POV EDWARD

A reunião arrastava-se deixando-me cada vez mais irritado.

Sabia que no dia em que atendesse este homem iria demorar mais do que um par de horas e por isso decidi que só o veria a um sábado porque se fosse num dia de trabalho todo o trabalho ficaria atrasado.

Bella, claro não gostou e bateu o pé para que eu não fizesse isso.

E senti-me bem tentado em ouvi-la e passar o meu sábado com ela e não com Tyler.

Suspirei ao pensar nela.

Os últimos meses haviam sido perfeitos.

Bella revelava-se mais maravilhosa a cada dia que passava deixando-me ainda mais apaixonada por ela.

Não tinha qualquer dúvida que é a Mulher da minha vida. Aquela com quem quero passar o resto dos meus dias.

Contudo eu tratava um pouco e refreava os meus impulsos de revelar os meus sentimentos e intenções.

Não tinha intenção de assustá-la e fazer com que fugisse de mim por eu querer algo mais sério.

Além disso temos todo o tempo do mundo.

Quero aproveitar cada minuto da vida que começávamos a criar.

E então, quando tiver a certeza dos seus planos e da forma como ela encara o nosso futuro, eu ajoelhar-me-ei sobre um joelho e pedirei a sua mão.

- Edward estás a ouvir?

Despertei dos meus pensamentos ao ouvir a pergunta de Tyler.

Recompus-me ligeiramente na cadeira.

- Claro que sim, continua.

E lá continuou ele a falar durante um tempo interminável.

Com muito esforço consegui banir todos os pensamentos da minha cabeça e concentrei-me no trabalho.

Quanto mais depressa me despacha-se mais depressa estaria com Bella.

Iria levá-la a jantar.

…

Fomos interrompidos pelo meu telemóvel que tocava insistentemente.

Olhei para o visor e quando vi o nome de Alice estranhei já que ela sabia que eu estaria em reunião.

- Desculpa Tyler. Importas-te que atenda?

- Não. Claro que não.

Assenti e atendi.

- Alice, passa-se alguma coisa?

Ouvi-a ofegar e um soluço.

- Edward – a sua voz não passou de um gemido.

- Alice o que se passa? Onde é que estás?

- Edward tens que vir ter comigo. Por favor.

- Calma Alice. Onde é que estás? – perguntei preocupado.

A sua voz soava desesperada.

- Estou à porta do banco.

A tensão que se formava no meu corpo dissipou-se ao ouvir as suas palavras.

- Ora Alice já és crescidinha para lidar com esse medo não? Estou a meio de uma reunião importante. Sabes isso.

Mais um gemido agoniado soou do outro lado da linha e ouvi ao longe um ruído de uma sirene.

- Edward…

- Alice podes dizer-me o que se está a passar?

- Eles têm-na Edward.

- O que? Alice não estás a fazer sentido nenhum e eu estou a  meio de uma reunião.

Mais um soluço.

- Eu vim cá fora Edward. E eles agora têm a Bella.

- Quem é que tem a Bella, Alice? – a minha voz saiu mais brusca que o normal.

- Os homens que assaltaram o banco.

À medida que o meu cérebro processou as suas palavras senti o ar a falhar e as forças a esvaírem-se do meu corpo.

- Onde estás?

- No meu banco usual.

- Vou já para aí.

Não deixei que dissesse mais nada.

Desliguei o telemóvel  e dirigi-me apressado para a porta enquanto falava com Tyler.

- Desculpa mas tenho que sair.

Cheguei em tempo recorde ao meu carro e dirigi rapidamente pelas ruas.

Enquanto conduzia a ultima conversa que tive com Bella rodava-me na mente

Flashback on

- Bella para de ser teimosa.

- Não é teimosia Edward – ripostou batendo o pé no chão e contrariando a sua afirmação – apenas não concordo.

-Porque é que tens que me contrariar sempre?

- Porque gosto que tenhamos um dialogo e não um monologo.

Sorri da sua frase.

-Bella eu só não percebo porque é que estás tão contra esta reunião?

- Porque não acho certo que tenhas essa reunião hoje. Porque não acho certo que não me deixes pelo menos estar lá. – olhei mais intensamente fazendo-a suspirar – porque não acho certo estarmos a desperdiçar um dia maravilhoso juntos por uma reunião. – confessou finalmente.

Aproximei-me lentamente

- É esse o motivo não é? – perguntei quando encostei o meu corpo ao seu.

- Sim - Bella arfou e o seu corpo ficou mole nos meus braços.

Era uma das coisas que eu mais gostava quando estávamos juntos. A forma como o seu corpo respondia ao meu. A sua entrega sem qualquer hesitação.

- E se eu prometer voltar a tempo de almoçarmos juntos?

Rocei os meus lábios nos seus.

- Sim…

- Sim?

Passei os meus lábios para o seu pescoço

- Hum Hum.

Afastei-me olhando-a fixamente.

- Prometo que passaremos a tarde toda juntos.

Ela sorriu e abraçou-me.

Flashback off

Sentia-me terrivelmente culpado por não ter ficado com ela em vez de ir para a reunião que afinal se revelou completamente desinteressante.

Se eu tivesse aceite os seus pedidos agora Bella estaria nos meus braços e não sabe Deus como.

Finalmente cheguei ao banco e senti um frio gelado no meu corpo ao ver todo o aparato policial a postos e uma maca já pronta.

Sai do carro e passei os olhos pelo local. Rapidamente avistei Alice, sentada no passeio.

Aproximei-me e percebi que o seu corpo tremia.

-Alice?

Ela levantou a cara, permitindo-me ver os seus olhos vermelhos e inchados de chorar.

- Edward

Atirou-se nos meus braços chorando.

- Alice por favor diz-me o que aconteceu – pedi angustiado.

Sentamos no passeio.

- Eu pedi à Bellinha para vir comigo ao banco. Quando já estávamos cá dentro eu fiquei sem bateria e ela emprestou-me o telemóvel. Vim cá para fora e a única coisa que percebi a seguir foi que uns homens entraram no banco e fizeram de todos os clientes reféns.

- e o que é que a policia está a fazer?

- Estão a tentar negociar. Mas acho que isso não está a resultar.

Olhei mais uma vez em volta e percebi que um grupo de homens estava um pouco mais afastado e pareciam discutir as melhores opções.

Um soluço atraiu a minha atenção e quando olhei para Alice vi que recomeçara a chorar.

- Allie…

- é tudo culpa minha Ed. Se eu não tivesse este medo estúpido de bancos tinha vindo sozinha e a Bellinha não precisaria de enfrentar isto. Ela deve de estar em pânico.

- A culpa não é tua Allie. Se for de alguém é minha, que prossegui com a ideia de ter a reunião hoje mesmo quando ela insistiu comigo para que não o fizesse.  Mas não vale a pena pensarmos nisso porque se alguém tem culpa são aqueles homens que os sequestraram.

- Como é que achas que ela está? Em pânico?

- Gostaria de dizer que não, mas ela deve de estar muito assustada.

Nesse momento o tom das conversas aumentou e de repente todos se calaram.

Levantamos a cabeça ao mesmo tempo e vimos a porta principal do banco a abrir-se.

Todo o corpo policial se preparou, colocando-se em posição de disparo mas pela porta saiu uma senhora idosa.

À nossa frente dois bombeiros fizeram um gesto para que a assustada senhora viesse na sua direcção.

Pude ver o terror espelhado nos seus olhos quando chegou perto de nós.

Eu e Alice aproximamo-nos um pouco para ouvir.

- Está uma mulher desacordada lá dentro.

Os bombeiros entreolharam-se, assim como eu e Alice.

- Venha connosco até à ambulância.

Durante meia hora vimos as mais variadas pessoas aproximarem-se da senhora.

Quando por fim ela ficou sozinha, sentada na ambulância nós fomos até lá.

Alice com o seu jeito carinhoso sorriu para a senhora.

- Olá. Como está?

- Já estive melhor criança.

Alice sorriu

- Compreendo-a perfeitamente. Sabe que por pouco eu não fiquei também lá dentro?

 - A sério?

- Sim, eu sai mesmo antes deles entrarem. Vim fazer um telefonema.

A senhora suspirou.

- Então tiveste mais sorte do que aquela pobre mulher.

Aproximei-me, ajoelhando-a à sua frente.

- O que aconteceu?

Ela olhou-me atentamente antes de começar a falar.

- Uma menina começou a chorar e quando um dos assaltantes se começou a aproximar essa mulher saltou em defesa da criança.

- A mãe? – perguntei imaginando como teria sido para uma criança ver a mãe ser atingida.

- Não. A mãe da menina estava do outro lado do banco. Uma mulher baixinha e morena. Muito bonita.

Senti a minha garganta fechar e Alice olhou-me rapidamente antes de perguntar:

- Cabelo castanho avermelhado e olhos castanhos? Vestida com um casaco verde?

A senhora olhou-nos preocupada antes de, lentamente, balançar a cabeça  num movimento afirmativo.

- Vocês conhecem-na?

Engoli o nó que se formava na minha garganta.

- É a mulher da minha vida.

A senhora passou a mão pelos meus cabelos, afirmando suavemente:

- Ela vai ficar bem.

O ódio dominou-me

- O que é que eles lhe fizeram?

Ela olhou-me por um tempo antes de decidir responder.

- Bateram-lhe na cabeça com uma arma o que a fez cair inconsciente no chão. Depois pisaram-lhe a perna e acho que a partiram porque eu ouvi o barulho de um osso a partir. O que me preocupa é o golpe na cabeça porque ela estava a perder sangue e não deixaram ninguém ajudar. Eu fui enfermeira e sei que uma situação destas pode ter graves consequências.

Ouvi o grito angustiado de Alice mas não consegui encontrar forças para ampará-la na minha cabeça instalara-se a imagem de Bella e a pergunta “O que é que vou fazer?”.

E então, quando eu pensei que não podia piorar ouvi barulhos de tiros.