Finding hope escrita por nje


Capítulo 4
3: Dilemas


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!
Espero que gostem! (:



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Em pleno sábado à noite, a Hyuuga mais velha estava trancada em um escritório. Seus olhos perolados alternavam entre a grande tela de seu MacBook — o notebook da marca Apple — e as anotações que fazia. 

Nas paredes impecavelmente brancas do local estavam distribuídas em formato de quadros as incontáveis premiações que a gravadora de sua família conquistou ao longo dos anos. E além da grande mesa de madeira com uma papelada em cima e a confortável poltrona de tom preto na qual a jovem estava sentada, havia também um sofá de couro no mesmo tom da poltrona, encostado na parede abaixo de algumas das premiações. 

Hinata estava acostumada com o fato de estar em casa e trabalhando num sábado à noite. Por causa de sua timidez tinha dificuldade em conhecer gente nova e fazer amizades. Chegou a tentar frequentar algumas festas de seus ex-colegas de escola e de outros jovens de família renomada, mas ela foi caçoada por ser tão quieta e tímida. 

Essa situação levou-a ao isolamento. Só o que fazia no último mês era passar todo o seu tempo na gravadora ou em casa, mas sempre trabalhando. No ambiente  profissional ela se transformava. Ficava muito mais segura. Era a mediadora do relacionamento entre os artistas e os administradores da gravadora. Os artistas da inclusive estavam frequentemente cortejando-a, mas ela não misturava negócios com prazer.

Bastante concentrada em seus estudos e nas orientações que estava recebendo virtualmente de Hiashi, seu pai, Hinata levou um susto quando a irmã mais nova entrou no escritório falando animadamente:

— Hina, cê não imagina o que rolou no meu dia hoje! 

Hinata ficou curiosa, mas logo anunciou a presença virtual do pai na tela do computador antes que a irmã revelasse algo que o aborreceria:

— Hanabi, tô ocupada. O pai tá me dando uns toques sobre a gravadora.

Hanabi entendeu a intenção de Hinata e não disse mais nada. Mas Hiashi também percebeu e logo indagou:

— O que "rolou" hoje, Hanabi?

Ela aproximou-se da tela do computador e encarou-o. Ponderou por alguns momentos se contava a verdade ou não.

Então Hanabi recordou-se de todo o show de Killer Bee e também das palavras de Neji: "Pra ser a filha perfeita o seu pai já tem a Hinata. Alguém tem que começar a mudança nessa família, né? Já cansou esse negócio de briga por dinheiro, gravadora..".

Tudo o que disseram encheu-a de coragem mais cedo naquela tarde para ir até Iruka e Kakashi em busca de uma oportunidade. E agora novamente estavam encorajando-a, dessa vez para encarar o pai.

— Eu fui na festa de inauguração da ONG do lado pobre de Konoha, pai. O nome é Finding Hope. E já saí de lá com uma entrevista marcada para um estágio na confecção de modas do Kakashi e do Iruka. 

Conforme ouvia aquelas palavras, Hiashi ia ficando cada vez mais vermelho. Ele cruzou os braços contra o peito e seu tom foi áspero ao responder:

— Você é mesmo uma constante decepção. — Suspirou profundamente e deu continuidade — Não vou impedi-la, porque sei que ainda que eu te proibísse você daria um jeito de fazer de qualquer forma. Mas quero que saiba que não tem o meu apoio em nada. Pode esquecer essa história de motoristas te levando por todos os lados, de seguranças, roupas de marca, de dinheiro toda hora que quiser e precisar. Se você quer viver com a ralé, vai ter que aprender a viver igual eles! 

Hanabi sustentou o olhar dele e assentiu, sem medo algum. Ele pensava que estava castigando-a. Mas para ela, aquilo soava como liberdade e independência. 

— G-gente, vocês estão muito nervosos. Não é melhor deixar pra conversar pessoalmente? Vão estar mais calmos.. — Hinata disse tentando apaziguar. 

— O senhor deveria era se orgulhar de ter uma filha que luta pelos seus sonhos e não tem medo de ser livre. Mas por mim, assim tá ótimo. Cê vai ver que eu me viro! E digo mais: o Neji é meu primo e um dos meus melhores amigos. Eu não aceito deixar de estar com ele por causa de grana! Saiba que a gente vai manter a amizade, ainda mais agora que eu vou passar bastante tempo por lá!

Hiashi resmungou pela afronta e desobediência da garota. 

 Eu poderia falar muita coisa, brigar... Mas vou deixar você quebrar a cara. Só assim pra aprender! — Após dizer essas palavras, ele encerrou a vídeochamada.

Hanabi ficou aliviada. Fazia algum tempo já que ela e o pai não conseguiam se entender. A garota era aberta para o novo, para as diferenças. Não compreendia o porquê dinheiro e status eram de tanta valia para o pai. Sabia que ele desejava o bem das filhas. Entretanto, era só com elas e com a esposa que ele se importava. Com ninguém mais. 

Já a filha mais nova tinha um olhar mais amplo. Amava a sua família, mas preocupava-se com a humanidade como um todo. Com outras pessoas além de si e dos seus.

Hinata, embora não tivesse a coragem de Hanabi para encarar o pai, pensava da mesma forma. 

— Cê encontrou com o Neji hoje? Como ele tá? — A garota indagou com curiosidade.

Embora fossem primos de segundo grau, Hinata sempre alimentou certa paixão secreta por Neji. Ele era o seu protetor. Tão forte e desafiador. Nunca diante dele alguém ousou magoá-la ou caçoar dela. Apesar do jeito quieto dele, estava sempre preocupado com ela e demonstrava isso em mínimos detalhes. Perguntava com frequência se estava se alimentando bem, se andava bem agasalhada, se tinha um guarda-chuva na bolsa para o caso de chover. Se queria conversar, desabafar. Rir ou chorar.

Para alguém como Hinata, tão difícil de conseguir aproximar-se das pessoas, fazia falta a presença dele. Um dos poucos com quem realmente se sentiu ligada na vida.

— Ele continua um gato! — Hanabi contou rindo e Hinata corou. A mais nova prosseguiu — Tá dando aulas particulares de karatê em uma cidade vizinha e também vai dar algumas aulas na ONG do bairro. 

— E-ele perguntou de mim? — Indagou a dona dos cabelos longos e preto-azulados. A franjinha em sua testa dava-lhe um ar mais juvenil. Estava com 20 anos, mas aparentava quase a mesma idade de Hanabi. 

— Não. — Hanabi respondeu com pesar no coração. Também estranhava o fato de Neji não perguntar nada sobre Hinata. Eram ainda mais próximos do que ela mesma e o primo.

Talvez fosse penoso para o rapaz ter notícias dela por terceiros. Não poder tocá-la, vê-la ou ouvi-la.

— Ah.. — O desânimo fez-se evidente em seu tom de voz e em sua expressão. Entretanto, procurou disfarçar — Mas me fala de você, menina. O que rolou hoje? Como foi o evento? Como vai funcionar essa ONG?

Então Hanabi tentou convencer a irmã a se arrumar, sair da imensa mansão delas e ir ao restaurante de um dos amigos de Neji. Ficava do outro lado de Konoha, exatamente em frente aos portões que dividiam o bairro. Hinata demonstrou grande resistência a essa ideia, sabia que desagradaria o pai. Hanabi não desejava forçá-la e por esse motivo acabaram indo para um barzinho na região mais rica da cidade, próximo a mansão onde residiam. 

Embora a irmã mais velha fosse muito reservada e tímida, a mais nova estava sempre buscando tirá-la de casa, sempre tentando convencê-la a viver mais intensamente.
E Hinata desejava ser como Hanabi. Mais ousada, mais comunicativa.

Por fim, as duas se arrumaram com esmero e se direcionaram ao barzinho para comemorar a conquista de Hanabi. 

Sakura encontrava-se com a cabeça encostada na janela do ônibus que passava bem próximo à sua casa. Ela refletia sobre aquele dia e tudo o que havia significado para ela. Os amigos não imaginavam que a iniciativa da ONG e o show do Killer Bee haviam reavivado nela alguma esperança. A verdade é que seus últimos dias andavam monótonos: do trabalho para casa e ter mais trabalho ainda por lá. Não tinha muito tempo para se dedicar aos sons que fazia e nem mesmo passar um momento de lazer com os amigos.

No evento daquela tarde, conseguiu se divertir na companhia das pessoas que ama e ainda dar um passinho a mais na direção do seu maior sonho. Recordou-se da conversa com seu rapper preferido e sua face corou. Corou pelo prazer da oportunidade que conseguiu de mostrá-lo suas músicas e corou também por lembrar quem foi que tomou a iniciativa de falar com Killer Bee sobre elas.

Lamentou muito por não ter ido ao restaurante-bar de Chouji para comemorar com Naruto e os outros o sucesso da ONG. Embora fosse um momento deles, ainda tiveram a boa vontade de convidá-la. Entretanto, Sakura precisava ir para casa cuidar de suas tarefas do lar. A mãe provavelmente ainda estava trabalhando ou estava chegando em casa, precisaria de auxílio.

Sakura encontrava-se perdida em pensamentos e mordia os lábios nervosamente. Como será que seus pais reagiriam? Eles não davam-na muito incentivo na música. Acreditavam que ela deveria se formar em alguma faculdade e que o curso se tratasse de algo mais estável e formal. Características que não combinavam nada com a rosada.

Passou o caminho todo ansiando chegar em casa para contar aos pais tudo o que houve naquele dia. Foi um alívio para ela quando chegou o momento de dar o sinal e descer do ônibus. O ponto de ônibus não era muito distante de sua residência; ainda assim percorreu o pequeno trecho com toda a velocidade que pôde e entrou em seu lar.

Adentrou a pequena e simples casa. Na cozinha, a mãe acabara de chegar e já estava com os afazeres domésticos em andamento: lavando a louça, comida no fogo. O pai, como o de costume desde que sofreu o acidente, estava deitado assistindo TV, sem prestar muita atenção em nada. O homem andava abatido sem poder contribuir fosse financeiramente ou fosse nas tarefas de casa. 

A rosada respirou pesadamente ao observar essa cena. A situação andava triste em sua casa; fazia tempo que não via um sorriso no rosto de seus pais.

— Oi, mãe. Tenho uma novidade! — Ela se aproximou da senhora morena de cabelos curtos e desgrenhados que estava ensaboando os pratos na pia.

— Qual novidade? — A mulher indagou com expressão de desconfiança e curiosidade.

— Eu consegui uma reunião com um grande rapper. Vou mostrar minhas músicas pra ele! — Sakura contou com empolgação, mas não teve uma resposta proporcional. 

A mãe deu de ombros e suspirou. 

— Num se ilude, fia. Esse cara pode ser um vigarista e daqui a pouco começar a te pedir dinheiro dizendo que é seu empresário ou sei lá o quê. Melhor coisa que cê faz é estudar pra conseguir bolsa em uma faculdade. Música só dá dinheiro pra quem já tem dinheiro. Pobre que cresce na vida com isso é um em um milhão.

Discretas lágrimas formaram-se nos olhos de Sakura. Ela aproveitou para limpá-las no momento em que virou-se para pegar algumas coisas na geladeira e preparar a comida. Tinha certeza de que o pai tinha ouvido a conversa de onde estava e que compartilhava da mesma opinião da mãe dela. 

Após essa conversa, Sakura chegou a considerar não ir mais na reunião com Killer Bee, que seria na segunda-feira. Hirochi lhe deu uma folga para ir ao encontro dele e Naruto, por ser fotógrafo e ter horários flexíveis, ofereceu-se para levá-la. Entretanto, a falta de incentivo e as palavras da mãe faziam-na questionar se realmente valia a pena a tentativa ou se estaria alimentando falsas esperanças. Talvez seus pais tivessem razão e ela devesse voltar a sua atenção e energia para os estudos e esquecer essa história de música.

Entretanto, mais tarde naquela mesma noite, após cumprir com todas as suas obrigações, a garota sentou-se em sua cama em frente ao seu velho notebook e abriu os programas que utilizava para a produção de elementos musicais. Colocou as emoções que sentia em cada uma das batidas e já até conseguia visualizar uma letra para aquela melodia. 

Já era tarde da noite quando ela estava com a música pronta. Colocou-a para tocar e se emocionou com o resultado.
Naquele momento, ela não conseguia enxergar outro caminho para sua vida que não envolvesse a música. Não conseguia imaginar um futuro feliz em que ela não estivesse produzindo sons e mudando de alguma forma a vida de pessoas através deles. Pensando nisso, Sakura começou a considerar novamente ir a reunião com Killer Bee.

Estava confusa. Passou o resto de sua noite largada em sua cama, perdida em pensamentos até adormecer.

Era noite de pagode no restaurante&bar dos Akimichi. Um animado batuque tomava conta de todo o local. O gênero musical das apresentações dos finais de semana eram variados. 

Havia uma parte fechada, com mesas e cadeiras escuras de madeira. Lá não era muito iluminado, no entanto luzes de LED coloridas em formato de bolinhas reforçavam a iluminação ao mesmo tempo em que serviam também como uma decoração. As paredes eram de um tom marrom clarinho. 

Na calçada da entrada, em um espaço reservado pelo restaurante, algumas mesas também encontravam-se distribuídas para quem preferia fazer uma refeição ou tomar uma bebida ao ar livre. 

O público de lá era variado. Havia tanto os mais jovens, na faixa dos 20, quanto os mais velhos, na faixa dos 40. Alguns levavam até mesmo crianças. Além disso, tinha gente de todos os estilos. A galera alternativa, a galera do funk, do reggae, do pagode, do pop. Os mais pobres e os mais ricos. Os mais gordos e os mais magros. 

Ali, era todo mundo igual. Por ser um local tão acolhedor e com comida e bebida de qualidade, estava sempre lotado. Quando iniciaram o negócio, Chouji e Karui não imaginavam que tomaria aquela proporção. Estavam felizes com o resultado.

Há apenas dois anos, a situação deles era mais difícil. Tinham um ano de namoro quando Karui engravidou e os pais exigiram que procurassem um lugar para morar sozinhos. Deram algum suporte financeiro, mas ainda assim era sofrido. Chouji na época era entregador de marmitas para um restaurante e Karui não trabalhava. Com essa renda, tudo o que recebia era para proporcionar conforto à garota na gravidez e pagar o aluguel. Às vezes o rapaz deixava de comer — o que para ele era uma dor imensa — para que Karui comesse. 

Por fim, o dono do restaurante em que ele trabalhava iria se mudar. E Chouji se desesperou, pensando que iria ficar desempregado. Entretanto, o homem deixou-o responsável pelo lugar, passando o restaurante para o seu nome. Considerava-o um anjo em sua vida.

Mantiveram amizade mesmo a distância e Chouji estava sempre a lhe contar como andava a situação no restaurante, embora o antigo dono já não se preocupasse mais com isso. Era um senhor que juntou dinheiro a vida toda e foi morar no interior com sua esposa. Queria sossego e vivia bem melhor por onde estava.

Karui e Chouji corriam de um lado para o outro tentando atender a todos com atenção. Possuíam também alguns funcionários, mas gostavam de ter uma ligação com os clientes. Conhecê-los, conversar com eles, saber como estavam.

Em uma das mesas do lado de dentro, no canto mais reservado, cinco pessoas comemoravam o sucesso do evento que organizaram naquela tarde. Tratava-se da fundadora da ONG, de seu marido e dos diretores.

— Um brinde pelo sucesso do evento de hoje! Um brinde à Ino que organizou esse evento! E um brinde a ONG e a nós, que iremos mudar a realidade do nosso bairro e em certo nível, do mundo! Ajudar as pessoas a descobrir e alcançar seus sonhos! — Tsunade brindou, elevando o seu copo cheio de cerveja e foi acompanhada pelos outros, que uniram seus copos ao dela. 

— Um brinde! — Eles celebraram.

Embora demonstrasse estar feliz — e estivesse de fato — pela tarde que tiveram e por tudo ter corrido tão bem, Ino ainda estava processando tudo o que ocorreu em seu dia. O evento, o reencontro com o pai e as palavras dele, a reação da mãe ao saber da notícia.

Hirochi não disse com todas as letras que preferia que ele mantivesse distância dela e de Ino, mas pela sua reação e nas entrelinhas de suas palavras isso ficou bastante claro.
Um lado de Ino realmente compreendia a mãe e concordava com ela.

Por outro lado, havia uma parte da garota que almejava conhecê-lo e que queria acreditar que o pai mudou e se arrependeu de tê-las abandonado por dinheiro. 

Ela suspirou profundamente e nem estava prestando muita atenção na conversa. Perdida em pensamentos, Ino passeava com os olhos por todo o local. Até estacioná-los na figura de um jovem de cabelos e olhos mais escuros que a noite, em contraste com sua pele clara. Algumas mechas caíam-lhe sobre os olhos e outras estavam propositalmente arrepiadas e bagunçadas. Sabia de quem se tratava:  Sasuke Uchiha.
Nunca ele esteve daquele lado de Konoha antes. E nunca ela o havia visto pessoalmente.

É que como estudante de jornalismo, ficava a par das notícias e o nome dele era constante nelas, mas de maneira bastante negativa, sempre envolvido com alguma polêmica. Apesar de saber disso, ela ficou surpresa com a beleza e o magnetismo do rapaz. Nas fotos não era possível notar o quanto era atraente. Logo se deu conta de que estava encarando-o descaradamente e se repreendeu. Ele era problemático e era contra tudo o que ela acreditava e lutava. Era só uma embalagem bonita, mas sem conteúdo.

Naruto notou que a amiga não estava prestando atenção na conversa deles e acompanhou o olhar dela. Ao notar o que estava chamando a sua atenção, o loiro logo se manifestou:

— Po, Ino, cê é tão gata e gente boa! Num vai me dizer que tá afim desse cara!

As maçãs do rosto de Ino tingiram-se de vermelho e os olhares de todos na mesa se voltaram para ela.

— Cala a boca, Naruto! — Ela esmurrou o braço dele, que resmungou. 

A garota tinha o temperamento parecido com o de Sakura, a amada de Naruto e melhor amiga dela.

— Que história é essa, Naruto?! — Questionou Tsunade com um sorriso malicioso.

— Sasuke Uchiha?! Tão problemático! — Comentou Shikamaru em tom de repreensão.

— Ele é o filho do maior dos vacilões! — Jiraiya completou, relembrando da postura de Fugaku Uchiha na reunião que tiveram a respeito da divisão do bairro.

— Ela tava toda derretida aí olhando pra ele.. E eu tô avisando isso porque já fiz umas fotos em eventos de skate e o Sasuke vai em todos. Não é só filho do maior dos vacilões, como é um vacilão também! — Naruto cruzou os braços. Ino era como uma irmã para ele. Não desejava vê-la envolvida com um cara esnobe como Sasuke.

— Gente, foi só um olhar.. Não precisa desse auê todo. — Ino riu e tentou mudar de assunto. 

Embora fosse muito bonita e sociável, não era boa com relacionamentos. Muitos rapazes da faculdade ou clientes da floricultura pediam o seu número e tentavam aproximar-se dela, mas a garota sempre se esquivava. Viu o quanto a mãe sofreu e sofria ainda para superar o que aconteceu com o pai dela. Cresceu vendo que o amor poderia ser dolorido, que as pessoas poderiam trair e abandonar. Sendo assim, preferia investir na sua vida profissional, bem como em passar o seu tempo disponível com os amigos ou em ações sociais.

Apenas algumas mesas distante dali, Sasuke também havia notado Ino. A princípio, quando Suigetsu sugeriu que fossem lá no Akimichi's, pensou que o amigo havia enlouquecido. Levá-lo para um lugar onde estaria rolando um pagode e ainda no lado pobre de Konoha?! Entretanto, Suigetsu garantiu que o ambiente, a comida e o atendimento eram de qualidade. Sasuke, já cansado dos mesmos lugares e pessoas, sabendo também que logo aquela região passaria a fazer parte de sua rotina, resolveu aceitar. E se surpreendeu com o que encontrou. Na mente dele, o lado mais pobre tinha só sujeira e gente desagradável. Foi grande a sua surpresa ao constatar que poderia haver lugares e pessoas interessantes por lá.

Suigetsu tagarelava sobre Karin, sua namorada, e sobre umas manobras novas de skate que conseguiu fazer naquela tarde. Entretanto, Sasuke apenas assentia, sem prestar muita atenção. Ainda olhava a bela garota loira rindo com o grupo de amigos e sentiu vontade de levantar e ir até lá pedir o número de telefone dela. 

— Eaí, cara?! Tá nem prestando atenção no que tô falando! — Resmungou Suigetsu. Os exóticos olhos roxos do rapaz analisavam o amigo. Logo compreendeu do que se tratava — Quer que eu faça a ponte?

Sasuke balançou a cabeça recusando a sugestão de Suigetsu. Não tinha mais 16 anos para que um amigo tivesse de fazer o intermédio entre ele e alguma garota que o interessasse.
— Deixa quieto.. Existe um monte dessas do nosso lado do bairro. Pra quê eu ia querer uma daqui?!

— Tá certo. Cê pode ter a gata que quiser. E essa pode ser muito gata, mas ainda é da ralé, né?! — Suigetsu concordou com o amigo e voltou a falar sobre si e sua vida.

Sasuke novamente fingiu que prestava atenção, mas em toda oportunidade passeava com seus olhos por onde estava Ino. Fazia tempo que uma garota no rolê não lhe chamava a atenção. Estava difícil para ele se conter. Especialmente porquê sentia que era recíproco. A garota ocasionalmente também dirigia o seu olhar até ele.

Por fim, nenhum dos dois tomou a iniciativa. Por volta de uma da manhã, o restaurante estava encerrando o expediente e cada um seguiu o seu caminho, como se aquela noite e aquela intensa troca olhares nunca tivesse acontecido.
 

 

 


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