Valar Morghulis. escrita por Khaleesi


Capítulo 3
Sonho do Dragão.




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Enquanto caminhava para seus aposentos, Daenerys só pensava em chorar. Ela não sabia o que fazer, estava sozinha. Tinha perdido todos aqueles que considerava a sua família. Com Verme Cinzento ao seu lado, ela entrou e se sentou perto de uma mesa onde estavam algumas coisas de Missandei. 

— Foram as únicas coisas que ela trouxe consigo quando cruzamos o Mar Estreito — ela disse enquanto olhava para a mesa, sua voz saindo tão baixa que se não fosse o grande silêncio instalado naquele lugar, Verme Cinzento nem teria escutado.— Os únicos bens que possuía.

Ela indicou para que ele pegasse algo para guardar de recordação, talvez. Sabia que eles se amavam, e podia imaginar a dor dele por mais que ele não demonstrasse sentir algo. Ela sabia que ele sentia. E então ele pegou uma das gargantilhas que Missandei usava quando era escrava e jogou-a no fogo, e eles observaram juntos aquilo queimar.

Logo foram interrompidos por passos altos que se aproximavam, e o homem ao seu lado se posicionou em frente a ela, como um escudo. E Jon entrou pelas grandes portas daquele lugar. Dany não queria olhar para ele, ainda estava magoada por ele ter contado para as irmãs, para Sansa quem ele era de fato. Ela sabia que se ele contasse, ela iria conspirar contra Dany. 

— Está tudo bem, Verme Cinzento — ela disse em alto valiriano. — Deixe-me falar com ele.  

Ele olhou para Dany, mas não questionou sua decisão e saiu dali, olhando fixamente para Jon, que se moveu desconfortável. E foi andando até ficar de frente para ela, olhando-a e parecendo procurar as palavras certas para poder falar algo, mas a Targaryen se adiantou.

— O que eu disse que aconteceria se você contasse?

— Eu não contei a ele — ele respondeu enquanto fechava os olhos, deixando visível a sua frustração. 

— Você me disse que confiava nela, neles. Que eles não iriam contar a ninguém. E ela o fez, traindo a sua confiança. Fazendo meus homens me traírem, conspirando com eles para que me matassem. A morte de Varys é uma vitória para ela. — a raiva crescia em seu peito, e sentiu vontade de chorar, mas respirou fundo. — Agora ela sabe o que acontece quando descobrem quem é você.

Jon não disse nada, em partes ele sabia que ela estava certa. Sansa quebrou um voto, quebrou sua confiança só porque tinha algo contra Daenerys que nem mesmo ela saberia dizer. 

— As pessoas amam você aqui, mais do que a mim — a mulher platinada a sua frente continuou a dizer.— Eles sentem medo de mim...

— Eu amo você — ele respondeu, como se aquilo fizesse os outros amarem ela.— Você é e sempre será a minha rainha. 

Dany se levantou e se colocou na frente dele, colocando suas mãos nas dele.

— É apenas isso o que sou para você? Sua rainha? — perguntou e ele a tomou em seus braços, depositando um beijo em seus lábios. Dany queria aquilo, sentia falta daquilo. Mas logo ele se afastou dela, virando-se. E então ela sabia que era só isso que ela era para ele. Uma rainha, nada mais. Ela o amava, mas ele não amava ela. Não mais.

E sentiu seu coração se quebrar mais uma vez. 

— Muito bem então. — ela se limitou a responder, sentindo a garganta queimar por segurar o choro. — Saia daqui. 

(...) 

 

Naquela noite, deitada em sua cama, ela não conseguia pegar no sono. Seu corpo pedia por uma noite de sono, mas seus pensamentos não deixavam com que ela adormecesse. Por um momento lembrou-se de quando seus dragões eram apenas ovos e como parecia impossível que eles chocassem. Era assim que sentia sobre o sono que não chegava, impossível. Mas os dragões vieram ao mundo, ela pensou. Eu os trouxe de volta.

E como se lesse seus pensamentos, Drogo pousou em cima de seu quarto, ela sentiu seu quarto tremer com o peso do seu dragão. Seu único filho agora. E foi pensando nele, que ela adormeceu. E sonhou.

"— Você acordou o dragão! — ela escutou seu irmão gritando para ela, e depois sentiu seu rosto arder com o tapa que ele desferiu em seu rosto. Tentou fugir, mas parecia que seu corpo pesava toneladas e não conseguia se mover para tão longe dele. E logo sentiu o chão quando caiu sobre ele. 

— Acordou o dragão. Acordou o dragão. Acordou o dragão — ele gritava sobre ela, enquanto a batia, a machucada. Podia sentir o sangue escorrer pelo seu rosto, e encher a sua boca. E ela só sabia chorar, encolhida, com os olhos fechados.

E como se algo tivesse ouvido suas preces, seus pedidos de socorro, ouviu-se um grande rugido, e logo em seguida o som de crepitar do fogo e Viserys já não estava mais ali. O fogo consumia todo aquele lugar, e no meio dele estava o dragão, que a encarava. E ela fechou os olhos com medo de novo. E então, quando retornou a abri-los, já não havia mais fogo, ou o calor das chamas. Tudo estava escuro, e Dany não conseguia enxergar nada. 

"—Para ir ao norte, deve viajar para o sul. Para alcançar oeste, tem de ir para o leste. Para ir em frente, deve voltar para trás, e para tocar a luz, tem de passar sob a sombra."— a voz ecoou em algum lugar naquela vasta escuridão, e Dany se encolheu ainda mais. 

 "—Tem que passar sob a sombra" agora a voz era um sussurro, que ecoava baixinho por seus ouvidos. "—passar sob a sombra..."

"—Quem está ai?"ela gritou para a escuridão.— "Quem é você?"

"Lembre-se de quem você é, Daenerys." a voz novamente ecoou. "Os dragões sabem. Você sabe?"

Ela estava assustada. Queria correr, mas não sabia para onde ir. Tinha medo. "Para tocar a luz, tem de passar sob a sombra" — a voz ecoou pela última vez, antes de Dany despertar ofegante. 

Quaithe — ela se lembrou da sacerdotisa que sempre aparecia e desaparecia misteriosamente para ela, sempre com frases que Dany nunca entendia. 

E num impulso, ela se levantou da cama saiu de seus aposentos, querendo sair dali. Alguns de seus soldados a seguiram de perto assim que ela pôs os pés fora do quarto, e quando chegou lá fora, pediu para que a esperassem ali, que logo ela voltaria. Eles não tiveram outra escolha senão obedecer. 

O céu não estava todo claro, apenas uns feixes de luz surgiam cortando o céu com seu tom alaranjado, e Drogo pousou ao seu lado, e não demorou muito para que ela subisse em suas costas e levantassem voo. Os dois saíram calmamente, mas logo ela se perguntou se ele podia ir mais rápido, e então ele obedeceu, e voava tão rápido e tão ágil que se ela se descuidasse, provavelmente cairia de cima dele e certamente ela não queria que seu fim fosse assim. 

Lá em baixo, Jon e Tyrion observavam ela voar nas costas de seu filho. E então ela teve uma ideia. 


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