Valar Morghulis. escrita por Khaleesi


Capítulo 5
Sangue e Fogo.




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As horas passaram mais rápido do que Daenerys esperava. Ela despertou suada naquela manhã após ter sonhado com seu irmão, Viserys. No sonho ele maltratava ela dizendo que ela iria acordar o dragão se continuasse sendo estúpida. Ela levantou e sentiu o quarto ao seu redor girar, se sentia fraca, enjoada, confusa e o peso de mais uma traição tornava tudo aquilo ainda pior.

Ela tomou um banho demorado e foi vestir-se com seu vestido grosso. Ele era branco, com o preto e o vermelho levemente percebidos nele, fazendo jus às cores de sua casa. Não sentia fome, seu estômago estava embrulhado naquela manhã e ela só desejava acabar com tudo aquilo.

Seu exército já havia ido por terra para fazer o cerco da Fortaleza Vermelha, só aguardavam pela sua rainha para que pudessem atacar. Dany então andou a passos apressados até onde Drogon estava e montou-o. O enorme dragão abriu suas asas e foi subindo mais e mais no céu, bem acima das nuvens. 

Após algumas horas de voo ela podia ver os pontinhos negros no mar. Os navios de Euron. Todos armados como ela sabia que estariam, posicionados em direção ao céu, prontos para atacar seu dragão. Mas dessa vez seria diferente, agora ela estava preparada e quem seria pego de surpresa seriam eles. 

Então ela ordenou que Drogon voasse em direção aos navios, e ele obedeceu e cruzou o céu em alta velocidade. Ela viu o rosto nervoso e desesperado dos homens nos navios, não esperando pelo ataque. "Dracarys" ela gritou, e o fogo consumiu os navios. "Dracarys", ela repetia enquanto subia aos céus e descia novamente, contornando os navios enquanto eles lançavam as enormes flechas em sua direção, e logo depois os queimando. 

Quando finalmente todos estavam completamente destruídos, ela foi em direção à Fortaleza. Novamente viu os escorpiões direcionados a ela naquele lado. Ela voou junto à água, e podia sentir os respingos salgados do mar em seu rosto, e depois escutou as flechas cortando o ar em sua direção, mas ela subiu com Drogon e antes que eles pudessem recarregar ela já havia queimado todos como havia feito com a tropa de Euron. 

Deixou para trás de si os homens gritando enquanto eram consumidos pelo fogo, e foi até onde seus soldados estavam. Ela sentia o coração batendo forte em seu peito, a adrenalina estava a deixando extasiada. Quando viu os portões, apenas um pensamento passava por sua cabeça: dracarys.

Do lado de fora dos portões, Jon estava na linha de frente, a alguns passos de distância de Verme Cinzento. Ele sabia que devia esperar por Dany, mas ela estava demorando e ele temia que algo tivesse acontecido à ela. Logo a sua frente estavam os soldados da Companhia Dourada, com suas armaduras douradas reluzentes por causa do sol. "São muitos" fora o que ele pensara quando os homens atravessaram os portões mais cedo e se posicionaram ali. 

Verme Cinzento permanecia imóvel, os olhos atentos nos homens a sua frente, ele quase não piscava. Estava observando o menor movimento entre eles e a muralha atrás de si, esperando ver sua rainha. Ele estava calmo por fora, mas por dentro algo queimava. A dor. Fora ali onde ele vira sua amada morrer pelas mãos de um soldado pelas ordens da inimiga. Missandei morrera acorrentada, e ele não perdoava isso. Desejava poder cortar a garganta daquele que tinha executado a ordem, desejava vê-lo sofrer até implorar pela morte. 

Em meio a pensamentos, um tremor na terra sob os pés de cada homem ali os deixou alerta. Ninguém entendia nada, até que uma explosão acontecera, fazendo com que a muralha caíssem em cima dos soldados de Cersei, enquanto Daenerys surgia montada em seu dragão negro voando por cima da cabeça de seus soldados.

Tyrion observava bem longe aquela cena, horrorizado com a barbaridade com que Dany chegara. Todos os soldados estavam correndo para dentro da Fortaleza, matando os soldados Lannisters sem que eles sequer conseguissem brandir suas espadas. 

O caos assolava as ruas da Fortaleza Vermelha. As pessoas corriam de um lado para outro em busca de abrigo, as mulheres com medo dos soldados a arrastarem para becos para estuprá-las antes de as degolarem, as crianças choravam desesperadas por não encontrarem suas mães. A Rainha Targaryen pousou em cima de uma casa, alta o suficiente para que ela conseguisse observar seus soldados batalhando, e com a visão perfeita para o castelo onde Cersei estava, observando tudo com sua taça de vinho em mãos.

— Precisamos sair daqui, minha Rainha - Qyburn falou, enquanto olhava para onde o enorme dragão negro estava posicionado.— A frota de Euron fora completamente destruída, não estamos seguros aqui. 

Cersei praguejou mentalmente, amaldiçoando Euron por ter falhado com ela.

No alto, Dany continuava a observar toda a movimentação abaixo de si. Pôde ver os soldados Lannisters jogando suas espadas no chão, em sinal de rendição. E logo em seguida vieram os gritos pedindo para que tocassem o sino, que indicaria a vitória da prateada. E então o som foi tomando conta, ecoando para os quatro cantos da Cidade. As lágrimas surgiram nos olhos da Targaryen, embaçando sua vista e então molhando suas bochechas. "Ainda não acabou", ela pensou. 

Jon observava ela, e sentiu seu peito se comprimir em agonia ao vê-la tão desolada, e Verme Cinzento observava o exército rendido a sua frente, com sua lança apontada para eles, olhou para cima apenas para ver sua rainha olhá-lo de volta antes de levantar voo. Era hora de tomar o castelo. 

No castelo, Qyburn quase implorava para Cersei para que fugissem dali. Mas a Rainha só sentiu o medo tomar conta de si ao ver a garota Targaryen voando em sua direção montada em sua besta negra. "Se eu cair, a cidade cai junto", ela pensava enquanto as lágrimas de raiva e medo ameaçavam cair. Então ordenou que seu plano fosse posto em prática. 

Qyburn era um meistre expulso da cidadela por praticar coisas além do que eram permitidas, e principalmente por flertar sempre com a magia para uso indevido, geralmente para experimentos jamais permitidos ali. E ele fora de grande utilidade para a Lannister, principalmente quando descobriu como fazer mais fogo vivo. Então ela ordenou que ele fizesse quantidades absurdas que foram posicionadas em todos os cantos possíveis daquela cidade. Era a tacada final da leoa.

Antes de levantar voo e ir em direção ao castelo, Dany sentira a dor e a raiva dominando o seu peito. Em sua mente, revivia a morte de seus filhos Rhaego, Viserion e Raeghal e seus amigos e seguidores fiéis, Jorah e Missandei. Revivia a dor da traição, da rejeição. E tudo aquilo a dominava por completo e ela não conseguia se livrar daquilo, ela só queria parar aqueles pensamentos. E antes que pudesse pará-los, seus sentimentos alcançaram Drogon, que deu um rugido estrondoso de raiva, e voou. A enorme sombra alada voava descontrolada em direção ao castelo.

"Dracarys", a voz ecoou na mente de Dany. A Voz de Missandei, misturada com a sua. Os gritos da guerra no Norte a deixavam entorpecida, e os gritos das pessoas que habitavam a Fortaleza só pioravam tudo. E então Drogon começou a queimar tudo descontroladamente, deixando Jon abismado com aquilo que via.

*** 

O castelo começou a tremer e o teto começou a rachar, fazendo com que várias partes começassem a ruir. Cersei sabia que não poderia ficar ali sem ser soterrada. Ela entendia que tinha perdido a guerra, mas jamais se permitiria morrer daquela forma patética. E com o Montanha ao seu lado e Qyburn logo a frente, ela andava apressada, louca para sair dali e ir para qualquer outro lugar. Estavam atravessando a parte do castelo onde possuía um mapa enorme de Westeros quando uma voz ecoou em meio aqueles caos.

— Então finalmente nos encontramos - era Sandor Clegane, mas as palavras dele não estavam sendo ditas a ela, e sim homem enorme atrás dela.

— Sor Gregor, fique comigo - ela ordenou, nervosa, mas o homem já não estava mais a escutando. Seus olhos negros estavam focando apenas no irmão, aquele que ele quase matou quando afundou seu rosto em uma pequena fogueira. — Eu estou ordenando, fique comigo!

— O mundo ao nosso redor em chamas - Cão de Caça falou, rindo ironicamente enquanto brandia sua espada.— Não tem cenário melhor para nós dois lutarmos, não acha?

Os dois se encaravam furiosos, como se só eles estivessem ali e o teto sobre suas cabeças não fosse cair a qualquer momento. Cersei tentou falar com Montanha mais uma vez, mas este a ignorou e partiu para cima do irmão, e eles começaram a batalhar ali mesmo. Cersei olhava aquilo espantada, mas foi puxada por Qyburn para que saíssem dali. 

Eles correram por onde as paredes e o teto já haviam caído, mas uma explosão logo atrás a fizera gritar e cair para um lado, enquanto Qyburn era esmagado por uma enorme pedra que voara. Cersei olhou horrorizada para aquilo, e então deixou que as lágrimas viessem à tona. Mas ela se levantou e pôs-se a correr mesmo assim, até que encontrou um Jaime cambaleante em um corredor. Ela correu até ele, que estava machucado e sangrava muito depois de ter sido golpeado por Euron um tempo antes. 

Reunidos novamente, eles se beijaram em meio às lágrimas. Ela sentia que tudo estava bem agora, estava nos braços do homem que amava incondicionalmente. Nada mais importava agora, nem mesmo o mundo que caía lá fora, apenas eles dois. E então uma dor a atravessou, e ela sentiu o sangue subir para a sua boca. 

Ela olhou para baixo e não entendia. A espada de Jaime a atravessava, e ela o olhou confusa.

— Não - ele pediu, as lágrimas molhando seu rosto enquanto ela ia desfalecendo em seu colo.—  Mantenha seus olhos abertos, olhe para mim.

Ela o olhou, queria falar algo mas não tinha forças e o sangue em sua garganta queimava. 

— Eu te amo, eu te amo, eu te amo. Me perdoa - foi o que ela escutou pela última vez, enquanto sentia tudo escurecendo ao seu redor. 

Jaime estava agarrado ao corpo dela chorando copiosamente. Ele precisava fazer aquilo, pois sabia que não existiria outro destino para eles senão a morte. Mas sabia que preferia que Cersei morresse pelas suas mãos do que queimada pelo dragão da rainha enfurecida lá fora. E abraçado ao corpo dela ele sentiu um baque em suas costas, sendo então soterrado por mais uma explosão que causara a queda da parede atrás dele. 

"Juntos até o fim", foi o último pensamento do homem.

 


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