois e enchendo-a de beijos. 

Não havia nada no mundo que Olívia amasse mais que aquilo. Robin havia conseguido fazer alguém mais apaixonada por ele do que Regina. A filha do casal tinha uma adoração pelo pai, que chegava a ser surreal. 

Quase completando um ano, Olívia era a bebê mais linda e esperta que a arquiteta conhecia. A menininha já tinha dois belos dentinhos de leite na gengiva inferior e dois já apontavam na superior. Embora Rose e Zelena tentassem a todo custo fazerem a palavra "didi" sair pelos lábios da pequena, Olívia só se atrevia a falar coisas como "pap" quando via o pai ou "ma" quando via a mãe. Além de amar o pai, Olívia adorava passear pela fazenda com o avô, engatinhando sempre em direção a ele quando estava entediada. 

Saiu de seus pensamentos quando ouviu um gritinho de alegria sair pelos lábios da filha, e observou enquanto Robin se sentava no chão e colocava a menina a engatinhar entre as flores. Regina começou a andar em direção a eles devagar, e não conseguiu segurar o sorriso assim que viu a menina enfiar as mãos na terra e espalhar pelo rostinho, fazendo Robin entrar em um pânico momentâneo, enquanto uma gargalhada sapeca saia dos lábios dela. 

Robin levou as mãos a testa, derrotado, fazendo a garotinha rir ainda mais, mesmo sem entender a atitude do pai. Não aguentando a gostosura da filha, Robin a puxou para seus braços, enchendo-a de beijinhos, fazendo mais uma vez a gargalhada gostosa sair daquela boquinha, as mãozinhas sujas se enterrando pelos cabelos loiros do pai e Regina soube que os dois iriam precisar de um belo banho. 

Mas observando aquela cena, Regina tinha a certeza de que todo sacrifício era válido para ouvir a gargalhada da sua bebê. 

Virou-se rapidamente em direção ao hotel, observando aquele que fora o principal fator do destino para que Olivia estivesse ali. E sabia que não havia nada mais justo do que a menina ser apaixonada pelo lugar, pelo pai, por ela. 

Enquanto seguia em direção aos dois, chamando a atenção da pequena, que ficou toda boba ao ver a mãe, Regina sabia que não tinha nada mais justo do que seus dias serem regados de felicidade sempre que estivessem naquele lugar, naquela cidade. 

No instante em que sentiu as mãos gorduchas de sua pequena agarrarem seu pescoço, espalhando terra pelo local, Regina sabia que não havia como se sentir mais feliz. No momento em que seus lábios encontraram os de Robin e a bebê entre eles bateu palminhas, Regina tinha total certeza de que se ela era a flor selvagem de Robin, então Olívia e o marido eram as flores selvagens dela. 


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Notas finais do capítulo

Puts, que nervoso! haha
Ai gente, to com medo das expectativas que vocês criaram, mas é isso!
Chegamos ao final e embora meu coração esteja apertado, eu to feliz demais que terminei essa história de forma que nosso casal conseguiu um "final" feliz.
Quando eu pensei em dividir a ideia pro epílogo, foi justamente pra poder focar bastante na gravidez da Regina. Foi uma coisa que sempre quis escrever mas nunca coloquei nas minhas one shots. E eu juro que esse foi o capítulo mais difícil, porque eu tinha tantos caminhos para seguir... ainda não sei se fui pelo caminho certo, mas estou muito feliz com o resultado.
Esperamos que eles façam mais 9 filhos? Esperamos.
Sem despedidas, mas muitos agradecimentos.
Obrigada gente por todo o apoio e amor com os personagens, com a história. Vocês são incríveis e se eu pudesse continuava a escrever eles só para encher vocês de outlawqueen.
Não esqueçam de me dizer o que acharam, sim? Estou curiosa com a opinião de vocês.
Sem mais delongas, muito obrigada!
Um beijo no coração de cada um, que vocês tenham um fim de ano abençoado e que 2020 seja de muita felicidade, paz e realização. E claro, fanfics... essas não podem faltar!



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