Nosso Amor Único escrita por Lyssa Silver


Capítulo 6
Capítulo 06




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/779092/chapter/6

CHRISTIAN

 

A todo momento, eu olhava para o espelho retrovisor, a fim de verificar se Anastasia continuava ou não me seguindo e sempre suspirava aliviado quando eu via o carro dela ali, colado ao meu.

Depois de uns 15 minutos, finalmente, estacionei meu carro em frente ao prédio onde ficava o meu ateliê e o meu apartamento. Peguei a cesta no banco do passageiro e saí do carro, indo ao encontro da Ana, que acabava de fechar a porta do veículo, após pegar uma bolsa.

— Vamos? – indaguei, estendendo minha mão, que ela logo pegou.

A conduzi até a porta, abrindo a mesma, já dando passagem para Anastasia entrar.

— Uau! – a ouvi exclamar, enquanto eu fechava a porta e assim que me virei, a vi olhando ao redor, com um sorriso nos lábios.

— Bem vinda a minha casa, quer dizer, ao meu ateliê. Meu apartamento fica no andar de cima.

— Que lugar maravilhoso e... bonito, de um jeito rústico, com todas essas estruturas de madeiras, mas os quadros são lindos.

Sorri, deixando a cesta sobre um banquinho e me aproximei dela, que encarava um dos meus quadros.

— Sinta-se especial ao saber que você está vendo, em primeira mão, os quadros que estarão em exposição na semana que vem – anunciei, parando ao lado da Ana, que me encarou sorrindo – Tem alguns que preciso acabar, mas no geral a coleção está praticamente terminada.

— São lindos, amor. Você vai fazer muito sucesso! – ela exclamou, me abraçando meio de lado – Depois me diz onde vai ser, que eu vou a essa exposição prestigiar meu namorado talentoso. E também vou indicar para alguns parceiros meus, que sei que gostam de arte, irem também lá.

— Só você estando lá, já vai ser maravilhoso – murmurei, beijando sua bochecha.

— Você faz por encomenda, ursão?

— Faço, meu amor. Porquê?

Anastasia se desvencilhou de mim e foi até um dos quadros, de tamanho mediano.

— Eu queria colocar alguns quadros seus, tanto em minhas lojas quanto no meu escritório. Os das lojas seriam desse tamanho aqui e o do meu escritório pode ser daquele tamanho ali, grande.

— Mas, quer pinturas mais sensuais, ursinha? Tipo, para conciliar com o que você vende? – inquiri, me aproximando dela, a passos lentos.

— Sim, amor. Algo com nudismo, com aquele toque de luxúria e pecado, sabe?

— Entendo. Gostaria de ser a musa desses quadros? Prometo ser meio abstrato com a imagem, para que ninguém saiba que é você.

Ana me olhou, totalmente surpresa com o meu convite inesperado.

— Claro, amor! Mas, eu sou suficiente? Eu nem me acho tão bonita assim para ser musa de um artista tão talentoso como você.

— Você não é bonita, ursinha – murmurei, parando na frente dela, tocando seu rosto com carinho – É linda. Simplesmente, perfeita.

— Se eu sou tudo isso, pode ter certeza que somos o casal perfeito, porque você também é lindo demais – ela falou, enlaçando meu pescoço, fazendo-me abraçar sua cintura e colar nossos corpos.

Começamos a nos beijar e o clima rapidamente esquentou entre a gente. Todavia, poucos minutos depois, Anastasia se desvencilhou de mim, afastando-se alguns passos, com uma sutil expressão no rosto, que não consegui identificar se era de dor ou de raiva.

— O que foi? Eu fiz algo que você não gostou? – perguntei, preocupado, mas receoso de me aproximar dela.

— Não, amor. Você não fez nada. Desculpa te fazer pensar isso. Eu que acabei me empolgando com o nosso beijo e estou com uma situação desconfortável aqui embaixo. Eu posso usar o seu banheiro rapidinho? – ela indagou, sorrindo meio sem graça.

— Claro. Vem comigo.

A conduzi até a escada, que dava acesso ao meu apartamento, já subindo e indicando o banheiro à ela. Enquanto Ana se encontrava ocupada, eu desci até o ateliê, peguei a cesta de piquenique e retornei ao apartamento.

Estava esvaziando a cesta sobre a bancada da ilha da cozinha, quando Anastasia saiu do banheiro, usando um shortinho jeans meio folgado e uma blusa branca, que deveria ser a mesma que ela já estava vestida antes.

Logo notei o que pareceria ser metade de uma tatuagem em sua coxa direita, mas não consegui identificar o que era o desenho.

— Onde eu posso deixar eles? – Ana perguntou, referindo-se aos seus tênis que se encontravam em sua mão.

Falei que ela poderia deixar os mesmos ali, ao pé da mesa, então Anastasia os depositou no chão. Depois colocou sua bolsa sobre a mesa e se aproximou de mim, parando ao meu lado, já se oferecendo para me ajudar.

— Dói muito? – inquiri enquanto ela guardava os cookies, que nem havíamos tocado durante o piquenique.

— O quê? Ah, você está se referindo ao que houve? Não, amor. No início, quando eu comecei a usar a técnica de esconder meu pau para ir para a escola, doía muito, mas com o passar dos anos, meio que seu cérebro e seu corpo se acostumam e para de doer. Só que eu admito, é meio desconfortável quando se tem uma ereção e seu pau está preso – Ana disse, rindo.

— Isso deve acontecer todos os dias – comentei, à medida que eu guardava a cesta no armário.

— Na verdade não. Raramente, eu me excito fora do sexo.

Franzi o cenho e me virei, a olhando e vendo a mesma rir, provavelmente de mim, por está confuso com aquilo.

— Depois do que aconteceu comigo, há dois anos, eu comecei a tomar antidepressivos e um dos efeitos imediatos do remédio é a diminuição da libido. Geralmente, eu tomo ele por volta do meio-dia, pois é quando vou para o meu trabalho, onde fico até às onze da noite. Quer dizer, ficava, porque agora tenho um namorado e eu pretendo dedicar um tempo à ele.

Sorri, mas minha curiosidade estava a mil por hora.

— O que houve há dois anos com você? – indaguei, mas logo percebi que estava sendo muito intrometido – Ah... Desculpe, ursinha. Isso não é da minha conta.

— Está tudo bem, amor. Eu te conto o que houve, porque acho que você já deve ter passado por coisa parecida. Enfim... Há dois anos, eu conheci um cara pela internet. A gente conversou por duas semanas até que marcamos, finalmente, um encontro.

A vi respirar fundo, encostando-se na bancada, de frente para mim, e eu me recostei na da pia, à minhas costas.

— Ele sempre foi gentil, legal e bastante amoroso por mensagem. Então, eu sentia que tinha achado o cara certo para namorar e casar, pois ele mesmo dizia em nossas conversas que assim que me visse, iria me pedir em casamento, porque eu era linda demais para ficar solteira e ele queria construir uma família comigo.

Ela sorriu, um sorriso bem triste, na verdade.

— Não contei a ele que era transgênera, mas eu sempre perguntava se o mesmo me amaria se eu fosse diferente e o desgraçado dizia que sim. A gente então se encontrou em um restaurante com pista de dança, onde jantamos, dançamos e nos divertimos muito. Depois, ele me perguntou se eu queria ir para um lugar mais reservado, e eu aceitei.

Anastasia suspirou profundamente, fechando os olhos por alguns segundos, antes de voltar a abri-los.

— A gente foi para o estacionamento do Green Lake Park e começamos a nos beijar, fomos para o banco de trás, até que o mesmo tirou minha calcinha e sentiu meu pau duro. Ele começou a me xingar de “Traveco”, entre outros palavrões. A última coisa que eu lembro daquela noite, é do cara em cima de mim, me espancando e eu tentando me defender e sair do carro, antes que ele me matasse.

Apertei a beirada da bancada com força, pela raiva que eu sentia naquele momento.

— Um casal de adolescentes, que tinham ido namorar ali, me encontraram jogada no chão, sem roupa e ligaram para a emergência. Minha mãe que trabalha no hospital, só conseguiu me identificar devido as minhas tatuagens, porque o meu rosto se encontrava muito inchado e coberto de sangue.

Ela cruzou os braços e me encarou, dando um meio sorriso.

— Depois disso eu não quis mais ter relacionamentos e me foquei no trabalho para tentar superar isso. Você foi o primeiro cara que eu respondi e convidei para sair, após dois anos.

— Eu nem sei o que dizer, amor – falei e a abracei fortemente, fazendo a mesma repousar sua cabeça perto da curva do meu pescoço, já que eu era um pouco mais alto que a Ana.

— Não precisa dizer nada, ursão. Isso é passado. Quero me concentrar no presente, para poder assim ter um futuro.

— Se depender de mim, você vai ter o futuro que deseja. Alguém que te ame muito e uma família linda – murmurei e Anastasia ergueu a cabeça, me olhando profundamente, antes de eu beijá-la.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Nosso Amor Único" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.