New Game escrita por Adrielle


Capítulo 20
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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— E então? – Luke falou após descer as escadas, chamando a atenção dos irmãos que estavam reunidos na sala de estar. – Como estou?

Emma arqueou uma das sobrancelhas e gesticulou com o indicador para que ele desse uma voltinha. O garoto Ross mais velho rolou os olhos, mas obedeceu enquanto ria fraco. Ele vestia uma calça jeans, uma camisa azul com estampa do homem de ferro e uma jaqueta jeans com as mangas e o capuz de moletom cinza e, nos pés, um tênis Jordan preto.

— Casual. – Foi Zuri que disse com um meio sorriso.

— Até demais. – Emma acrescentou.

— Eu acho que está normal. – Opinou Ravi antes de voltar a atenção para o livro em suas mãos.

— Não me ajudaram em nada, mas ok. – Luke deu de ombros e seguiu em direção ao elevador. – Não sei que horas eu vou voltar.

— Vai sair com Maya? – Emma perguntou virando o corpo para enxergá-lo. O irmão assentiu. – Então não deve voltar tarde.

Zuri riu.

— Emma, você não presta.

— Estou mentindo? – A menina de cabelos artificialmente castanhos riu.

— O que você quer diz...

— Nada de importante, Luke. – A primogênita deu de ombros e se levantou com alguns envelopes na mão. – Aproveite que vai encontrar sua namorada e dê a ela, tem para os amigos dela também.

— Por que vai convidá-los para sua festa? – Foi Zuri que perguntou. – Nem mesmo fala com eles.

— Exatamente. – Sibilou a outra garota, enquanto entregava os envelopes para o irmão mais novo. – Se Maya e Luke estão namorando quero ter um relacionamento bom com ela. E os amigos dela é para ela não se sentir muito deslocada aqui.

Luke sorriu.

— Obrigada Emma. – Ele mordeu o lábio inferior. – Isso é muito gentil.

— Maya está deixando Luke um chorão. – Caçoou Zuri e Ravi riu.

— Vão se ferrar vocês dois. – Foi o que o segundo filho de Christina disse antes de entrar no elevador. – Até mais tarde!

~ ♥ ~ 

— Você entendeu o plano, não é?

— Já disse que entendi Sinistra. – Uma adolescente de cabelos negros, olhos azuis e lábios rosados disse, visivelmente irritada.

— Não me chame assim. – Repreendeu Connie, com os olhos semicerrados, e também irritada. Aquela definitivamente é sua parte menos predileta de todo o plano, no entanto era necessária.

A outra garota olhou-a duvidosa. Rachel nunca havia visto Connie assim. A Sinistra, como ela mesmo se apresentou no infernal Reformatório de Moças de Manhattan, sempre se mostrou implacável e imprevisível, nunca deixou que transparecesse nenhum sinal de fraqueza, porém agora ali estava ela, com uma peruca ruiva, um avental de garçonete e cobrando baixo por um grande favor que fizera. Rachel realmente não a entendia.

— E lembre-se, sem gracinhas. – Avisou a Sinistra. – Você me deve isso.

— Eu sei, Sinistra. – Sibilou com um sorriso divertido nos lábios, o que fez a outra olhar para os lados como se buscasse alguém que ouvira. – Vai sair tudo conforme seu plano, fica tranquila.

— Acho muito bom. – Disse de forma condescendente Connie. – Ou já sabe.

~ ♥ ~

Maya sentiu as mãos de alguém cobrir-lhe os olhos e sorriu ao sentir o perfume amadeirado que saía delas.

— Já estava achando que não vinha, Sardas de Ferro. – Brincou, enquanto girava no banquinho do balcão do Topanga’s para beijar o garoto.

— Eu nunca perderia um encontro com você, senhorita Hunter. – Luke disse enquanto ela se levantava e então olhou-a de cima a baixo. – Uau.

Maya usava botas pretas de couro e cano curto que combinavam com o seu vestido de decote canoa e mangas médias, que era justo do busto a cintura e rodado do quadril até a metade das coxas, onde terminava a peça de um azul-escuro como o céu da noite. Sua maquiagem era fraca e seus cabelos caiam por sobre seus ombros.

— Eu me esqueço do quão linda você pode ser.

— Bobo. – Ela corou e ele a puxou para mais um beijo. Amava a ver corada.

— Então senhorita, aonde vamos?

— Nós vamos ao parque. – Ela sorriu antes de pegar a jaqueta preta que ele mesmo havia lhe emprestado certa vez e vestiu.

— Parece perfeito. – Ele sorriu de lado, evidenciando uma de suas covinhas. – Como você com a minha jaqueta.

— Disso eu não posso discordar. – Maya aceitou a mão que ele a oferecia e o puxou para fora do Topanga’s, enquanto sorriam.

~ ♥ ~

— Você não vai sair hoje? – Ravi perguntou, com as mãos enfiadas no bolso de seu moletom verde-musgo onde lia-se INDIANBOYS ROCKS!, encarando Emma que não parecia concentrada em comer seu espaguete.

— Não estou com muita vontade de sair hoje. – Ela suspirou e Ravi sentou-se na cadeira ao lado dela. – Por quê?

— Não sei. – Ele mordeu o lábio inferior. – Só é meio esquisito te ver tantas sextas consecutivas em casa. – Deu de ombros.

Ambos ficaram em silêncio por um tempo.

— Não é a mesma coisa sem Jessie aqui, não é? – Foi Emma que perguntou, enrolando macarrão em seu garfo.

— Ela enchia essa cobertura de vida.

— É... – Emma quase riu. – Sinto falta dela.

— É eu também sinto. – Ele encarou a madeira da mesa. – Podíamos visitá-la ou sei lá. – Sugeriu, sem olhar para a irmã mais velha.

Emma deu de ombros.

— Não vai ser a mesma coisa. – E o silêncio voltou a reinar entre os dois.

— Está acontecendo alguma coisa, Emma? – Ele perguntou, mas ela não fez menção de responder, apenas continuou enrolando macarrão em seu garfo, também sem nenhuma intenção de comer.

— Nada. – Ela suspirou. – Só estou tipo muito cansada ultimamente.

Ravi assentiu.

— Mas e com você? Está acontecendo alguma coisa?

A pergunta o pegou de surpresa, e ele não evitou demonstrar, mas abriu a boca algumas vezes e apenas alguns muitos segundos depois falou:

— Tem uma garota e... – Ele gesticulou como quem não sabe como continuar. – Ela é minha amiga e o namorado dela é um babaca.

— Como assim? – Emma se ajeitou na cadeira, interessada.

— Ele praticamente proíbe ela de falar com alguns outros garotos e sempre coloca ela pra baixo, tipo faz ela se sentir mal por umas coisas que ele fez e coisas assim, entende? – Tentou explicar da melhor maneira que pôde e a irmã mais velha assentia.

— Sua amiga está em um relacionamento abusivo. – Sentenciou a filha de Morgan e Christina. – Uma amiga minha passou por isso também.

— E o que eu faço para ajudar ela? – Perguntou Ravi, mordendo o lábio.

— Conversa com ela. – Emma aconselhou. – Explica o porquê as atitudes dele estão erradas com relação a ela, como isso pode afetar a vida dela e como pode progredir para algo pior. – Disse. - Se você ficar com vergonha, eu posso conversar com ela...

— Nossa, obrigada Emma. – Sorriu Ravi. Nunca esperou um conselho desse tipo vindo da irmã mais velha. – Que tal nós assistirmos alguma coisa da Liv Rooney para te animar um pouco?

— Só se for Sing It Loud!! – Riu Emma.

— Sing It Loud!! não... – Repreendeu ele. – Sing It Loud!! – Cantarolou gesticulando como a protagonista da série, o que fez a irmã rir mais.

~ ♥  ~

Luke sorriu para a foto e depois olhou mais uma vez encantado para a parede onde Maya grafitou. Ele sabia que ela desenhava, inclusive tinha um desenho que ela fez de si emoldurado na parede de seu quarto, porém, aquilo era realmente outro nível. A Hunter riu quando o quase-namorado sentou-se ao lado dela no banco, olhando-a como se descobrisse que ela tem superpoderes.

— Você é incrível, sabia? – Ele sussurrou olhando-a nos olhos. – Eu te amo.

Maya teve certeza que o mundo parou naquele instante. Tudo bem, Luke já dissera não-diretamente que a amava. Mas escutar assim, tão cruamente, é avassalador. Ela prendeu o ar, surpresa pela declaração, e se sentiu perder na tempestade castanha que era o olhar dele, vidrados nos seus e então o seu peito se acalmou, ela sorriu e respondeu:

— Eu também te amo. – Luke se inclinou e eles se beijaram mais uma vez.

A filha de Kate sentia-se como quem ganha na loteria. Aquela é a sensação de ser retribuída no amor-romântico? Céus, agora entendia, o porquê de as pessoas gostarem tanto do sentimento, é surreal e inebriante.

Após alguns minutos trocando beijos, Maya se levantou e puxou o menino pela mão. Era hora da segunda parte de seu encontro.

— Espero que esteja com fome, Sardas de Ferro.

— Olha, eu sempre estou com fome. – Luke riu e ela rolou os olhos com um meio sorriso nos lábios. – Para onde vai me levar?

— Para um lugar especial. – Respondeu de forma misteriosa a menina com lisos e dourados fios e ele apenas abraçou-a de lado e sorriu.

— Para um lugar especial. – Josh imitou debochadamente após sair de um canto um pouco mais escuro do parque. – Vamos ver o quanto vão se amar depois que meu plano acabar.

“Eles estão indo” Escreveu por mensagem para a sua parceira.

“OK” Respondeu ela, quase imediatamente. “Mas temos um problema”

Josh bufou com a mensagem.

“O que é?” Ele perguntou, já se irritando.

“Bom...” Foi a mensagem que Connie enviou antes de anexar duas fotos.

— Filho da... – Josh passou a mão no próprio cabelo, nervoso. Se Maya visse aquilo, seu plano podia acabar indo por água abaixo.

“Estou a caminho.” Connie leu a última mensagem enviada pelo patético universitário e suspirou, guardando o telefone no bolso de seu avental e caminhou até a mesa onde Rachel estava.

— Eles já estão vindo. – Avisou. – Fica esperta.

Rachel moveu-se desconfortável, mas sorriu tranquilizadora para a menina de peruca ruiva.

— Não se preocupa. Eu sou uma boa atriz.

— Assim espero. – Disse a parceira do Matthews, lançando um olhar rápido para onde seu problema estava sentado e indo atender outra mesa.

Luke imediatamente gostou do lugar.

Havia um palco com um microfone e equipamento profissional para karaokê e luzes azuladas iluminavam o ambiente, as mesas pequenas, redondas e de madeira escura circulada com cadeiras de mesmo material. Havia um bar perto da porta com alguns banquinhos de forro avermelhado e Maya parecia confortável ali.

— Minha mãe trabalhava aqui quando eu era pequena. – Ela contou. – Eu particularmente adorava.

— Imagino. – Luke riu e eles caminharam para uma das mesas perto do palco. – Então, é um bar para adolescentes.

— Sim! – Ela afirmou, empolgada. – Gary, o dono daqui, tinha dezessete e uma fortuna recém-herdada quando comprou o lugar.

— Nossa! – O Ross exclamou.

— Legal, né? – Ela indagou e começou a falar de aleatoriedades, entretanto Luke apenas encarava um ponto fixo, parecendo estar em pânico. – Luke?

— Maya... Eu acho que, você é que... – Ele se embolou com as palavras e então a filha adotiva de Shawn se virou para seguir o olhar do namorado e mal pôde acreditar no que seus olhos viam.

Lucas estava sentado em uma das mesas no canto do bar sendo beijado por uma menina de longos cabelos castanhos que definitivamente não era Riley. Maya sentiu seu sangue ferver e se levantou em meio aos protestos de Luke, pisando duro em direção ao casal. É claro, ela estava distanciada de Riley, mas nunca permitiria que alguém, ainda mais Lucas, machucasse ela dessa forma, ainda mais depois dos ataques de ciúmes dele.

Antes de falar qualquer coisa, tirou uma foto.

— Posso ajudar? – A menina perguntou, grosseiramente, após ter o beijo interrompido por um pigarro alto de Maya.

Lucas olhou-a com olhos arregalados.

— Maya, não é o que você está pensando, eu não...

— Não o que? – Ela falou alto, chamando atenção de alguns dos mais próximos. Lucas engoliu em seco. – Não estava traindo Riley? Ah, por favor, eu sei o que é um beijo quando eu vejo um.

— Você não pode contar isso para ela, ela nunca vai te perdoar...

— Tem um erro nessa sua frase, viu? – Maya cruzou os braços, olhando-o de cima abaixo. – Ela nunca vai te perdoar. – Corrigiu, irritada. – Não acredito nisso Guarda Rick, logo você...

— Quem é você para falar alguma coisa? – Lucas elevou o tom de voz e mais pessoas começaram a olhar a discussão. – A pior melhor amiga de todos os tempos. – Disse, condescendente.

Maya trincou o maxilar e fechou os punhos.

— Abandonou ela quando ela mais precisou, nem contou para ela sobre o seu primeiro beijo, não sabe como ela ficou triste quando descobriu pelo Ravi que a melhor amiga não a conta mais nada.

— Não tenta virar o jogo, Lucas. – A Hunter disse, rígida. – O culpado aqui é você, o que você está fazendo, não tem nem comparação.

Lucas bufou e socou a mesa, o que fez Luke se colocar um passo a frente de Maya. Não tinha se intrometido até o momento porque achou que era algo entre os dois, afinal eram amigos, porém, se o namorado traidor de Riley achava que ele poderia machucar Maya, estava muito enganado.

Josh que estava na porta também se moveu, incomodado com o rumo que as coisas estavam tomando, aquilo sem dúvidas desviaria de seu plano.

— Você não tem provas. – O Friar riu, com escárnio. – Em quem você acha que a nossa doce e inocente Riley vai acreditar? – Ele cruzou os braços com superioridade. – No namorado que não deixa dúvidas ou na melhor amiga que abandonou ela?

— Você é ridículo! – Gritou Maya, e antes que pudesse jogar na conversa o fato de que tinha uma prova, uma voz respondeu atrás dela.

— E você é patética. – Maya e Luke giraram os calcanhares para encarar a dona da voz. Uma adolescente com cabelos negros, olhos azuis e lábios rosados disse, em alto em bom tom.

— Como é que é? – A Hunter perguntou, sem acreditar no que ouvira. – Quem é você?

— Muito hipócrita você estar acusando o garoto de infidelidade quando você está em um encontro com o meu namorado. – Destilou, friamente a garota, o que fez Maya lançar um olhar confuso a Luke que parecia estar igual.

— Eu nunca te vi em toda minha vida. – Ele disse, confiante. – Maya, não acredita nela, eu nunca vi essa garota em toda minha vida.

— Ah, então você também não sabe sobre mim? – A garota virou-se para Maya que parecia prestes a desabar. – Nesse caso, desculpa a ofensa. – Ela virou-se para o Ross. – Quanto a você Ross – Ela tinha lágrimas nos olhos e pareceu hesitar por um instante, Maya arqueou uma sobrancelha. Aquela garota ia chorar? - Eu desprezo você. – Falou, com lágrimas nas bochechas e ódio nas palavras, antes de lançar uma bebida vermelha nele. E então ela saiu e a risada de Lucas ecoou atrás deles.

— É, peaches, - Ele deu ênfase ao apelido que Riley usava. – Não somos tão diferentes assim. – E continuou rindo.

— Maya... – Luke tentou pegar nas mãos da menina, mas ela se afastou bruscamente, o olhando com mágoa no olhar.

— Não. – E foi a vez da filha de Kate sair as lágrimas do lugar.

Josh e Connie que estavam encostados em um canto do balcão trocaram um toca-aqui. A fase dois do plano estava completa.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.



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