POV BELLA.

Esta noite tinha sido de extremos.

Primeiro aquele jantar maravilhoso e a dança com Edward.

Ainda não consigo acreditar que tudo aconteceu e na forma como o meu corpo reage ao seu toque, ao seu sorriso, à sua voz e aos seus olhos.

OH os seus olhos! Eu simplesmente deixo de raciocinar quando ele me olha com aquela intensidade capaz de entrar na minha alma, ler os meus pensamentos e descobrir todos os pormenores da minha vida.

Depois, pensei que Edward se ia envolver numa briga. Entrei em pânico mesmo tentando esconder isso debaixo de uma calma que eu não tinha.

A ultima coisa que eu queria era que ele se magoasse.

Fiquei mais do que surpreendida quando Edward relaxou apenas com o meu toque na sua mão fechada em punho. O meu coração acelerou.

Conhecer Kate foi o momento tenso da noite. Eu não fazia ideia de como reagir. Do que fazer, do que dizer. Se pudesse tinha-me enfiado num buraco que se abrisse na terra.

Afinal de contas eu estava no meio da pista de dança, agarrada e completamente encantada com o marido da sua irmã. Definitivamente não era a melhor forma de se conhecer alguém.

Os momentos seguintes foram rápidos demais para que eu conseguisse assimilar tudo.

Edward apareceu com uma história inventada e mais do que depressa tirou-me de lá.

Então, enquanto nos afastávamos e depois de ouvir a sua mentira eu senti-me mal por toda a confusão.

A realidade, a culpa e a vergonha apareceram sem que eu desse sequer autorização.

Com tudo o que tinha acontecido esta noite eu podia ter causado muitos problemas a Edward e isso eu definitivamente não quero.

O meu primeiro pensamento foi que não devia ter aceite o convite de Alice para que saísse com eles, principalmente quando estava explicito ser um encontro a pares.

Mas por outro lado, se não tivesse aceite, os momentos que tive esta noite com Edward fariam apenas parte da minha imaginação e mesmo assim acho que a minha capacidade para inventar não é das melhores.

Sem que eu percebesse, estava mais uma vez sozinha com ele, no seu volvo a caminho de casa.

Edward permanecia calado e este silencioso estava a matar-me.

O mais certo era que quando ele abrisse a boca fosse para dizer que estava arrependido e que não iria queres repetir nada ou até mesmo estar sozinho comigo.

Então eu preferia que ele se mantivesse calado porque assim podia pensar que esta noite tinha um final perfeito.

Quando estacionou em frente ao meu prédio já quase que pensava que Edward me ia expulsar a pontapé do carro enquanto gritava.

Contive o impulso de correr para longe dali enquanto ele se virava para mim. Não pode, porém evitar que uma única lágrima caísse.

Mais do que depressa esclarecemos tudo e a minha vontade foi bater palmas ao estilo de Alice quando Edward me disse que queria repetir a noite.

Afinal havia a hipótese de esta noite ter mesmo o seu final perfeito.

Edward deu-me um beijo no canto a boca e despediu-se de mim dizendo que viria buscar-me segunda de manhã, como já era hábito.

Assim que fechei a porta do carro, dois pares de mãos arrastaram-se para dentro do prédio sem que eu tivesse oportunidade de me despedir de Jasper e Emmet.

Como estava calor, vestimos apenas os pijamas e fomos para a minha varanda onde nos sentamos nos cadeirões.

As duas ficaram caladas a olhar para mim enquanto eu me divertia dando uma de desentendida levando-as quase ao desespero.

Quando parecia que iam explodir com o esforço para estarem caladas soltaram a língua.

-Então?

-O que aconteceu?

-Como foi?

- Onde foram?

.O que fizeram?

-Do que falaram?

- O que comeram?

-Beijaram-se?

- O que sentiste?

- Que dança foi aquela?

-Como o conseguiste acalmar tão depressa?

-Como foi a vinda para casa?

- Porque demoraram tanto tempo dentro do carro?

À medida que faziam novas perguntas o tom de voz ia aumentando até que estavam as duas a gritar.

Então calaram-se e ficaram a olhar para mim à espera que eu começasse a falar.

Antes de começar a falar o meu olhar foi atraído para movimentações na rua e vi Edward a despedir-se dos rapazes e a entrar no seu carro.

Fiquei a olhar seguindo-o com o olhar até que ele chegou a casa.

Então respirei fundo e olhei para as raparigas.

-Bem eu provavelmente não vou responder às perguntas pela ordem que vocês fizeram mas vou tentar contar tudo.

E então fiz-lhes um resumo.

Contei-lhes tudo, todos os pormenores e sentimentos que nem eu percebi no momento.

Elas mereciam saber, afinal têm-me ajudado sempre, sem questionamentos.

Ficámos pelas próximas duas horas a falar sobre esta noite.

Quando acabei de contar estavam a olhar para mim com os olhos arregalados e um sorriso.

-Bella ele corresponde aos teus sentimentos. – Rose disse ao mesmo tempo que o seu sorriso aumentava.

Claro que eu queria mais do que ninguém que esta frase correspondesse à verdade, mas também não queria estar a alimentar falsas esperanças porque depois era que quem ia sofrer.

Rose, claro, percebeu o rumo dos meus pensamentos.

-Hey Bella, eu tenho quase a certeza do que estou a dizer. Eu nunca te diria isto sem acreditar, tu sabes isso. Longe de mim quer fazer-te sofrer.

Olhei para ela que estava séria e não pude duvidar das suas palavras.

Ela não mentia para mim.

Então não tive como evitar o sorriso que se formou.

Alice que estava demasiado calada sorriu ainda mais.

- Ah Bellinha eu tenho a certeza de que as coisas entre ti e o meu irmão vão dar certo.

Abri a boca para falar, mas ela levantou o dedo impedindo-me.

- Pode não ser num futuro imediato mas vocês vão ficar juntos.

A forma como Alice disse isso fez com que parecesse que ainda lá vinham problemas. Eu sinceramente espero que ela esteja errada.

Então decidimos que era melhor irmos deitar.

Tomei um banho rápido para tirar o fumo do meu corpo e adormeci a pensar naquelas olhos verdes.

…

Quando Alice me acordou na manhã seguinte parecia que eu tinha acabado de me deitar.

Ao contrário de mim Alice estava com a energia toda, como sempre.

-Bellinha Bellinha acorda. Vamos. Anda lá dorminhoca, vamos correr.

Por mais que eu tenha resmungado os olhos marejados de Alice, o seu biquinho e o lábio inferior a tremer sempre me faziam voltar com a minha palavra atrás. Maldita chantagista.

Despachei-me rapidamente, vestindo um fato de treino que Alice me deixou em cima da cama.

http://2.bp.blogspot.com/_ESXixWGBgcc/TQJ8NxKmmtI/AAAAAAAAAqM/WDLLFqEaiXQ/s1600/tiempo%252520libre-set-6115.jpg

O equipamento de Alice era, claro cor de rosa.

http://3.bp.blogspot.com/_ESXixWGBgcc/TQJ8Jd3EKQI/AAAAAAAAAqI/5QHpzSwR9ks/s1600/tiempo%252520libre-set-6130.jpg

O de Rose era amarela e verde.

http://3.bp.blogspot.com/_ESXixWGBgcc/TQJ7v5Y1NiI/AAAAAAAAAp4/7ToPHZpSvNQ/s1600/tiempo%252520libre-set-6106.jpg

Saímos do prédio e fomos caladas por quase todo o caminho, apenas aproveitámos o ar da manha.

Embora eu tenha dito que não queria vir não posso pensar em nada para fazer melhor agora.

A noite de ontem tinha sido cansativa e por isso sabia bem agora estar apenas a correr, sem grandes conversas.

Demos a volta ao bairro, que eu nunca tinha percebido que era assim tão grande.

- Ah estava mesmo a precisar disto – Rose disse enquanto chegávamos à minha rua.

-Sim também eu. Temos de fazer isto mais fezes não é Bellinha?

- Hum hum – concordei distraidamente enquanto olhava para a casa de Edward.

Ele estava na varanda, sentado numa cadeira, com a cabeça apoiada nas mãos.

Preocupei-me em vê-lo assim quando a ultima vez que eu o tinha visto estava com um sorriso no rosto.

A minha vontade era correr para ele e abraçá-lo apertado para fazer todas as suas preocupações desaparecerem. Mas claro não podia fazer isso.

No chão, ao pé dele estava uma caneca com algo que deitava fumo mas não consegui perceber o que era.

Estava vestido da forma mais descontraída que eu já vi até agora: uma camisola cinzenta e por cima uma camisa aos quadrados com umas calças  de ganga. Lindo.

Paramos em frente ao portão e quando Alice abriu a boca, possivelmente para o chamar, a porta da frente abriu o que fez o corpo de Edward ficar tenso.

Tanya apareceu e sorriu quando nos viu.

-Eddie?

Ele abanou quase imperceptivelmente a cabeça.

-O que é agora Tanya? Eu já te pedi uns minutos.

A sua voz estava fria como eu nunca tinha ouvido.

Ao contrário do que seria de esperar, Tanya não se abalou com o seu tom de voz. Apenas continuou como se não tivesse percebido.

-Temos visitas

Edward tirou as mãos da cara e abriu lentamente os olhos respirando fundo.

Só depois olhou na nossa direcção

Primeiro viu Rosalie, depois Alice e finalmente os seus olhos encontraram os meus.

Os seus olhos, antes frios, ficaram de novo calorosos, tal como eu sabia que eles eram. Estavam com um brilho e nos seus lábios apareceram o meu sorriso torto.

Levantou-se de imediato e sem desviar os olhos dos meus abraçou a irmã e depois a cunhada.

Claro que o seu constante olhar me fez corar e o seu sorriso aumentou.

Por fim chegou ao pé de mim.

Rosalie e Alice foram cumprimentar Tanya levando-a para dentro de casa.

 Quando passou por mim Rose piscou-me o olho.

Mordi o lábio quando lentamente Edward pousou as mãos na minha cintura e puxou-me para si, colado os nossos corpos.

Apoiei a minha cabeça no seu peito másculo, ouvindo o batimento do seu coração e inspirei o seu cheiro.

Edward escondeu o rosto no meu pescoço e também ele inspirou na minha pele fazendo-me tremer.

-Bella, eu estava mesmo a precisar de te ver – sussurrou ao meu ouvido de forma carinhosa.

- Sério? – engasguei

-Sim, a tua presença acalma-me.

Demasiado cedo afastámo-nos.

Senti de imediato falta do seu corpo encostado ao meu.

Olhei para cima e o que encontrei assustou-me.

Edward estava com um olhar de pavor, cansaço e tristeza.

Pousei a minha mão na sua bochecha e ele fechou os olhos.

Esperei até que os voltasse a abrir.

-Edward tu estás bem?

-Vou ficar.

Sorriu. Mas esse sorriso não lhe chegou aos olhos.

Franzi a testa tentando entender e Edward acariciou o vinco que se formou o que me fez corar violentamente.

Quando percebeu Edward voltou a sorrir e desta vez chegou aos seus olhos.

Devolvi o sorriso satisfeita por tirar aquela tristeza do seu olhar, nem que fosse apenas por um curto período de tempo.

-Bella eu ia-te ligar mais logo.

-Ah sim? Porque?

-Eu amanhã não vou poder ir trabalhar. Achas que consegues arranjar alguém que te leve?

O meu coração falhou uma batida ao ouvir aquilo. Não o veria amanhã.

-Eu apanho um táxi não te preocupes.

-Não táxi não. Não fico descansado assim. Nunca se sabe o que pode acontecer num táxi.

Sorri com a sua preocupação, mas não ia aceitar isso.

-Edw…

Ele pôs um dedo nos meus lábios fazendo-me calar de imediato. A minha vontade era dar um beijo no seu dedo mas controlei-me.

-Bella eu amanhã não te vou poder ver, tenho problemas a tratar por favor não me dês mais motivos para me preocupar.

A sua voz suou um pouco áspera. Sé é que veludo pode ser áspero.

-Desculpa

Baixei o olhar para os meus pés as imediatamente Edward desceu o dedo que estava nos meus lábios e levantou-me a cabaça para que o encarasse.

- Não Bella, não peças desculpa. Eu é que tenho de pedir. Por favor perdoa-me. Falei de forma rude, não foi minha intenção. Tu não mereces isso.

O seu olhar estava aflito e pude ver que a tristeza tinha voltado.

- Não tem problema.

-Tem sim, eu não posso descontar os meus problemas em ti. Não é justo. Eu só não quero que te aconteça algo só porque eu estou impossibilitado de te levar para o trabalho.

Mais uma vez não houve como não sorrir.

-Tudo bem Ed, então como vou?

- Hum…

Quando ele se calou para pensar é que pude perceber como estávamos próximos. Estávamos de mão dada, a sua outra mão tinha saído do meu queixo e estava agora na minha bochecha e a minha mão estava apoiada no seu peito.

Ouvimos a porta a abrir e afastámo-nos lentamente enquanto sorriamos um para o outro.

Olhei para a porta e Alice e Rose encaravam-nos com um sorriso nos lábios.

-Meninas era mesmo com vocês que eu queria falar

 Olhei-o mais uma vez sem entender e ele voltou a passar o dedo na minha testa.

- Já alguém te disse que és muito curiosa?

-Oh sim, ouvi isso a vida toda.

Ele riu antes de se virar para as raparigas que acompanhavam tudo atentas.

-De que precisas?

-Eu amanhã não vou poder ir trabalhar  e ficava mais descansado se uma de vocês levasse a Bella para o emprego.

-Eu levo-a – Rose prontificou-se de imediato.

Edward sorriu-lhe agradecido

-Obrigada Rose. Assim não fico tão preocupado.

-Tão preocupado? – Alice perguntou cínica.

-Sim claro. Como querias que ficasse? Não posso deixar de pensar que pode sempre acontecer alguma coisa e el... – a sua voz foi baixando até que ele olhou mortalmente para a irmã que lhe sorria lindamente.

-Meninas nós agora devíamos de ir, estamos aqui à muito tempo paradas e já arrefecemos demais – olhou de relance para Edward que a olhava preocupado  e continuou – como estivemos a correr durante muito tempo podemos apanhar alguma constipação ou assim por estarmos ao frio.

Edward olhou-me de imediato.

-Bella vai para casa, toma um banho quente e por favor não te esqueças de alongar.

As raparigas começaram a rir e despediram-se deixando-nos a sozinhos.

-Ed?

-Sim Bella?

O olhar torturado estava lá de novo.

-Por favor não estejas com esse olhar.

-Que olhar querida?

Quase derreti.

-Estás com um olhar triste. Não gosto de te ver assim.

Ele sorriu um pouco.

-Melhor assim

-Não, os teus olhos ainda estão tristes. Isso faz-me sentir triste também.

Um novo brilho passou pelos seus olhos tirando de vez aquela tristeza.

-Bella tu és mais do que eu mereço. E eu não te quero ver triste. Por motivo nenhum, principalmente por minha causa.

Sorri e corei com aquilo.

- Então agora deves perceber-me. Eu não quero ver-te triste também. Faz-me mal.

-Então está decidido. Nada de tristezas.

- A mim parece-me óptimo.

 Sorrimos um para o outro

-É melhor ires querida. A ultima coisa que quero é que fiques doente.

-Sim, tens razão. Vais na terça?

- Não sei. Depende de como tudo correr amanha. Mas eu espero bem que sim.

“Eu também” – pensei

-Tudo bem. Espero que resolvas tudo o que precisas.

- Obrigada – olhou-me durante um tempo e depois abriu os braços num convite – vem cá querida

Sem hesitar fui na sua direcção, aconchegando-me no seu peito, inebriando-me com o seu cheiro enquanto Edward escondia o rosto no meu pescoço.

…

Depois de ficar um tempo nos braços de Edward fui para casa.

Andei devagar com o seu cheiro ainda em mim.

Não tinha pressa em chegar a casa porque assim que isso acontecesse eu teria de relatar toda a nossa conversa às raparigas.

Andei lentamente pelo curto caminho que separava as nossas casas.

Senti que estava a ser observada e por isso olhei para trás encontrando um par de olhos verdes.

Quando os nossos olhares se encontraram Edward sorriu-me docemente, aquele sorriso que me deixava sem ar, sem chão.

Sorri-lhe de volta.

Era impossível não o fazer quando o via.

Quando dei por mim já estava à porta do meu prédio.

Acenámos um para o outro e  entrei em casa enquanto ele ficava lá a olhar-me.

Enquanto esperava pelo elevador tentei pensar num possível motivo para ele estar assim, mas nada me vinha à cabeça.

Era horrível vê-lo com aquele olhar. Transmitia desespero.

Cheguei a casa e fui tomar um banho depois de alongar.

Quando passei pelos outros quartos ouvi o barulho da água ligada o que indicou que as raparigas estavam no banho.

Tirar o cheiro de Edward era a ultima coisa que queria mas era impossível não tomar banho depois de correr.

Suspirei pesadamente e fui para a casa de banho.

Enquanto tirava as roupas só conseguia pensar em como o dia de amanhã seria longo, sem Edward na empresa.

Eu ia sentir a falta dele.

Eu nem sabia do quão verdadeiras eram as minhas palavras