Adrien encarou Marinette, a garota estava totalmente imersa em pensamentos, encarando a vista do terraço do seu quarto. Ele desviou o olhar se sentindo um pouco intimidado, pois a garota era muito bonita.

O Agreste suspirou lembrando do motivo de estarem ali. Sabia como ela se sentia, estava praticamente do mesmo jeito. Mestre Fu infelizmente não poda ajudá-los e isso meio que trazia um certo pavor. Pois como o Guardião havia dito antes de saírem de lá, o futuro já estava escrito, cabia aos dois tentar mudá-lo.

— Eu estou com medo. – Marinette admitiu, fazendo Adrien olhar para ela. – Eu sei como derrotar um akuma. Por mais que seja complicado, eu sempre estou lá lutando e não me importo. Mas isso é diferente. Eu não sei como derrotar Hawk Moth. Como derrotar alguém que não pode ser encontrado?

— Se servir de consolo, também não faço ideia. – ela encarou o garoto loiro. – Também estou com medo, mas eu acredito na gente.

— O problema maior é que se nós dois do futuro não conseguimos derrotar ele, por que nós dois do passado conseguiríamos? Hawk Moth mesmo disse na nossa cara que éramos fracos, que não tínhamos preparo e que não conseguimos nem usar nossas habilidades sem ter um tempo até a transformação ser desfeita. – Marinette sentia que choraria há qualquer momento. Seus olhos estavam ardendo, com lágrimas prestes a sair.

— Ei, calma! – Adrien se aproximou e segurou o rosto da amada com as duas mãos, fazendo com que ela olhasse para ele – Eu sei disso, eu entendo o que está querendo dizer. Mas nós precisamos fazer isso, precisamos acreditar em nós mesmos, ok? Somos uma dupla, só vamos conseguir juntos. Tá bem? – a garota assentiu de leve, colocando suas mãos sobre as de Adrien.

Os dois ficaram se encarando, perdidos no olhar um do outro. Uma sensação esquisita tomou conta de seus corpos, algo novo e diferente. Nunca tiveram tão próximos sem as máscaras – não só fisicamente, emocionalmente também.

Eles sentiam que conheciam um ao outro como nunca antes. Tantas coisas que passaram juntos, tantas batalhas, tantos akumas derrotados. E ainda por cima se amavam.

E foi com o pensamento de que tinham seu amor correspondido, que se afastaram com as bochechas vermelhas, constrangidos ao lembrar do fato.

— Precisamos contatar a equipe e deixá-los à par da situação. – Marinette tomou a frente, não dando chance para falarem sobre a aproximação.

— Vamos contar nossas identidades?

— Acho que ainda não. No entanto, eles precisam no mínimo saber o que está acontecendo. Temos que dar o poder de escolha de lutar essa guerra ou não a eles.

Marinette entrou para dentro do seu quarto, seguida de Adrien. Os dois passaram pela cama dela com cuidado, para não acordar Tikki e Plagg, que dormiam graciosamente um do lado do outro sobre a almofada dela.

— Se Hawk Moth está planejando algo, precisamos planejar algo também. – olhou para Adrien com a famosa expressão que Ladybug fazia quando estava pensando em um plano para derrotar um akumatizado. Isso fez com que o loiro sorrisse involuntariamente.

— Á curto prazo o que podemos fazer é treinar a equipe. – sugeriu, enquanto Marinette puxava um banner que estava enrolado no teto.

A garota agradeceu mentalmente os conselhos de Tikki de tirar do banner o esquema com os horários de Adrien. A kwami convenceu Marinette a não ficar dependendo dele e deixar as coisas fluírem naturalmente, e felizmente ela tinha escutado.

Adrien se posicionou ao lado dela, encarando o banner enquanto Marinette escrevia sua sugestão no post-it e colava nele.

— O que mais?

— Não é à curto prazo, mas a prioridade máxima é descobrir a identidade de Hawk Moth. – Marinette anotou e colou – Não podemos correr o risco que as nossas identidades sejam reveladas. Em hipótese alguma isso pode acontecer, se não ele vai ter uma vantagem enorme sobre nós.

— Ou seja, nada de contar para a equipe.

— Ao menos por enquanto vai ter que ser assim.

— Precisamos tomar mais cuidado quando formos nos transformar ou desfazer as transformações.

— Sim, claro.

— Ah e seria uma boa se nós... Andássemos mais juntos, sabe... – Adrien começou, apoiando a mão na nuca. Aquilo claramente era uma vontade dele, mas também sugeriu por achar que seria útil.

— A-Aham.

— Se você quiser, é claro.

— Eu quero! – respondeu rápido, em seguida pigarreou – Eu quero. – Adrien sorriu – Precisamos prestar atenção nas batalhas, qualquer pista que o akumatizado der sobre Hawk Moth pode ajudar.

— Afinal, o que sabemos dele até hoje?

— Que ele tem um Miraculous e uma aliada.

— Mayura.

— Exatamente. E ela também tem um Miraculous, o do pavão.

— Podíamos perguntar para o Mestre como os dois Miraculous se perderam, assim poderíamos ter uma pista de como e quem os encontrou.

— Já perguntei. Ele disse que os Miraculous se perderam durante a queda da Ordem dos Guardiões e ele só deu falta deles depois que tinha partido com os outros. – Adrien mordeu o lábio inferior, pensativo.

— Então não podemos contar com isso. – ficaram em silêncio – Você acha uma boa ideia deixar os Miraculous com a equipe? Quero dizer, antes eu achava porque eles realmente merecem. Mas agora eu fico meio receoso com isso.

— É exatamente por isso que vamos treiná-los. Será arriscado no início, mas vamos precisar de ajuda e será muito mais fácil com eles mais experientes.

— Como sempre, tem razão. – sorriram um para o outro – Mais alguma coisa que podemos anotar aqui?

— Infelizmente até agora só temos isso. – o celular de Adrien tocou, com uma mensagem informando que seu motorista viria o buscar daqui a pouco.

— Acho que eu preciso ir.

— Tudo bem. Eu te levo até a porta.

— Plagg, vamos! – o kwami negro acordou atordoado, seguido de Tikki.

— Ah, mas já?

— Já? – Adrien riu – Estamos aqui há algumas horas mas você nem notou porque dormiu o tempo inteiro.

— Que seja! – deu de ombros – Tchau Marinette, tchau cubo de açúcar! – a azulada acenou, enquanto Tikki fazia uma careta.

Marinette conduziu Adrien até a porta da sua casa, pois se fosse pela padaria, seus pais certamente encheriam o garoto de perguntas constrangedoras.

— Obrigado pela companhia.

— Eu é que agradeço. – sorriram um para o outro e ficaram parados.

O contato visual foi interrompido pela buzina do carro de Adrien.

— A-Ah, seu motorista chegou.

— É... – Adrien olhou de relance e depois voltou sua atenção para Marinette, se aproximando dela e depositando um beijo na bochecha – Até amanhã, Bugaboo. – sussurrou no ouvido dela e saiu.

— Até ama... Nhãma... Amanã... – suspirou – Amanhã. – disse baixo, por mais que ele não pudesse ouvir.

— Eu acho que estou tendo um déjà-vu. – Tikki disse risonha e Marinette entrou para dentro de casa.

— É, eu também.

***

Marinette estava sentada de dupla com Adrien na aula de química – provavelmente recebendo olhares furiosos de Lila – pois a professora tinha inventado de fazer duplas mistas, meninos e meninas.

Chloé estava sentada com Kim, e quando notou que Marinette tinha feito dupla com Adrien, logo olhou para trás, vendo Lila a fuzilar com os olhos. A loira virou para frente com um sorrisinho, não gostava nem um pouco da italiana mentirosa.

— Você quer dividir as partes ou fazemos juntos? – o loiro questionou.

— Podemos fazer juntos.

— Antes de começarmos, como você está? – disse baixo, se certificando que ninguém prestava atenção neles – Sabe, sobre essa situação. Eu fiquei pensando sobre isso durante uma boa parte da noite de novo e imagino que não deve ter sido muito diferente com você.

— É, eu pensei. Mas depois da nossa conversa eu fiquei mais tranquila. – sorriu.

— Que bom! – retribuiu o sorriso e novamente ficaram com os olhares presos um ao outro.

— As questões. – Marinette lembrou e Adrien se afastou.

— É, as questões.

***

Marinette tinha acabado de chegar em casa depois da escola e guardado suas coisas. Estava prestes a puxar o seu banner e estudar possibilidades e planos, quando foi interrompida por uma explosão.

— Akuma! – disse olhando pela janela e vendo uma figura tentar destruir a escola. A garota não pensou duas vezes em ligar para Adrien.

— Oi. O que devo a honra dessa ligação?

— Oi, tem um akuma destruindo a escola. Eu vou segurar ele, enquanto você poderia recrutar a equipe. O que acha?

— Ótimo momento para treiná-los! Nos vemos daqui a pouco, Bugaboo. – Marinette corou com o apelido e deu graças a Deus que era apenas uma chamada de voz.

— Até. – desligou e encarou Tikki com um olhar determinado. – Vamos lá! Tikki, spots on!

Já transformada, Ladybug saiu pelo terraço, cuidando para não ser vista pelo akumatizado. Que não era ninguém menos do que Darkblade. De novo.

— Vocês todos irão curvar-se diante de mim! – Armand, o instrutor de esgrima de Adrien, dizia enquanto mandava seus cavaleiros invadirem a escola.

Ladybug notou que alguns deles subiam pela sua casa e pelas casas ao redor para se lançarem por cima da parede da escola, então começou a bater neles para que caíssem. A joaninha girava seu ioiô, acertando alguns e os derrubando.

— Ladybug? – Darkblade notou a heroína. – Atrás dela! – ordenou a grande parte da sua tropa, fazendo a heroína fugir. – Primeiro vamos pegar esse Miraculous ridículo, depois eu irei ter todo o tempo do mundo para me vingar! – a borboleta lilás surgiu na frente do rosto de Armand.

— Muito bom ouvir isso, Darkblade. Muito bom. – Hawk Moth elogiou, comemorando por pelo menos um dos seus akumatizados não ser um completo idiota.

— Anda logo, Chat Noir! – Ladybug murmurou depois de ter corrido durante um bom tempo pelas ruas de Paris. A garota virou a esquina e parou, achando que tinha despistado o exército. Mas para sua tristeza, os cavaleiros surgiram, vindo em sua direção.

Repentinamente eles pararam e Ladybug ficou sem entender. Logo depois olhou para trás e viu Chat Noir parado, acompanhado de Rena Rouge, Carapace, Queen Bee, Bunnix e Viperion.

— Já achei que não viria mais. – Marinette ironizou, parando do lado dele.

— E por acaso você acha que eu perderia uma batalha dessas?