POV EDWARD

- Boa noite Eddie – respirei fundo e olhei desconfiado para ela.

- Boa noite Tanya.

Aproximei-me e dei-lhe um beijo na testa.

- Não esperava encontrar-te acordada.

- Não podia esperar até amanha para te contar as novidades querido.

- Podes só esperar que eu tome um banho por favor?

- Claro amor, não vou a lado nenhum.

Olhei-a mais uma vez desconfiado e fui para a casa de banho.

Algo se estava a passar. E era importante.

Não que eu fosse pessoa de sair muito, mas sempre que isso acontecia, nas vezes em que eu chegava mais tarde, devido a alguma reunião, Tanya não me esperava acordada.

Ela ia sempre para a cama cedo.

Essa foi a primeira coisa que me disse que algo estava a acontecer.

A segunda foi o enorme sorriso com que ela estava.

Tanya não sorria assim, desde a altura antes dos seus pais morrerem.

Terminei de tirar a roupa e entrei para o duche.

Apoiei as minhas mãos na parede, encostando lá a testa, enquanto sentia a água a escorrer.

O que eu não dava para estar ainda a dançar com ela.

Ou para estarmos agora a terminar a nossa noite.

A conversa com Jasper e Emmet veio-me à cabeça e foi impossível não sorrir com o que eles disseram.

Embora esta situação seja minha culpa, por me ter casado com Tanya, apenas para lhe dar estabilidade, eu queria e muito que eles tivessem razão.

Bella era agora indispensável na minha vida.

O sorriso, o olhar, a voz, o cheiro… Tudo nela ficou na minha mente desde a primeira vez.

Afinal, se ela não me tivesse chamado a atenção daquela forma eu nem me teria preocupado em lhe arranjar casa. Ainda mais aquela casa em especifico que eu conseguia ver a partir da minha varanda.

Afastei esses pensamentos e desliguei a água, enrolando uma toalha à cintura.

Porra.

Pensar nela não era a melhor coisa a fazer quando ia ter com a minha esposa.

Respirei fundo para me acalmar o máximo que consegui e depois fui para o closet, onde vesti umas calças de pijama e um camisola de manga curta.

Voltei ao quarto e sentei-me ao lado de Tanya, que estava ainda na mesma posição, sentada na cama.

- Obrigada por teres esperado Tanya. Eu precisava mesmo de um banho.

- Claro querido, não há problema. Ainda por cima tiveste que ir buscar a tua irmã.

Eu sabia.

-A tua irmã disse-te?

- Sim, ela disse-me que te tinha visto. Achou-te com uma cara abatida, mas pelo que vejo agora já estás melhor.

- É, ela tem esse efeito em mim

A imagem de Bella veio-me novamente à cabeça, fazendo-me sorrir.

- Não posso nem descrever a cara que acabaste de fazer e o sorriso terno ao falares da tua irmã.

Olhei para ela confuso.

Minha irmã. Tanya pensava que eu falava de Alice.

Tentei concentrar-me na conversa para evitar arrepender-me mais tarde de alguma coisa que dissesse agora.

- Tanya estou curioso. Nunca me esperas acordada. Aconteceu alguma coisa?

Mais uma vez ela sorriu abertamente.

- Aconteceu uma coisa maravilhosa Edward. Uma coisa que vem para me ajudar a superar toda a tristeza que tenho sentido nestes últimos tempos.

Sorri.

Apesar de frustrado com este casamento, eu gostava de Tanya.

Não como esposa claro, mas como uma grande amiga

Conheci-a à muitos anos e acompanhei todo o seu sofrimento, sentindo-me incapacitado por não poder fazer nada que a pudesse ajudar.

Fora essa a razão para pedi-la em casamento. Fazer com ela tivesse um lar e alguém que cuidasse dela, uma vez que das três irmãs, Tanya era a mais ligada aos pais.

- Isso é óptimo. Queres contar-me?

- Claro Edward. Isto está directamente ligado a ti.

Olhei-a sem perceber.

Podia sentir o meu cérebro a trabalhar até que, mentalmente, ouvi o clique ao ter uma ideia do que podia estar a acontecer.

- Então?

- Desde algum tempo atrás que me tenho sentido mal. Não te queria dizer nada porque não te queria preocupar. Principalmente agora que tens estado tão ocupado. Hoje foi pior. Passei o dia enjoada, com vómitos , desejos e estou com a menstruação atrasada.

Tanya respirou fundo e olhou com um brilho novo no olhar.

-Estou grávida Edward.

Senti-me ficar gelado.

- Grávida?

- Sim. Vamos ter um filho.

- Mas nós não…

Fui diminuindo o tom da minha voz até me calar quando a ultima noite em que tivemos relações começou a passar como um filme na minha mente.

Deixei de usar preservativo a partir do momento em que Tanya começou a tomar a pílula.

Nunca mais tive preocupações desse género.

Na altura do aniversário dos seus pais, Tanya foi-se muito abaixo e por isso o médico que a acompanhou receitou-lhe uns medicamentos para que ela andasse mais calma.

Nessa noite, e só depois de ter ejaculado é que pensei no que tinha feito.

Possivelmente os medicamentos cortavam o efeito da pílula e caso isso acontecesse estávamos completamente desprotegidos.

O tempo foi passando e nunca mais pensei nisso até agora.

- Foi naquela altura em que eu tomei os medicamentos Edward. Só pode.

Eu continuava estupefacto. Gelado.

- Grávida?

- Eu já queria falar contigo à algum tempo sobre isso. Era o meu desejo agora: ser mãe.

- Já fizeste algum exame?

- Não, queria falar contigo primeiro. Mas tenho a certeza que estou Eddie. Eu sinto isso. Até estou um pouco inchada. Vê.

Tanya subiu a camisola e pude ver que tinha razão. O abdómen estava um pouco maior, e os seios, embora já por si fossem grandes estavam ainda maiores.

- Sim é verdade. Tens um número de alguma médica Tanya?

- Sim, foi por isso que falei com a minha irmã. Queria o numero da médica dela.

- Óptimo. Vamos lá na segunda-feira.

Tanya sorriu animada.

Depois de falar por mais algum tempo sobre o quanto estava animada adormeceu.

Suspirei e levantei-me da cama indo até à varanda.

As luzes em casa de Bella estavam todas apegadas

O que iria acontecer agora?

Mesmo que me tenha pensado pedir a Tanya o divórcio eu não poderia fazer isso agora que ela estava grávida. Era injusta para com ela.

Não iria abandoná-la quando ela precisava de mim.

Por outro lado estava Bella.

Como iriam ficar as coisas entre nós? Tudo bem que não temos nada, afinal eu sou casado. Mas não por isso que eu a desejo menos. Não é por isso que deixo de querer abraçá-la cada vez que a vejo.

Desci e fui para a sala, onde liguei a televisão, embora não prestasse atenção em nada daquilo que passava.

…

A manha chegou sem que eu conseguisse dormir nada.

Para falar a verdade eu não sei como não vi o tempo passar.

Fiquei apenas sentado no sofá, com os olhos fixos na janela, onde podia ver o céu, com milhares de pensamentos que não me largavam.

Ouvi barulhos lá em cima e percebi que Tanya já tinha acordado.

Levantei-me de onde estava e estiquei-me sentindo os meus músculos doridos devido às várias horas que passei na mesma posição.

Subi e fui directamente para o closet onde escolhi umas calças de ganga, uma t-shirt e uma camisa.

Tomei um banho rápido no quarto de hospedes e desci encontrando Tanya na cozinha.

- Bom dia querido.

- Bom dia Tanya.

Comecei a preparar um café bem forte enquanto a ouvia a falar e a falar e a falar.

Deus. Eu já não aguentava mais ouvi-la.

Assim que o café ficou bom apressei-me a sair da cozinha.

- Eddie?

Virei-me lentamente para trás.

- Sim Tanya?

- Não vais comer? Não podes ficar só com um café.

- Já comi, enquanto estavas a dormir.

- Mas.

- Tanya por favor, quero ficar sozinho.

Fui para fora de casa e sentei-me na entrada.

Pus a caneca no chão e apoiei a cabeça nas mãos.

Não passou muito tempo até ouvir a porta abrir-se.

Senti todo o meu corpo a ficar tencionar-se.

A minha voz saiu mais fria do que queria devido á exaustão, tanto física, por não ter dormido, como mental.

Contudo, foi apenas  olhar para aquele par de olhos castanhos que consegui de imediato relaxar.

A minha irmã e Rosalie foram para dentro com Tanya, o que me deu uns minutos com Bella.

Senti-la nos braços era algo a que eu ainda não me tinha habituado.

Falámos um pouco, contudo, quando Rose lembrou que elas podiam ficar doentes, tratei de mandar Bella para casa.

Era o que me faltava agora, que ela ficasse doente.

E então, tão depressa como tinha chegado, ela foi-se embora, o que trouxe de volta toda a minha angustia.

Passei o resto do dia a vegetar pela casa.

Cansado demais para sair, mas agitado demais para descansar.

Resultado: quando a segunda feira chegou, eu estava um caco.

…

Tanya conseguiu marcar a consulta para as 10 da manhã, por isso,  às nove saímos de casa.

A viagem foi rápida e silenciosa

Enquanto eu pensava sobre como seria a nossa vida daqui para a frente, Tanya acariciava a barriga e olhava para a paisagem com um sorriso tranquilo no rosto.

Confesso que essa imagem me apertou o coração. Tanya merecia ser feliz.

…

Oh por favor.

Grávidas com as hormonas descontroladas era algo que eu dispensável.

A todo o minuto eu remexia-me na cadeira, desconfortável com todos dos olhares que as grávidas me lançava.

Elas praticamente me comiam com os olhos e tenho a certeza que já não faltaria muito para que em atacassem.

Respirei aliviado quando a recepcionista anunciou o nosso nome.

Tanya praticamente correu para a porta do consultório enquanto eu a seguia, um pouco mais calmo.

Assim que entrámos vi uma médica jovem, bonita.

Era loira, baixinha, possivelmente do tamanho da minha irmã e tinha uns olhos grandes.

- Bom dia, Sr. e Sra. Cullen. Sou Jane Volturi.

- Olá Dra. Jane. – respondeu Tanya animada.

- Boa tarde.

- Por favor sentem-se. – depois de o fazermos ela continuou – então creio  que há aqui uma suspeita de gravidez. É isso?

- Sim Dra. Já venho a sentir-me mal à uns dias, com enjoos matinais e desejos. A barriga cresceu, assim como os seios. A minha menstruação está atrasada.

- Sim, realmente isso são sintomas. Vamos fazer uns exames e depois uma ultra-sonografia

Depois de colher sangue, Tanya deitou-se na marquesa onde seria feito a ultra-sonografia e eu aproximei-me dela que me segurou a mão.

Sorri-me e olhei na direcção do ecrã do aparelho.

A Dra. Jane espalhou o gel pela barriga de Tanya e começou a passar o aparelho.

Ficamos uns minutos em silêncio.

Algo não estava bem.

- Certo. Tanya, vou pedir que acompanhe agora a nossa enfermeira, para mais uns exames de rotina certo? – perguntou-lhe depois de uma toalha para limpar o gel

- Claro Dra.

Rapidamente chegou uma enfermeira que levou Tanya consigo.

- Sr. Cullen por favor sente-se aqui comigo.

Fiz o que ela me disse.

- O que se passa Dra.?

- Sr. Cullen a sua esposa vai precisar muito de si agora.