Max havia contatado Alya sobre o ter conseguido acessar o celular de Lila. Em menos de cinco minutos, a morena ligou para Marinette e avisou.

Era tarde da noite, no entanto Ladybug saltava pelos prédios com certa euforia e assim que avistou o prédio de Max, começou a tremer de nervosismo.

Respirou fundo, não podia passar essa impressão. Ela era a heroína de Paris, precisava ser durona.

Conseguindo colocar os pensamentos no lugar, Ladybug adentrou o quarto do seu colega.

— Olá, Ladybug.

— Oi. Alya me disse que conseguiu o que eu precisava. Foi muito difícil? – começou puxando assunto, não queria parecer uma desesperada e interesseira.

— Pra falar a verdade, menos do que eu achei que seria. Hoje mais cedo houve um ataque de akuma, como você deve saber e a tal de Miraculer foi atrás da Lila na sala de aula. Ela não pensou duas vezes em fugir, porém deixou seu telefone na sala, então eu aproveitei e conectei meu notebook. Markov fez o resto. – o pequeno robô assentiu e Ladybug acenou.

— Ótimo.

— Aqui está o histórico de ligações próximas a data que me pediu. – entregou um envelope para a heroína. – Eu me privei de olhar, pois é um assunto delicado.

— Nossa, isso é muito legal da sua parte! – sorriram – Como posso te agradecer?

— Não precisa me agradecer, isso é por Paris. E se precisar de mim novamente, sabe aonde me encontrar.

— Muito obrigada, Max. Se eu estiver certa, você está realmente ajudando Paris. Está sendo um herói tanto quanto eu.

— Fico feliz em saber disso.

Ladybug acenou com a cabeça e saiu. Se locomoveu por alguns prédios e parou em uma rua não muito movimentada.

Com as mãos trêmulas abriu o envelope e pegou o papel com o histórico de chamadas. Foi descendo o olhar no papel até a data e o horário que Chloé havia dito e assim que encontrou, olhou para o lado e arregalou os olhos.

Marinette não podia acreditar no que estava vendo.

Olhou nos dias anteriores e o mesmo contato se repetia. Isso não podia ser coincidência. Muito menos depois da sua nova suspeita pela manhã.

Lila havia falado com ninguém menos do que Gabriel Agreste.

***

— Aqui está seu cronograma da semana. – Nathalie entregou o tablet – E o seu pai me mandou aqui para dizer para você ir dormir, já está tarde. – Adrien revirou os olhos – Boa noite.

— Ei, Nathalie! – a mulher virou novamente na direção do loiro.

— O que foi?

— Você está mesmo bem? Meu pai disse que você quer trabalhar, mas se quiser ficar descansando, não tem problema nenhum. – sorriu amigável.

— Eu estou bem, não precisa se preocupar, senhor Adrien.

— Tem certeza?

— É claro, e a propósito, seu pai precisa de mim. Mais alguma coisa?

— Não, seria isso. Boa noite, Nathalie.

— Boa noite. – dito isso virou as costas e saiu do quarto.

— Eu não entendo, se sua assistente está dizendo que está bem, porque você fica insistindo que ela descanse? – Plagg questionou e Adrien suspirou.

— É que ela caiu da escada, Plagg. Não foi um simples tombo. E aliás, sei como é a sensação de não querer decepcionar o meu pai. Talvez ela sinta isso com empregada dele.

— Ah, entendi.

— Mas se ela diz que está bem, ok. – deu de ombros e foi direto para sua cama dormir, tinha sido um dia cheio.

***

Marinette olhava para o horizonte com os olhos marejados, mesmo depois de já ter chorado horrores.

Aquilo não podia ser real, era um completo desastre. Torcia para que fosse uma brincadeira de mal gosto, até mesmo um pesadelo e que acordaria há qualquer momento.

— De todas as pessoas, porque justo o pai dele? – murmurou baixinho, segurando os joelhos contra o peito.

Desde que foi visitada pela sua versão do futuro, imaginou que seria uma enorme vantagem saber a identidade do homem que estava por trás da máscara de Hawk Moth. No entanto, agora que tinha evidências de quem poderia ser, parecia que não tinha ido há lugar nenhum.  

Não podia imaginar a dor que Adrien sentiria, não podia se imaginar lutando com o pai dele. Não, não poderia fazer isso.

— Eu ouvi um choro e imaginei que fosse um de nós, afinal, são poucas as pessoas que poderiam chegar aqui. – Viperion sentou ao seu lado, fazendo com que a heroína se surpreendesse e começasse a limpar as lágrimas.

— A-Ah eu estava... Eu só... – Luka segurou as mãos dela e deu um sorriso carinhoso.

— Tudo bem, é bom chorar as vezes. E não precisa me contar nada, só respire fundo e se acalme. Estarei do seu lado. – Ladybug sorriu de leve e assentiu. Em seguida olhou para frente e respirou fundo.

O silêncio entre eles não era nenhum pouco constrangedor, pelo contrário, era reconfortante.

Luka era uma boa pessoa, um bom amigo. Lembrou que quase desistiu de Adrien por ele, e por mais que agora parecesse loucura, na época nem tanto. Continuava achando ele incrível e alguém com quem não gostaria de perder o contato.

— Eu descobri algo que pode magoar uma pessoa que eu amo. – disse, agora mais calma. Por mais que Luka fosse um dos portadores e merecesse saber a identidade de Hawk Moth, Marinette não podia fazer isso agora. Antes de tudo precisava pensar e conversar com Adrien, somente depois tomar uma atitude. Porém não fazia mal desabafar um pouco. – E é inevitável contar, porque uma hora ele vai saber. Eu só... Queria que não fosse verdade.

— É uma situação complicada. Sempre que é algo que foge do nosso alcance, ficamos em pânico porque queremos resolver mas simplesmente não podemos. – Marinette o encarou, atenta – Na verdade, isso é muito normal. Não podemos resolver tudo, mas podemos confiar. Confiar em nós mesmos e nas pessoas à nossa volta. Claro que isso não é garantia de que tudo vai dar certo no final, mas você sabe que fez o que pode.

Ladybug permaneceu encarando o herói, eram palavras muito sábias e parecidas com as de Mestre Fu.

— Suas palavras... Foram de grande ajuda. – sorriu. – Obrigada.

— É o mínimo que eu posso fazer pela heroína de Paris.

— Você também é um agora. – bateu seu ombro levemente no do garoto de cabelos azuis.

— Bem, graças à você novamente. Então, acho que sou quem tem que agradecer. Obrigado, Ladybug.

— Não há de quê, Viperion. Mas eu não confiei o Miraculous à você aleatoriamente, você o mereceu. – Luka se surpreendeu com a fala, por mais que imaginasse isso, ouvir de Ladybug era muito mais emocionante – É muito bom saber que tenho você como aliado.

— Posso não saber quem é a garota por trás da máscara, mas tenho certeza que posso dizer o mesmo. – sorriram e logo Ladybug ficou de pé. Viperion fez o mesmo.

— Já está ficando tarde, preciso ir. – suspirou – Muito obrigada pela conversa, eu estava precisando.

— Não há de quê, Ladybug. – piscou – Boa noite.

Marinette acenou e atirou seu ioiô em um prédio qualquer, indo para a sua casa. Tinha muito o que digerir e principalmente, anotar no banner.

***

Hoje a manhã tinha sido corrida. Adrien mal pode falar com Marinette durante a aula e na hora do intervalo, ela havia sumido com Alya para terminar um trabalho de história que ele e Nino já haviam feito.

Para ajudar, o garoto tinha uma sessão de fotos durante a tarde toda e acabou não conseguindo falar com sua lady.

Já era nove horas da noite e seu pai finalmente tinha o deixado em paz, então resolveu fazer uma visita surpresa para Marinette.

— Plagg, claws out! – se transformou e saiu pela sua janela, indo para a casa de sua amada.

Chegando lá, olhou pela janela e notou que ela não estava no quarto. Provavelmente estava no andar de baixo e logo voltaria, então tomou a liberdade e entrou pela janela, que estava abera.

Chat Noir olhou ao redor e notou que o quarto continuava uma bagunça. Não que estivesse julgando, no entanto, estranhou o fato de ela ainda não ter arrumado.

— Plagg, claws in! – desfez a transformação e estendeu um pedaço de camembert para o kwami, que não hesitou em pegar. – Que estranho, a casa está silenciosa. – deu de ombros e sentou na cama dela.

— Adrien, acho que a Marinette não está em casa. – Plagg veio em sua frente.

— O quê? Por que acha isso?

— Não consigo encontrar a Tikki em lugar nenhum. Ela deve ter saído. – o loiro colocou a mão sob o queixo, pensativo.

— Mas aonde ela iria? – o kwami negro deu de ombros e então Adrien pegou o seu telefone e ligou para Marinette. – Caixa postal. – disse sério. Tentou de novo e nada. – Ok, eu não estou gostando disso. – foi até o banheiro que havia no quarto dela e abriu a porta, apenas para ter certeza de que ela não estava ali – Vamos sair e ver se a encontramos.

— Tá bem.

— Plagg, claws out! – se transformou em Chat Noir novamente e foi na direção da janela, no entanto, parou pois bateu a cabeça em algo. Era o banner de Marinette sobre as informações descobertas por eles. – Ah, nem lembrava mais dessa coisa! – puxou o mesmo para baixo, afim de relembrar o que já tinha. No entanto seu olhos notaram que haviam informações novas.

Adrien começou a ler e paralisou assim que enxergou o nome de Nathalie.

— Marinette acha que ela é a Mayura? Isso nem faz sentido, não pode... – parou, lendo as provas da teoria. – Não, não. – balançou a cabeça, não acreditando. Em seguida leu o resto e quando viu o nome do seu pai, engoliu em seco. – Gabriel Agreste é Hawk Moth... O quê? Ok, agora ela viajou demais, ele não pode ser o Hawk Moth! Pff! — cruzou os braços desviando o olhar. Porém a curiosidade falou mais alto – O que a Lila quer com o meu pai? Porque ligou tanto pra ele? – indagou olhando para o histórico de ligações que estava colado ali. – Isso tudo é...

— Adrien? – Ladybug entrou pela janela, fazendo com que Chat Noir se virasse assustado. – O que você está fazendo aqui? – questionou com os olhos arregalados, se aproximando dele.

— Marinette, o que é tudo isso? – apontou para o banner e recuou, fazendo com que ela parasse e desviasse o olhar.

— Pela sua cara, você já deve ter visto do que se trata. – Adrien riu de maneira nervosa.

— Isso aqui tudo não é verdade, né? Isso... É uma brincadeira? Me diz que é uma brincadeira! – a azulada olhou na direção do loiro com os olhos marejados, o que fez o coração dele se partir.

— Sinto muito, Adrien.