— Bom dia, Plagg! – o kwami negro encarou Adrien com certa estranheza. Tudo bem que o loiro gostava de ir para a escola, mas mesmo aquela alegria toda não era normal até para ele.

— Por que você está tão alegre, hein?

— Você têm noção do quão incrível é poder ver a Ladybug todos os dias, não só durante as batalhas?

— Sim. Eu sempre vi ela todos os dias. – Adrien revirou os olhos, indo para o banheiro escovar os dentes.

— Acontece que a única razão pela qual eu não quis pensar na Marinette de outra forma, é porque eu amava a Ladybug. E olha que maravilha... As duas são a mesma pessoa! – o loiro sorriu após colocar a pasta na escova, começando a escovar os dentes.

— É, isso é incrível e tudo mais. Mas você já parou para pensar que ela te disse que gosta de outra pessoa, né? – Adrien cuspiu no espelho, por conta da fala do kwami – Credo, garoto!

— Eu não tinha parado para pensar nisso... – respondeu ainda com a boca suja com a pasta de dente. – Na verdade, eu até pensei sobre o Luka gostar dela, mas não pensei nela gostando do Luka.

— Não é o fim do mundo!

— Claro que é o fim do mundo! – encarou Plagg, que transmitia tranquilidade, o oposto de Adrien – Quero dizer, eu acho que ela gosta do Luka. Só pode ser ele.

— Ou... Pode ser você. – disse como quem não quer nada.

— Pode?

— Bom, eu não sei. As versões de vocês do futuro pareciam bem próximas. – a fala do kwami fez Adrien refletir.

Mesmo depois de terem perdido seus Miraculous e o mundo entrar em colapso, Marinette e Adrien estavam juntos, ainda sendo Ladybug e Chat Noir. Isso poderia significar que eram grandes amigos, mas também poderia significar que eram bem mais do que isso.

— Não há como saber. Mas o que eu sei, é que eu vou fazer o nosso encontro valer a pena. – disse com uma expressão determinada.

— Claro, claro. Só lava o rosto antes, porque se ela ver você assim, provavelmente vai ficar com medo.

***

Adrien chegou na escola e sorriu ao ver que Marinette tinha chegado cedo, porém seu sorriso se desfez quando a viu conversando com Luka.

O loiro desceu do carro rapidamente e andou apressado até os dois.

— Bom dia. – sorriu largo, passando o braço sobre os ombros de Marinette, que ficou levemente surpresa com o ato. – Como vão?

— Estamos bem. – Luka sorriu também – E você?

— Estou ótimo! – a azulada permaneceu calada, não fazia ideia do que estava acontecendo.

Os três ficaram em um silêncio constrangedor, até Marinette pigarrear e sair dos braços de Adrien.

— Hã... Se me dão licença... Ainda preciso ajudar a Alya com uma coisa. – apontou para dentro da escola e saiu, depois que Adrien e Luka assentiram e sorriram.

Logo que Marinette sumiu de vista, os dois garotos suspiraram, em seguida trocaram olhares.

— Então...

— Você... Vai entrar? – Adrien apontou.

— Não, não. Agora não.

— Ah sim. – ficaram parados, olhando para o lado. Adrien planejava esperar Nino, no entanto não poderia ficar ali parado na frente de Luka, com cara de paisagem. – Então... Eu vou entrar. Até.

— Até.

Luka permaneceu na rua, enquanto o Agreste entrou na escola em passos rápidos. O loiro suspirou de alívio assim que passou pela porta.

Mais para frente viu Marinette e Alya.

— Tá bem, eu já vou entrar. Só vou tomar uma água.

— Certo. Não se atrasa, hein! – Alya fez uma careta e sua melhor amiga riu. Em seguida as duas foram para direções opostas e a azulada foi até o bebedouro. Adrien escolheu segui-la, é claro.

— Oi de novo. – Marinette estava bebendo água e levantou a cabeça assustada assim que Adrien se escorou na parede, encarando ela.

— Oi. – limpou o excesso de água dos lábios. – Precisa de alguma coisa? – Adrien lamentou não estar vestido como Chat Noir para responder “Sim, de você”. Pois sem a máscara, com certeza ficaria tão constrangido ao dizer, quanto Marinette ao ouvir. Mas tinha outra coisa que ele queria dizer e que não se sentiria tão constrangido.

— Na verdade, preciso que me responda uma coisa.

— O quê?

— O garoto que você me disse várias vezes que gostava... – começou – É o Luka? – Marinette arregalou os olhos, finalmente entendendo a atitude de Adrien na entrada. Ele estava com ciúmes.

Não o julgava, provavelmente agiria da mesma forma – ou melhor, já tinha agido há um tempo atrás, embora ele não soubesse.

A garota encarou Adrien que permanecia com os hipnotizantes olhos verdes bem atentos. Como diria assim para ele, que na verdade o garoto era ele mesmo? Não podia mentir, mas era difícil.

— Não é ele. – Adrien arregalou os olhos – O garoto que eu gosto... – o sinal tocou e os alunos começaram a entrar para a aula, exceto os dois. Adrien não ligava de se atrasar, muito menos Marinette. Então, assim que não havia ninguém no pátio, Marinette voltou seu olhar para o garoto em sua frente e respirou fundo, fechando os olhos. – É você, Adrien. Sempre foi você. – silêncio. A azulada abriu os olhos devagar, se deparando com um Adrien a encarando sem reação. – Nós precisamos... – ia sugerir que entrassem, no entanto foi interrompida por um beijo. Adrien a segurou pela cintura e puxou seu corpo contra o dele, que estava escorado na parede. – Vamos nos atrasar. – foi só o que conseguiu dizer assim que se separaram.

— Eu não me importo. – Adrien segurou o rosto dela e o trouxe para si novamente.

Marinette sentia que iria desmaiar há qualquer momento. Um dos seus maiores sonhos estava se tornando realidade. Não muito diferente de Adrien, que se sentiu obrigado a ignorar a vergonha e beijar a garota que ele amava ao ouvir que ela gostava dele também.

— Você não sabe o quanto eu esperei por isso. – ela admitiu, ainda próxima dele.

— Sei sim, my lady. – acariciou o queixo dela e aproximou seu rosto, dando um selinho rápido.

— Sabe que vamos levar a maior bronca da professora, né?

— Já disse que não me importo. – Adrien sorriu ladino, fazendo com que Marinette conseguisse enxergar exatamente Chat Noir em sua frente. Em seguida, o garoto entrelaçou sua mão na de Marinette e depositou um beijo nela. – Encontro hoje à noite? – ela assentiu animada.

O colégio estremeceu, fazendo Marinette cair por cima de Adrien de vez. Ela levantou escorando as mãos na parede, no entanto o colégio estremeceu novamente e o loiro se desequilibrou, indo por cima dela no chão. Os dois arregalaram os olhos e se afastaram sentados.

— O que foi isso? – Adrien foi o primeiro a levantar e estendeu a mão para sua amada, a auxiliando.

— Não sei, mas com certeza não é boa coisa. – o loiro disse batendo na sua roupa para limpar.

Os alunos saíram das salas de aula correndo, Alya obviamente com o celular na mão, e foram até o portão principal da escola. O zelador não quis abrir por segurança, contudo logo foram surpreendidos por Coruja Negra – que na verdade era o diretor Damocles akumatizado, um vilão que já haviam enfrentado antes – que pousou atrás deles.

— Não se assustem, alunos ingratos! Apenas instalei um mecanismo de gravidade na escola, logo, logo tudo irá pelos ares, literalmente! – começou a rir, deixando os alunos apavorados.

Adrien e Marinette trocaram olhares sérios e logo se esgueiraram para o banheiro mais próximo.

— Tikki, spots on!

— Plagg, claws out!

Nem se quer tiveram tempo para pensar sobre o momento romântico que tiveram antes. Saíram pela janela e notaram que haviam várias peças e máquinas ao redor da escola e que a construção estava começando a sair do chão.

— Precisamos impedir isso!

— Chamar a equipe? – Chat Noir questionou.

— Ainda não. Primeiro vamos tentar desabilitar o Albert, da última vez ele era o centro de tudo e o akuma estava nele.

— Pode ser que seja diferente dessa vez.

— Sim, eu sei. Mas vamos tentar. – ele assentiu.

— Qual é o plano, então?

— Entrar pela janela da sala dele. – os dois super-heróis se deslocaram até a sala do diretor pelo lado de fora. Chat Noir deu um chute na janela e a abriu, dando de cara com Albert, o mordomo/sistema operacional do Coruja Negra.

— Sejam bem-vindos Ladybug e Chat Noir.

— Adeus, Albert! – o loiro estendeu o bastão e bateu com tudo na tela do computador, no entanto nenhum akuma saiu de lá.

— Não podem me destruir, eu estou por todos os lugares! – Albert apareceu na tela da televisão que havia no escritório do diretor.

Antes que pudessem raciocinar, a porta foi aberta violentamente, revelando Coruja Negra.

— Acham mesmo que Hawk Moth cometeria o mesmo erro duas vezes? – o vilão apontou sua arma laser para os heróis e atirou. No entanto, Ladybug girou seu ioiô formando um escudo.

— Vai chamar a equipe e diz para eles tirarem todos da escola em segurança.

— Tá, mas e você?

— Eu vou ficar bem. – Chat Noir pareceu relutante – Vai! – assentiu por fim e saiu pela janela.

— O gatinho fugiu. Mas não importa, um Miraculous já é o suficiente por hoje! – Coruja Negra atirava em Ladybug mas a mesma desviava com seu ioiô. Cansado de não acertar, o diretor avançou, Marinette subiu na mesa rapidamente e saltou por cima dele, parando de frente para as suas costas.

O vilão virou e tentou acertá-la, mas ela desviou para o lado, aderindo os pés na prateleira de livros.

— O senhor era um super-herói tão legal, por que voltou a ser vilão?

— Isso não interessa à você! – avançou novamente e Marinette saltou para cima da mesa. Sr. Damocles ficou de costas para a porta e de frente para ela, então antes que avançasse novamente, a heroína flexionou os joelhos e saltou para cima dele com um chute forte, fazendo com que ele fosse jogado contra a porta e a quebrasse, caindo no corredor. – A minha porta! Você vai pagar por isso! Albert!

A janela atrás dela se fechou e a porta em sua frente também estava. Ladybug saltou rapidamente para fora, antes que ficasse trancada.

Coruja Negra aproveitou o momento de distração da heroína e assim que ela pisou no corredor, atirou uma corda com sua arma nela, a envolvendo e impedindo que se mexesse. Ladybug então, caiu no chão amarrada.

— Não é tão forte agora, não é mesmo? – o vilão riu, se aproximando da joaninha.

— Tomem cuidado! – Chat Noir alertou à equipe, vendo que o prédio cada vez mais subia lentamente para o céu.

Demorou para juntar os cinco, pois era difícil separá-los com uma desculpa convincente para que pudessem se transformar sem que ninguém visse.

A equipe saiu do vestiário, aonde estava reunida e foi ajudar os alunos e funcionários a saírem da escola, assim como Ladybug tinha pedido.

Adrien saiu depois de todos e viu que no topo da escada, Coruja Negra se aproximava de Marinette, que estava amarrada no chão. O garoto rapidamente ficou desesperado e correu na direção da sua amada. Sabendo que não chegaria à tempo, o felino jogou o seu bastão com precisão, acertando o vilão, que cambaleou para trás.

Coruja Negra esbravejou e rapidamente foi na direção de Marinette novamente. A garota usou seus pés para chutá-lo e impulsionar seu corpo para trás. Ela saiu rolando pela escada, mas antes que caísse de vez no chão, Chat Noir segurou o seu corpo.

— Oi de novo.

— Oi.

— Cataclysm! – Chat Noir estava prestes a cortar a corda com seu poder especial, quando o bastão metálico é lançado de volta em sua direção. A força do impacto fez com que ele caísse pelo resto da escada até o chão.

— Chat! – Marinette gritou amarrada, enquanto Coruja Negra ria.

— Você pode subir o quanto quiser, garoto. Mas a gravidade sempre vai te levar para baixo, onde é o seu lugar.