A Desdente escrita por Angel Carol Platt Cullen


Capítulo 5
Capítulo 4




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Sabendo onde moravam os acusados logo informou a polícia e o processo correu muito mais depressa. Esme e Carlisle compareceram por livre e espontânea vontade na delegacia para relatarem a sua versão do ocorrido. O julgamento foi marcado para o próximo mês:

— Ouvimos o grito da menina e eu e minha esposa entramos para ajudar – relata Carlisle perante o juiz.

— Isso é invasão de domicilio! – reclama o advogado de acusação.

O advogado de defesa havia alertado seus clientes que essa poderia ser o primeiro argumento utilizado contra eles. Sua atitude tão comum na Europa e nos EUA para defender uma criança que era agredida, não é vista ainda da mesma forma aqui na América Latina, salvo algumas exceções. Se os próprios pais agridem os filhos não há o que o Estado possa fazer contra o direito familiar. È um conflito entre o direito privado e o país.

— Qualquer pessoa deveria ajudar alguém que pede socorro. Ninguém deveria se omitir e fingir não escutar. Como fizeram meus clientes. Eles podem ter evitado um homicídio ao agir naquele exato momento.

— Nós dois passamos pela porta que estava aberta, não invadimos – diz Esme.

— Invadiram sim, pois não foram convidados a entrar.

Esme estava prestes a revelar que estavam com a menina no quarto dela, mas Carlisle detém a esposa. Ao invés de melhorar a situação certamente iria agravar ainda mais. Ninguém aceitaria naturalmente isso.

— Foi um descuido do acusador meritíssimo que não pode ser imputado a meus clientes – proclama o advogado de defesa.

— Correto; declaro essa caso encerrado. Não foi por causa dos acusados que o cidadão agiu com a própria filha de tal maneira, mas foi pela atitude dele que os acusados precisaram interferir. As provas são mais do que suficientes para atestar a culpabilidade do réu. Professo esse caso de lesão corporal dolosa com a intenção de ferir gravemente a vítima. Condeno o réu a prisão por 30 anos.

Houve uma reviravolta no caso, quem começou como acusado se tornou réu. Esme e Carlisle também moveram um processo por agressão contra o pai de Carol. Fizeram exames de corpo de delito que mostraram não apenas aquela agressão, mas outras marcas roxas provenientes de outras surras.

— Eu sou pai, eu tenho direito de educar meus filhos como bem entender – protesta o homem ao ser algemado.

— Não nesse século – responde o advogado de acusação. – Não é assim que se trata crianças.

 – Ninguém de vocês aqui é pai? Ninguém sabe como essa peste é em casa.

— Tenho filhos sim – diz o advogado. – Não preciso bater neles para que me respeitem. Eles me ouvem porque os trato com carinho e dignidade através do diálogo.

— Balela, esse método não funcionaria com essa ‘estropício’!

— Não fale mais senão vai ser acusado por injúria

— Ele sempre foi assim? – Esme pede para a filha.

— Sempre.

— Não acredito que você é tão ruim quanto seu pai diz.

— As crianças não são difíceis. Ele só diz que não funciona porque já criou os filhos como propriedade – comenta Carlisle.

— Certamente ela pode ser tratada com carinho e dignidade e irá demonstrar respeito. Ela já nos mostra isso – diz Esme.

— É uma injustiça! Me solta! – esperneia enquanto é levado pelos policiais. – Eu não posso ser preso, eu que reclamei. Isso não faz sentido.

— Você fez o que queria, mas não é certo – diz o advogado de acusação.

— É crime agora criar nossos próprios filhos como quisermos? Então meu erro foi ter feito essa vagabunda. Desgraçada. Maldito o dia em que fiz sua mãe conceber. Maldita. Não deveria ter nascido ou deveria ter morrido pouco depois de nascer...

— Você criou a filha como bem quis, agora aguente as consequências – contrapõe o advogado.

— Eu deveria tê-la matado sua vadia, para isso que você serve? Sua inútil! Assim que você me retribui tudo que fiz? Sua cadela, morde a mão que te alimentou. Você vai me pagar. Você e seus novos pais – continua praguejando.

— Cale-se ou vai se complicar ainda mais – avisa seu advogado.

— Cale a boca você, nem serviu para me defender. Vai para o diabo que lhe carregue. Vou pagar como se estarei preso? Vai ficar sem receber, incompetente.

— Não vou recorrer, você não merece. Adeus – o homem vai embora ao ser assim dispensado tão veementemente.

— Até nunca mais. Vá para o inferno!

— Não quero vê-lo nem pintado de ouro – rebate o bacharel para não levar para casa desaforo.

Os soldados levam o preso para o camburão. Carol suspira aliviada:

— Obrigada. Muito obrigada! Nem sei o que dizer – ela olha para os pais adotivos.

— Não poderia deixar você ser assim tão covardemente agredida e não fazer nada. Você tem meu sangue – diz Esme.

— Tenho muito orgulho disso.

Os três vão até a garagem e pegam o carro que estava no estacionamento.

— Mal vejo a hora de chamá-los de mamãe e papai.

— Você já pode nos chamar assim sweetie. Já entramos com o pedido e em breve teremos os papéis de sua guarda. Como pode uma mãe permitir que o pai cometa tal atrocidade com o filho?

— Não sei.

— Nem eu entendo - diz Esme.

...XXX...


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