Nosso Amor Único escrita por Lyssa Silver


Capítulo 14
Capítulo 14




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CHRISTIAN

 

— Vocês dois fazem um trabalho muito bonito. De onde surgiu a ideia da criar a ONG e o Abrigo, de levantar a bandeira do orgulho transgênero e se tornarem os principais porta-vozes desse movimento?

— Somos os principais apenas lá na nossa cidade, Ellen. Porque a muitos porta-vozes pelo mundo à frente desse movimento – ressaltei e ela assentiu sutilmente com a cabeça.

— A ideia do Abrigo e da ONG veio após presenciarmos uma injustiça com uma moça trans, que foi agredida e as autoridades não quiseram registrar a queixa, tanto dela quanto a do Chris, pois ele acabou lutando com o agressor para impedi-lo de matar a moça – Ana falou e Ellen me olhou, batendo palmas, sendo seguida pela platéia.

— Que homem, hein? – ela elogiou, fazendo-me corar um pouco.

— Sim. Christian é a melhor pessoa do mundo. E é meu, Dona Ellen. Pode ir tirando o olho de cima dele – Anastasia murmurou, me abraçando de lado, por sobre os meus ombros enquanto a apresentadora morria de rir.

— Ciumenta ela, né? – Ellen perguntou para mim.

— Um pouquinho, mas eu também sou ciumento com ela, então a gente se completa – comentei, sorrindo para Ana, que havia se desvencilhado de mim.

— Voltando para o assunto da ONG e do Abrigo. Vocês tem uma demanda muito grande de usuários lá?

— Sim. Semanalmente recebemos e atendemos muitos jovens que estão passando pela transição de gênero e não tem o apoio do seus pais e são expulsos de casa, como aconteceu no caso do Chris. Queremos que esses jovens saibam que eles não estão sozinhos nisso. Sabemos como é difícil passar por isso, que tem que ser muito forte, mas passar sozinho também não dá. Por isso estamos dando esse apoio, sendo a força extra para eles conseguirem enfrentar as dificuldades.

— Eu, particularmente, me sinto muito feliz ao ver casos em que a família se envolve nessa transição, mesmo com medo ou com receio, eles estão lá, vão nas palestras, conversam com a equipe de profissionais da ONG, levam os filhos para participar dos projetos e das oficinas criativas que organizamos. Isso é bem gratificante – falei, sorrindo.

— Deve ser mesmo. E como conseguem conciliar isso tudo com a carreira de vocês dois? Você é artista plástico, não é? – Ellen indagou e eu assenti com a cabeça – Então deve ter mais tempo livre. Agora a Ana, ela é empresária, então deve ser mais difícil.

— Não muito. Eu e o Christian criamos um cronograma que nos permite participar tanto da ONG quanto do Abrigo, sem que isso o impeça de pintar e eu de trabalhar em minha empresa.

— Isso é bom. Dá até tempo para namorar também, né? Aproveitar que a namorada é dona de uma empresa de produtos eróticos.

Apenas rimos, mas eu fiquei um pouco sem graça.

— E por falar em namoro, um passarinho vestindo saia de couro preta e blusa felpuda me contou que vocês estão completando dois anos de namoro hoje. É verdade, Christian? – Ellen perguntou e eu assenti com a cabeça – Não acha que já está passando da hora de pedir a bela mulher ao seu lado em casamento? Ela merece um lindo anel naquele dedinho ali, não é mesmo?

— Ah... Sim – murmurei, fingindo ficar mais sem graça ainda, mas minha intenção era pedir a Ana em casamento no programa e a Ellen sabia disso, pois a mesma era a minha cúmplice nisso.

— E está esperando o quê, meu filho?

Sorri.

— Calma. Eu vou fazer, mas não agora. Só daqui a uns anos, né? – indaguei, virando o rosto, encarando a Anastasia e logo vi a mesma fazer uma careta, nada amigável – Estou primeiro juntando dinheiro para comprar um anel à altura dela. No momento certo, ela vai ser minha para sempre – informei, voltando a olhar para Ellen, que sorriu.

— É melhor o senhor me pedir em casamento antes de eu achar o meu primeiro cabelo branco, senão eu digo “Não” para você – Ana resmungou, fazendo todo mundo rir.

— Não se preocupe, Anastasia. Nós vamos consertar isso agora mesmo. Pessoal monta o cenário e traz o anel de noivado que a gente comprou. O senhor vai fazer o pedido é hoje.

Começamos a rir da produção dela, que tinha acabado de entrar no palco com um painel grande com flores meio mal desenhadas e pintadas, como se fosse feito por crianças, e com um balão em forma de anel solitário. Entrou também até um cara fantasiado de padre, que tinha mais cara de Gogo Boy do que de padre mesmo.

— Vai ser o noivado, a despedida de solteira e o casamento num pacote só? – Ana perguntou rindo enquanto nos levantávamos do sofá e seguíamos a Ellen até o local montado.

— Sim. E eu vou ser a madrinha, é claro. Não precisam se preocupar em me convidar, porque eu já me auto-convidei e aceitei o convite. Agora é a sua vez – Ellen disse, me entregando o balão em forma de aliança – Bora logo que o padre já quer tirar a roupa aqui!

Rimos e eu aproveitei a distração da Anastasia, para pegar o verdadeiro anel de noivado em meu bolso, escondendo-o entre a palma da minha mão e o balão, que logo o ergui, ao me ajoelhar parcialmente.

— Ana... – comecei a falar, mas ela não parava de rir, então pedi que a mesma segurasse o balão para eu poder fazer o pedido e ela assim o fez, se distraindo novamente, dando-me a chance de ajeitar e segurar o anel com as pontas dos dedos.

— Ai meu Deus! – Anastasia exclamou, mais assustada do que surpresa, quando percebeu que o pedido seria de verdade.

— Ana, você aceita passar, a partir de hoje, todos os seus dias ao meu lado, pelo resto de nossas vidas?

Ela apenas balançou a cabeça, afirmando, à medida que começava a chorar, já colocando as mãos sobre o rosto. Então me levantei e a abracei carinhosamente, acolhendo a mesma em meus braços enquanto todos aplaudiam.

— C-Christian... – Anastasia gaguejou, soluçando, e me encarou – Eu aceito... Claro que aceito, amor. Te amo muito.

— Eu também te amo, minha ursinha linda – sussurrei, sorrindo, já enxugando seu rosto, antes de nos beijarmos.

Então, peguei sua mão e coloquei o lindo anel no dedo dela, que sorria toda boba olhando para ele e para mim.

— Estou esperando o convite para ser a madrinha do casamento e já digo logo que aceito – ouvimos Ellen dizer, então a encaramos, sorrindo.

— Se prometer que não vai fugir com a noiva, no dia do casamento, seria uma honra ter você como madrinha, Ellen – brinquei, fazendo ela rir.

— Pode deixar. Não vou roubar sua noiva não.

— Você sabia disso, não é? – Ana inquiriu quando Ellen veio nos felicitar com um abraço.

— Quando ficamos a sós nos bastidores, Christian me contou que quando vocês saíssem daqui, ele iria te pedir em casamento. Aí, eu disse que o mesmo poderia fazer o pedido durante o programa, pois seria mais emocionante, e Christian concordou.

Ellen nos convidou novamente para sentarmos no sofá e logo nos perguntou sobre ter filhos.

— Como vai ser? Irão adotar ou seria por meio de barriga de aluguel. Já pensaram nisso alguma vez? – ela complementou.

— Sim. Conversamos uma vez, mas vamos com calma. Deixa eu curtir primeiro meu futuro marido, depois pensamos em fraldas, mamadeiras e crianças correndo pela casa – Ana disse, rindo.

Continuamos a conversar mais alguns minutos, depois entreguei um quadro que havia levado de presente para a Ellen e encerramos nossa entrevista no The Ellen DeGeneres Show, agradecendo a mesma, pelo convite para irmos ao seu programa.


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