Máscara Omega escrita por MrSancini


Capítulo 10
Alpha / Verdade




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Christie

Tudo bem, pular em uma luta com uma tremenda desvantagem numérica não entra na minha lista de dez melhores ideias para se executar com superpoderes. Felizmente, Julio aparece, com um traje novo e uma pistola... Uau! Depois de anos salvando o rabo dele, não achei que viveria pra vê-lo me ajudar numa luta.

—Julio... Obrigado por salvar a minha pele. – Agradeço, enquando ficamos lado a lado. Qualquer zi-bot que tenta se aproximar leva um tiro dele. – Mas, por quê essa pose toda pra se apresentar?

—Eu sempre quis fazer isso. – Ele responde, e mesmo com essa máscara, eu sei que ele estava sorrindo.

—Mas como você sabia essa coisa toda da pistola? – Pergunto, intrigada. – Pelo que sei, você não trabalhou no projeto.

—Eu lembrei do projeto que roubei. – Julio dá de ombros. – Sei que o portador do Delta Watch seria um especialista em combate a distância. Enfim, Christie... Eu cuido do lagartão e dos zi-bots, você fica com a copiadora.

—Tudo bem... – Dou de ombros e parto para cima de Alpha, enquanto ele vai lutar com Lacerta e os zi-bots.

—A... Aquele imbecil me chamou de copiadora? – A voz de Alpha era trêmula de raiva, tanto que consigo esquivar do primeiro soco dela com relativa facilidade.

Ali, naquele momento, algo parecia afetar o raciocínio dela, os golpes que ela desferia, eu conseguia vê-los e desviar com uma facilidade imensa.

Ela saca uma moeda, semelhante a que uso como bastão, e a transforma em uma espada. Saco a minha moeda e já mudo para a forma de bastão, defendendo o ataque dela. Mesmo armada, ela não chegava perto de me acertar.

—O que aconteceu? – Pergunto, partindo para o ataque com meu bastão. Um golpe de cima para baixo, que ela defende com a espada. Em seguida, dou três chutes consecutivos na lateral esquerda do corpo de Alpha, derrubando-a. – Não vai imitar nenhum ataque meu?

Novamente ataco de cima para baixo, mas ela rola no chão e contra ataca com uma estocada da espada que acerta a minha barriga e me joga um pouco para trás. Dei mole. Ainda bem que essa estocada foi no traje e não no meu corpo.

—NÃO BRINQUE COMIGO! – Alpha se levanta. – Você é que não passa de uma cópia barata!

—Por quê eu seria? – Pergunto, quase sorrindo. – Você tem uma armadura semelhante a minha, usa um nome relativo ao meu, e ainda passou a agir aqui depois de mim. Se alguém aqui cai na definição de cópia, é você.

Ela começa a me atacar de maneira mais irracional, com golpes mais grosseiros, que talvez uma criança brincando com espada de brinquedo, usaria. Mas ainda assim, são fortes e defendê-los exige um pouco de força da minha parte. O que causou essa mudança? Ela... Ela não gosta de ser chamada de cópia? Por quê?

—Qual é a sua? – Ataco com o bastão de lado e ela defende com a espada, pra em seguida tentar me chutar na outra lateral três vezes, todas elas sendo defendidas por mim.

—O que quer dizer com isso? – Alpha pergunta.

—Tudo o que você tem feito, é direcionado para mim. – Respondo, sentindo que a força que ela passou a usar na espada era menor. – Primeiro, me atraiu para uma armadilha, agora, me atacou. Você tem uma veste igual a minha, mas afinal de contas... Quem é você?

—Quem sou... Eu? – A voz dela é baixa, mas consigo escutar. Ela deixa a espada cair por meio segundo, mas a pega antes que possa de fato chegar a algo. – NÃO LHE INTERESSA! – Ela começa a me atacar com força, rosnando, raiva pura. No que defendo um golpe, ela me empurra com um chute na barriga e sai correndo.

Apesar de estarmos em lados opostos, tudo o que conseguia realmente sentir em relação a Alpha era pena. Ela parecia ser uma criança em corpo de adolescente. Levanto-me e observo a luta de Julio contra os zi-bots e o Lacerta.

Em um momento, penso em ir ajudar, mas ele parece se sair bem. Mesmo ele não sendo um lutador excepcional, talvez pela veste de Máscara Delta, ele tinha uma agilidade e até força maiores que a comum. Então, entre um tiro e outro, ele esquiva, como um dublê de cena de ação.

Os zi-bots não são páreo para os tiros da pistola de Julio, embora ela não faça tanto efeito contra Lacerta, que recebe vários tiros sem sequer recuar, como se mosquitos o picassem.

—Não se aproxime, Christie! – A voz de Julio soa, quando dou um passo na direção do lagarto. – Essa luta é minha!

—Mas... – Tento argumentar.

—Confie em mim. – Ele rebate, enquanto se esquiva de uma cusparada ácida e se aproxima do monstro, socando-o duas, três vezes. – Eu sei o que estou fazendo! – Julio dispara cinco vezes a queima roupa, jogando Lacerta um pouco para trás.

Ele saca uma das cartas do deck preso a lateral de sua cintura, joga a pistola para o alto e colocaa carta no visor de led no cinto de sua armadura. Tanto a pistola quanto a carta se desfazem, e em sua mão surge uma arma que pela cara percebe-se que era mais potente, semelhante a uma shotgun, mas bem... Parecia mais um brinquedo do que uma arma de verdade.

Só que os disparos que a arma faz não são de brinquedo, e pelo menos quatro acertam Lacerta que é jogado para trás mais uma vez, com rachaduras na pele.

—Hora de terminar com isso... – Ele saca mais uma carta e coloca na parte de trás da arma, num encaixe semelhante ao que vemos em estações do metrô. A arma começa a pulsar. – Disparo Delta!

Lacerta parte para cima de Julio, mas ele puxa o Gatilho, disparando um laser que atravessa o monstro, fazendo-o explodir e virar pó.

Tanto eu, quanto ele voltamos a nossa forma humana, e ele parece muito cansado, muito mais do que eu na primeira luta. Vou até ele.

—Cara, você está acabado. – Digo, apontando para ele.

—Não mais do que o monstro. – Julio dá de ombros, rindo, enquanto vamos caminhando até a parte superior da pedreira, onde Angela nos aguardava.

—Verdade... – Rio juntamente com ele. – Mas sério, como você conseguiu fazer aquelas coisas todas?

—Não sei. Era como se o meu corpo se movesse sozinho, sabe? – Ele responde, de maneira confusa. – Tipo, no momento em que eu pensava em como desviar, eu já estava fazendo. Mas, pode ter certeza, se eu tentasse algumas daquelas coisas sem o traje de Máscara Delta, eu quebraria a cara e alguns ossos.

—E então, qual era o outro recado que você queria me dar? – Pergunto, quando chegamos lá em cima.

—Bem, é bom que a Angela esteja aqui, porque ela precisa passar isso pro James também. – Julio responde, se sentando no chão, no que eu e Angela fazemos o mesmo.

—O que preciso passar pro James? – Angela pergunta, curiosa.

—Uma coisa que eu deveria ter dito ontem, e recebido o Delta Belt por conta disso. – Julio responde, suspirando. – Ontem, eu estava pesquisando os documentos que a Jéssica havia me passado. Bem, nosso querido prefeito aprovou certos projetos que beneficiaram algumas empresas diferentes. Seria normal, politicagem, as empresas apoiam a sua campanha e você as beneficia. A questão é que eu reparei em todas as empresas que doaram pra campanha dele, a que mais doou foi uma tal de Transire Mortiferum. – Ele faz uma pausa para respirar. – E, vejam só. Eu peguei a inicial das outras empresas que doaram, juntei as vezes as duas ou três letras posteriores, e elas formam o nome "Transire Mortiferum".

—Transire Mortiferum duas vezes... – Angela coloca pra fora o que eu estava pensando. – O que isso significa? É algo, mas o quê?

—É do latim. Transire Mortiferum significa... – Julio começa e eu acabo completando sem pensar.

—Cruz Mortífera. – Digo, e Julio afirma com a cabeça.

—O que significa que estamos lidando com uma organização de nível global. – Angela aponta, coçando a cabeça. – Mas por quê, depois de dois anos de governo absolutamente normais, agora eles decidem atacar a população com esses monstros?

—Olha, eu queria muito estar errada, e se eu estiver, por favor, Julio, não faça cerimônias e me interrompa. – Digo, porque esse é um dos males quando se convive com um cara que está 20 passos a sua frente em uma discussão, você acaba ficando inteligente. – Creio que decidiram usar a nossa cidade como um teste, para algo muito maior. Não por acaso a Cruz Mortífera tem empresas sob o manto dela em todo o mundo. Por favor, Julio, diga que estou errada.

—Desculpa, hoje não vai dar. – Julio dá de ombros. – O que significa que mesmo que ganhemos a batalha aqui...

—A luta vai continuar em algum outro lugar. – Termino o que ele queria dizer.

—O papo está bom. – A voz de Angela claramente dizia: não, não está. – Mas tenho que passar as boas novas ao James.

—Tudo bem. – Me levanto, assim como meus amigos. – Se cuida, Angela.

—E juízo, vocês dois. – Pelo tom de Angela, ela estava tentando brincar. Ela sobe na minha moto e vai embora.

—Ela tá com medo. – Comento, assim que a moto sai de vista.

—Natural... – Julio suspira. – Afinal, é uma organização que se infiltrou na prefeitura da cidade e agora está atacando a população. Ela teme ser uma das próximas vítimas.

—Verdade... – Penso no que ele disse, e faz sentido. – E você? Já se decidiu quanto a ela?

—Sim... – Ele sorri. – Vou dar uma chance a isso... Me sinto bem perto dela.

Eu estava feliz pelo Julio, de verdade. Mas me preocupava a Alpha, por alguma razão. Por quê? Não faço a menor ideia.

 

 

Alpha

Como? Como as palavras daquela cobaia me afetam tanto? Não entendo... Minha cabeça dói. Decido parar minha caminhada rumo a base, e me sento no chão, na terra mesmo, sob a sombra de muitas das árvores que rodeiam o monte onde a base da Cruz Mortífera fica. Preciso descansar, então fecho meus olhos, e os sonhos logo vem.

Que lugar era aquele? Minhas costas doem, assim como minha cabeça. Tento me erguer, mas parece que tem algo segurando a minha cabeça. Tento mexer meus braços, nada acontece, igualmente presos. Pernas, a mesma coisa. Tento falar, mas não consigo... É como se minha boca não conseguisse abrir, tudo o que consigo ver é o teto amarelo e um ventilador preto.

Mexo o pescoço pra esquerda e o que vejo é um espelho, e na reflexão desse espelho, duas pessoas com uniformes médicos, além do meu próprio rosto, com cabelos mais curtos e de coloração diferente. Quem são esses caras?. Um dos "médicos" vira pra trás e me vê.

—Ela está consciente, senhor. – Uma voz familiar, vinda do primeiro, diz para seu amigo.

—Sem problema, só aumente os sedativos... – O outro mal se mexe, enquanto verifica algo na mesa.

O primeiro médico vem até a mim, e mal consigo ver o rosto, pois os olhos estão com uma espécie de óculos com lentes espelhadas, tudo o que vejo é a máscara médica e o meu próprio rosto, com um terror indescritível. Eu quero gritar, enquanto ele pega uma seringa e a leva até o meu pescoço.

—Fique tranquila, minha querida... – As palavras dele, Johann, gelam a minha espinha. – Não vai doer nada!

Tento mexer o corpo, havendo esquecido que estava paralisada, e Johann espeta aquela coisa no meu pescoço.

—AAAAAAAAGH! – Acordo, suando frio.

Que lembranças eram aquelas? Por quê eu não consigo lembrar de mais nada? Pelo menos antes de eu me tornar parte da Cruz Mortífera. Preciso saber, Johann deve saber, ele... Minha cabeça começa a doer, só de pensar em Johann. Por quê?

"Alpha... Você também foi uma vítima da Cruz Mortífera?

Se sou tão inferior... Por quê sua armadura é igual a minha?

Alguém que clama superioridade, mas não passa de uma cópia barata de mim. E ainda por cima usando esse dom junto a um grupo que matou tanta gente por mero capricho.

Enfim, Christie... Eu cuido do lagartão e dos zi-bots, você fica com a copiadora.

O que aconteceu? Não vai imitar nenhum ataque meu?

Por quê eu seria? Você tem uma armadura semelhante a minha, usa um nome relativo ao meu, e ainda passou a agir aqui depois de mim. Se alguém aqui cai na definição de cópia, é você.

Tudo o que você tem feito, é direcionado para mim. Primeiro, me atraiu para uma armadilha, agora, me atacou. Você tem uma veste igual a minha, mas afinal de contas... Quem é você?"

Essas frases pipocam pela minha cabeça sem parar. Quem... Quem sou eu? Mal percebo que já estou nos corredores superiores da base da Cruz Mortífera naquele monte. Mas... Por quê tudo parece tão diferente, opressor? São corredores aos quais estou habituada. Por quê a vontade de perguntar sobre mim a Johann é seguida de um medo completamente irracional?

No elevador, mais uma lembrança vem a mente. É um dia chuvoso, estou embaixo de um guarda-chuva, completamente sem forças para fazer qualquer coisa. Escuto um choro vindo do alto, ergo a cabeça e vejo um homem chorando, aquele choro me dói, não tanto quanto os gritos de uma mulher, que pega chuva, em frente a um caixão. Não são gritos, o choro dela é MUITO PIOR, como se a pessoa morta fosse alguém muito querido a ela.

No corredor, escuto uma voz vinda do escritório de Johann. É do próprio, e não parece nada feliz.

—SIM, ELA DEVIA PROTEGER OS SEUS LACAIOS! – Ele brada. – Nós a treinamos para ser a lutadora perfeita, força, velocidade e obediência cega. Tudo bem que... Não, entenda! Eu sei que ela fugiu nas duas vezes devido a cobaia... Eu irei reprogramar as diretrizes de comando assim que me encontrar com ela, não se preocupe. Mas, Sanguini, ou melhor, Edson Santiago... NUNCA MAIS fale assim comigo, saiba que fui eu quem convenceu os figurões a lhe dar o que você tem, desde a diretoria desse colégio fajuto, ao apoio para a campanha de prefeito. Se você pisar fora da linha comigo, podemos destruir seu castelinho de cartas com a facilidade de um sopro.

Não sei se eu devia ouvir isso, mas de qualquer jeito, vou em silêncio para meu quarto, e por precaução, o tranco. Quer dizer que agora eu era um problema para eles... Por conta da co... Christie! Eu não conseguia chamá-la de cobaia... Por quê? E por quê sentia uma conexão mais próxima com ela?

Ligo o computador do meu quarto, então se eu estava prestes a ser reprogramada pra ser uma marionete deles, era hora de eu saber quem eu era. Felizmente o trabalho da Cruz Mortífera me dera o conhecimento pra invadir servidores, veremos se eles vão gostar disso.

Invado os servidores da base e procuro pelo termo "Alpha".

"Projeto Alpha

Inicio: 27 de Dezembro de 2013

Nascimento: 23 de Março de 2014

O incidente do Dia Zero foi um acidente em um de nossos laboratórios subterrâneos, que embora inesperado, não atrasou em nada o cronograma de operações em escala global. No mesmo dia, abduzimos a jovem identificada como Christie Williams, e além das nossas modificações para fortalecê-la e obter o controle da mesma, coletamos material genético pertencente a ela. Alguns dias depois, as nanomáquinas que inserimos no corpo de Williams foram remodeladas por algum fator externo (manipulação ou anticorpos? Testes a serem produzidos ao redor do mundo).

Felizmente, o projeto foi concebido com um backup, que foi o uso do material genético modificado de Williams, para criar um clone dela. Clone esse que nasceu no dia 23 de Março de 2014. Intitulado Alpha, foi treinado para se tornar a soldado ideal, que junto com outras semelhantes, serão o pilar da Cruz Mortífera. (...)"

Naquele momento, eu literalmente não consigo continuar. No fim... Christie estava certa, eu não passava de uma cópia dela, uma imitação barata, feita para servir uma organização que visa dominar o mundo com outras pessoas que tiveram as vidas roubadas.

"Eu irei reprogramar as diretrizes de comando assim que me encontrar com ela, não se preocupe."

Essas foram as palavras de Johann, alguém que sempre esteve comigo e nunca fez nada de mal comigo, exceto... Pensando, uma lembrança de Christie vem a minha mente.

Seis anos atrás, Dia Zero

A festa de Natal aqui em casa foi ótima, naquele dia de Natal, descansávamos, para que no dia seguinte viajarmos rumo a pequena Trerriense, onde meu tio James mora. Fazia tempo que não o via.

Depois do almoço, foi quando os primeiros tremores começaram, meus pais não pensaram duas vezes e me tiraram de casa, quando vimos alguns prédios vizinhos serem engolidos pelo chão.

Muita gente corria, desesperada, alguns com seus carros, mas assim como muitos corriam, outros tantos eram engolidos pelo chão. Vejo pessoas serem esmagadas por partes de prédios desabando, a gritaria era imensa.

Tiros começaram a ser ouvidos por razão nenhuma, pelo visto mesmo os bandidos da região estavam confusos, até que num determinado momento escuto dois gritos próximos de mim. No momento que começo a mover meu pescoço, meu pai grita.

—CHRISTIE, NÃO PARE! – A voz de Edward Williams era desesperada, ele queria que eu vivesse.

—NÓS VAMOS TE AMAR SEMPRE, MINHA FILHA! – Minha mãe parecia estar chorando.

Me arrisco a dar uma olhada, ainda correndo e vejo que meu pai levara um tiro na barriga, e minha mãe, bem no peito. A visão não dura mais que meio segundo, pois os dois afundam, engolidos pela terra que não parava de clamar concreto, casas, postes, carros e pessoas.

Com lágrimas nos olhos, continuo correndo, desesperadamente lutando pela minha vida, não sei por quanto tempo, mas não paro até que os tremores finalmente cessassem. Olho para trás, e tudo o que vejo é um amontoado sem fim de prédios caídos, chão afundado e várias outras coisas que não consigo discernir. Era como se a tampa de um bueiro gigante tivesse sido aberta e tudo tivesse cedido.

—Pai... Mãe... – Caio de joelhos, enquanto escuto sirenes e vozes desesperadas por todos os lados. As lágrimas retornam, se não fossem aqueles tiros, eles... Eles estariam comigo. – AAAAAAAAAAAAAAAH!

Não foram apenas meus pais que morreram, mas muitas das pessoas que eu conhecia no bairro, amigos de escola, da rua, vizinhos com quem eu me dava bem. Todos eles, ou boa parte, mortos.

—O que eu... – Começo a me perguntar, quando sinto uma picada na perna. Olho para mesma e vejo um cilindro azul com uma agulha espetando... E desabo, afetada pelo quer que fosse aquele negócio.

Finalmente acordo, não sei quanto tempo passou, mas não parece que estou no local da tragédia. Que lugar era aquele? Minhas costas doem, assim como minha cabeça. Tento me erguer, mas parece que tem algo segurando a minha cabeça. Tento mexer meus braços, nada acontece, igualmente presos. Pernas, a mesma coisa. Tento falar, mas não consigo... É como se minha boca não conseguisse abrir, tudo o que consigo ver é o teto amarelo e um ventilador preto.

Mexo o pescoço pra esquerda e o que vejo é um espelho, e na reflexão desse espelho, duas pessoas com uniformes médicos, além de meu próprio rosto. É o James?Não, não parece que seja meu tio, ele não me deixaria desse jeito. Um dos "médicos" vira pra trás e me vê.

—Ela está consciente, senhor. – Ele fala pro seu amigo.

—Sem problema, só aumente os sedativos... – O outro mal se mexe, enquanto verifica algo na mesa.

O primeiro médico vem até a mim, e mal consigo ver o rosto, pois os olhos estão com uma espécie de óculos com lentes espelhadas, tudo o que vejo é a máscara médica e o meu próprio rosto, com um terror indescritível. Eu quero gritar, enquanto ele pega uma seringa e a leva até o meu pescoço.

—Fique tranquila, minha querida... – As palavras dele gelam a minha espinha. – Não vai doer nada!

Tento mexer o corpo, havendo esquecido que estava paralisada, e ele espeta aquela coisa no meu pescoço.

—Já recolheu o material genético dela? – Escuto o outro "médico" perguntar.

—Sim, mais cedo, e... – O primeiro responde enquanto vou apagando, sedada.

Tempo presente

Aquilo... Havia acontecido com a Christie? Então... Por quê estou chorando como se fosse uma lembrança minha? Por quê estou sofrendo pela morte dos pais dela, que aconteceu seis anos atrás? E o que me deixa furiosa... O incidente do Dia Zero foi um acidente causado pela Cruz Mortífera e não atrasou em nada os planos dele, o que significa que todas aquelas mortes, para Johann... Foram apenas uma vírgula.

Preciso... Preciso fugir daqui, pra onde vou? Não sei. Não tenho um lar, mas se ficar aqui, não vou ter nem mais a minha própria consciência.

Agora não importa, nem que eu tenha que viver fugindo para sempre, não ficarei aqui. Pegando uma mochila e algumas roupas, saio discretamente do meu quarto e vou até o elevador. Felizmente ninguém para duas vezes para me chamar.

Enquanto caminho pela floresta, lembro de alguém que talvez possa me ajudar. Depende se a pessoa me ouvir, mas, pelo relato do Scorpio, a pessoa tem histórico de ajudar. Só preciso descobrir onde a pessoa vive, bem, tem um lugar onde eu posso ir.

Dou três passos e lembro que não posso ir, Sanguini pode estar lá, ou... Eu tenho que arriscar. Um grupo de zi-bots surge, me rodeando. Pelo visto me descobriram.

 

Jéssica

Quem dera arrumar informações sobre a Cruz Mortífera fosse tão fácil quanto sobre o prefeito. Mas, não tinha nada que eu podia fazer pra ajudar Christie e os outros. Eu queria, mas... Então tudo o que eu podia fazer era ficar em casa fazendo absolutamente nada naquele sábado. Tudo bem, horas atrás o James me relatou que Christie fora atacada pela Máscara Alpha e um dos monstros deles, mas conseguira concluir o Delta Belt pro Julio.

Fico feliz que o fardo da Christie pôde ser aliviado com mais alguém. Mas não tira o fato de que fora umas informações sobre o prefeito, não fui tão útil. Mas até aí, a Angela basicamente é assistente do James e não faz muito quando não tem nada na clínica.

Escuto a campainha do meu apartamento tocar. Esquisito, geralmente o interfone toca com o porteiro avisando. Vou até a porta e a abro, e levo um susto por alguns motivos:

A pessoa que tocara a campainha era muito parecida com a Christie, ela também estava um pouco machucada, alguns hematomas no rosto e nos braços. E pela descrição de James, os cabelos rosados, com os olhos de um rosa profundo, era ninguém menos que Alpha.

—V-você é... – As palavras quase não saem, enquanto ela avança na minha direção, o que faz com que eu recue.

Ao invés de me atacar (o que eu esperava), ela fecha a porta e gira a chave, como se temesse algo.

—O que você... Como... Eu... – Aquele definitivamente não foi meu momento mais eloquente.

—Você é Jéssica Mathias, não é? – Ela pergunta, e a voz é bem semelhante a de Christie, eu diria.

—Eu não ganho nada negando isso, então sim, sou eu. – Percebi que o tom dela não era agressivo.

—Por favor... – Alpha se curva, com educação. – Eu preciso da sua ajuda!


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