Redemoinho escrita por Alice


Capítulo 22
22. Três vezes Natal


Notas iniciais do capítulo

Resumo: Onde vemos a evolução do Natal de Ramona



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/778184/chapter/22

Ramona lutou para ignorar o alarme que soava ao seu lado. Era uma melodia altamente irritante que ela havia escolhido para ver se despertava mais rápido, naquela hora não se achava tão esperta igual no momento que tivera a ideia, na verdade se sentia o ser mais estúpido do universo.

— Desliga esse troço. - uma voz rouca e meio adormecida soou ao seu lado. Ela enterrou o rosto no travesseiro e resolveu ignorar os dois barulhos. - Ramona, desliga essa coisa, por favor.

— Desliga você. - resmungou com a voz abafada por conta de sua posição e recebeu um suspiro impaciente em troca.

— Tá do seu lado.

— É só esticar seu braço magro e desligar. - retrucou, finalmente escutando o som parar, mas sabia que dali a cinco minutos ele voltaria. Porém, pelo lado bom, ela ainda tinha mais alguns minutos de sono.

— Por que você colocou o alarme pra tão cedo?

Pelo visto estava errada.

— Porque nossa família tem a mania irritante de invadir o quarto dos outros na manhã de natal.

— A porta tá trancada, Mona.

— Como se eles não tivessem a chave.

— É, você tem razão.

— Sempre tenho. - afirmou, abrindo o primeiro sorriso daquela manhã quando o sentiu se aproximar e passar o braço ao redor de sua cintura a puxando em seu encontro.

— Deveria ter desconfiado que me casei com um ser de ego enorme assim que o padre Elvis me perguntou: "Você aceita Ramona Gibbler como sua legítima esposa?" E você disse que era óbvio que sim porque eu nunca encontraria ninguém melhor que você.

Ela soltou uma sonora gargalhada ao lembrar do momento e se virou para ficar de cara com ele.

— E por acaso eu estava errada? - ele riu a fazendo revirar os olhos, pois previa que ele nunca admitiria.

— Como se eu fosse falar em voz alta que você está certa.

Disse, aproximando seus rostos e compartilhando um sorriso com ela. Ramona esquadrinhou cada parte do rosto a sua frente, não acreditava ainda na reviravolta que a vida trouxe. Nunca pensou que aquela garotinha irritada pela súbita mudança iria terminar casando com o mesmo garoto por quem ela prometeu a si mesma não sentir nada. Agora, ali estavam os dois abraçados em seu antigo quarto, compartilhando olhares apaixonados e com duas alianças nos dedos anelares comprovando uma insanidade em Vegas que se tornou seu acerto mais memorável. A única coisa que faltava agora era contar para o resto de sua família.

— Deveríamos descer. - lembrou em voz baixa, como se um tom a mais pudesse quebrar o momento. Ele somente balançou a cabeça em negação. - Teremos que enfrentar eles em algum momento, querido.

— Esse momento pode esperar mais um pouco. - afirmou, lhe dando um rápido beijo e quando notou que ela abriu um sorriso voltou a beija-la.

— Sé- ela não conseguia continuar porque não podia negar que beija-lo era melhor que pensar no café da manhã louco que eles teriam.

— Ramona! Ramona! - o grito estridente e animado veio acompanhado de batidas insistentes na porta.

Ela se separou dele irritada e virando o rosto para a porta, gritou.

— O que é?!

— Desce pro café e aproveita pra ajudar a DJ a achar o Jackson. Ela acha que ele sumiu pra casa de alguém e tá louquinha lá fora porque ele não atende nenhuma das ligações! - respondeu tudo em um único fôlego batendo novamente na porta.

— Já vou, mãe! Já desço! - esperou os passos se afastarem e se virou para o marido, impaciente. - Cadê a porcaria do seu celular?

Ele se afastou e caiu com a cabeça no travesseiro levando as mãos aos olhos.

— Acho que perdi na despedida de solteiro.

— Olha, depois quero saber tudo que rolou nessa festa, mas agora tá na hora de encarar a realidade. - avisou ao se levantar da cama e se inclinar sobre ele, que abriu um sorriso alegre que logo se transformou em uma careta quando ela o beliscou na bochecha. - Hora de acordar, Cinderela.

◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇

Eram 6:40 da manhã, ela queria dormir mais, queria rolar para todos os lados na espaçosa cama e virar de barriga para baixo e dormir com o seu rosto enterrado no travesseiro, mas havia um porém, um enorme e gigantesco porém que fazia suas costas doerem e seus pulmões implorarem por ar a cada hora. Um porém que a fazia ficar noites acordada e passar dias ansiosos, mas que a alegrava e trazia paz na mesma intensidade.

— Tenta dormir um pouco, querida. - escutou a voz carinhosa e conhecida ao seu lado lhe aconselhar.

— Como se eu já não tivesse tentando. - resmungou, querendo chorar.

Ora mais, ninguém poderia culpa-la de querer uma simples noite de sono.

— Ei, está quase no fim. - ela viu Jackson sentar ao seu lado e virou contrariada, também queria se sentar. - Caramba, mas você é teimosa até em aceitar consolo.

— Eu não tô reclamando, cariño, só estou querendo que esse serzinho maravilhoso saia logo de dentro de mim! - exclamou levantando os braços e os deixando cair ao seu lado para enfatizar.

O Fuller riu e se aproximou para beijar a barriga dela, onde uma movimentação fez os dois pais trocarem um sorriso radiante.

— Será que ela vem no Natal?

— Espero que não, se não essa casa vai virar de ponta cabeça. - disse, estremecendo um pouco ao lembrar da noite em que juntaram todos para contar a novidade. Definitivamente não queria repetir aquele dia.

— Como se toda manhã de natal não fosse uma loucura. - falou o óbvio a vendo concordar.

— Filha? Genro? - a voz controlada veio do outro lado da porta e Ramona agradeceu por sua mãe ter maneirado nos gritos aquele ano.

— Oi, mãe.

— O café já está pronto. Quer que eu traga pra você? - uma cabeça loira apareceu entre a porta que foi entreaberta e a Gibbler mais nova, já alguns anos Fuller, negou com a mão no ar enquanto se mantinha deitada.

— Já vamos, Kimmy. A Mona só precisa de um tempinho e muita ajuda pra levantar. - Jackson falou recebendo um beliscão da esposa e um sorriso divertido da sogra. - Tô mentindo por acaso? - disse, passando a mão pelo local machucado.

— Quando essa criança sair de mim, grave minhas palavras Jackson Tanner-Fuller, eu vou descontar cada raiva que você tá me fazendo passar. - ameaçou em um voz baixa que só pôde ser ouvida por ele.

Jackson arregalou os olhos e saltou da cama.

— Ela é toda sua. - avisou para Kimmy enquanto se aproximava da porta. - Te vejo no café, amor!

Ramona riu quando escutou os passos apressados dele descendo a escada.

◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇

Eram quase sete da manhã e ela não poderia estar mais feliz por ter acordado cedo. Sua filhinha de dois anos rasgava os papeis dos presentes que lhe eram repassados um seguido do outro. Seus pais estavam no chão ao lado dela perto da enorme árvore que DJ tinha feito questão de comprar, segundo ela sua primeira neta não poderia ter seu primeiro natal na casa da avó sem uma grande árvore. A jovem Danielle discutia algo irrelevante com Tommy perto da porta da cozinha, Steven brincava com um jogo de tabuleiro na mesa de centro junto com Stephanie, Jimmy e Rocki que havia decidido de última hora passar o Natal com a afilhada.

Ainda esperavam Max que havia passado a véspera na casa de um amigo, algo sobre darem uma festa em comemoração a um cometa que ela não fazia questão de lembrar. Levando a xícara de chocolate quente a boca, ela se permitiu flutuar entre as inúmeras vozes que tomavam a casa, risadas histéricas e alegres, reclamações bobas e sussurros trocados. Essa era sua família, sua grande e louca família, e Ramona não poderia estar mais feliz com suas novas manhãs de natal. Ainda mais quando tinha uma pequena Gibbler-Fuller correndo com os braços abertos em sua direção.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Senti necesseidade de escrever sobre eles como casal e só.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Redemoinho" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.