Para o Matt Murdock estava sendo muito interessante perceber a mudança naqueles dois. Já havia muito tempo que o Time Red não se reunia, os três de uma vez era difícil e só quando era extremamente necessário. Afinal são três homens que estão acostumados a trabalhar sozinho em diferentes regiões, quando tinham que trabalhar em uma equipe não era uns com os outros e não era fácil se integrar.

Mas não fazia tanto tempo tinha visto Deadpool e trabalhado como dupla com ele. O mesmo com Homem-Aranha. Só que os três juntos… isso sim foi difícil. E seria de agrado ao Matt, porque geralmente lidar com os dois se uma vez é... muito pra lidar. Era estressantes. Já que ambos quando se desentendiam com alguém ficavam a tirar sarro constantemente com piadas, e foi o que aconteceu quando se reuniram na primeira vez. Piora com o fato do mercenário não calar a boca e o aracnídeo estar sempre com uma resposta “esperta” na ponta da língua.

Davam dor de cabeça tê-los juntos. Se Demolidor não precisasse tanto daquela formação na época, teria desistido e feito a missão sozinho, mas por fim colaboraram. Precisou de ambos e os dois precisavam dele, são eficientes.

Por isso a última vez tinha sido tão diferente.

Matt achava curioso.

Ele tinha ouvido falar — obviamente, com seus sentidos aguçados era mais prático ouvir rumores pelas ruas — que Homem-Aranha e Deadpool estavam sendo vistos juntos com maior frequência fazendo patrulha pela cidade.

Quando tiveram que enfrentar os ninjas capangas do rei do crime, era notável a sincronia em batalha. Um prevendo os movimentos um do outro. Só comprovava tais rumores.

Não era só isso. A forma como se tratavam era diferente.

Demolidor sabia como Deadpool era fanboy do aranha, entretanto ele deixava ainda mais claro naquela missão e que poderia ser algo a mais, uma amizade, algo assim?

Se perguntava vendo-o abrir a porta para o Homem-Aranha, que suspirou girando os olhos e cruzando os braços:

— Vamos investigar entrando pela porta da frente?

Ao que o mercenários respondeu usando um apelido intimo, o qual também chamou a atenção ao soar nos ouvidos do Daredevil:

— Sei que está acostumado a janelas, baby boy, mas a porta já está aberta. A dona aranha pode subir pela parede lá dentro.

E ouviram a risada nasalada do Peter:

— Pool, você é muito besta.

Comprovando o que Wade já tinha dito, Peter entrou tendo a bunda checada pelo o Wade. Matthew podia não enxergar, mas para seu sonar, agindo como radar, aquilo não passou despercebido, assim como o fato que Spiderman tinha notado e ignorado, se comportava como se estivesse acostumado.

Quando os três enfrentavam diversos capangas, um deles iria atacar Deadpool pelas costas, só que Peter foi mais rápido arremessando o homem contra a parede depois de se desviar da sua espada que lhe cortou o ombro de raspão. Ao terminarem, Wade olhava o ferimento preocupado ao ponto de dar bronca:

— Por que fez isso? Você é burro?!

— Eu não sou burro! Você nem viu o cara chegando!

— Quem disse? Eu iria dar um jeito, sou rápido.

— Eu sou mais.

“Verdade”, pensou Matthew de costas a eles, ouvindo aqueles dois discutirem enquanto examinava os ninjas inconscientes no chão para pistas.

— Mas meu fator cura é melhor que o seu. — Contrapôs Deadpool. — Deveria ter deixado me acerta.

Matt inconscientemente concordou com ele com um movimento de cabeça e dando ombros pensando que os dois estavam certos.

— Eu tenho um fator de cura, Pool. Vai melhorar logo e se ele tivesse te acertado e cortado sua cabeça fora? Já aconteceu uma vez. Precisamos de ver inteiro e consciente.

— O mesmo serve pra você, porque dá pra por minha cabeça de volta, a sua não!

Não era como as discussões de antes e não terminava da mesma forma com certeza, porque naquele momento Wade puxou Peter para um abraço apertado. E era extremamente surpreendente ouvir o tom de voz sério do Deadpool, era algo raro:

— Tem que parar de bancar tanto o herói. Pensa mais em você e toma mais cuidado.

Com seus sentidos aguçados os corações daqueles dois soava como uma bate-estaca. Peter parecia incerto do que fazer com as mãos e riu sem jeito sem saber o que dizer ao certo:

— M-mas ser o herói é o que faço. Uma das poucas coisas que eu consigo fazer pelo menos…

De repente Wade o afastou, talvez percebendo o que tinha acabado de fazer, encarando aquela máscara do Homem-Aranha que lhe encarava de volta com uma expressão confusa, arqueando a sobrancelha deixando um dos olhos brancos maiores que o outro.

Coçou a garganta após soltar o Parker:

— Sim, sim, ócios do ofícios, certo?

— É… — Concordou com o amigo coçando atrás da cabeça ainda confuso do que tinha acabado de ocorrer e sobre o que tinha sentido.

Matthew se ergueu, andou ficando entre eles pensando por um tempo e só lhe veio à mente dizer:

­— Depois vocês arrumem um quarto e resolvam isso. Agora temos trabalho. — E caminhou a frente.

Riu ao notar pelo sondar o desconforto deles. Era adorável.

No fim da missão lá estavam os três juntos no telhado.

Peter suspirou cansado, era perceptível pela sua linguagem corporal, se largando no chão dizendo:

— Sem condições de fazer outra coisa além de ir pra casa, tomar um banho e ir dormir.

O celular do Demolidor vibrou em seu bolso.

— Vá descansar, teve um longo dia hoje.

— Eu ainda tenho tanta coisa pra fazer… — se espreguiçou esticando o braço que possuía o corte já se curando.

O qual Deadpool se aproximou tocando e depositando o beijo que fez Peter soltar novamente sua risada anasalada, puxando seu braço para longe das mãos do mercenário.

— Você ouviu o Demolidor, spidey. Vá descansar. — O envolveu em seus braços, lhe abraçando por trás. — Eu posso te dar um banho de espuma. — Depositando beijos na bochecha de Peter por cima das máscaras.

O fazendo rir:

— Hahaha! Para, faz cocegas!

Ao ouvir o leve riso do Demolidor sentado à frente na beira do teto, Peter lembrou-se que não estava sozinho como sempre com o Wilson. E sem jeito, destrambelhado, empurrou ele com o cotovelo se levantando meio desorientado.

— Não seja frio comigo, webs. — resmungava Wade no chão depois do empurrão.

— Você está me irritando. — retrucou Peter sem jeito.

O telefone de Matthew tocou, ao que ele rapidamente desligou. Era uma boa deixa para sua retirada.

— Bem, vou deixá-los a sós. Tenho que sair. Bom ver que são bons amigos agora ou… seja lá o que vocês são.

Peter enrugou o cenho:

— Como assim “seja lá o que vocês são”? Não sei se está brincando, mas — apontou para Deadpool. — esse cara é casado.

Demolidor arqueou a sobrancelha deixando um daqueles olhos brancos da máscara maior que o outro:

— Então é verdade que se casou com uma súcubos?

— Achou que eu estava brincando? — questionou Wade, inconformado. — Eu te falei! Ah, Puta merda! Nunca me leva a sério.

— Mas… súcubos? — Sendo um homem católico, tudo o Matt sabia sobre esses demônios contradiziam a ideia de um matrimonio. — Como que isso funciona? Ela consegue ser fiel a você?

— Se com isso quer dizer se somos exclusivos, não. Nem tem como, ela é um súcubos.

— É o que eu quis dizer.

— É meio aberto, temos um acordo… mas ela já quebrou até o acordo, então é infiel sim…

— … problemas no casamento?

— Hm… longa história. Envolve lobisomens e tal.

— … você tem uma vida animada.

— Me diz você, como vai a Elektra? — Perguntou sugestivo movendo as sobrancelhas inexistentes, notável mesmo com a máscara.

Sendo reprendido pelo Demolidor pelo assunto:

— Deadpool…

­— E de toda forma — retomou Peter salvando o Matt de falar mais sobre si mesmo — mal somos amigos. — Estreitou os olhos brancos da máscara para o mercenário que se levantava ficando ao seu lado com a mão no peito, sugerido estar ofendido.

Postura que logo mudou ao rir sacana:

— Somo mais como namorados.

Tal resposta só fez o aranha girar os olhos cansados, recebendo um outro beijo estalado na bochecha do mercenário. O beliscou com força além de moderada a bochecha do Wade como resposta, lhe fazendo gemer de dor:

— Ai, caralho! Você e suas tendências sádicas…

Parker riu, comprovando o que seu amigo lhe disse, se divertido ao “tortura-lo”.

Matthew sentia ainda mais confuso com a interação daqueles dois pela situação que estavam. Só que quem seria ele para dizer algo? Pelo toque estava recebendo das ligações deveria ser Elektra, ele não via a hora de ter privacidade para atender e falar com não só sobre aquela missão bem sucedida.

Estava com saudades.

Queria ter um momento a sós especialmente com o Spiderman. Era obvio que algo estava acontecendo ali, Peter ficar em negação não seria bem a resposta, ainda mais se tratando de quem ele era e de quem Deadpool se tratava. E Matt sabe muito bem como é estar em negação em relação ao que sente por alguém, justamente a pessoa com quem passou por isso estava lhe ligando agora.

Se envolver tanto emocionalmente com alguém que possui visões tão diferentes sobre a importância da vida e da morte era complicado, ele sabia disso, enfrentou isso até mesmo com Karen. E teve que lidar com essa situação até para o início de uma amizade com o Justiceiro, sem contar, é claro, Elektra.

Sendo ainda um homem com suas crenças, tinha notado a mudança nas atitudes do mercenário que ironicamente se conteve muito nessa missão. Tinha fé na mudanças das pessoas e sabia que Peter tinha também, talvez seja isso que aproxime ele ao Wade? Estava feliz em ver tal mudança no Wilson.

Por isso seria bom conversa com o Homem-Aranha depois.

Foi embora deixando aqueles dois discutindo para trás.

O ponto era que Wade e Peter poderiam usar suas brincadeiras para mascarar as coisas, entretanto não funcionava com Matt que era como um detector de mentiras ambulante. Detectando que para o Homem-Aranha, Pool era um amigo… ou mais. Ao ponto de lhe relaxar ao receber beijos no rosto.

Uma situação complicada de seus amigos de trabalho estavam, mas não era o momento do Matt ajudar. Atendendo finalmente o telefone e ouvindo a voz dela do outro lado da linha, sendo a única pessoa que lhe chamava por:

— Matthew?

Ele sabia que precisava primeiro lidar com suas próprias questão antes de ajudar eles.

— Elektra.

— Como foi tudo?

— Bem, deu tudo certo pela nossa parte. Espero que tenha feito a sua.

— Eu não falho, Matthew. Onde você está? Posso ir te buscar.

— Espero que não esteja em mais um carro que não é seu.

— É meu até encontrarem. De toda forma, como foi tudo.

— Acho que… tenho novidades para contar.