Nino escorou as mãos nos joelhos, enquanto Alya ria em sua frente.

— Já cansou? Daqui a pouco vai começar a chover e não corremos nem dois quilômetros. – o garoto apenas revirou os olhos e sentou sob a sombra da árvore mais próxima, logo sendo acompanhado pela sua namorada – Aconteceu alguma coisa? – Wayzz e Trixx surgiram discretamente, atentos aos dois.

— Eu só estou com a cabeça cheia. – admitiu.

— Quer parar por hoje? Continuamos amanhã sem problema.

— Não, não é isso. É que eu fico pensando, no que vai acontecer. – Alya encarava o namorado com total atenção – A Ladybug fez mais do que certo em nos avisar, mas isso ficou na minha cabeça. É loucura imaginar que eles podem ser derrotados, sabe? Nós tudo bem, mas eles... Você não pensa nisso? – os kwamis trocaram olhares.

— Penso, é claro. – suspirou – Mas eu confio na Ladybug e no Chat Noir. Além do mais, eu confio na gente.

— Eu também, mas eu fico com medo mesmo assim. – o garoto encarou Alya com intensidade – Eu não sei o que faria se algo acontecesse com quem eu amo, principalmente se algo acontecesse com você, lá lutando. Farei o que foi para te proteger, mas se não for suficiente? – a morena fez uma expressão de surpresa. Sabia dos sentimentos de Nino por ela, porém ele não era de dizer assim, tão sério. – Simplesmente não suporto imaginar. – desviou o olhar e ela sorriu. Alya segurou o rosto do namorado, o fazendo olhar para ela novamente.

— Nada vai acontecer comigo. Nós dois somos uma dupla tão boa quanto Ladybug e Chat Noir. Todos nós e os demais, juntos, vamos vencer. Eu sei que vamos. Pelo menos dessa vez. – Nino sorriu também.

— Eu te amo, Alya.

— Também amo você.

Wayzz e Trixx sorriram involuntariamente com a cena, era inegável que seus portadores faziam um belo casal.

***

— Quem é o homem mais bonito do mundo? – Chat Noir apareceu de repente na janela de Marinette. A garota estava prestes a fechá-la pois estava começando a chover e acabou caindo para trás com o susto. – Meu Deus! Desculpa, my lady! – o herói rapidamente entrou e ajudou a garota a levantar.

— Gato idiota! – Marinette murmurou, fazendo Adrien rir.

— Ainda não respondeu à minha pergunta. Quem é o homem mais bonito do mundo? – aproximou o rosto do dela, dando um sorriso ladino. Marinette fez o mesmo, aproximando-se mais ainda, o que deixou Chat Noir desconcertado, pois não esperava por isso.

— Você. – em seguida depositou um beijo rápido nos lábios dele e finalmente foi fechar a janela – Vai ficar aí parado? – riu e Adrien balançou a cabeça.

— É que normalmente o papel de ousado da relação é meu, sabe... – a garota riu novamente.

— Por que veio agora? Está começando a chover.

— Eu queria te ver, estou com saudades! – a segurou pela cintura, usando um tom de voz mais sereno.

— Nos vimos ontem.

— Não estraga o momento fofo! – repreendeu, fazendo Marinette rir. Adrien parou para admirar a beleza da azulada, era completamente única. – Você é a garota mais bonita do mundo, sabia? – parou de rir e corou com o elogio, desviando o olhar.

— V-Você também.

— Também sou a garota mais bonita do mundo? – Marinette balançou a cabeça em negação e empurrou Chat Noir de leve, o afastando. – Ei! Foi só uma pergunta. – disse risonho. Em seguida o garoto olhou ao redor e notou que o quarto da garota estava uma completa bagunça, bem diferente de como normalmente é – Outra pergunta, por que parece que um furacão passou pelo seu quarto? – ela encolheu os ombros e desviou o olhar.

— Nada demais. Estava trocando algumas coisas de lugar, apenas. – pela expressão dela, Adrien imaginou que não era isso. Porém decidiu deixar pra lá.

— Plagg, claws in! – desfez sua transformação e foi logo colocando um pedaço de queijo na boca do kwami, antes que ele falasse algo. – Ah, amo o som da chuva! – disse, pois agora a chuva tinha ficado um pouco mais forte, sendo possível ouvi-la. – Pra falar a verdade eu amo a chuva! – sorriu, fazendo Marinette sentir-se confortável. O sorriso de Adrien podia iluminar até o dia chuvoso.

— Acho que graças à ela eu me apaixonei por você. – admitiu um pouco constrangida, recebendo um olhar atento do garoto em sua frente – Aquele dia do mal-entendido com a Chloé, quando eu achei que você tinha colado o chiclete na minha cadeira. Lembra que você me encontrou na saída e pediu desculpas, mesmo não sendo sua culpa? – assentiu – Aquele dia... Quando você estendeu o guarda-chuva depois de dizer aquelas coisas, eu olhei nos seus olhos e senti o mundo parar. Eu não sei explicar, foi mágico. – não sabia porque estava dizendo isso a ele, no entanto sentia seu coração mais leve ao ter feito.

— Engraçado, porque foi no mesmo dia que eu me apaixonei por você. – Marinette arregalou os olhos levemente. – Depois do seu discurso na Torre Eiffel, eu olhei para você, trazendo tanta esperança. Meu coração bateu mais rápido e eu fiquei admirado. Quando salvou a Mylene e o Ivan, eu tive certeza que aquilo que eu senti era muito mais do que admiração. – a garota corou mais ainda.

— Já faz um tempo...

— É. – concordou e se aproximou – Mas agora estamos juntos. – sorriu, contagiando Marinette.

Adrien segurou a azulada pela cintura e juntou seus lábios com os dela. Marinette então colocou suas mãos por cima dos ombros do garoto e eles só se separaram quando seus corpos pediam por ar.

— Quer um pouco de torta? Eu que fiz. – o loiro riu pela mudança repentina de assunto.

— É claro.

— Certo, já volto. – ela saiu do quarto, deixando Adrien sozinho. O garoto então suspirou e deitou na cama dela. – Cheguei. Trouxe para você também, Plagg. – entregou um prato para Plagg e Tikki dividirem.

— Obrigado. – o kwami agradeceu com os olhos brilhando.

— Não há de quê. E aqui está o seu, gatinho.

— Meaw! – Marinette socou levemente o ombro dele e sentou ao seu lado – Está incrível, Bugaboo!

— Vou relevar o apelido só porque elogiou a minha torta. – não demorou muito e Adrien havia acabado de comer. Depois de fazer isso, o garoto colocou o prato sobre a mesa de cabeceira e envolveu Marinette com os seus braços.

— Eu poderia ficar aqui o dia todo. – fechou os olhos, sentindo paz. O loiro estava escorado no travesseiro dela, com as pernas esticadas, enquanto abraçava a garota de lado. – Não só o dia, a vida toda.

— Como você é exagerado!

— Ah é? – arqueou a sobrancelha – Então você não ficaria aqui comigo?

— Eu não disse isso, bobão! – Adrien sorriu e se ajeitou melhor na cama, virando e puxando Marinette para perto de si – O que está fazendo?

— Com esse clima chuvoso, tem algo melhor do que dormir de conchinha? – a garota sorriu, corando de leve. – Nunca estive tão próximo de alguém assim.

— Nem eu.

— Muito bom, não é? – Marinette sentia a respiração de Adrien bater no seu pescoço, a deixando arrepiada. Não podia acreditar que estava em uma situação tão boa com o garoto que ama.

— É. – disse simples.

Marinette saiu dos braços de Adrien rapidamente e puxou o cobertor para cima deles. Em seguida se aconchegou novamente, mas dessa vez deitando de frente para ele.

— No meio desse caos que estamos vivendo, é bom saber que ainda sobra um tempo pra gente. – o loiro sorriu, fazendo o coração de Marinette bater mais rápido.

— Você não sente que deveríamos fazer mais?

— Como assim?

— Sobre a guerra. – desviou o olhar – Eu sinto que minhas mãos estão atadas e por mais que eu tente, eu não consigo desamarrá-las. Só que parece que eu não me esforcei o suficiente e...

— Ei! – Adrien interrompeu, segurando seu rosto e a fazendo olhar para ele. – Estamos fazendo o que podemos. Sabe, já temos uma enorme vantagem sabendo o que acontece e estaremos preparados para tudo. A equipe vai ser de grande ajuda, é claro, mas eu e você... Eu e você somos incríveis e quando estamos juntos, tudo é possível! – disse com os olhos brilhando, o que contribuiu para Marinette se sensibilizar com as palavras dele.

A azulada segurou a mão de Adrien e entrelaçou os seus dedos nos dele.

— Então eu lutarei qualquer guerra, desde que seja ao seu lado. – foi a vez dele sorrir, sentindo uma sensação incrível invadir o seu peito.

— Eu também, Bugaboo. Eu também.

E assim, não muito tempo depois, os dois adormeceram.

Tikki e Plagg observaram o casal e trocaram um sorriso.

— Quando o Mestre disse que eles tinham sido feitos um para o outro, imaginei que ele falava das personalidades, ou sei lá. – disse o kwami negro, fazendo a outra dar um risadinha travessa.

— Não. Na verdade ele falava de amor verdadeiro.

— É, vendo eles assim, dá pra ver. O Mestre estava mais do que correto.

***

— Nathalie, enviou os papéis dos direitos autorais para o setor administrativo? – Gabriel estava sentado à sua mesa. Trabalhando incansavelmente na sua nova coleção.

— Sim, senhor. – a mulher disse, verificando o tablet – Também recebi os contratos das modelos. Estavam todos de acordo com o esperado, então os aprovei. Como o senhor pediu.

— Excelente. – interrompeu sua anotação e encarou a mulher – Como está Duusu?

— Bem, na medida do possível.

— Acha que Mayura pode fazer algumas aparições inesperadas?

— Sim. – respondeu determinada.

— Então pode voltar ao trabalho, preciso resolver essa papelada de uma vez e acredito que você também esteja ocupada. – apontou para a porta e deu um sorriso – Se quiser, pode encerrar suas atividades mais cedo hoje. Pois amanhã, será um longo dia.