Máscara Omega escrita por MrSancini


Capítulo 19
Uma última chance / O futuro nos espera




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Christie

C-como? Com um golpe, Sanguini removeu as transformações de Alice, Julio e Jéssica. Com dificuldades, me levanto. E mesmo sem estarem transformados, meus amigos também se levantam. Com um sobressalto, lembro das palavras de Sanguini no Shopping, no que parecia um milênio atrás.

"Até o dia em que nos encontrarmos, lembre-se do terror e da sensação de impotência que você sente agora."

Era daquele jeito que eu me sentia, impotente, novamente. Da mesma maneira que ele me derrotou no Shopping sem fazer o menor esforço, ele removeu toda a minha vontade de lutar.

—Ei... Christie... – Julio se levanta com dificuldades, sua jaqueta branca estava com alguns buracos e ele tinha ferimentos pelo corpo. – Você não vai desistir agora... Vai?

—Julio... – Murmuro, enquanto vejo Alice se levantar, ela estava com um sangramento na testa e os ferimentos pelo corpo eram evidentes.

—Christie... Lembre-se, que não é só você quem está lutando. – As palavras dela saem sem dificuldades. – Nós somos uma equipe.

—E Christie... – Jéssica era a que estava menos ferida, apenas o braço sangrando e um pouco suja. – Lembre-se da sensação oposta a que tem agora.

—Alice... Jéssica... – Fecho os olhos, me lembrando da vez em que fui resolver o sequestro no hipermercado.

"Entendi. Obrigado! Você é a melhor!"

Aquela criança... Ela sorrira de maneira completamente sincera quando a salvei, e dei um conselho sobre como ele poderá defender a mãe no futuro. Foi naquele dia que decidi, que eu precisava lutar por aqueles que não podiam se defender. Pensei nisso e voltei a erguer meus punhos.

—Ah, seus patéticos amigos querem melhorar seu humor? – A voz de Sanguini é debochada. – Tudo bem, venham...

Eu corro para cima dele e salto, aplicando uma voadora no peito dele, que não faz muito, além de ser como tentar empurrar uma geladeira com os pés. Enquanto caio, ele me acerta umtapa, como uma mosca faria, me jogando no chão, para logo em seguida pisar em minhas costas três vezes, até eu conseguir rolar evitando uma quarta pisada.

Me levanto e tiro o bastão das costas, tentando acertar as pernas dele, que salta para trás a cada tentativa minha de derrubá-lo. Uma coisa preciso admitir, apesar do tamanho, ele não perdia a agilidade.

—A gente não pode deixar a Christie lutar sozinha... – Escuto Julio dizer, enquanto tento acertar algum golpe em Sanguini, que apenas desvia.

—Vocês vão forçar demais o corpo caso se transformem! – Grito, vendo que Julio e Jéssica já colocaram os cintos novamente e Alice já estava com o Alpha Watch pronto.

Esse momento de hesitação meu, quando olhei para trás, permite que Sanguini acerte um soco em mim, e acabo suscetível a uma sequência de socos e chutes de Sanguini, que me pega pelos braços, levanta vôo com as asas, subindo lentamente e me arremessando lá do alto.

Lentamente, Sanguini volta ao chão, enquanto meu corpo é um montinho de dor entre os destroços da escola. Levanto-me mais uma vez, pronta pra continuar, apesar da dor.

—Você acha que a gente liga pra isso? – Julio pergunta, erguendo a carta com o símbolo Delta, de maneira melodramática, enquanto estende o braço esquerdo para o lado e passa a carta pelo símbolo LED de seu cinto. – TRANSFORMAÇÃO!

O traje amarelo e preto de Máscara Delta cobre o corpo dele, que parece disposto a lutar. Ele passa uma carta pelo LED e uma pistola se materializa em sua mão.

—Minha inteligência, é minha força! – Ele ergue o punho esquerdo. – A justi... Meus dispa... Qual era minha fala mesmo? – Ele coça a cabeça com a pistola. – Ah, vocês sabem! – Ele dispara três vezes contra Sanguini, que inesperadamente recua com os tiros. – O gênio atirador... Máscara... – Ele aponta a arma de maneira dramática para Sanguini. – Delta.

—Nós vamos lutar juntos, Christie... – Alice aperta o botão do Alpha Watch. – TRANSFORMAÇÃO!

O corpo de Alice, anteriormente chamada de Alpha, é coberto pelo traje violeta com detalhes em roxo escuro de Máscara Alpha. O capacete dela estava quebrado, com um buraco do tamanho de uma tampa de refrigerante, mas o olhar dela estava completamente sério.

—Eu não tenho uma frase de efeito que nem o Julio, mas... – Ela dá de ombros. – Nascida do mal, para fazer o bem... – Alice aponta para Sanguini. – Máscara Alpha.

—O plano envolvia todos nós lutarmos juntos, Christie... – Jéssica diz, apertando o botão do Gamma Belt, e colocando os punhos em posição de combate. – TRANSFORMAÇÃO!

Aquela era a primeira vez que eu via de fato a Jéssica se transformar, porque das outras vezes, ou eu estava tipo, fugindo de um local que estava explodindo, ou ela estava do meu lado, com eu me transformando. O traje de Máscara Gamma, um misto de azul e laranja, com espinhos no pulso e na altura da canela, um capacete bem ameaçador, eu lembro da vez em que Julio falou que não queria ficar do lado oposto da secretária do colégio. Agora eu sabia o motivo.

—Eu não tenho palavras para você, Santiago... – Ela estala os dedos, pronta pra lutar. – Máscara Gamma traz apenas dor.

—AAAAAH, QUE DROGA, TODO MUNDO TEM FRASES LEGAIS E EU NÃO! – Grito, frustrada com isso. – QUE SE DANE!

Giro o dispositivo do Omega Watch, que faz com que minha moto se desfaça em várias peças. Os pneus, diminuindo de tamanho, ficam do lado de fora de cada pé meu. O escapamento se parte em dois, ficando cada metade de um lado de minha cintura. Cada parte do guidão vai parar em um antebraço meu, como canhões. A lataria da moto reveste meu corpo, como se fosse uma armadura, inclusive com ombreiras. O resto das peças se dissolve num líquido dourado, que reveste meu visor.

—O seu fim será carmesim, como o sangue que percorre meu corpo... – Ergo minha mão direita até a altura de meu rosto. – Máscara Omega Dash!

—Já terminaram de brincar de super-heróis? – Sanguini estende a mão direita, abre e aquela esfera dourada surge novamente.

Na forma Dash, eu consigo ver o que ele na verdade joga. A esfera é composta de luz, e quatro projéteis, semelhantes as brocas que ele usava. Elas tem a velocidade de combate que o Sanguini possuía, foi assim que ele nos atingiu da outra vez.

No que ele dispara, eu vou em alta velocidade, e com meu canhão, detenho os quatro projéteis. Quando retorno a velocidade normal, meus amigos estavam em posição de defesa.

—O que... – Julio estranha não ter sido atingido.

—Maldita... – Sanguini tenta me atacar, mas esquivo.

—A esfera dele... Ela usa da velocidade de Sanguini, por isso pareceu que quando a esfera estourou, ela nos atingiu, mas é só luz... – Explico, voltando a atacar Sanguini, que defende meus golpes. – A esfera tinha quatro projéteis, como as brocas, que nos atingiram.

Nos minutos seguintes, apesar da forma Dash, a luta é equilibrada, Julio tenta atirar de longe, com as três armas, mas Sanguini levanta vôo, ficando longe. Não posso usar a velocidade alta o tempo todo, pois isso desgasta meu corpo e a cada vez que retorno a velocidade comum, me sinto mais cansada. Alice parece ferida demais pra acertar qualquer golpe, mas ainda assim tenta, só que ela precisa da Jéssica para defender por conta do tempo de reação alto demais.

—Mais um pouco... – Julio diz, enquanto usa a Shotgun com duas cartas acopladas atrás e atira em Sanguini, mas o mesmo levanta vôo. Agora que percebi uma coisa, nunca fora o laser que destruía os inimigos, como supunha, mas o laser era uma mira e um único projétil atingia o inimigo.

—INÚTIL! – Sanguini desce num rasante, chutando Julio, depois Alice e por fim Jéssica, eu só consigo desviar por conta da velocidade alta minha.

—Não acho... – Julio ri depois de se levantar.

—Alguma ideia? – Alice pergunta, de pé.

—Tenho, vou precisar de todas vocês pra ela funcionar. – Julio responde, enquanto tira o próprio cinto e o coloca na minha cintura. – AAAAAAAGH! – Ele grita de dor, definitivamente, mas aperta o botão, que faz com que as tiras do Delta Belt saiam e corram em torno da minha cintura. – Escutem bem, porque acho que só vou poder explicar uma vez... Tá doendo pra burro. Eu... Eu criei uma maneira de temporariamente fundir os nossos trajes... O problema é que essa transformação só vai durar um minuto.

—Então anda logo. – Jéssica diz, observando Sanguini, esperando o movimento dele para atacar. De nós, ela era a menos ferida.

—Jéssica, vou precisar que você ataque Sanguini com seus espinhos, de maneira incessante, para que ele le... Levante vôo. – Julio continua, a dor tomando conta do rosto. – Uma coisa que notei aqui, é que a velocidade de vôo dele é menor que a no solo, então vocês terão mais chances de atacá-lo em vôo... A-Alice... Você pode usar a Alpha Sword para paralisá-lo no ar, e então Christie... Você pode... Finalizá-lo, use o poder combinado de Máscara Omega e Máscara Delta... – Ele me entrega uma carta. – Lembre-se... A transformação dura um minuto... Agora, preciso descansar...

—Julio... – Digo, preocupada com meu amigo, que se solta de mim e começa a caminhar mancando, provavelmente para descansar sentado no chão, próximo do muro de saída. – Pessoal, vamos...

—JULIO! – Angela cruza o portão e vai até o namorado, que iria cair se ela não tivesse o segurado.

Ela começa a carregá-lo, com ele apoiado em seu ombro, uma imagem que seria bonita, se Sanguini não tentasse matá-los ali, com uma broca.

Nem penso duas vezes e passo a carta com o símbolo de Delta no LED, e não sei o que aconteceu exatamente, mas o tempo parou pra mim, eu consigo ver a broca indo na direção de Julio e Angela. Sem nem ao menos sentir, vou até a broca, a seguro e a arremesso de volta na direção de Sanguini, sendo que ela explode alguns metros depois deu tê-la aremessado.

—Como... – Estendo meu braço, porque estranho a broca não ter explodido quando tocou na minha mão e vejo que meu traje está diferente, num tom dourado com detalhes avermelhados. Aí lembro das instruções de Julio "Um minuto..." – Jéssica, Alice, agora!

—Entendido! – Jéssica aperta um botão no cinto e começa a disparar espetos, saídos da bota e do pulso, na direção de Sanguini, que começa a saltar para trás esquivando, até que o fluxo de espinhos se torna grande a ponto dele levantar vôo.

No que Sanguini levanta vôo, Alice já havia colocado uma moeda na parte de baixo de sua espada, e desenhava um círculo no ar, dando alguns passos para trás e esperando Sanguini voar na posição que ela precisava. Quando ele passa no ponto certo, ela arremessa a espada pelo círculo, como se arremessasse um dardo, que atravessa o círculo e Sanguini, deixando-o paralisado no ar.

Sacando uma carta de um deck que estava pendurado no lado direito da minha cintura, vejo uma carta que contem o desenho de uma chave e as letras Delta e Omega. Corro e dou um salto, para o prédio anexo, que ainda estava de pé, apesar dos danos. Dali, consigo ver um paralisado Sanguini, que estava surpreso.

—M-malditos... Eu posso ainda chamar os monstros que Johann deixou comigo. – O tom dele é confiante. Pena que ele não podia ver meu rosto, pois eu sorria.

—Acabou, Edson Santiago. – Digo, confiante. – Nenhum monstro de Johann virá, desde que você decidiu sacrificar a criação dele, naquele plano de nos explodir no covil da Cruz Mortífera. – Aterrorizado, ele força o pescoço para o lado, olhando para Alice lá embaixo, que dá um tchau para ele.

Passo a carta no LED do Delta Belt, e meu corpo inteiro pulsa com energia, era não só a minha armadura, o upgrade, ou o Júlio, mas aquilo representava a nossa motivação para lutar, a felicidade das pessoas.

—Adeus, Sanguini. – Dou três passos, até a beirada do topo do anexo e salto, aplicando uma voadora bem no peito dele, atravessando-o. Uma explosão dourada se segue, com o corpo humano de Edson Santiago caindo, enquanto a forma dourada de Sanguini se separava dele, como a água evaporando rapidamente em contato com um calor extremo, se tornando pó em seguida.

Alice pega o corpo dele, o deita no chão e coloca a mão em seu peito, dando um joinha pra mim, que caia, já na minha forma de Máscara Omega normal. Felizmente, Edson Santiago estava vivo, o que significa que ele poderia pagar por seus crimes diante da justiça.

Eu, Alice e Jéssica voltamos a nossa forma normal, e não sei quanto a elas duas, mas meu corpo doía muito. Felizmente, o plano de Julio, que descansava nos braços da namorada, havia dado certo e conseguimos enfim, afastar a Cruz Mortífera da cidade.

Porém, o custo disso havia sido grande, vidas haviam sido perdidas, a escola havia sido destruída, e nossa identidade secreta foi pra vala... Mas, nós pudemos dar um pouco de esperança as pessoas que aqui vivem, então não havia sido tudo em vão.

 

Julio

Duas semanas depois

Finalmente, eu poderia sair desse hospital maldito. Claro, as visitas da Angela, Alice, Christie, Jéssica e meus pais (que me deram um tremendo esporro com essa coisa perigosa de lutar contra o mal) aliviaram a dor. Mas era um tédio, principalmente porque eu tinha que ficar ouvindo o James quase o tempo todo falando: "blá blá blá, não force seu corpo ou você vai morrer.".

E sim, James, como meu "médico particular", foi quem cuidou de mim nesse período no hospital da cidade, e felizmente ele conseguiu manter a imprensa afastada de mim, ou de meus amigos. Foi no hospítal que fiquei sabendo do que acontecera após o combate, já que fiquei desacordado um bom tempo depois de Alice ter confirmado que Edson Santiago estava vivendo.

Aliás, nosso prefeito, destituído de seus poderes pela câmara, por razões óbvias, vai passar um bom período na prisão. E foi hilário vê-lo perder a cabeça ao descobrir que os fundos dele, oficiais e desviados, praticamente evaporaram. Nem a polícia pôde congelar as contas dele. Mais um trabalhinho feito antes da luta na escola. Claro, eu mandei boa parte dessa grana para um fundo que auxiliaria no reparo da escola, outra parte foi pra ex-esposa e filho de Edson, que tentavam há muito conseguir a pensão. E um outro pedaço dessa fortuna, foi para compensar duas pessoas. Uma, era Jéssica Mathias, que perdera o emprego na escola, e outra, era basicamente o orfanato que Jéssica era voluntária, já que por conta do ocorrido, ela não poderia mais auxiliar o local pessoalmente.

Saindo do quarto de hospital, encontro com James, que estava passando mais tempo aqui no hospital. Ele parecia com um humor melhor do que todo o tempo em que passava na clínica.

—Julio, vocês tem certeza do que vão fazer? – Ele pergunta, uma última vez.

—Sim. Meu objetivo na clínica foi cumprido, assim como minha tarefa na cidade. – Respondo, calmamente. – Sem contar que você parece bem melhor trabalhando aqui no hospital do que lá na clínica.

—Nisso você tem razão, por alguma razão... Trabalhar aqui me faz bem. – James concorda, sorrindo. – Acho que vou fechar a clínica, alugar o terreno e me dividir entre o hospital e a academia. Aliás, a academia também vai sofrer.

—Não acho, ela está em boas mãos. – Digo, saindo do hospital. Dessa vez não havia mais gente me pedindo atenção por ser o Máscara Delta. Ufa, é o que digo.

Na entrada do hospital, três ao invés de quatro pessoas me aguardam, o que é ligeiramente estranho.

—Ela não veio? – Pergunto, dando um abraço em Alice

—Ainda tá recolhendo o equipamento. – Alice responde, sorrindo.

—Faz sentido... – Dou um longo abraço em Christie. – E as coisas de vocês?

—Já com ela. – Christie responde, feliz em me ver fora do hospital.

—Você tem certeza de que quer vir conosco? – Pergunto, com as mãos nos ombros de Angela, olhando nos olhos dela.

—Sim, apesar de eu estar jogando uma coisa fora. – Angela responde, provavelmente se referindo ao time de vôlei. – Eu vou estar fazendo algo muito maior em troca...

—E isso não tem nada a ver comigo? – Pergunto, de maneira brincalhona.

—Claro que não, isso nem passou pela minha cabeça... – Ela ri, antes de me dar um longo beijo.

É, enquanto os braços de Angela percorrem as minhas costas, me pergunto como o mundo lá fora vai tratar a gente. E não me refiro ao heroismo e tal, mas a diferença entre expectativas e realidade para qualquer coisa.

Caminhando, vamos nós quatro até um último ponto, antes de deixar a cidade de vez... A minha casa. Lá, meus pais me aguardam, porque eu já havia conversado com eles sobre essa decisão, desde que eu acordei após a luta na escola.

A expressão de meus pais era solene e indecifrável. Assim que tenciono abrir boca, meu pai começa.

—Julio, quando soube que você estava envolvido nesse negócio de lutar contra a Cruz Maligna, eu estava zangado. – Ele é honesto. – Eu não queria que por conta de alguma coisa dar errado, você terminasse igual eu, numa cadeira de rodas. Mas... Ao mesmo tempo, sabendo de tudo o que você fez, provavelmente você me tornou o pai mais orgulhoso do mundo, porque você não só ajudou a salvar a cidade, mas como evitou mais de uma vez que seus amigos morressem. Por isso... – Ele perde as palavras.

—Por isso, quando você disse que iria deixar a cidade, para continuar a lutar contra a Cruz MORTÍFERA. – Minha mãe continua, corrigindo a gafe de meu pai. – Nós chegamos a conclusão de que apesar dos perigos, você estaria em mãos corretas. Quando você cresceu, nós vimos Christie ajudar você com o que ela sabia, então sabemos que se você cair, terá pessoas ao seu lado pra lhe segurar. Então, a única coisa a fazer, bem... Foi isso...

Minha mãe indica a minhas malas, feitas, ao menos três delas. Uma, eu sei que contém meus jogos, porque fui eu quem fiz essa. Mas o mais importante, o gesto deles de me deixar ir, dar a benção deles e dizer que sentem orgulho de mim, fez com que eu chorasse ali... Correndo, dou um abraço em minha mãe e no meu pai.

—Eu... Eu vou fazer o que posso, para fazer com que a confiança de vocês não tenha sido em vão. – Digo, entre lágrimas. – Mãe... Pai... Obrigado por tudo.

Uma buzina longa é ouvida, então era hora de partir.

—Pessoal, podem me ajudar com as malas? – Peço, e Alice e Christie pegam cada uma, uma mala minha, enquanto a outra quem pega sou eu, e Angela pega uma mochila que estava no sofá, e se eu conhecesse minha mãe, também tinham roupas minhas ali.

Dando tchau aos meus pais, saímos da minha casa, para ficarmos de frente com um Ônibus desses expressos, que se usam em viagens longas. Ele havia sido comprado com parte dos recursos de Santiago e adaptado para caber nossas motos no porta-malas na parte inferior, com a parte superior tendo assentos leito para nós cinco, mais alguns assentos normais, caso fosse necessário. Alguns equipamentos do James estavam no porta-malas também, mas apenas o que precisaríamos.

Quando a porta do ônibus abre, tenho uma surpresa ao ver Jéssica no volante. Mais um talento que eu não sabia que ela tinha.

—Caramba, Jéssica, lutadora de judô, voluntária em orfanato e motorista de ônibus, o que mais você faz? – Brinco, enquanto eu, Alice, Angela e Christie subimos no ônibus.

—Ah, só uma coisinha aqui e outra ali... – Ela desconversa, rindo, enquanto colocamos minhas malas na parte superior do veículo.

—Mas bem, para onde vamos? – Alice pergunta, se sentando.

—Alguma ideia, Christie? – Pergunto, me sentando ao lado de Angela.

—Honestamente, não sei pra que lugar o futuro nos leva... – Ela senta do lado da Alice. – Não sabemos onde a Cruz Maligna vai estar, ou se o que encontraremos em algum lugar é relacionado a ela mesmo. No fim, sei que estaremos em um lugar onde vão precisar da gente.

Por fim, com o ânimo renovado, nós cinco deixamos a pacata cidade de Trerriense, entre a Região Serrana e o Vale do Paraíba, para ir a qualquer lugar que precise de ajuda. Sei que organizações nazistas não são o único mal do mundo, e que as vezes o pior monstro de todos é o nosso semelhante.

Mas, assim como a Christie, também acredito que os seres humanos são naturalmente bons e devemos fazer o nosso melhor para que as pessoas lembrem disso. Não nos transformamos para dar lições de moral, nos sentirmos superiores ou derrotar caras maus, nós nos transformamos em heróis para dar esperança e fazer com que a humanidade lembre que ainda há tempo de fazer do mundo um lugar melhor para as próximas gerações.

 

Johann

Em algum lugar do Rio de Janeiro

—Johann, Sanguini foi derrotado... – A pessoa a minha frente diz.

—Sim, e que perda terrível que foi para a organização, general. – Respondo, com um sarcasmo que até uma pessoa completamente ingênua perceberia.

—E o que você tira do conflito entre as forças de Sanguini e seus oponentes? – O general ignora meu sarcasmo.

—Bem, apesar das nossas perdas, diria que fomos vitoriosos. - Respondo, com um sorriso. – Provamos que a criação de soldados é possível, que nossos trajes são usáveis por seres humanos com um pouco de treino e ainda por cima, eliminamos o porco ganancioso do Santiago da organização.

—Você irá eliminá-lo? – O general pergunta, curioso.

—Não... Mas, ele não vai liberar os detalhes mais sórdidos da organização, porque ele tem medo que nós o eliminemos. – Dou uma risada.

—Qual será nosso próximo passo, Johann? – O general pergunta.

—Infelizmente não sei, esperava que você tivesse alguma dica. – Suspiro, resignado. – Aquele demônio que se fundiu com o tal do Wilson, você tem algo a respeito disso?

—Não... O pessoal da Fauna tem sido uma pedra no sapato a respeito de demônios. – O General balança a cabeça de maneira negativa. – Você não soube dos ataques aqui na capital? A Fauna eliminou a Madame Sola, que trabalhava com os demônios.

—Infelizmente estive ocupado no ano passado. – Respondo, me levantando. – Bem, preciso ir, tenho que aguardar instruções pras próximas operações.

—Igualmente, qualquer coisa, entro em contato. – O general aperta minha mão e cada um de nós deixa aquele laboratório que ficava bem no epicentro do local onde ocorrera o Dia Zero, seis anos atrás.

Era hora de aguardar o que aconteceria. 


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