Ravi passou os dedos entre os fios que compunham o próprio topete e sorriu para seu reflexo no espelho. Geralmente, podendo escolher, ele jamais trocaria uma noite de sábado na sua cama enquanto maratona alguma de suas séries favoritas como The Big Bang Theory por uma festa cheia de gente que ele mal conhece, porém havia algo naquele grupo de pessoas que fez com que o filho de ascendência indiana dos Ross se sentisse completamente confortável que o fazia querer estar com eles, quem sabe até ser amigo deles... E claro, havia também o fato de que Luke se demonstrou bem animado quando Maya estendeu o convite para a festa de sua mãe aos quatro filhos de Morgan e Christina.

— Ravi? Está aí? – Ouviu a voz de Zuri e abriu a porta. A mais nova tinha uma expressão meio indecisa, meio preocupada. – Escuta, Emma não está se sentindo muito bem, então eu vou ficar com ela, ok? – Informou, de maneira rápida, enquanto transferia o peso do corpo de um pé para o outro.

— O que ela tem? Quer que eu fique também? – Apesar de Ravi desconfiar que os motivos para Emma não querer ir são outros, se preocupou. Zuri pigarreou.

— Coisa de garota, não se preocupe. – A mais nova riu fraco. – Vou ficar com ela, quem sabe assistir um filme, pedir comida... – Ponderou. – Pode ir, o Bertram está em casa e qualquer coisa eu ligo para vocês.

— Ok. – Ravi pegou sua jaqueta que estava separada, mandou uma mensagem para Luke avisando que já estava indo, desejou melhoras a Emma e decidiu não interromper Bertram que estava em mais um dos seus cochilos, apenas pediu o elevador e desejou mentalmente que tudo ocorresse bem essa noite.

Worth It do Fifth Harmony tocava e Smackle tentava aprender os passos enquanto dançava com Luke, Maya e Riley em uma rodinha no canto do terraço; rodinha essa para qual Zay lançava olhares irritados vez ou outra enquanto balançava a cabeça ao ouvir Lucas falar sobre qualquer coisa. o Babineaux verdadeiramente não entende o que Maya vê em Luke, que não possa ver nele, aquele garoto é tão prepotente, como Maya não enxerga isso?

— Zay? Zay, você está me escutando? – Lucas perguntou, irritado pela demora do amigo para responder a perguntar que fez segundos antes e então seguiu o olhar dele se deparando com a rodinha que agora dançava em quase perfeita harmonia. – Ah cara...

— Eu não entendo o que ela viu nesse cara. – O rapaz de pele negra resmungou. – O que ela via em Josh. – Listou enquanto tomava um gole de seu refrigerante de limão. – Eles são todos...

— Você não devia comparar Luke com Josh. – Farkle que estava controlando o som, assustou os dois que não repararam a presença dele ali. – São pessoas muito diferentes. – Disse enquanto olhava para a tela do notebook. Ele, ao contrário dos outros dois, sabia do incidente na cafeteria, estava junto a Smackle e Riley quando Maya contou. – E respondendo sua pergunta Lucas, sim, eu acho que Riley está estranha.

Lucas moveu-se desconfortável com a observação do amigo.

— Eles serem pessoas diferentes não tira meu direito de não gostar dele, ou tira? – A pergunta de Zay fez um silêncio por alguns instantes.

— Não, mas se você realmente gosta dela. – O namorado de Smackle deu uma olhadela para as melhores amigas e a namorada dançando junto ao Ross. – Deveria apenas torcer por ela. – Disse, olhando no irritado olhar castanho do amigo. Farkle suspirou. – Bom, vou pegar algo pra beber.

Maya se surpreendeu com o quão bem Luke dançava. Desde country até eletrônica, o menino arrasava na pista de dança e a energia dele parecia contagiar aos que estavam a sua volta pois até mesmo Smackle que não é nem um pouco fã de dançar, arriscou alguns passos. Ela sorriu, arfando cansada, observando enquanto o Ross dançava Burn da Ellie Goulding com Riley que ria junto a ele toda vez que errava um passo. A filha de Kate ficou feliz que eles se deram bem, a aprovação de Riley é realmente importante para ela.

— Maya, seu namorado dança muito. – Ava que viera junto aos Matthews disse e a loira sorriu, mas bufou internamente, aquela palavra estava a perseguindo.

— Ele não é meu namorado, Ava. – Corrigiu a Hunter rindo da cara de indignação da mais nova.

— Então você não se importa se eu der em cima dele, né? – Maya riu, porém antes que pudesse falar qualquer coisa Auggie surgiu por de trás da menina, quase magicamente.

— Ava! – O Matthews chamou em tom de reprovação.

— Amorzinho! – A loira sorriu nervosa enquanto enrolava um dos cachos loiros no dedo e então arrastou o caçula de Cory e Topanga para longe da Hunter.

— Será que nossos filhos vão ser tão fofos quanto eles? – Luke perguntou perto do ouvido de Maya a assustando, arrepiando e fazendo corar. Ela virou-se para ele pensando em mil e uma respostas, no entanto não pôde deixar de sorrir quando viu as covinhas e o olhar sapeca dele.

— Por favor, olhe para nós, Luke – Maya entrou na brincadeira. – Serão tão fofos que eles os estabelecerão como novo padrão de fofura. – Luke riu e deu um passo para trás, mantendo uma distância segura entre eles, após receber um olhar intimidador de Shawn. A loira riu ao reparar no ato e ficaram naquele silêncio, cortado apenas pela música que tocava e as conversas paralelas, olhando nos olhos um do outro, e sorrindo.

— Espero que eles tenham seus olhos. – Luke sorriu de lado e piscou de forma fofa, como no dia em que se conheceram no metrô, o que a desnorteou por um segundo, ele falava sério dessa vez. Maya lembrou-se da conversa que teve mais cedo com Riley e corou violentamente, o fazendo sorrir ainda mais abertamente. Ele amava a ver corada.

— Querida, vamos? – Kate chamou Maya, tirando os adolescentes de sua bolha. A Hunter mais nova assentiu e ambas seguiram para o palco improvisado, do qual Luke se aproximou, assim como os outros, com as mãos nos bolsos e um sorriso desenhado nos lábios. – Bom, vocês conhecem a nossa tradição. – Riu Kate, falando no primeiro microfone.

— Uma festa não é uma festa sem karaokê. – Maya comentou, ainda com resquícios de vermelhidão em suas bochechas, no segundo microfone que foi trazido por Topanga.  – E, como estamos falando em tradição, minha mãe e eu vamos cantar nossa música. – Disse antes de começar a arriscar os primeiros acordes do violão. E Kate começar a cantar.

— Oh, New York... – A mais velha fechou os olhos para sentir a música que Luke reconheceu como Empire State Of Mind (Part II) da Alicia Keys, uma das favoritas de Zuri. – And the streets are mean. — Kate terminou a segunda estrofe e então Maya se aproximou do microfone.

— If I can make it here, i can make it anywhere... – Cantou e Luke sentiu seus olhos brilharem. Ele já tinha a ouvido cantar, mas nunca tão alto e tão claro. Que voz incrível, quase tão incrível quanto ela. Luke suspirou, delicadamente, pensando em todas as vezes que disse a alguém que nunca se apaixonaria e agora estava aqui, sentindo seu coração acelerar e um riso fácil escapar dos lábios, sentindo-se verdadeiramente como Alladin ao falar de Jasmim para o gênio. – New York, concrete jungle where dreams are made of... — A voz da adolescente se misturou a da mãe durante o refrão, porém se perguntar ao Ross, talvez ele diga que Kate nunca esteve naquele palco, simplesmente não conseguia deixar de olhar Maya.

Riley observava Luke com seus olhos brilhando ao ver Maya cantando, e sorria com a cena. Estava tão feliz pela amiga ter o encontrado. Particularmente, a irmã mais velha de Auggie nunca foi muito fã da ideia de ter o seu tio e sua melhor amiga estarem juntos, e talvez quando mais nova, fosse por motivos um pouco mais fúteis, porém agora quase aos dezessete anos, tinha plena certeza que o irmão mais novo não é homem o suficiente para sua docinho. Maya merece alguém que enxergue toda a luz dentro dela, e a trate como a vida não se preocupou em tratá-la e em tão pouco tempo, Luke demonstrou tanto cuidado, tanto carinho, tanto amor por ela. Se Riley era brega quando se apaixonou por Lucas, Luke quebrava todos os seus padrões. O garoto não se preocupava em esconder que gostava de Maya, até com os mais velhos por perto, ele exalava atração pela loira, porém Maya tinha medo. E Riley entende isso. A filha de Kate não está acostumada a receber mais que migalhas, e receber tanto amor e bençãos ao mesmo tempo... Deve ser surreal demais para se acreditar.

A primogênita dos Matthews suspirou ao trocar seu olhar para Lucas, sente falta do namorado. Apesar de estarem perto, saírem juntos e conversarem, não é mais como antes. Agora ele está sempre atento a algo que ela ainda não compreendeu o que é, parece irritadiço quando fazem programas que sempre fizeram e ainda fez a proeza de colocar o smartphone no silencioso, pois pelo que Riley observou irritantemente, o celular dele não anuncia mais nenhuma notificação enquanto os dois sozinhos.

Ela balançou a cabeça para afastar tais pensamentos e bebeu um pouco de seu refrigerante de laranja enquanto ouvia os últimos acordes da música de Alicia Keys.

— Eu não sabia que a Maya cantava tão bem. – Comentou Ravi, admirado, fazendo Riles dar um pulinho ao enfim perceber sua presença ali. – Desculpa – Ele riu. – Te assustei?

— Tudo bem. – A morena deu de ombros e sorriu virando-se para olhar o recém-chegado. The Nigths do Avicii começou a tocar. – Chegou faz tempo?

— Na verdade não, mas que bom que cheguei a tempo de vê-las cantando. – Disse ele, sorrindo também. – E então, conseguiu descansar?

— Estou aqui, não? – A filha de Cory disse de forma amigável, antes de perceber a mãe passar atrás do rapaz. – Ei mãe, se lembra de Ravi? Comentei com ele da senhora.

— Claro que lembro, nos conhecemos na noite em que... – Topanga ponderou um momento. – Enfim, é um prazer revê-lo Ravi. – A mulher sorriu antes de continuar falando. – Riley me disse que você está interessado em um emprego na cafeteria?

— Sim, eu adoraria uma oportunidade, senhora Topanga. – O irmão de Luke disse. – Estou querendo fazer um intercâmbio ano que vem, mas um dos requisitos é experiência de pelo menos seis meses, que é o tempo que ficarei por lá. – Contou.

— Mas que interessante, Ravi. – O rosto de Topanga se iluminou. – E para onde seria esse seu intercâmbio? Se não se importar em me dizer, é claro.

— De forma alguma. – O adolescente gesticulou, educadamente. – Para o Brasil, me interesso muito na língua e na cultura. – Respondeu, o que fez a mãe de Riley sorrir.

— De fato. – Concordou a dona da cafeteria. – Quando eu era mais jovem também me interessava pela história do país. – Riley arqueou uma sobrancelha com a revelação da mãe, aquilo era novidade para ela. – Bom Ravi, se seus pais ou responsável legal puder assinar um termo alegando que permitiu você trabalhar, será bem-vindo a equipe Topanga’s.

— Obrigado. – O menino agradeceu e Riley sorriu animada para ele, após a mãe ir embora. – Acho que seremos colegas de trabalho agora, hã? – Ele a empurrou de forma amigável.

— Alguém que é obrigado a ficar comigo no balcão. – Riu a Matthews de forma fofa antes de Lucas chegar, com um olhar indeciso para o outro.

— Ei Riles, vamos cantar algo no karaokê?

Smackle sorriu divertida para Farkle que controlava o som enquanto lhe entregava uma fatia de pizza de pepperoni. O Minkus adorava ver como a namorada evoluíra, tudo graças aos amigos e ao acompanhamento médico, é claro. Se comparada a sua própria versão de um ano atrás, Isadora Smackle é outra pessoa, mais aberta e comunicativa, sem tantas travas para se arriscar de fato. Farkle pensava nisso enquanto comiam juntos ao som de Havana da Camila Cabello e observavam Lucas interromper Riley e Ravi.

— O que deu no Lucas e no Zay hoje? – Smackle indagou, olhando para o namorado com uma sobrancelha arqueada. – Estão mais quietos e rabugentos que o normal.

— Os irmãos Ross deram no Lucas e no Zay hoje. – Farkle respondeu enquanto colocava o último pedaço de sua pizza na boca. – Você sabe... Ciúmes, inseguranças e tudo isso que esses caras tem. – Farkle sorriu com o próprio comentário.

— E você não tem ciúmes e inseguranças, meu bem? – A garota ajeitou os óculos no rosto enquanto falava e Farkle nunca a achou tão linda. Ela sorriu, ruborizando com o olhar dele.

— Eu confio em nós, baby. – O Minkus disse a fazendo se aproximar e dar-lhe um selinho demorado, que virou um beijo, que só foi interrompido graças a um inconveniente pigarro de Lucas, que tinha uma Riley não muito feliz ao seu lado.

— Ei casal, quais são as músicas que tem no karaokê? – Lucas perguntou, brutamente, o que fez Riley rolar os olhos, ato que não passou despercebido pelo casal de nerds da turma.

— Ok... – Smackle se levantou. – Riley, tive uma emergência, preciso da sua ajuda. – Disse antes de puxar a outra para dentro do prédio.

— Garotas... – Farkle deu de ombros, e Lucas concordou à contragosto antes de sair dali para perto de Zay. O namorado de Smackle mal pôde voltar sua atenção ao notebook a sua frente quando Luke e Maya chegaram sorridentes. – Pois não?

— There’s Nothing Holdin’ Me Back, Shawn Mendes. – Disse Luke e Maya desviou o olhar com a escolha. – Primeiro as damas. – Ele fez graça oferecendo ajuda para ela subir, e então ambos pegaram os microfones e logo as notas ecoaram pelo terraço. – I wanna follow where she goes — Com a voz de Luke ao invés da que deveria ser do cantor, todos viraram-se para o palco improvisado. Maya movia-se enquanto ele cantava a primeira estrofe.

Riley e Smackle logo voltaram ao local para ver quem cantava e sorriram ao ver o que elas já consideravam o novo casal da turma com os microfones na mão.

— Oh, I’ve been shaking ­— As vozes se misturavam no refrão como os movimentos sincronizados da dança que meio que inventaram na hora fazia com que alguns dos presentes vibrassem e rissem da química entre eles. – Baby, there’s nothing holdin’ me back

Maya sorria enquanto cantava, Luke o mesmo. Nenhum dos dois jamais sentiu tanta adrenalina percorrendo o corpo, se moviam e cantavam e sorriam e queriam que aquele momento nunca acabasse. O irmão mais velho de Ravi, a pegou pela mão e girou enquanto cantava e então pararam a centímetros um do outro. Maya podia jurar escutar um coração bater, porém já nem sabia mais se era seu ou dele.  Por um instante, ela pensou em ficar nas pontas dos pés e beijá-lo mas a Hunter imaginou a cara de Shawn vendo aquela cena e riu, corando enquanto se afastava com um gesto coreografado para cantarem juntos e de uma distância segura os últimos versos, que foi seguido por aplausos dos presentes.

— Obrigado, muito obrigado. – A loira fez uma péssima imitação de Elvis antes de colocar o microfone no pedestal e pular do palco improvisado. Luke riu e a imitou.

— Vocês a-ra-as-ram! – Sibilou Ava rindo para o casal. – Sério, casal do século. – A pequena falou batendo palminhas fazendo Luke rir e Maya corar.

Farkle colocou Baby I da Ariana Grande para tocar.

— Olha, raramente eu concordo com a Ava, mas... – Cory fez um biquinho e balançou a cabeça em sinal afirmativo. – Ela tem razão. – Disse enquanto bagunçava o cabelo de Maya, para provocar a menina. – Inclusive sobre a última parte. – Riu a maroto depois de sussurrar para a loira, que apenas fez ruborizar mais ainda.

— Ei docinho, vamos dançar? – Smackle perguntou, enquanto chegava de braços cruzados com Riley que sorria abertamente. Maya assentiu.

— Se importam se nos juntarmos a vocês, meninas? – Lucas indagou, chegando com Zay, Farkle e Ravi. Maya riu. Riley desviou do olhar do namorado. Smackle sorriu, mas também não encarou Lucas nos olhos.

— Mas como estamos formais hoje. – A filha da anfitriã riu. – Mas é claro que podem. – Disse antes de aceitar a mão que Luke lhe estendeu para a girar e criar mais memórias para uma das noites inesquecíveis de suas vidas.