Valar Morghulis. escrita por Khaleesi


Capítulo 1
Perdas.




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Para Daenerys muitas coisas não foram fáceis, e ela sabia disso. Cresceu sendo perseguidas por homens que desejavam sua cabeça em troca de grandes recompensas que seriam pagar pelo Usurpador, por isso nunca ficava em muitos lugares por muito tempo.

Cresceu com medo, e aguentando as grosserias e torturas de seu irmão. Foi vendida por ele. Estuprada, humilhada. Ameaçada. Mas fez disso sua fortaleza. Cresceu, se fortaleceu, se tornou temida ao invés de se deixar definhar.

Viu seus dragões nascerem naquelas chamas, crescerem e se tornarem tão temidos quanto ela. E morrerem. Viu metade dos exércitos que tão duro deu para libertar e conquistar, exatamente nessa ordem, morrerem lutando em prol de um bem maior.

Viu o homem mais fiel à ela morrer em seus braços, e não conseguia entender o porquê de tantas perdas assim. E agora estava indo em direção a uma "conversa" com sua maior inimiga no momento, para que liberte sua melhor amiga e se renda, evitando assim a morte de inocentes.

O que ela havia feito de tão ruim para que todos que entrassem em sua vida a traíssem ou morressem. Seria uma punição dos deuses por ser uma Targaryen?

Ela estava desolada. Sozinha. E com raiva.

Ela optou por deixar Drogon o mais longe dos portões da Fortaleza Vermelha, pois para onde olhava haviam as armas que mataram Rhaegal, seu filho. E com um pequeno exército, pois queria demonstrar que estava ali para uma negociação, não para atacar logo de primeira. Queria mostrar para aquelas pessoas que a única tirana que existia ali não era ela, e sim Cersei. Que foi esperta o suficiente para que deixasse que todos entrassem ali, provavelmente para evitar um ataque que levasse a morte de todos aqueles inocentes. 

E ela estava certa, não iria matar aqueles que não tinham nada a ver com os planos maléficos daquela mulher, que desejava o poder tanto quanto qualquer outro. E que com certeza não cederia tão fácil.

Ao se posicionar ao lado de Varys e Tyrion, aguardaram até que o negociador da Rainha Usurpadora saísse pelos portões. E quando o fez, Tyrion, que iria barganhar com ele, começou a andar até o homem a quem chamavam de Meitre Qyburn.

Verme Cinzento se posicionou ao seu lado, agora que conseguiam ver Missandei. Ela estava assustada, Dany também se sentia assim. Elas se olharam por um tempo, até que o olhar da amiga se virou para Verme Cinzento. Não era justo, pensou Dany. Não era justo que esse fosse o seu final.

Seus pensamentos foram interrompidos quando Tyrion deixou de falar com o Meistre e foi mais para perto dos portões. Mais para perto de Cersei. E começou a falar diretamente para ela. Não sabia o que aquele homem tão pequeno falou para ela, mas com certeza não salvou a vida de Missandei. 

Cersei se dirigiu até a amiga, e sussurrou em seus ouvidos algo que já imaginava do que se tratava. Dany deu um passo a frente, o coração batendo no peito, a boca seca, os olhos ardendo pelas lágrimas que ameaçavam cair. 

— Dracarys! — ela escutou Missandei gritar. Depois tudo girou. Viu o homem desembainhar sua espada e cortar sua cabeça. Dany não conseguia se mexer. Sentiu como se todos os músculos de seu corpo pesassem toneladas. Queria gritar, queria chorar. Queria morrer. A morte com certeza seria menos dolorosa do que aquilo. 

Quando conseguiu finalmente se lembrar de como respirava, ela olhou para aquela mulher em cima daqueles portões. E olhou para Tyrion, que a olhava preocupado. E saiu dali, precisava sair dali.

Ao retornar para seu castelo, junto com sua tropa, Tyrion e Varys tentaram falar com ela, mas ela apenas disse que por ora não desejava ser incomodada. Ela queria ficar sozinha. Sozinha com suas dores, com seu luto. Com a sua raiva.

E ali ficou, trancada em seus aposentos, durante horas. Ou dias? Semanas, talvez? Não saberia dizer. Não sentia vontade de nada, a não ser se manter deitada e chorar e chorar e chorar.

Não sentia fome, não sentia vontade de ver ninguém, de escutar ninguém. Seus cabelos estavam um emaranhado só, suas tranças todas foram desfeitas de qualquer jeito. Não era mais digna delas.

E pôs-se a chorar novamente, acompanhada por Drogon, lá fora. Ele também estava sofrendo. Mãe e filho, juntos, sofrendo por suas perdas.

— Khaleesi — chamou alguém no meio da escuridão em que se encontrava.

— Já disse que não desejo ser incomodada — disse, a fúria em suas palavras evidente. 

— Khaleesi, eu sei que disse isso, mas eu preciso falar com a senhora. — Verme Cinzento respondera firme. — Temo por sua vida, minha Rainha. Temo por você. Eu jurei que a protegeria, e assim o farei até que a senhora diga o contrário. Eu amo Missandei, e é por amor a ela, e a senhora minha rainha também, que eu preciso que me escute. Você precisa tomar cuidado, você está vulnerável agora. E nossos inimigos sabem disso, não podemos simplesmente nos entregar assim, nem deixar como está. É hora de reagir, precisamos reagir. Varys tem enviado corvos e andado cochichando muito com Tyrion pelos corredores.

— Eu... não consigo.— respondeu, sua voz estava rouca, ela se sentia fraca. Sua cabeça girou novamente. Aquilo a pegara de surpresa. Seus homens estariam a traindo? Ela não sabia se suportaria mais uma traição.

— O Regicida. O capturamos nas estradas. Estava indo para a Fortaleza Vermelha. — Dany se levantou e se sentou.

— Quem mais sabe? — Questionou.

— Apenas eu e os soldados que o capturaram. Ele está preso nas masmorras. 

Ela pensou por um tempo, e chegou a uma conclusão. Seria hora de testar a lealdade de seus homens para com ela.

— Que continue assim. E convoque todos os soldados que compreendam a língua comum para que fiquem por perto de Varys e Tyrion, faça com que se revezem em seus turnos e que não deixem que sejam descobertos. E qualquer soldado que tenha escutado algo deve comunicar imediatamente você, e você a mim.

— Como você desejar, Minha Rainha.

Verme Cinzento saiu de seus aposentos e Dany voltara a se deitar. Sentiu seu corpo fraco e sua cabeça pesar. E antes de adormecer, pensou em Jon. Seria ele capaz de traí-la também?


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