New Game escrita por Adrielle


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a Mandy, que comentou no último capítulo, isso me motiva muito! Boa leitura ♥



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Riley e Zay conversavam sobre aleatoriedades recostados na entrada para o metrô quando avistaram o grupo de amigos chegando. Maya tinha os olhos crispados e pisava fundo, e o Friar fazia igual, Smackle e o namorado caminhavam um pouco mais calmamente de mãos dadas no fundo, com uma expressão preocupada, temendo o que aconteceria a seguir.

— Onde vocês estavam? – A Hunter indagou, com uma sobrancelha arqueada e os braços cruzados, alternando o olhar entre um e outro. Riley endireitou a postura, tensa.

— Nós estávamos na escola, ora. – Foi Zay que ofereceu a resposta e então Lucas descruzou os braços e disse de forma não muito amigável:

— Mentira! – Riley riu pelo nariz, indignada. – Nós vimos o vídeo da câmera de segurança. – Ele revelou, fazendo os outros dois trocarem um olhar. – O seu pai – O Friar apontou para Riley. – Está furioso.

— Ele já estava de qualquer forma. – Ela deu de ombros, o que fez Maya piscar, atônita.

— E aí você resolve matar aula? – A filha de Kate questionou a melhor amiga, achando toda a situação surreal demais para estar acontecendo. Riley bufou.

— Não seja hipócrita, Maya. – A Matthews deu um passo a frente na direção da amiga. – Você mesma já matou aula muitas vezes.

— OK, mas eu sou eu. – A loira trocou o peso do corpo de um pé para o outro. – E você é a Riley. – Disse como se não fosse obvio. – A doce e inocente Riley, que nunca mataria aula.

Aquilo foi como um soco no estômago da irmã mais velha de Auggie, e Zay soube disso. Riley não era mais a garotinha que chorava porque Plutão não é mais um planeta e ele só percebeu isso hoje, compreendendo o quão cansativo deve ser para ela conviver com a expectativa de todos sobre ser sempre a doce e inocente Riley.

— Ela estava tendo um dia ruim. – O Babineaux saiu em defesa. – A ideia de matar aula foi minha. – Ele deu um passo a frente, colocando uma mão no peito, se colocando ao lado da filha de seu professor de história. Lucas o fuzilou com os olhos.

— Se ela estava tendo um dia ruim... – Maya começou. – Por que não falou com a gente?

— Sim, por que não nos procurou? – Lucas fez coro para a Hunter. – É para isso que amigos e namorados servem, não é? – Indagou, num tom condescendente.

Riley cruzou os braços, farta de tudo aquilo.

— Talvez eu não tenha procurado porque nenhum de vocês pareceu muito solícito em conversar mais cedo. – Cuspiu as palavras, com o rosto vermelho e olhos marejados.

— Gente, calma... – Farkle se pronunciou pela primeira vez, em vão.

— E além do mais, Zay também é meu amigo. – Acrescentou Riley, descruzando os braços e colocando uma mão no ombro do melhor amigo de Lucas. – E ele me ajudou bem mais do que, eu tenho certeza, vocês me ajudariam se eu tivesse ficado na escola.

Maya sentiu os olhos marejarem com a afirmação, Lucas bufou de raiva e apenas dirigiu um olhar irritado ao melhor amigo e a namorada antes de passar por eles, esbarrando nos ombros dos dois. Farkle e Smackle trocaram um olhar preocupado e o menino foi atrás do Friar. Zay, trocou o peso do corpo de um pé para o outro.

— Agora, se me dão licença, eu preciso ir trabalhar. – A Matthews engoliu um soluço e limpou as lágrimas que lhe caíam sobre o rosto, olhou uma última vez para a melhor amiga. – Eu vou de ônibus. – Anunciou antes de seguir em direção a escola.

Zay permaneceu estático assim como Smackle e Maya, por alguns segundos, quando a loira o perguntou, em tom mesclo de ciúmes e deboche:

— Não vai atrás de sua amiga?

— Maya...

— Agora não, Zay. – A Hunter seguiu para o subterrâneo afim de pegar logo o metrô.

— Ela só precisa esfriar um pouco a cabeça. – A namorada de Farkle sorriu gentil antes de seguir a filha adotiva de Shawn metrô adentro, deixando apenas o Babineaux com as mãos na cabeça, sentindo-se perdido.

~ ♥ ~

Riley suspirou, pela enésima vez aquela manhã. Ambos estavam sentados nos degraus que davam ao andar inferior da escola porque a professora de literatura faltou de última hora e a direção não conseguiu arranjar uma substituta a tempo. Lucas, que mexia no celular, olhou para a namorada com uma sobrancelha arqueada. Ela parecia distante demais.

O Friar bloqueou o aparelho e o colocou no chão entre os dois, decidido a conversar com a filha de Cory e Topanga, como não conversavam fazia um tempo, um bom tempo. Lucas se ajeitou melhor no lugar, chamando a atenção dela e perguntou:

— Tudo bem? – Riley pareceu surpresa com a pergunta e o Friar se sentiu mal com isso. – Aconteceu alguma coisa?

— Na verdade... – Ela também se ajeitou no próprio lugar. – Meu pai e eu discutimos hoje.

Lucas não pôde evitar se surpreender, a relação de Riley com os pais geralmente causava até certa inveja nele. Seus pais não são muito de conversar.

— Ele não quer me ensinar a dirigir. – Respondeu após alguns segundos. – E não concorda que eu trabalhe fixamente no Topanga’s. – Acrescentou, vendo o namorado assentir. – Ele disse que eu sou imatura demais.

— Riles... – Lucas pensou na maneira mais cuidadosa de dizer o que diria. – Você é.

— O que?

— Olha, não me leva a mal, por favor. – Ele pediu. – Mas você cria caso com tudo, meu amor. Você é dramática como uma criancinha. – Falou, vendo-a arquear uma sobrancelha. – Uma criancinha adorável, se me permite.

— E no que estou sendo dramática, Lucas? Me diz...

— Riley, viu, é disso o que estou falando. – Ele suspirou, como quem está cansado. – Você não consegue aceitar apenas o que está sendo dito, ou como as coisas são.

— Como eu não aceito que você me diga que não silencia o seu celular quando está comigo? – Ela fez uma pergunta retórica, visivelmente irritada. – Porque isso é um delírio meu, não é Lucas? – Cruzou os braços, fazendo-o engolir em seco. – Anda, Lucas, responde.

— Eu silenciei sim. – Ele respondeu, de forma um pouco rude. – Mas só porque você estava ficando paranoica, achando que eu estava fazendo coisas erradas só porque estou conversando com Maybelle.

— O que você quer que eu pense? – Riley retrucou, os olhos cheios d’água. – Você não conversa comigo, não me diz o que está acontecendo, quem é essa garota.

— Claro que eu não converso! – Lucas exclamou como se fosse óbvio. – Você está sempre conversando com alguém, com Maya, com Smackle, com Farkle – Enumerou, olhando-a nos olhos, para dar ênfase ao nome final. – Com Ravi...

— O que eu converso com nenhum deles é segredo para você. – Ela se levantou, mas continuou o olhando nos olhos. – E não tenta mudar de assunto, porque estamos falando de você e Maybelle. – Gesticulou.

— Quem parece estar mudando de assunto aqui é você. – Lucas também se levantou. – Maybelle é apenas uma amiga, você deveria confiar em mim.

— E eu confio! – Rebateu a garota, ouvindo o sinal da escola tocar anunciando o fim do primeiro tempo e o início do segundo. – Mas fica difícil quando você esconde as coisas de mim. – Fungou, com lágrimas já na face vermelha.

— Está vendo? – Ele gesticulou. – Você é imatura demais, seu pai está certo. – Respondeu de forma fria, passando a mão nos próprios fios loiros. O corredor começava a encher. – Não tenho tempo para isso agora, Riles. – Lucas resmungou. – Estou indo para a aula.

Lucas balançou a cabeça espantando as lembranças daquela manhã. Seguia a passos duros sem saber bem para onde ir, apenas precisava esfriar a cabeça e mesmo tendo noção de Farkle atrás de si, ignorou-o. Tudo o que queria era ficar sozinho e digerir tudo o que está acontecendo, entre Riley e ele, e os eventos confusos da manhã.

A verdade é que ele jamais imaginou Riley e Zay tão próximos e isso o incomodou. Quer dizer, eles eram amigos, é claro, todos eram amigos, mas tão amigos a ponto de matar aula juntos? De um consolar e aconselhar o outro? Quando foi que se aproximaram tanto que ele nem percebeu?

Suspirou.

Talvez nada disso tivesse acontecido se Maybelle não aparecesse de novo em sua vida. A garota de olhos castanhos assim como os cabelos que só saiu do Texas porque a avó ganhou na loteria foi seu primeiro grande amor, e compartilhar isso com Riley, pareceu estranho demais. Por isso mentiu, sobre as mensagens, as ligações e a amizade que retomou com a ex-namorada. Porém se soubesse que isso acarretaria numa maior e mais intensa amizade da Matthews com o Babineaux, provavelmente teria tomado outra decisão. Ah, como queria poder voltar no tempo...

~ ♥ ~

— Desculpa a demora, Kate. – Riley sorriu para a mãe de Maya assim que passou para o outro lado do balcão. A mulher, olhou-a preocupada.

— Está tudo bem? Esteve chorando? – Indagou. – Posso trabalhar hoje a tarde também, não tem problema. – Sorriu, colocando uma mão no ombro da melhor amiga da filha. Riley fez tanto durante o dia que nem mesmo sentiu estar derramando lágrimas, mas isso explica o porquê a senhora no ônibus lhe perguntou se havia perdido alguém.

— Não, tudo bem. – A irmã de Auggie sorriu. – Estou bem e preciso me manter ocupada. – Confessou antes de colocar um avental esverdeado com o logotipo do estabelecimento no peito. – Além do mais, Ravi deve estar chegando para me ajudar e você precisa se preparar para a viagem, certo?

— Sim! – Kate exclamou, sonhadora. – Nem acredito que amanhã irei para Los Angeles iniciar as gravações do meu primeiro filme.

— Pois acredite! – Riles brincou, enquanto assistia a outra parecer sonhadora.

— Então, vou indo. – Anunciou a mais velha. – E Ravi já está aí, apenas está colocando mais alguns bolinhos para assar na cozinha. – Observou antes de passar para o outro lado do balcão. – Até mais.

— Até! – Riley despediu-se cordialmente da mãe da melhor amiga e roubou um bolinho de chocolate da vitrine, depositando dois dólares no caixa em seguida. Notando o local vazio, com apenas duas meninas conversando enquanto bebiam algo perto das estantes, seguiu para a parte interna da loja, encontrando Ravi tirando alguns bolinhos, que pelo cheiro ela deduziu ser amora, do forno. – Olá!

Ravi deu um pulinho com o susto que levou, mas sorriu ao ver a filha de sua chefe ali.

— Oi Riley, como vai? – Indagou, cordial, colocando a bandeja sobre a ilha no centro da cozinha industrial, e só então reparando no rosto avermelhado e inchado dela. – Riley...

Ela moveu-se desconfortável já sabendo a pergunta que viria a seguir.

— Longa história. – Respondeu antes mesmo dele perguntar, e caminhou até a pia do lugar, lavando o rosto. – Melhor? – Virou-se para ele, apontando o próprio rosto.

Ravi caminhou até ela e ajeitou com os polegares para que ela sorrisse.

— Melhor. – Ele piscou fofo, e sorriu. – Nós deveríamos deixar a frente da loja sem ninguém? – Perguntou, após alguns segundos de silêncio.

— Na verdade, não. – Ela mordeu o lábio inferior, desviando o olhar, de um jeito tão infantil e meigo que Ravi precisou piscar algumas vezes para se concentrar em outra coisa. – Mas eu precisava lavar meu rosto. – Riu. – Acho melhor eu voltar para lá. – Disse e caminhou até perto da porta, com Ravi seguindo-a com olhos, e então se virou e falou sorridente antes de seguir seu caminho: - Seja bem-vindo a equipe Topanga’s!

~ ♥ ~

As palavras de Riley ainda ecoavam na mente de Maya quando ela chegou ao próprio prédio ao invés de ir para o Topanga’s com a turma como eles tradicionalmente fazem todos os dias. Sorriu para o porteiro e pegou o elevador, indecisa sobre seus sentimentos com relação a toda a confusão que ocorreu naquela manhã.

Talvez, e apenas talvez, a Matthews tivesse razão em estar chateada com ela. Maya não foi justa com ela mais cedo enquanto iam para o colégio, a amiga estava apenas a aconselhando sobre o que fazer, e então toda sua raiva acumulada de Josh recaiu sobre a filha de Cory e Topanga. Claro, era sem noção da parte de Riley aconselhar a Hunter de perdoar Josh, mas no fim, a loira nunca esperou outro conselho por parte da irmã de Auggie. Ela dizia as boas coisas óbvias a serem feitas enquanto a filha de Kate insistia em pensar no “e se...” das outras decisões.

Por isso o choque foi tão grande quando descobriu que a melhor amiga matou aula. Ela nunca convenceu Riley a pelo menos se atrasar um pouco por ficar de bobeira no banheiro, mas então Zay a levou para fora da escola em pleno início de dia letivo, a garota deveria estar de fato tendo um dia ruim. Muito ruim.

A Hunter mordeu o lábio inferior tentando afastar os pensamentos. Ela apenas queria se deitar em sua cama e dormir um pouco e depois quem sabe, ir até o apartamento dos Matthews, se sentar na janela e resolver as coisas com a melhor amiga.

— Querida, cheguei! – Ela disse ao abrir a porta do apartamento que Shawn comprou para a família um pouco depois do casamento, jogando a mochila no sofá.

— Maya! – Shawn cumprimentou a filha adotiva com um sorriso e um maneio de cabeça. Maya fez o mesmo. – Preciso que faça algo para mim. – O sorriso dela desapareceu e ele riu. – Ah, vamos, não vai ser tão ruim.

— Ok, diga-me antes que eu me deite. – A filha de Kate brincou.

— Preciso que vá ao terraço e busque uma caixa de decorações que ficou lá em cima. – Falou Shawn. – E preciso que seja agora. – Acrescentou, cantarolando, antes de seguir pelo corredor que dava aos demais cômodos do lugar.

Maya esperneou por um segundo, porém logo seguiu para fora do apartamento.

Luke sentiu seu coração errar algumas batidas ao receber a mensagem de Shawn de que Maya estava subindo. Pelo que tinha conversado com a mãe da loirinha, ela não deveria estar em casa até pelo menos às seis da tarde e mal se passavam das três. Felizmente, tudo estava pronto, mesmo que tão cedo.  

Ele esperou ouvir o ranger da porta de ferro do terraço do prédio e deu play na música. Can I Have This Dance que Troy e Gabriella dançam em High School Musical 3, um dos filmes prediletos dela, ele descobriu um tempo atrás, enquanto conversavam.

Maya levou alguns segundos para entender o que estava acontecendo. O terraço cheio de flores, as vozes de Zac Efron e Vanessa Hudgens, e Luke parado, sorrindo para ela.

— O que é isso? – Ela perguntou, sorrindo de orelha a orelha.

— Me concede essa dança? – Ele retrucou, fazendo referencia a música que tocava e ela riu, aceitando a mão que ele lhe estendia. Como se o universo resolvesse ajudar, assim como na cena do filme, enquanto eles dançavam, começou a chover. No entanto, eles continuaram ali.

Dois para lá, dois para cá, olhos nos olhos e dois corações batendo tão alto que poderiam ritmar uma música. Luke perdia-se nos olhos de Maya e ela passeava seu olhar em todos os detalhes do rosto dele. Ambos sentindo borboletas no estômago, cantarolando junto a música e não conseguindo parar de sorrir. Nenhum dos dois, quando se conheceram, acharam que estariam vivendo algo tão especial, porém ali estavam eles. Dançando sob a chuva enquanto se olham com os corações acelerados numa tarde de segunda-feira que tinha tudo para ser apenas mais uma tarde de segunda-feira.

Quando os acordes finais da música se ouviram, eles pararam e Maya pôde jurar que todo o mundo parou também. Nenhum dos dois falaram nada, com um absurdo medo de estragar todo aquele momento. Os olhos dela repousaram sobre os lábios dele, assim como os dele sobre os dela e ele abaixou, envolvendo-a pela cintura enquanto as mãos dela seguiam para sua nuca, trazendo-o para mais perto... Os dois corações acelerados, ambos com borboletas no estomago e sorrisos no rosto.

E ali, naquele terraço, sob a chuva, Maya e Luke trocariam seu primeiro beijo, quando foram interrompidos pela porta do lugar sendo aberta em ímpeto por Shawn.

— Vocês dois pra dentro agora! - O homem mandou e os adolescentes demoraram um segundo para obedecer. - Onde já se viu, numa chuva dessas...

Maya tornou ao prédio sentindo o coração descompassado. Aquela definitivamente não era uma segunda-feira comum. 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, e comentem!



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