Futago: Part I escrita por Gabs


Capítulo 4
Uma Aventura Rank-C: Sunagakure!


Notas iniciais do capítulo

"Ouvi dizer que dois irmãos sobreviveram ao massacre do Clã Uchiha"



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Após passar duas semanas arrancando ervas daninhas de jardins, ajudando senhoras com as compras, resgatando animais de estimação presos em lugares impossíveis e cuidado de bebês, Emi Uchiha não estava mais aguentando. Ela não conseguia entender o motivo de todas aquelas missões bobas e extremamente fáceis, pois em sua cabeça, elas não acrescentavam em nada e ainda por cima, não lhe dava a chance de avançar em alguma de suas habilidades, apenas testavam sua paciência.

E agora, a Equipe 5 se encontrava nos corredores da Academia, caminhando em direção ao escritório do Hokage para lhe entregar mais uma missão Rank-D, a qual, fora novamente, acompanhar uma senhora importante de Konoha às compras.

— Vamos lá, animação! – Hana disse, com um enorme sorriso nos lábios – Nossa equipe está indo muito bem, nós estamos deixando os nossos clientes felizes.

— Fala sério, Hana-sensei! – Ken Nakada disse alto, enquanto erguia seus braços de forma extremamente exagerada e teatral – Se eu tiver que carregar as sacolas de uma senhora ou cuidar de um bebê de novo, eu vou surtar!

Por mais que não gostasse de concordar com o menino, Emi afirmou com a cabeça, enquanto suspirava, um tanto quanto aliviada por não ser apenas ela a se sentir daquela forma.

— Só espero que tenha uma missão melhor para nós... – Kiyone murmurou

Ao entrarem no escritório do Hokage, encontraram a Equipe 7 saindo, junto com um homem velho segurando uma garrafa de bebida. Ao passar por seu irmão, Emi lhe deu um pequeno sorriso de olá e despedida, um tanto quanto triste, pois os dois não estavam mais passando tanto tempo juntos como era antigamente.

— Ah, Equipe 5 da Hana, vocês já voltaram? – O Hokage perguntou, quando os viu adentrar em sua sala – Esperem um momento, já irei atribuir uma nova missão a vocês. – E então, pegou um dos vários papeis de cima de sua mesa e o elevou a altura dos seus olhos – Temos várias tarefas disponíveis. Hm, cuidar do bebê de três anos do Conselheiro Chefe e ajudar sua esposa nas compras. Semear batatas...

— Senhor Hokage... – Hana disse, com um pequeno sorriso nos lábios – Eu estava pensando se o senhor pudesse considerar meu pedido de hoje cedo.

— Ah, senhorita Shimura... – O Hokage disse, pensativo, enquanto olhava para os vários papeis em sua mesa bagunçada – Tudo bem, deixe-me ver... – Ele colocou o charuto entre seus lábios – Eu lhes darei uma missão nível C. Vocês serão guarda-costas em uma viagem até o País do Vento.

No mesmo instante, Emi Uchiha abriu um singelo sorriso. Aquela era sem dúvidas uma missão de verdade, ela finalmente colocaria em prática todo o seu treinamento.

— Sério? – Ken perguntou alto, surpreso – Guarda-costas de quem? Um nobre lorde?

— Acalme-se, senhor Nakada. Não seja impaciente. – O Hokage lhe disse, com um sorriso um tanto quanto suspeito nos lábios – Eu vou apresentá-los a eles. Tragam os nossos visitantes.

Emi seguiu os movimentos dos outros ao seu redor e se virou em direção a porta, apenas para ver uma mulher alta, com roupas chamativas abrir a porta, sendo seguida de perto por um garoto mais velho do que os Genin, igualmente bem vestido.

— É isso? – A mulher perguntou, esnobe, enquanto olhava atentamente em direção aos Genin – São crianças. Como supostamente vão nos proteger? Meu marido é amigo pessoal do Clã Kazekage, não acho que essas crianças possam nos proteger.

Emi Uchiha respirou fundo, franzindo os lábios. Ela sabia que aquela mulher poderia vir a ser um problema no futuro, mas não tinha muito o que fazer em relação a isso, pois a missão já havia sido atribuída. Mesmo que parecesse que apenas para tirá-los o mais rápido possível da frente do Hokage. Era verdade que, suas últimas missões haviam sido extremamente fáceis e entediantes, tão fáceis que levava seu time a fazer mais de uma visita por dia para o Hokage.

A Uchiha estava começando a achar que o Terceiro Hokage não estava mais aguentando vê-los frequentemente à sua frente e que talvez fora por isso que atribuiu uma missão que os levaria para fora da Vila.  

[...]

Enquanto ajeitava a mochila negra em suas costas, de forma com que não atrapalhasse em nada sua possível movimentação com seus dois tantōs, Emi apressou seus passos para caminhar ao lado de sua sensei e de sua cliente, para atravessarem juntas o portão principal de Konohagakure.

Perto de onde estavam, se encontrava Kiyone Sekiei, mexendo incansavelmente em sua bolsa, como se estivesse tentando ter certeza de que não esquecera nada antes da viagem. Um pouco à sua frente, estava Ken Nakada, caminhando ao lado do filho de Hideaki Maeda, a mulher que havia solicitado a proteção para voltar em segurança para sua casa, após uma breve passagem de tempo em Konohagakure com seu filho, Raiden.  

— Não se preocupe, senhora Maeda, sou uma Jōnin. – Hana disse a ela, após atravessarem – A senhora e seu filho estarão seguros.

— Espero que sim. – A mulher comentou, baixo – Ou não receberão o pagamento.

— Você deveria ser mais agradável com aqueles que estão lhe protegendo. – Emi comentou, levemente irritada com a atitude da mulher – Ou poderão haver erros...

— Essa garotinha... – Hana Shimura riu, nervosa, enquanto empurrava a Uchiha para caminhar mais à frente delas – É realmente uma figura.  

Emi Uchiha deixou-se ser empurrada e acelerou o passo, pois não estava mesmo querendo ficar perto daquela mulher que só fazia reclamações.

Aquela missão tinha tudo para ser estressante.

[...]

A Uchiha percebeu os olhares zombadores que Ken Nakada estava lhe dando, mas ainda assim, conseguiu se concentrar em apenas massagear o topo da sua cabeça, onde Hana Shimura havia lhe acertado em cheio, logo após seu tedioso e interminável discurso de como ser gentil como os atuais e futuros clientes.

— Então, – Kiyone Sekiei murmurou, após olhar durante alguns segundos na direção da mulher – Senhora Maeda?   

— O que foi? – A mulher perguntou, segundos depois

— A senhora é do País do Vento, certo? – Kiyone lhe perguntou

— Sim, sou.

— Me pergunto como que é lá...

— Quente. – Raiden respondeu, por sua mãe – Bem quente.

— Como são os ninjas do País do Vento? – Ken perguntou, logo em seguida

— Não se preocupem com isso. – Hana comentou, com um sorriso amigável nos lábios – Não há nenhuma batalha ninja em missões Rank-C.

— Ah... – Emi murmurou, franzindo as sobrancelhas – Então, nós não entraremos em combate com ninjas forasteiros?

— Por que ela parece chateada? – A voz de Raiden soou, baixa

— Não, Emi. – Hana negou, segurando o riso, enquanto apoiava sua mão na cabeça da garota – Não entraremos.  

— Mas eu não entendo, qual é a graça disso? – Ken perguntou, cruzando seus braços em frente ao peito – Eu quero ação! Se fosse pra ficarmos nessa mesmice, era melhor continuar cuidando de bebes e arrancando ervas daninhas.

— Está ansioso para ter a cara arrastada no chão, Nakada? – Emi lhe perguntou, com um sorriso perverso nos lábios

— É, assim como você. – O garoto retrucou, no mesmo tom – Fica aí achando que é melhor do que todos nós, mas tenho certeza que não é tão boa quanto faz questão de mostrar.

— Coitado. – A Uchiha murmurou, segurando o riso

— Calem a boca! – Kiyone Sekiei berrou, irritada – Vocês podem não gostar, mas somos um time agora e sempre seremos. Pra isso dar certo, precisamos nos unir.  

A garota de olhos ônix resmungou, ignorando-a, enquanto se virava de costas para eles e começava a caminhar novamente pela estrada da floresta.

Talvez ela não quisesse tanto assim que aquilo desse certo.

[...]

Emi percebeu que o garoto estrangeiro havia aumentado um pouco o ritmo da sua caminhada para andar ao seu lado e por isso, o encarou, com nítido desinteresse.

— Esse símbolo nas suas costas, o que é?

— Ele é autoexplicativo. – A garota lhe respondeu, entediada

— Um abanador? – O garoto perguntou, confuso

— Você precisa de vento para começar o fogo. – Emi disse, aparentando não estar muito inclinada a continuar com o assunto

— Não precisa tratá-lo assim. – A voz de Ken Nakada soou, próxima demais a eles, antes do garoto andar ao lado do filho da cliente – Ele não tem o mínimo dever de conhecer a existência ou a história do seu clã imundo.  

— O que foi que você disse? – A garota de olhos ônix perguntou, lentamente, irritada

— Ei, não briguem. – Raiden disse, depressa, parecia meio sem graça

— Eles não vão brigar. – Kiyone comentou, logo em seguida – Não é, gente?

Nenhum dos dois respondeu. A Uchiha resmungou alto, com desgosto e saiu caminhando a passos largos, se afastando de todos eles. De todos os times que Iruka havia montado, por que ela havia sido escolhida justamente para aquele?

[...]

Após passar algumas boas horas andando pelo deserto, ver as enormes paredes rochosas de Sunagakure pareceu o paraíso. Ao atravessarem a fissura entre as paredes, A Equipe 5 deparou com uma Vila muito diferente da qual estava acostumada. As casas pareciam serem feitas de argila, pois todas eram barrosas.

Fascinada pelas construções, a Uchiha seguiu sua cliente pela cidade.

De acordo com Hana, a missão era simples: Entregar os Maeda em segurança em sua casa e, se tudo desse certo, a equipe poderia encontrar um lugar e descansar por algumas horas na cidade, antes de voltarem para Konohagakure.

— É, o País do Vento é realmente muito quente. – Ken comentou, enquanto caminhavam pelas ruas de Suna

— Eu disse. – Raiden disse, com um sorrisinho nos lábios

— Estamos chegando. – A senhora Maeda anunciou, apontando para uma grande construção – Minha casa é logo ali.

Ao entrar finalmente na casa da cliente, a Uchiha percebeu que Hideaki Maeda era tão luxuosa quanto seu lar. O interior era muito bem mobiliado e, para diferenciar a vista de Sunagakure, era repleta por diversas plantas. Haviam muitos quadros com Hideaki e seu marido pendurados pelas paredes.

Enquanto Hideaki lhes serviam água, Hana Shimura e Kiyone Sekiei não paravam de falar sobre o País em que estavam, as duas pareciam muito animadas com aquilo.

[...]

— Se chama Bolinho de Areia. – Kiyone anunciou, assim que pegou o doce em suas mãos – São famosos por todo o País do Vento.

Emi levantou o espeto com três bolinhos até a altura de seus olhos ônix e os examinou, em dúvida, antes de experimentar um. Ao seu lado, Ken Nakada comia seu terceiro ou quarto dango e não parava de dizer que era muito gostoso.

— Agora percebo o porquê são famosos. – Ken comentou, de boca cheia

— São medianos. – Emi disse, deixando o palito com dois bolinhos em cima da mesa

— Você enlouqueceu? – Ken Nakada quase berrou, perplexo

Enquanto escutava seu colega de equipe berrar próximo a ela, algo do outro lado da rua fez com que a atenção dos olhos ônix fossem tomados. Raiden Maeda estava adentrando em uma rua estreita e, a alguns metros a ele, dois homens altos seguiam seus passos. A curiosidade de Emi foi posta à prova, no momento em que de relance, ela viu o brilho de uma kunai escapar do bolso de um dos homens.

— Tem razão, – A voz de Emi soou, meio baixa, enquanto ela se levantava – isso até que não é tão ruim assim. Eu vou caminhar, volto em breve.

E assim saiu, assim que escutou Hana dizer para ela não se afastar muito. A passos largos e muito bem pensados, Emi Uchiha adentrou na rua estreita da qual Raiden havia entrado, segundos antes. Não era bem uma rua, e sim um beco longo com casas não muito bem cuidadas.

Um beco deserto.

A garota caminhou ainda mais a dentro do beco, com os olhos ônix atentos aos cantos do beco, procurando por qualquer vestígio de onde os dois homens altos haviam ido. Mas ela parou de andar, quando os cabelos de sua nuca lhe avisaram sobre uma súbita movimentação atrás de si.

— Ouvi dizer que dois irmãos sobreviveram ao massacre do Clã Uchiha. – Uma voz desconhecida disse, num tom calmo – Curioso encontrar um deles tão longe de casa.

Ela não se lembrava de ter escutado aquela voz algum dia, mas, de algum jeito, aquele homem parecia conhecer muito bem sobre a história de seu Clã.

— Se você sabe sobre o Incidente, então sabe que não existe mais um lar. – Emi disse, virando-se parcialmente, apenas para ver um homem alto, com pele extremamente pálida e longos cabelos negros. O que mais lhe incomodava naquele homem eram os olhos dourados com fendas e suas marcas arroxeadas ao redor – Quem é você?

— Se eu disser meu nome, perderá a graça. – O homem disse, tinha um sorriso presunçoso em seus lábios – Vai ser interessante ver seu crescimento, Uchiha. Estarei observando de perto o seu potencial. Quem sabe, você pode até ser útil, no fim das contas.   

E então, o homem pálido com olhos estranhos desapareceu no ar.

[...]

Ao colocar os pés de volta em Konohagakure após uma longa e lenta viagem cheia de desconfiança, Emi sentiu-se muito mais leve e consequentemente, segura. Ela havia passado a viagem inteira extremamente incomodada com seu encontro com o homem pálido em Sunagakure, pois ele havia dito que a observaria de perto.

Quando chegou em sua casa e encontrou Sasuke, a garota sentiu-se finalmente segura.

— Nós temos os mesmos olhos agora. – Foi a primeira coisa que seu irmão lhe disse

E então, antes dela perguntar sobre o que ele estava falando, Sasuke lhe mostrou.

Ainda estava na fase inicial, mas de fato, era um sharingan.


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