Quando eu te beijo escrita por Agome chan


Capítulo 4
Eu te salvo


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal!
Desculpa a demora, eu estava com dúvida nesse, porque era pra ser outro beijo, mas resolvi que precisava desse capítulo para o próximo.

• É baseado num dos issues da série Spider-man/Deadpool, não lembro o número.
O contexto como sempre está todo aqui e espero que gostem!



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O sentido aranha não alertou do perigo, certamente porque não via mais Deadpool como um. A noite em seu apartamento,  sozinho, estava indo dormir quando ouviu a campainha. Vestiu seu roupão e foi atender a porta. Foi tudo bem rápido, não sentiu dor alguma, apesar de suas habilidades só pode notar o disparo. Nem se lembrou quando acordou caminhando pelos corredores de sua empresa, o que lhe fez notar que algo estava errado foi tudo em sua volta ficar escuro e aparições tenebrosas de Gwen, Tio Ben e Doutor Octopus puxando seus calcanhares.

Era um pesadelo? Se perguntava.

Mas o demônio Mephisto ria lhe advertindo que não:

— Você está morto, Peter. Sempre afasta todos da sua vida e a deixa vazia, nem as pessoas mais próximas sabem quem é você e por isso não terá nada que vai ser seu.

 

 

Para a Morte era estranho, conflituoso, curioso e interessante ver Deadpool no submundo depois de tanto tempo. Não era diferente, ela sabia, ele como sempre não poderia ficar. E para ela, como não amar e desejar o que não pode ter entre tudo que com certeza ela teria? O tempo lhe garantia tudo, mas Wade era sempre uma incógnita. Mesmo que por tanto tempo ele desejou estar ali e não ser capaz de voltar.

Ele sempre aparecia por ali por um tempo e sumia logo em seguida, portanto evitava encontra-lo com frequência. Wade tinha decidido seguir em frente, não o impediria.

No momento em que a viu ele já começou a falar, como sempre muito tagarela. Entre algumas palavras de elogio ao seu cheiro que ele sempre gostou, havia um pedido de ajuda. Um estranho pedido de ajuda.

Ele era o homem que estava acostumado a trazer almas para ela coletar, vidas que ele terminava, mas ali estava ele pedindo para trazer uma de volta.

 — Eu fiz merda. — disse Wade. — Muito grande, não era para ele estar aqui.

Não era para você estar aqui, ela pensou.

Desfazer algo assim…

Mas sabia que Deapool estava certo, a alma de Parker tinha sido levada por um plano sórdido de Mephisto, querendo a corrompe-la. Provavelmente Deadpool tinha sido seu peão e agora seria o inimigo ao tentar recupera-lo e traze-lo de volta a vida. A Morte não ficaria no caminho do Wade, do homem que outra época foi seu amado.

— Sabe como me dói te ver aqui sabendo que não é para ser meu?

— Ah, eu sei… — ele suspirou. — … me desculpe. Mas eu realmente preciso resolver isso, ele é inocente, não era pra estar aqui. Eu jurava que ele era um monstro que iria machucar meu amigo, mas…

Ela se aproximou tocando a pele cicatrizada, que contra seus dedos gelados ficou lisa e saudável, o couro cabeludo ativo e as madeixas loiras crescendo. Deadpool nem se dava conta do que ela estava fazendo consigo, do que seu desejo lhe abria a porta. Estava extremamente focado, o que a surpreendia e achava ainda mais interessante.

Era um homem interessante o Wade Wilson.

— Você está diferente. — Constatou ela.

— Eu sei. — Já estava acostumado a ouvir isso nesses últimos tempos.

Surpreendente o que duas almas poderiam fazer na vida daquele homem, ela pensava. Uma alma tão nova que ele trouxa a vida, a garotinha. E a outra que ele estava ligado, como se fosse espelho inverso da sua, a que ele estava ali para salvar. Mas parecia que ele não tinha consciência disso ainda e mesmo assim estava disposto a tudo? Irônico.

Aquele encontro que ele estava focado em ter, nem ela seria capaz de separar ou se opor. Era só mais um passo das teias do destino que já vinham se cruzando, decisões que Wade e Peter Parker vinham tomando as alinhavam ainda mais.

Tinha um tom mórbido na voz dela:

— Vai ter um preço.

O qual Deadpool não se importou:

—  Eu sei, aceito, só preciso tirar ele o quanto antes… — prosseguia falando.

Nem ao menos se perguntou do preço. Ela riu porquê sabia que seria assim. Ele nem tinha notado que já estava ali pagando por isso.

Tinha tomado a decisão, Shiklah tinha lhe perguntado qual seria, se seria o casamento deles, resolver os problemas deles ou ele se envolvendo mais nessa carreira com seu bro-crush de tentar ser “alguém melhor”? De ajudar o Homem-Aranha de novo e de novo?

Para Wade era além da escolha, não tinha sido nem uma questão. Não havia maneira para ele escolher qualquer outra coisa, não só porque sentia que falhou com seu melhor amigo ao achar que o chefe dele era um cara horrível, quando na verdade era um inocente, mas por sua moral. Era contra seu principio — e não era como se tivesse muitos — matar um inocente, sempre foi assim. Apenas aqueles que mereciam, e Parker era a última pessoa que deveria passar por isso. Sabendo disso como poderia simplesmente não fazer nada como Shiklah lhe sugeriu? Não, não podia.

A alma do Parker nem passou perto do inferno, Wade em pessoa a procurou. Era da luz e foi arrastada indo contra a natureza para o submundo escondido no limbo para Mephisto a corrompe-la. Teria que impedir.

Os lábios da Morte tocou os seus. O beijo selado era o pacto feito, não importava o preço, tinha a permissão de trazer aquele homem de volta a vida. A ironia do destino de ser mercenário e estar fazendo tudo ao contrário do que conhecia.

Ao desperta estava no apartamento do Parker, encarando a esposa furiosa:

— Vai dormi no sofá hoje, você cheira a morte.

Wade não podia discutir.

O lado bom é que a raiva que Shiklah estava sentido dele agora poderia descontar, porque Deadpool estava decidido que voltaria para lá. E Shiklah o ajudou lhe esfaqueando com prazer. Voltou para o limbo, sua forma coberta com o próprio sangue, atirando nos monstros que assombravam a memória do Parker.

Peter estava desnudo lhe olhando com desconfiança, parecia que já estava ajuntando as peças do quebra-cabeça:

— Deadpool? Você está aqui e eu estou aqui…

— Longa história, em resumo, estou aqui pra te tirar daqui a pedido do Homem-Aranha. — mentiu, já que seria complicado explicar que tinha sido contrato para lidar com o cientista maluco que claramente Peter não era.

E Parker o olhou com uma desconfiança ainda maior, obviamente. Afinal ele era o próprio Homem-Aranha, mas Wade não sabia, e por ele não saber que os dois acabaram ali.

— E de quem é esse sangue todo?

— Não se preocupe, é meu.

Era até comovente para o mercenário ver seu até então “alvo” fazendo careta preocupado olhando seu estado.

— Ok… e como você pode estar armado aqui e eu…? — Sugeriu a si desnudo entre aquela nevoa.

Deadpool pensou em fazer uma piada com flerte, mas ignorou a vontade, por mais incrível que pareça.

— Aqui é um outro plano, Parker. Pensa em algo para se defender que vai acontecer, eu já estou mais do que acostumado a parar aqui, você acaba aprendendo.

Não precisava mais de prova de que Parker era mais do que inocente, ele era um homem excelente, mais do que bom. Sua alma se iluminou ao saber que poderia adquirir a forma que quisesse e passou a enfrentar o demônio, Mephisto.

Além da escolha da forma ser peculiar: Homem-Aranha.

Deadpool não podia julgar, também era fã do herói, faria o mesmo no lugar dele:

— Homem-Aranha?! Sério?! — ok, julgaria um pouquinho.

Enfrentar o demônio para Peter era como enfrentar os próprios. Ouvir suas palavras como múrmuros em seus ouvidos sobre como ele jamais seria completo, sempre haveria algo faltando, porque não há lugar onde se encaixasse por completo, onde fosse compreendido e aceito, tudo que toca destrói ou afasta, fadado a esse ciclo de infelicidade, ficou em sua mente.

Estava confuso e talvez por isso não conseguia ainda estar furioso por estar ali, sabendo que provavelmente tinha sido mais uma armadilha de seus inimigos que ele caiu. Que seu amigo caiu e sabe-se lá como estava decidido a tira-los dali.

Talvez tinha haver com o que Wade falava sobre aquele ser um outro plano, então essas preocupações ainda não lhe pesavam, ainda não se irritava com ele.

Só se sentia aliviado depois que não precisava mais enfrentar seus medos quando se livrou de todos ao lado do Deadpool. Ele que parecia pra baixo, numa forma obscura e deprimente.

Tocou seu ombro tentando lhe consolar, esquecendo por um momento que era Peter e deveria se comportar numa forma mais distante, talvez ainda fosse possível do Wade não ter notado sua identidade, quem sabe. Já tinha aparecido como Peter e um amigo como Homem-Aranha na frente do mercenário, vendo os dois ao mesmo tempo e não levantar suspeitas que eram a mesma pessoa, mas depois disso ficava complicado.

Pensava se precisava ser tudo tão complicado. O maior segredo do seu amigo tinha ele já sabia, a Ellie, e mesmo confiando no Deadpool ainda tinha essa dificuldade de se mostrar totalmente. Teriam evitado tantas coisas. Era o que passava em sua cabeça, culpava a si, enquanto Deadpool se culpava:

— Eu sei que é burrice e não faz sentido me perdoar, mas não custa pedir, não é? — o tom de voz era estranho para Peter. Era um tom sério que raramente ouvia vindo dele. — Não deveria pedir.

— Está tudo bem. Se você resolveu não precisamos falar mais sobre isso.

Sem dizer nada o mercenário se aproximou e o envolveu num abraço que prontamente Peter correspondeu.

Afinal era estranho olhar para o Parker naquela forma, era como estar com seu amigo aranha na sua frente, iluminado, como a luz que ele realmente era pra si. Só sabia que queria ter esse contato.

— Você é um bom homem. Muito bom, Peter. — o ouviu dizer.

E sendo sincero respondeu:

— Eu tenho minhas dúvidas quanto a isso…

— Sua alma não mente, é o que importa. Não esqueça disso.

Sorriu sentido ele deitar a cabeça em seu ombro.

— Deadpool… você é um bom homem também.

Ouviu um curto riso entristecido dele.

— Por isso spidey gosta tanto de você. São parecidos… muito parecidos.

Reconfortando-o, sentindo o corpo do mercenário estremecer após lhe dizer aquelas palavras num fio de voz, o abraçou um pouco mais forte. Ia se sentindo mais leve e o toque se tornava mais difícil de sentir, assim como o calor do Wade, ouvindo seus suspiros e soluços.

— Acha que ele vai me perdoar? — Foi o que pode ouvir bem distante.

— Vai sim. Ele que te mandou me buscar, não foi?

 

 

 

No quarto daquela cobertura, tinha um pequeno e fofo Deadpoolzinho de pelúcia no criado mudo, era um presente. Peter dormia num sono pesado, enquanto na beira da cama o real Deadpool escrevia, após diversas tentativas falhas, uma carta para o Peter, que por fim chamou por Petey, contando tudo o que aconteceu.

Ficaria confuso para ele em saber se era um sonho ou não, então era melhor deixar as claras que não foi.

Seria bom se ele não contasse ao Homem-Aranha, mas já imagina que isso provavelmente iria acontecer. Ficou surpreso dele não ter aparecido até então. Mas já estava tudo feito. Estava bem e a salvo, mas tudo o que aconteceu… tinha mexido consigo.

O discurso do seu amigo de que; “como sabemos se alguém merece ou não a vida, de não sermos juízes”, fazia mais sentido que nunca. Pesava em suas costas e amargava sua boca. Ele tinha certeza que estava certo e cometeu um erro.

Mesmo que ainda não confiasse no sistema, tinha que pelo menos ter escutado seu amigo quando lhe disse para não se preocupar com o Peter. Mas não tinha esperado, o medo do CEO colocar o aranha em risco, de tirar dele seu otimismo, tinha lhe assustado. Estava feliz por estar errado e ter resolvido o quanto antes.

— Wade… — Se surpreendeu ao ouvir esse sussurro do Parker lhe chamando, até se certificou dele estar mesmo dormindo.

Riu baixinho. Ele parecia uma criança. Uma criança com barba por fazer, digamos assim. Estava tranquilo.

Pegou o bonequinho que deixaria para ele, e encostou o mesmo na testa como um beijo indireto de bons sonhos.

­— Boa noite, Petey.

E o cobriu com mais um coberto antes de sair.

Ele era um bom homem, merecia todo descanso do mundo e proteção também. Se caso Homem-Aranha estava tão fascinado e apaixonado pelo Parker, agora mais do que nunca era fácil de entender. Constatou que ele era mesmo um homem apaixonante, assim como o herói e saiu em silêncio do apartamento.

 

 

No dia seguinte Peter acordou vendo o ursinho e curioso foi ler a carta.

E então se lembrou de que estava furioso com o Deadpool.


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Notas finais do capítulo

Foi um capítulo mais tento, necessário pras coisas mudarem entre eles pro próximo.
Até mais pessoal!



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