Máscara Omega escrita por MrSancini


Capítulo 13
Investigação / Traição




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Christie

—Como assim ela está do nosso lado? – Pergunto, totalmente confusa.

Recapitulando, estava eu cuidando da academia, quando a Angela me liga, avisando que haviam zi-bots na cidade e o Julio estava sendo atacado por monstros e zi-bots na floresta, logo ele estava ocupado. Saí da academia, fiz o meu trabalho e fui o mais depressa que pude para a floresta, onde vejo Alpha e Julio, não pensei duas vezes.

Se bem que se eu tivesse parado pra pensar antes de gritar e quase socar, teria visto que ela estava ajudando Julio a ficar de pé. Mas a situação era esquisita o suficiente pra me deixar confusa... Alpha, que me atacou duas vezes e é parte da Cruz Mortífera, do nosso lado?

—Se você tiver paciência pra escutar uma historinha... – Alpha diz, num tom neutro, ajudando Julio a se sentar, com as costas apoiadas numa árvore.

—Talvez, se você não matar ninguém, nem fazer com que eu tome um esporro na academia. – Dou de ombros.

—Primeiro, sabe aquela coisa que você sempre falava sobre eu estar copiando você? – Ela pergunta, e afirmo com a cabeça. – Tem um fundo de verdade.

—Explique, por favor. – Peço, vendo que ela definitivamente não ia machucar o Julio e nem parecia interessada em me bater.

—Recentemente, eu tive uma lembrança... Do dia zero. – Alpha começa. – Eu estava com meus pais, descansando no Natal, quando tudo começou a tremer, os prédios no bairro caíam, nós fugíamos, quando dois tiros disparados por bandidos incapacitaram meus pais, que gritaram para que eu me salvasse.

Minha cabeça começa a doer porque essa história era familiar... Mas, eu não diria nada... Ainda.

—Aquela foi a última vez em que os vi, pois foram engolidos pelo chão. – Ela continua. – Eu corri como se minha vida dependesse disso, o que era verdade. Até que finalmente os tremores passaram, e em meio a confusão do resgate, ninguém viu que fui atingida por um dardo tranquilizante e sequestrada... Pela Cruz Mortífera. Essa lembrança te é familiar, não?

—S-sim... – Confirmo, com a cabeça ainda doendo. – Eu... Eu havia esquecido alguns detalhes, por conta do trauma... Mas isso foi...

—O que aconteceu contigo no Dia Zero. – Alpha conclui, com uma calma.

—E você está dizendo que teve essa lembrança? – Pergunto, erguendo uma sobrancelha.

—Sim. – Ela responde, ignorando meu ceticismo. – Veja bem, naquele dia da nossa luta, eu não estava muito bem... Descobri que Johann iria me reprogramar para ser uma marionete de Sanguini, obediência cega. Fiz uma pesquisa, antes de fugir e descobri... Eu... – Aquilo parece difícil de falar. – Eu não passo de um clone seu.

Eu ouvi o que acho que ouvi? Parece que embarquei em uma daquelas obras de orçamento baixo que surgem de vez em quando na internet. Aquela garota é um clone meu.Tá, conta outra.

—MENTIRA! – Exclamo com toda eloquência.

—Então como explica eu ter essa lembrança? – Alpha pergunta, com um tom compreensivo. – Ou eu lembrar igualmente do dia do funeral de me... seus avós? A tristeza do seu pai, que perdeu um excelente sogro e ótima sogra, ou a sua mãe que estava totalmente desesperada por perder os pais. Tenho certeza de que se eu me esforçar, vou lembrar de diversas coisas da sua infância. Sei que essas duas lembranças que tenho, são de momentos de forte emoção que ocorreram na sua vida.

Só a descrição vaga do enterro de meus avós, algo enterrado no fundo de minhas memórias, me abala. Eu não lembro de quase nada, mas a tristeza de meu pai e o desespero de minha mãe me deixaram triste na época, eu mal tinha total consciência do que fazia. Eu tinha o quê? Dois anos? Mas as pessoas que viviam comigo e me davam carinho estavam tristes.

—Quando a Cruz Mortífera lhe capturou, eles recolheram seu DNA. – Ela continua, respirando fundo. – Alguns meses depois, com um corpo semelhante ao seu na época, eu "nasci".

—Tudo bem... Você é meu clone, fugiu da Cruz Mortífera e diz estar do nosso lado, mas... Por quê não nos ajudou desde então? – A primeira vez em que nos encontramos, ela se passou por vítima para me atacar, eu ainda lembro.

—Quem disse que não ajudei? – Alpha pergunta.

—Não diga que... – Julio parece ter chegado a uma conclusão.

—As informações que Jéssica lhes passou... – Alpha continua. – Sobre o prefeito ser o Sanguini, ou a relação entre os membros da Cruz Mortífera ao redor do mundo serem nazistas. Tudo isso fui eu. E... Como acham que conseguiam descansar após lutar todo dia, contra os zi-bots que me procuravam de dia pela cidade?

—Como assim? – Pergunto, um tanto incrédula.

—Enquanto vocês dois e Angela dormiam, eu e Jéssica vigiávamos a cidade... Se bem que depois de um tempo ela passou a chegar atrasada na escola, então eu passei a fazer isso sozinha. – Ela responde. – Por fim, só não morreu mais gente nessa semana dos ataques noturnos, porque eu estava atraindo a atenção para mim, mas... Infelizmente não posso estar em mais de um lugar ao mesmo tempo.

—Entendi, mas... Por quê só resolveu se revelar agora? – Pergunto, pensativa.

—A polícia não tem feito nada para solucionar essas mortes. – Alpha responde, bufando. – Pra eles, é qualquer monstro da Cruz Mortífera que tem matado as pessoas e pronto.

—O que você sugere, então? – Ergo as sobrancelhas.

—Não sei... – Ela se dá por vencida.

—Eu sei. – Julio abre um sorriso. – Vamos fazer o trabalho da polícia... Sem o consentimento deles, claro. Você tem como vir conosco? – Ele pergunta para Alpha.

—Não. – Alpha responde, dando de ombros. – Eu peguei um ônibus para vir até a entrada da cidade.

—Então vem comigo. – Ele a conduz até a própria moto, enquanto vou até a minha.

Respira fundo, Christie. Não faça mais perguntas, ou a sua cabeça vai doer mais ainda, só aceite que vida que você tinha até semanas atrás morreu. Em questão de minutos, estamos na clínica do meu tio, eu, Julio e Alpha. Ao invés de entrarmos pelos fundos, ou seja, a entrada das motos, usamos a porta da frente.

Curioso ver, que mesmo estando fraco da luta, Julio ainda conseguia pilotar. Acho que era a empolgação do trabalho.

Lá dentro da clínica, três pessoas nos aguardavam: James, Angela e Jéssica.

—Jéssica nos pôs a par da situação. – James nos cumprimenta. – Nem precisa voltar pra academia hoje, Christie, porque o trabalho vai continuar aqui.

—Tudo bem, isso nos poupa um bocado de tempo. – Digo, sorrindo. – Julio, você disse que tem uma ideia, não é?

—Sim, vamos descer até o centro de comando. – Ele nos conduz até o subsolo da clínica.

—Oooh, vocês tem esse tipo de coisa também? – Alpha dá uma risada inocente.

—Julio, qual é a ideia? – Angela pergunta, enquanto Julio liga um dos computadores.

—Só me dêem alguns minutos para encontrar o negócio. – Julio entra no modo hacker e claro, não demora a conseguir o que quer.

Dois minutos depois, ele está em frente a um monitor maior daqui do centro de comando, com fotos das vítimas, com nome e idade. Eram cinco pessoas, duas mulheres e três homens.

—Diego Valente, 21 anos. – Ele aponta pro primeiro rapaz, um jovem. – Thais Espíndola, 32 anos, Erick Genaro, 40 anos, Fernanda Takagi, 17 anos e Maurício Ricardo, 27 anos. Nenhuma dessas pessoas era relacionada a outra. Aparentemente, não temos um denominador em comum, logo...

—Espera um minuto! – Angela exclama, interrompendo Julio. Ela se aproxima do monitor.

—O que foi? – Julio pergunta, curioso.

—Essa menina... – Angela aponta para a menina, descendente de japoneses. – Além dela ser uma aluna do segundo ano do colégio, eu... Eu a reconheço... Julio, ela estava no cinema quando aconteceu o ataque no shopping!

—Tem certeza? – Julio pergunta, até que ele arregala os olhos. – O Diego Valente... – Ele vira o rosto para o primeiro nome da lista, um jovem negro com o cabelo raspado nas laterais. – Eu lembro dele, ele... Ele estava entre as pessoas que conduzimos para o cinema, antes da Christie chegar.

—Isso quer dizer, que duas das cinco vítimas estiveram no shopping no dia daquele incidente. – Aproximo-me do monitor. – E por acaso se...

—Todas as cinco vítimas estiveram no shopping no dia do massacre? – Alpha completa meu raciocínio.

—Bem, conseguimos nosso primeiro denominador, mas... – Julio continua, pensativo.

—Precisamos confirmar se as outras vítimas estiveram no shopping no dia do massacre. – Termino, já sabendo o que precisamos fazer.

—A polícia provavelmente não vai ou não quer fazer a conexão. – Jéssica comenta, zangada. – O prefeito tem a polícia na mão.

—Bem, a gente pode investigar por nós mesmos. – Sugiro, pensando num método. – Cada um de nós vai na casa de uma das vítimas, e pergunta de maneira casual, se ela esteve no shopping no dia do massacre. Exceto quem for nas casas do Diego e da Fernanda. Continuando, precisamos saber de um segundo denominador em comum...

—Então... – Alpha ergue a mão. – Poderíamos perguntar algo relacionado ao dia do crime, tipo, se estavam se comportando de maneira estranha. Acho que é uma boa ideia.

—Excelente! – Concordo, satisfeita de ver que aquilo estava progredindo. – Temos que ver quem vai aonde.

Por fim, decidimos que Eu, Alpha, Angela, Jéssica e Julio sairíamos separados, cada um para um ponto da cidade. A casa que eu iria, era a de Fernanda Takagi, a estudante de dezessete anos, primeira falecida nessa semana. É difícil ter que chegar na casa da família dela, mas preciso fazê-lo... Para que a morte dela não seja em vão. Toco a campainha. Quem atende é uma senhora claramente japonesa... Não saberia distinguir a idade, pois a genética dos orientais permite que pareçam mais novos do que são. A única coisa que é possível reconhecer, é a dor na expressão daquela mulher.

—Boa tarde, senhora Takagi eu sou... – Tento me apresentar, mas ela me interrompe.

—Você é a garota do voleibol. – Ela me reconhece de algum lugar.

—O que... – Fico boquiaberta, mas ela explica.

—Desculpe, mas a Fernanda era fã sua... – A Senhora Takagi explica. – Por favor, entre...

Ao que ela diz, eu entro. A casa, que parece arrumada, tem um clima abatido, obviamente pela morte da menina.

—A Fernanda era a fotógrafa dos eventos do colégio. – Ela me conduz até o quarto, que parecia ser o de Fernanda. Dentre as coisas, havia um mural com diversas fotos, de eventos da escola, selfies da própria Fernanda e algumas que reconheço... De partidas do torneio de vôlei da escola, e as fotos em que apareço em jogadas, o foco está excelente. – Ela sabe um pouco do que aconteceu na sua vida, sabe, a questão de ter perdido a família no Dia Zero, e como você trabalhou pra ser destaque no time de vôlei... Minha filha admirava a sua força.

Observo nas fotos pessoais de Fernanda, uma jovem que gostava de viver e amava a família e amigos, mas uma coisa era aparente. Não haviam fotos dela com o pai.

—O que aconteceu com... – Tento perguntar, até que ela responde.

—Morto no Dia Zero... – A Senhora Takagi me interrompe. – Era pra ser uma viagem de negócios comum, ele saiu na manhã de Natal para ir pro Rio, não deu tempo de fugir, ele estava no epicentro. Por isso não tem fotos do meu marido aqui nesse mural, são fotos que a própria Fernanda tirou... Agora, se me permite a pergunta... O que você faz aqui?

—Sei que isso não é muito da minha conta... – Começo, timidamente. – Mas eu quero saber quem matou a sua filha.

—Foram aqueles monstros malditos daquela organização horrorosa... – Ela diz, com raiva na voz. – É tudo o que a polícia diz. – Noto que essa última frase contém não raiva, mas nojo, repulsa.

—Eu sei que pode parecer insensível da minha parte, e espero que me perdoe pela pergunta, mas... No... No dia da morte dela, ela apresentou algum comportamento estranho? – Pergunto, tentando não parecer insensível.

—Não. – A senhora Takagi não hesita em responder. – O dia foi normal, como qualquer outro.

—Ela recebeu alguma coisa fora do normal, carta, ligação... – Continuo, talvez me agarrando um fiapo de esperança.

—Não que eu me... – Ela começa a me responder, até que arregala os olhos. – Espera um minuto... Acho que ela recebeu uma ligação esquisita.

—Como assim, esquisita? – Pergunto, o alerta acendendo em minha cabeça.

—Eu não sei direito os detalhes, mas ela disse que ia encontrar um jornalista independente pra falar a respeito do incidente do shopping... – A mãe de Fernanda me responde, com uma expressão pensativa. – O que me fez estranhar essa ligação, agora que você levantou a questão, foi o horário, eram onze da noite... Quem vai encontrar um jornalista a essa hora?

—Pode ter sido uma armadilha... – Penso, acompanhando o relato da senhora Takagi. – O celular da Fernanda está aqui?

—Sim, não entreguei para polícia, porque eles fizeram pouco caso e eu não relacionei esse telefonema ao caso. – Ela abre uma gaveta e pega um aparelho, que estava descarregado. – Aguarde uns dois minutos que eu carrego o telefone e lhe entrego... Isso vai ajudar, não?

—Eu espero que sim. – Sorrio, enquanto a mulher coloca o telefone da filha para carregar. – Só vou até o banheiro, volto em um minuto.

Vou até o banheiro da casa e aperto um botão no comunicador que levava no ouvido, disfarçado de aparelho auditivo. Entro na frequência de todos.

—Alpha, Angela, Jéssica, Julio, estão na escuta? – Pergunto, com a voz baixa. – Se estiverem, tenho uma outra dica, caso estejam conversando com as famílias. Perguntem sobre alguma ligação estranha no dia da morte, recebida no período da noite. Caso confirmem, tentem conseguir o número da pessoa que ligou para a vítima. – Aperto o botão para desligar.

Retorno ao quarto de Fernanda, e a mãe dela me aguarda com um celular na mão. O papel de parede era uma selfie da garota, com as amigas num dia de sol no parque da cidade. Pego o telefone e vejo a lista de chamadas do aparelho. O último número quase faz com que eu derrube o aparelho... Não, não podia ser...

—E então? – A mãe de Fernanda pergunta, os olhos com uma preocupação aparente.

—O-obrigado... – Digo, tentando engolir o que aquele número significava.

—C-como você vai usar essa informação? Digo... Pra solucionar o assassinato da minha filha. – Ela parece um pouco amedrontada. – São monstros e você é só uma menina.

—Eu conheço as pessoas certas... – Dou um sorriso confiante, apesar do que descobrira. – Pode confiar.

—Boa sorte. – Ela faz uma leve reverência para mim.

—Eu é quem agradeço. – Faço uma reverência a ela, antes de sair da casa dela e subir na minha moto, estacionada ali. – Pessoal! – Ativo meu comunicador novamente. – Descobriram algo?

—Bem... Definitivamente uma ligação. – Alpha responde. – Mas a família da vítima não tinha celular, nem identificador de chamadas.

—Eu consegui um número. – Julio responde.

—Igualmente. – Angela confirma.

—Infelizmente estou no mesmo problema que a Alpha. – Sem celular, mas o telefone residencial possuía identificador de chamadas.

—Tudo bem, me passem o número, os que conseguiram. – Digo, e meus amigos vão passando o número, e a cada número passado fico boquiaberto. – Uma última pergunta... As ligações recebidas, eram referentes a um jornalista independente sobre o caso do shopping?

—Sim. – Foram as respostas de todos.

Os números coincidiam e o assunto também... Eu só não tenho a motivação por trás disso, mas as peças vão se ligar, certamente. Só preciso fazer mais uma ligação.

—Pessoal, me encontrem na saída sul da cidade, na floresta. – Digo, abrindo meu celular e fazendo uma ligação.

—Entendido! – É a resposta coletiva deles.

—Alô, Tiago. – Eu havia ligado para Tiago Velasquez, o outro funcionário da academia. – Olha cara, eu vou demorar pra voltar, porque estou resolvendo algo pra academia. Só que eu preciso da presença do Wilson, poderia pedir para ele ir a esse endereço aqui?

—Você é minha superiora, nem vou questionar. – Tiago responde, rindo. – Considere feito.

Acelero minha moto, rumo a saída sul da cidade, porque era hora de resolver aquela pendência. Uma das coisas que precisava saber era a motivação. Por quê? Chegando enfim na floresta, vejo Alpha e Julio prontos pra me receber, com Jéssica e Angela escondidas, atrás de um arbusto.

—Então, Christie... – Julio começa, assim que desço da moto. – O que você descobriu?

—Eu tenho a pessoa, nós temos as conexões... – Respondo, até que sou interrompida.

—Mas não temos o motivo. – Alpha completa.

—E quem é o culpado? – Julio pergunta, curioso.

—Alguém que esteve próximo da gente o tempo todo, por anos... – Digo, olhando para alguém que vinha caminhando.

Ele possuia um cavanhaque bem aparado, cabelo loiro penteado para trás e óculos que revelavam olhos verdes astutos. Vestido com um terno que não combinava com as roupas que sempre o via usar. A postura era totalmente a vontade.

—Wilson... Fagundes. – Concluo, observando o sorriso de Wilson, gerente da academia de meu tio.

—Ele? – Julio pergunta, se virando e observando Wilson. – Como?

—Olá, Christie... – Wilson acena para mim, ainda sorridente. – Ou deveria dizer... Máscara Omega.

—Você... Sabe? – Pergunto, surpresa.

—Há algum tempo... – Ele responde, sem sair do lugar.

—Você... Você se juntou a Cruz Mortífera? – Alpha pergunta, a voz um pouco alterada.

—Creio que não, Alpha. – Julio responde. – Ele recebe auxílio da Cruz Mortífera, e os ajudou, mas não é um membro efetivo.

—Como tem tanta certeza disso, Julio? – Pergunto, curiosa.

—Mais tarde você pode me dar um soco, Christie, porque fui idiota em deixar isso passar. – Ele continua. – Mas agora, vendo o Wilson aqui, me veio uma coisa, que as vítimas tinham em comum, um denominador tão diferente, mas que faz sentido com uma informação que temos. Diego Valente é negro... Thaís Espíndola... Judia. Erick Genaro... Mestiço de indiano com italiano. Fernanda Takagi... Asiática. Maurício "Hernandez" Ricardo... Latino. Todos eles são de etnias completamente diferentes, parte do nosso país multiétnico. E nós temos aqui um "cara branco" colaborando com uma organização...

—Parabéns! Achou uma de minhas razões para matar aqueles imundos. – Wilson sorri, batendo palmas de maneira sarcástica. – Mas, veja bem, existem outras razões, além da limpeza étnica. Sabe por quê eu foquei apenas em sobreviventes do massacre? Isso faria o seu trabalho, Christie, ser em vão. E com os monstros da Cruz Mortífera mantendo Alpha ocupada, eu podia usar o cansaço de Christie e Julio contra eles. No período onde eles não podiam defender a cidade e Alpha mordendo a isca, eu matei aquelas pessoas, porque isso colocaria um pouco da opinião pública contra Máscara Omega e Máscara Delta, que não conseguiram "salvar os inocentes" da terrível Cruz Mortífera.

—Mas as mortes... – Eu tento processar, porque as mortes não foram causadas por armas humanas, por isso a polícia classificou como ato da Cruz Mortífera.

—Ah, isso aqui? – Wilson saca uma pistola e aperta um botão na lateral, transformando a mesma em uma espécie de pistola feita de carne e osso. – Presentinho dos meus benfeitores, para atuar na cidade.

—Por quê? – Pergunto, perplexa. – Você tinha um bom emprego na academia do James, uma vida tranquila na cidade, por quê trocar isso por um...

—Você não entende, garota... – Ele sorri de maneira demente. – Você é boa e luta com monstros, mas não sabe que muitas vezes o pior monstro é o próprio ser humano.

Wilson começa e rir, e tira uma espécie de mini salsicha do bolso e parte metade dela numa dentada. Sangue começa a espirrar da tal salsicha, quase como uma chuva, em cima do corpo dele, e o transforma em um humanóide roxo, com cabelo preto, olhos verdes e dois chifres de carneiro.

—Esse... Esse não é um dos membros da Cruz Mortífera. – Alpha exclama, levemente assustada.

—Mas não temos opção, temos? – Pergunto, dando de ombros.

—Creio que não. – Julio responde, sacando seu dispositivo e o colocando na cintura, apertando o botão para que as tiras do Delta Belt saíssem das laterais.

Eu e Alpha apertamos o botão do lado de nossos relógios, os transformando no Omega Watch e no Alpha Watch. Eu coloco meu braço esquerdo em posição de defesa e encaixo a chave nele, a girando. Alpha faz o mesmo, coloca o braço esquerdo em posição de defesa e coloca a moeda no espaço onde ficaria o visor do relógio. Julio ergue uma carta de maneira dramática, enquanto estende o braço esquerdo pra frente, para depois passar a carta pelo visor LED do cinto.

—TRANSFORMAÇÃO! – Gritamos os três ao mesmo tempo.

Os trajes de Máscara Alpha, Delta e Omega revestem nossos corpos, e partimos para a luta contra Wilson. Ele dispara três vezes contra Julio, que ia pra cima dele, jogando-o no chão. Quando me aproximo dele, ele se abaixa, desviando do meu primeiro soco e dá três tiros rápidos na minha barriga, me derrubando. Alpha tenta um golpe com a espada, mas ele a para com o braço, dando três tiros nela, jogando-a longe.

—Ao mesmo tempo... – Julio sugere, levantando-se.

Nós três corremos para atacar, e Wilson dá um tiro no peito de cada um de nós, derrubando a gente mais uma vez.

—Ainda não entendem? – Ele pergunta, de maneira histérica. – Eu sou o melhor de dois mundos, a raça ariana superior e o sangue demoníaco, sou imbativel.

—Imbatível meu ovo... – Julio diz, sacando uma carta. – Delta Shotgun... – Ele invoca a shotgun. – Disparar!

Julio dispara, e Wilson atinge o tiro em pleno ar com um de seus próprios tiros, mas Julio persiste e continua disparando. Aproveito a deixa para saltar e acertar uma voadora em Wilson, que momentaneamente fica atordoado. Julio usa dessa brecha para acertar mais dois tiros em Wilson, jogando-o no chão.

—Alpha... – Julio pede, e Alpha assente, sacando a espada.

Ela corre para cima de Wilson, que dispara três vezes, com Alpha defletindo os disparos com a espada. Quando chega em distância de corpo a corpo, ela acerta uma joelhada na barriga dele e um corte em diagonal, que faz com que sangue saia do corpo dele em espirros.

—Sua maldita! – Wilson exclama, furioso, transformando um dos seus chifres em um tentáculo, que se estende e enrola o corpo de Alpha, levantando-o e arremessando na direção de uma das árvores.

—Esqueceu de mim! – Acerto com meu bastão nele, mas sinto algo... Meus golpes... Não fizeram muito impacto, assim como os tiros de Julio ou o corte de Alpha.

—Percebeu, não foi? – Julio diz, depois que Wilson dispara três vezes em mim. – Nossos golpes não estão causando muito dano.

—É... Tá meio difícil. – Digo, enquanto Wilson parece rir da gente.

—É porque suas armas não foram feitas pra esse tipo de combate. – Escutamos uma voz vinda do longe.

Eu e Julio nos viramos e vemos, acompanhando Alpha, um outro guerreiro, com um traje preto, semelhante a uma armadura, com detalhes em dourado nas botas e luvas, seu capacete tinha o formato da cabeça de um tigre humanoide, com um visor em formato de óculos, cobrindo um espaço acima da sobrancelha até pouco antes do nariz, na cor azul.

—E quem é você? – Wilson pergunta, estranhando.

—Para trás, crianças. – O guerreiro diz, sacando duas pistolas. – Essa luta é minha...

—Ora, seu convencido... – Wilson dá quatro tiros, um na minha direção, um na de Julio, um na de Alpha e um na do próprio guerreiro.

—Amador... – O guerreiro dá quatro disparos ultra velozes que acertam a balas em pleno ar. – Você pode ser rápido, mas eu... Eu fui treinado pra acabar com criaturas feito você!

O guerreiro de preto avança correndo, enquanto Wilson atira nele e o efeito é de mosquitos avançando contra André, o Gigante. O guerreiro soca Wilson no peito uma, duas, três vezes. Eu escuto o impacto dos golpes, como se fosse punho acertando vidro. Ele volta sacar uma das pistolas que guardara pra socar, e dá quatro tiros em Wilson, dois acertando as pernas e dois acertando os braços.

—C-como? – Wilson recua, amedrontado. – Como você conseguiu me achar?

—Nós estamos vigiando você há tempos, seu demônio. – O guerreiro guarda as pistolas e aperta um botão no cinto, que faz uma espada de pelo menos um metro e setenta surgir em suas costas. – E agora... É hora de pagar por seus crimes! Corte demoníaco!

O guerreiro faz um corte na diagonal e atravessa Wilson, mas ao invés do corpo dele explodir, como acontece com os monstros da Cruz Mortífera, o corpo dele se separa de uma silhueta demoníaca, que se transforma em vidro e estoura.

—Meu trabalho aqui está feito. – Ele diz, se virando para nós três.

—Mas quem é você? – Pergunto, curiosa.

—Um aliado... – Ele responde, sem dizer o próprio nome. – Saibam que não são os únicos que estão lutando pela paz, existem outros por aí, com o mesmo espírito da justiça de vocês... Agora devo partir, a polícia deve estar chegando.

—Espera, quem são esses outros? Nós queremos... – Tento dizer, mas o guerreiro me ignora e vai embora.

—Deixa isso pra lá, Christie... – Julio diz, pegando um rolo de corda, que aparentemente Angela havia trazido, já que ele estava com a mochila dela na mão. – Eu vou enrolar aqui o Wilson, até que a polícia chegue.

—Tem razão. – Concordo, sorrindo.

—Mas sabe uma coisa que eu queria saber? – Alpha pergunta, coçando a cabeça. – Quem foi que avisou a esse guerreiro e a polícia, que estaríamos aqui?

—Vai saber... – Dou de ombros, aquele caso estava encerrado de qualquer jeito.

????

—Ei, Dan... Tem certeza de que não dar nem seu nome de combate a eles? – O garoto ali, na saída norte da cidade, me perguntou.

—Bem, a chance de eu dar meu nome de  Caçador Pari era a mesma de você voltar pra capital e trabalhar de novo pra Fauna. – Dou uma risada dele, tirando meu capacete e revelando meus cabelos verdes.

—Justo... – Ele ri igualmente.

—Sem contar que... Não creio que você vá dizer a eles que sabia de tudo, Tiago. – Digo, dando um último abraço em um velho amigo, que viera para Trerriense atrás de um demônio, como último trabalho.

—É melhor deixar assim. – Tiago abre um sorriso, enquanto vou até a van que me aguarda ali, pronta pra me levar embora para a Capital, onde demônios ainda estavam a solta.


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