Maya sorriu triste ao aceitar o envelope azulado que Riley lhe entregou a pedido de Ravi. Algumas semanas antes, um convite para a festa de 18 anos de Emma lhe deixaria em pólvora, afinal ela queria desenvolver uma relação um pouco mais intimista com a irmã mais velha de seu ex-quase-namorado. 

A Hunter aceitou, porém o guardou em sua mochila ouvindo o sinal soar e sabendo que não iria. Emma é irmã de Luke e Luke não quer vê-la, por isso não a desbloqueou nas redes, por isso não retornou suas ligações, por isso não apareceu em nenhum dos seus convites para conversar sobre o que tinha acontecido, sobre a burrada que ela tinha feito. 

Talvez ele estivesse sendo dramático como disseram a irmã de Auggie e a namorada de Farkle, entretanto ela sabia que se estivesse no lugar dele a maior parte das chances é de que agiria dessa forma, pois, no fim, ele tinha razão em uma coisa: relacionamentos tem como um dos seus maiores pilares a confiança. Em todo e qualquer relacionamento, se não houver confiança, não há paz. E talvez Maya não esteja pronta para confiar em alguém de novo. 

Não como confiou em Josh. 

Maya entregou seu coração a Josh e esperou prontamente, confiando que um dia ele lhe entregaria o dele, contudo não aconteceu e tampouco vai acontecer. Maya e Josh não foram feitos para estar juntos, e não é por causa da diferença de idade, no entanto, pela forma surreal como desencaixam um do outro. Uma pena que apenas agora ela consiga enxergar isso. 

A filha de Kate suspirou enquanto andava pelo corredor agora semi-vazio da Abigail Adams. Fazia um mês desde o dia em que descobriu o plano de Josh e Connie, um mês que não tinha notícias de Luke a não ser o pouco que Ravi não se sentia mal em contar a ela. 

Seu coração pesava no peito e ela queria chorar um choro que nunca se permitiu. Sentia vontade de gritar, correr e bater em si mesma até que não conseguisse mais. Estava cansada de sentir falta de Luke e frustrada por ter sido ela a causar tudo o que estava acontecendo. 

Por que não pôde simplesmente confiar nele quando lhe disse que não conhecia aquela menina? Por que não acreditou quando ele jurou de pés juntos que não havia publicado a foto no Instagram? Por que não se lembrou de tudo o que ele já havia lhe dito, todos os momentos que tiveram juntos, todas as vezes que ele a fez rir, o fato dele colecionar os desenhos que ela fazia nos guardanapos dos restaurantes que ele a levava? 

Viu a saída de incêndio e se sentiu tentada. Mordeu o lábio inferior e olhando para os lados, deu um passo para frente, mas antes que pudesse continuar em direção a um dia de folga de tudo aquilo, foi interrompida. 

— Onde você pensa que vai sem a gente? - Indagou Riley, fazendo Maya girar os calcanhares e ver o grupo de amigos reunido atrás dela. 

— Gente... O que? 

— Ei, nós sacamos que você precisa fugir um pouco de tudo isso. - Disse Zay, sorrindo enquanto abraçava Riley de lado. 

— E como nós nunca fizemos uma doideira dessas juntos... - Farkle deu de ombros. - Nos organizamos e... 

— Vamos te levar para passear! - Exclamou Smackle, visivelmente empolgada, um pouco alto demais. 

— E dessa vez, o Farkle achou o ponto cego da câmera. - Informou Riley, sorrindo para Maya que piscava atônita. 

— Vocês são os melhores. - Afirmou, se sentindo aquecer com os amigos. - Então, para onde vamos? 

— Coney Island, baby! - O Minkus disse de forma engraçada colocando os óculos escuros que estavam pendurados em sua blusa fazendo os amigos rirem fraco com a cena.

— Então, vamos. - Chamou Smackle indo pelo caminho que planejaram, sendo seguida pelos demais. 

~ ♥ ~ 

— Eu ainda não acredito que vocês estão realmente matando aula só pra me animar. - Luke sorriu com a própria constatação. - Isso é muito legal, mas eu tenho que dizer... 

— Você está bem. - Disseram Emma, Ravi e Zuri que vinham escutando isso do menino originário de Detroit há dias. - Nós sabemos. - Acrescentou a menor, debochadamente. 

— Mas, ainda assim, achamos que você precisa se animar. - Afirmou Emma. - Ainda mais porque minha festa é no final de semana e eu não vou deixar você chegar perto dos meus convidados com essa vibe gótica-suave. 

Ravi e Zuri riram da cara de tacho que Luke fez. 

— Então... Para onde estamos indo? - Perguntou, olhando pela janela do metrô. Era apenas a quinta vez que ele andava no transporte, ainda não conseguia reconhecer os caminhos feitos pelo mesmo. 

— Lembra das férias que você disse que foram as melhores de sua vida? 

— Lembro. - Luke respondeu Ravi antes de continuar. - Você tinha acabado de chegar da Índia e nossos pais nos levaram até a praia, onde nós comemos cachorros-quentes, ensinamos Zuri a nadar e fomos naquele bar karaokê antigo onde a mamãe conheceu o pai. 

— Então... 

— Eu já disse que amo vocês? - Ele perguntou, sorrindo. - Sério gente, eu tô emocionado, eu nem sei o que dizer. - Riu, olhando para além da janela. 

— Vai ser perfeito! - Dissera Emma.

Luke prendeu um suspiro triste para não magoar os irmãos. Tinha certeza que se divertiria bastante naquele passeio, mas não havia possibilidade do dia ser perfeito sem Maya ao seu lado. Luke sentia a falta dela, sentia desesperadamente a falta dela. Maya era seu grande amor, ele tinha certeza, e apesar das inúmeras histórias de Jessie sobre como se apaixonara, ele tinha para si que ele seria com a Hunter o que seu pai foi com sua mãe, o primeiro amor. O único amor. 

Fazia um mês desde que a viu pela última vez. Um mês desde que lhe deu as costas e a deixou na porta do cinema. Se sentia um idiota. Nunca encontraria alguém como Maya. Nunca amaria alguém como ama ela. 

Porque ele ama tudo nela. 

Desde os fios de cabelo até a risada exagerada que ela dá quando está envergonhada, a forma como as bochechas dela avermelham sempre que ele lhe dirigia um olhar ou algumas palavras um pouco mais ousadas ou carinhosas que o comum. Luke ama até o estilo, os hobbies, a forma como ela vê o mundo, o modo como ela entende as pessoas, a amizade dela com Riley, o relacionamento dela com Shawn, o gosto musical, o jeito que defende a série favorita. Luke ama Maya e ponto e estar sem ela, sem a risada, o cheiro, o abraço, as piadas, o jeito que ela morde os lábios, o olhar, o beijo e todo o universo dela é demasiadamente doloroso para ele, porém necessário. Por que de adianta todo esse amor se ela não o ama o suficiente para confiar nele? 

Talvez ele esteja sendo imaturo e ela estivesse traumatizada pelas decepções anteriores, como sugeriu Zuri, mas Luke não via como poderia retornar para a vida dela. Não depois de ignorar suas ligações e torpedos, não depois de não se encontrar com ela, não depois de virar as costas por estar com raiva de uma situação da qual ela também foi vítima. Não era justo com ela, ele estaria agindo como Josh, pensando apenas em si mesmo e desejando que ela estivesse o esperando e o recebesse de braços abertos. 

Sem perceber, Luke suspirou alto demais e se dando conta disso, olhou para os irmãos que se levantavam. 

— Onde vocês estão indo? 

— Ué, Luke, nós chegamos. - Disse Ravi, indicando com a mão a placa vista através da janela. Seja bem-vindo(a) a Coney Island!