Cracóvia escrita por Sensei Oji Mestre Nyah Fanfic


Capítulo 6
Inocentes sob fogo - Sionistas vs Nazistas




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/778122/chapter/6

— A simplicidade como as flores crescem na natureza ao mesmo tempo que viram os vegetais mais belos da flora é de se admirar. É como se um ser humano nascesse feio e virasse um lindo adulto. Essa é a função das flores e é por isso que eu passo meu tempo cultivando-as.

— Essas atividades que a senhora faz no seu jardim... na estufa é de se admirar. O que me admira ainda mais é o fato de a senhora ocupar a sua mente desde a morte do senhor Scherzinger.

Antje não foi preparada para conversar sobre a morte do marido meses atrás. Ainda era doloroso saber que não só ele morreu, mas que havia uma amante na história. Claro que os seus familiares preferiram abafar esse romance, ficando tudo no dito pelo não dito, e jornais foram proibidos de publicar sobre.

Numa ensolarada tarde, sentada numa cadeira no jardim de sua casa em Munique, a matriarca Scherzinger dava uma entrevista para uma colunista de uma revista para mulheres alemãs.

— Melhor não falarmos sobre isso. Ainda é muito recente. Por favor?

— Sim, eu sinto muito. Continuando...

Dentro de casa, dentro do quarto, Ilona mantinha-se isolada de tudo e de todos. Ainda não superou a morte do seu pai, algo tão repentino, chocando a todos. Para ela o seu pai jamais demonstrou fraqueza e era impossível ele ser morto daquela maneira banal.

— Posso entrar?

— A porta está aberta.

A melhor amiga dela decidiu visitá-la naquele dia pela primeira vez depois do enterro — como Ilona regressou para a Alemanha e a amiga continuou na Polônia, era difícil para as duas manterem contato constante.

— Faz tempo que não conversamos pessoalmente, não? Que tal descermos, tomarmos um chá e conversarmos de mulher para mulher?

— Brianne, a minha mãe deve ter te chamado, acertei? É uma péssima ideia, eu não tenho cabeça para conversar muito.

A moça caminhou até a cortina, abriu, deixando a luz do dia entrar no cômodo. 

— Ficar aqui e mofar dessa forma deprimente não vai fazer... Ele não vai voltar. Você está de luto, eu sei disso, mas pelo menos devia descer, tomar um ar, espairecer.

— Não acredito que você veio da Polônia só pra isso.

A amiga segurou Ilona pelo braço e puxou-a para assim levantá-la e tirá-la daquele quarto. A moça ainda de camisola desceu com a melhor amiga para a sala. Nesse tempo a entrevista com a colunista terminou e a matriarca acompanhou a visitante até a porta de saída. No retorno à sala de estar, viu a filha deitada no sofá com Brianne ao lado.

— Uau. Nem eu conseguia tirar essa menina de lá. Só mesmo você, Brianne.

— Não precisa ser tão grata, senhora Scherzinger. Há tempos que a minha vontade era de visitar Ilona mais cedo ou mais tarde.

— Ah mamãe, está satisfeita? Acabei me rendendo aos seus apelos. Esta casa é bem tediosa.

— O que tem a casa?

— Era dos pais de meu esposo. Ilona não gosta muito por causa que é bem afastada da cidade.

— Ué, pensei que você gostasse de ficar sozinha? Viver numa casa bem afastada da civilização não seria tão ruim, né, amiga?

A empregada trouxe uma bandeja com xícaras e ofereceu chá para as três. Segundo a empregada, as últimas bagagens de Cracóvia acabavam de chegar — mesmo depois de meses — e o carro pessoal de Henrich que ficara por tempos num gueto da cidade.

— Obrigada pela informação, querida. Com licença pois tenho que ver se o carro está inteiro.

Depressiva, Ilona esqueceu até de ir para a universidade por dois meses. Além disso, esqueceu de mais outra coisa que só veio lembrar depois de ouvir a breve conversa entre a mãe e a empregada.

— Não acredito, meu Deus.

— O que foi? O que que houve?

Ela subiu e foi procurar nas prateleiras do quarto o livro que ganhou quando criança. Brianne ajudou a procurar, mas nem isso foi suficiente para elas acharem o bendito livro. Desceu rapidamente e foi para a sala abrir as malas com as roupas de seu pai.

— O que faz revirando os uniformes do seu pai, querida?

— O meu livro não está aqui. Não está, mamãe!

— Que livro?

— Aquele livro que recebi de presente quando era criança. Mamãe, por favor, diga-me que ele veio junto nas suas coisas.

— Sinceramente, filha, eu nem pensei nisso. A minha mente ficou ocupada com a morte do seu pai. Desculpa, mas não dei prioridade àquele livro.

O desespero aumentou, Ilona teve que se sentar no degrau da escada e ficar sentindo-se culpada pela perda do objeto. Até que uma notícia ruim voltou a assombrar a família.

Um mensageiro da força aérea desceu do carro e tocou a campainha. Antje preferiu atender ela mesma e viu o militar na sua porta.

— Grimsley Forchhammer foi encontrado ferido depois que o seu avião bombardeiro caiu na fronteira entre a Polônia e a União Soviética. 

As três ficaram chocadas.

— Felizmente nossos homens conseguiram encontrar o sargento com vida e levá-lo para um hospital em Varsóvia.

— Varsóvia? Moço, isso foram muitos quilômetros — disse Antje.

— Não se preocupe, senhora. O senhor Forchhammer não ficou gravemente ferido, portanto a sua viagem até a cidade foi tranquila.

Depois daquela explicação acerca do acidente de Grimsley, até mesmo o assunto sobre o livrou foi deixado de lado.

***

Em 1941, a Alemanha Nazista quebrou um acordo de armistício entre ela e a Rússia socialista. A sombra de um conflito entre comunistas e nazistas era constante, haja vista as duas ideologias políticas eram quase que inerentemente inimigas. Desde o século XIX que os revolucionários, niilistas e anarquistas se reuniam para declararem as mais diversas revoluções — tal como na França. A simpatia pelo discurso do proletariado, da ideologia em que uma insurgência dos trabalhadores sobre a burguesia, aumentou. A culpa de uma futura revolta deu-se à classe política dominante que continuava flertando com a corrupção da classe rica em detrimento do povo mais pobre. Assim a primeira revolução socialista ocorreu em território russo em 1917. A Europa e os Estados Unidos da América encararam o comunismo como uma ameaça, governos autoritários anti-comunistas surgiram na Itália e em outros países, mas a Alemanha era a cereja do bolo de futuros revolucionários.

Obviamente o povo alemão odiou o Tratado de Versalhes, portanto ficou carente de um governo nacionalista — de qualquer ideologia. Os comunistas não conseguiram o feito de uma revolução antes da eleição dos nacionalistas-socialistas e da ascenção de Adolf Hitler ao poder. Extremamente racista, o governo do Führer não só perseguiu judeus, ciganos e minorias religiosas mas também comunistas. E daí vinha a raiva dos soviéticos pelos nazistas, porque perderam a oportunidade de golpearem o coração da Europa ocidental.

Mesmo com a trégua um conflito entre as duas ideologias mais mortíferas da época era questão de tempo. O ditador da Alemanha tomou a iniciativa de invasão e em junho de 1941 invadiu a URSS. Tal decisão obrigou milhares de militares alemães a retornarem para o campo de batalha.

 

Fronteira leste da Polônia

Aviões alemães da Luftwaffe sobrevoaram o céu da fronteira e bombardearam vilas, cidades e acampamentos. Os soviéticos foram pegos de surpresa, porém revidaram os ataques também com os seus aviões. A guerra foi além da terra e da água, no céu as coisas se intensificaram entre as duas potências.

O sargento Grimsley Forchhammer foi com o seu pelotão de gaviões do Führer para abater os inimigos. Ele conseguiu destruir alguns aviões, mas a asa do seu foi atingida e caiu logo em seguida.

O avião fez um pouso de emergência entre as árvores da floresta da região. A queda, o impacto foram suficiente para causar fratura em sua clavícula e braço esquerdo, além de machucar as suas pernas. Por sorte a queda foi numa região tomada pelo exército alemão e assim o sargento foi salvo por seus companheiros. 

 

Em Varsóvia, Grim foi bem tratado pelos médicos e enfermeiras alemães. Não só ele mas também soldados que ainda lutavam contra poloneses e russos.

Na enfermaria o rapaz foi informado pelo superior que ficaria suspenso da Luftwaffe por tempo indeterminado até se recuperar completamente, o que levará muitos meses. Apesar da péssima notícia e da sua condição física debilitante ele não esmoreceu.

— Bom dia.

— Tia? Prima? O que fazem aqui?

— Dias atrás soubemos do seu acidente e viemos o mais rápido possível.

As duas haviam pego o trem no dia seguinte e chegaram em Varsóvia dois dias depois. Ilona não fez qualquer tipo de resistência, pelo contrário, ir para a Polônia era prioridade e tudo para buscar o famoso livro de volta.

— Alguém nos deu a notícia sobre o seu acidente quando ainda estávamos arrumando o restante das malas. Pegamos o trem, mas ele demorou muito a chegar aqui.

— Vocês se arriscaram por mim? Varsóvia ainda é perigosa para que damas venham aqui despreocupadas.

— Eu não me importo em passar por um pouco de perigo — disse Ilona sentando ao lado da cama. — E também estou disposta a retornar para Cracóvia.

— Voltar para Cracóvia sozinha?

— Sim. Lá ficarei poucos dias com Brianne.

— Essa menina quer ser independente, olha só. Grim, ela agora inventou de ir procurar um livro muito do especial que ficou na casa de lá. Passaram três meses que saímos e ela ainda acredita que o objeto está lá.

— Esse livro deve ser especial demais para fazer você ter coragem de sair do conforto da Alemanha para esse inferno de país.

Uma enfermeira abriu a porta e anunciou a chegada de uma pessoa que dizia ser a namorada de Grimsley. Sem nenhuma cerimônia, Olga empurrou a profissional e entrou com tudo no recinto, envergonhando o homem acamado. Sem nenhum pudor, ela se aproximou dele, debruçou-se na cama e beijou-o na boca.

— Oh, essas devem ser a sua família. Não vai me apresentar, querido?

— Tia, prima, essa é Olga Hermann Ribentropp...

— Sou a namorada do meu querido Grim. Futura esposa dele.

Pego de surpresa, Grimsley encarou com espanto a moça enquanto as duas ficaram em um silêncio constrangedor.

***

Berlim, Alemanha

No coração do país nazista vivia uma mulher depressiva e infeliz que, apesar de casada e bem vivida, nunca deu um filho vivo ao marido. Nos primórdios do seu casamento, engravidou, porém abortou aos dois meses e ficou estéril. Vivendo numa mansão e casada com um coronel das forças armadas, Sandra Fitschen, aos 40 anos, era amargurada pelo simples fato de não ter dado filhos ao esposo. Agora o casamento ficou ameaçado pela guerra atual, o coronel saiu da capital para comandar as tropas na fronteira da Polônia. A distância deixou o casal ainda mais separado.

— Senhora, uma ligação do senhor Fitschen.

A empregada avisou para a patroa. Esta atendeu ao telefone e conversou brevemente com o marido.

— Adotar? Como assim?

— Querida, tenho um rapaz que seria perfeito para preencher o quesito de nosso filho. O que acha?

— Preencher vaga? Até parece que estamos procurando algum empregado.

— Não gostou? Só porque ele será adotado?

— Não é isso. Eu fui pega de surpresa com a notícia... Adoção de filhos logo vindo de você?

— Pois eu tenho certeza que gostará dele.

 

Semanas antes, a vitória dos alemães na parte oeste da Bielorrússia, com a ajuda sem querer de Jacob, fez com que a região fosse totalmente tomada e os comunistas subjugados. Os soldados acreditaram, contudo, que o soldado Ralph Trutzinsky foi a cartada deles, mentindo aos russos que era um traidor. O êxito fez com que a situação de Jacob ficasse mais complicada no sentido de que agora ele era venerado pelos outros soldados. Um simples recruta enganar soldados russos profissionais foi o suficiente para provar que ele era o homem perfeito.

— Heil... Hitler... — disse Jacob para o comandante das tropas.

— Você está de parabéns, soldado. Um bom alemão faz de tudo para conseguir a vitória. Aquela sua história de espião foi sensacional e suficiente para enganar aqueles ratos.

— Obrigado... senhor.

— Procuramos homens dispostos a tudo para ajudar o Reich a vencerem quaisquer batalhas. Olhando para você eu vejo o soldado perfeito. É até inacreditável que um garoto como você ficou nas mãos dos russos esse tempo todo.

— Ah... meus pais... meus pais foram maltratados pelos comunistas. 

— Meus pêsames.

Um militar entrou na tenda chamando o comandante pelo nome "Coronel Fitschen". O comandante das tropas dispensou o rapaz, mas ficou encarando-o com grande admiração.

— Esse é o soldado que ajudou a derrotar os russos?

— Sim. Olhando para ele me lembro de mim mesmo na juventude.

Após sair da tenda do comandante, Jacob sentiu culpa de ter mentido sobre os seus pais. Falar que eles morreram, inventar que era o que não era e esconder a sua ascendência judaica perturbou-lhe a ponto de fazê-lo ficar com a consciência pesada.

***

Gueto de Cracóvia

Com a morte do major Henrich Scherzinger, o gueto de Cracóvia ficou sob a jurisdição do Oberführer Julian Scherner. Diferentemente do seu antecessor, o novo líder era um homem prático, de poucas palavras e não perdia tempo para decidir as coisas. No seu mandato, fez do sargento Buchmann um tenente e um dos líderes do gueto. O gordo ficou um nojo ainda maior depois dessa promoção.

A situação dos judeus ficou a cada dia mais difícil e os guardas da S.S. ficaram mais truculentos do que o normal. Muitos dos guardas simplesmente começavam a matar sumariamente os reféns.

Nesse meio tempo surgiu um movimento sionista de libertação dos judeus. Alguns praticantes queriam resistir aos nazistas e tentaram uma resistência forte como em Varsóvia. No meio deles surgiram grupos ainda mais radicais de judeus que pregavam até mesmo atentados terroristas e criticavam os judeus que nada tinha que ver com eles. Dentro da oficina a pessoa que fazia parte desse movimento era Sebastian, instrutor de Wolfram e seu pai. No início ele não quis perturbá-los, mas com o passar do tempo as suas ideias revolucionárias externaram a ponto de tentar influenciar pai e filho. Entretanto, Heiko era uma pessoa que odiava se intrometer em movimentos políticos mesmo que esses movimentos pregassem a libertação dos seus iguais, Wolfram seguia o pai e preferia ficar quieto e trabalhando.

— Vocês vão trabalhar ou vão ficar conversando? Aonde foram o Karl e o Sebastian? — perguntou Donnitz.

— Um guarda mandou-o limpar calçada — respondeu um dos escravos.

— Que lástima. Agora toda a vida eles ficam atrapalhando os trabalhos da oficina para obrigarem os meus trabalhadores a fazerem servicinho.

A oficina abria por volta das sete horas da manhã e os judeus eram sumariamente obrigados a trabalhar assim que pisam lá. Com a morte de Scherzinger e a ascenção de Buchmann, a vida dos trabalhadores virou um inferno. Empresários alemães pouco fizeram para não serem atrapalhados, os que conseguiam eram os mais ricos tipo Oskar Schindler.

— Olha só quem resolveu trabalhar. Chegaram meia-hora atrasados. A sorte de vocês que não tem um guarda por perto. Vamos.

— Peço que nos perdoe, senhor Donnitz. Acordamos muito cedo, mas fomos pegos pelos guardas e obrigados a trabalhar na rua — explicou Heiko junto de Wolfram. Este confirmou a informação do pai.

— Então vocês viram Sebastian e Karl, não é? Soube que eles foram levados pelos guardas a fim de trabalharem para eles.

Wolfram retirou o chapéu, mostrando os cabelos mais longos do que o normal. Revelou que nenhum dos dois foram vistos durante o tempo que foram levados pelos guardas.

— Se eles não foram levados pelos guardas, onde estão? Vão, vão trabalhar. 

Dentro de um prédio, num apartamento um pouco longe da oficina, um pequeno grupo de resistência dos sionistas planejava um ataque futuro e para isso precisavam de armas contrabandeadas.  Um dos pontos cruciais do gueto, no grande gueto, era a rua que ficava a oficina do senhor Donnitz, porque havia pouca movimentação de guardas e o local estratégico da oficina, perto do muro.

— Precisamos de mais judeus que se engajem na obtenção das armas. Até agora temos duas e poucas balas.

— Vamos com calma. Conversei com um amigo meu que vive em Varsóvia e ele disse que os judeus de lá estão com esse mesmo problema. Não podemos ser apressados, sermos intransigentes, pois colocaria o plano por água abaixo — falou Sebastian para o organizador do movimento.

— Nós trouxemos alguns colegas judeus para trabalhar na oficina. Usamos essa cortina de fumaça para escondermos o nosso objetivo que é recrutá-los. Mas tem alguns que estão relutantes, não querem lutar ao nosso lado. São meio submissos.

— Karl... não devia ter mencionado-os.

— Vocês dois... haja o que houver, assegurem-se que o nosso plano de trazer as armas seja um sucesso.

Eles assentiram. Sebastian foi enfático ao dizer que em breve levará mais armas.

 

Donnitz perdeu a paciência com os empregados, principalmente com Sebastian.

— Preciso de alguém para me acompanhar pois aquele rato preguiçoso decidiu vir aqui a hora que quiser. 

— Eu acompanho o senhor — disse Wolfram proativo.

— Moleque, você vai aguentar carregar peso? Sairei com o meu caminhão para pegarmos umas tralhas do quartel general do antigo comandante do gueto.

— Eu vou sim. Estou forte o suficiente.

O dono da oficina rendeu-se ao pedido de Wolfram e levou-o para fora do gueto. Claro que um guarda acompanhou-os para dar segurança ao ariano enquanto vigiava o judeu.

— Bom dia, senhor. Eu sou Joachim Jackson, sou novo por aqui. Por favor seja paciente.

— Você é só um menino, meu rapaz. É de se estranhar que tenha virado guarda tão novo.

— É que com o início da guerra o governo resolveu recrutar mais cedo.

O velho dono da oficina pediu a Wolfram que fosse na carroceria do caminhão acompanhado com o guarda enquanto dirigia sozinho. O destino dos três foi a antiga mansão do major Henrich Scherzinger e pegar umas peças do antigo automóvel dele.

Wolfram retirou a boina e revelou seus cabelos loiros, sua aparência bastante germânica. O guarda ficou impressionado como ele era diferente dos outros judeus.

— Não me leve a mal, não sou o que pensa, mas não pude deixar de notar que o seu rosto nada lembra de um judeu.

— Homem me achando bonito. Logo um nazista com um judeu.

— Calado! Eu já disse que não é isso o que pensa! Foi só uma impressão que você deixou.

O rapaz suspirou e começou a rir. Não acreditou que um guarda do gueto fosse tão tolerante com um simples judeu.

— Eu não sou apenas judeu. Minha mãe é cristã, seria o que vocês chamam de ariana. Meu pai que é judeu.

— Nossa... isso quer dizer que você podia ter servido ao governo...

— Não, isso nunca! Eu escolhi ser judeu até a morte. Escolhi comer o pão que o diabo amassou, decidi ficar. E quanto mais injustiça ocorre contra mim, minha família e aos judeus, mais fico convencido de que existe um muro de ferro entre vocês e nós. Se vocês fizeram uma escolha, eu também posso fazer. Odeio todos vocês.

A cara de espanto de Joachim ao ver o desabafo daquele mecânico foi impagável. O clima ficou tenso por uns trinta segundos, talvez Wolfram achasse que seria o seu fim. Contudo, o guarda soltou uma gargalhada.

— HAHAHAHA... Que pena que nos odeia. Ódio não faz bem ao coração, Jacob.

— Como sabe sobre esse nome?

O guarda sorriu. Era um cara ruivo cheio de sardas e com cabelo raspado.

— Porque será? Pensa. Fala sério. Sou eu, o Joachim. Joachim Jackson, filho da empregada que trabalhou para a sua família quando éramos crianças. Eu tinha 9 anos e você e seu irmão 6.

— J.J?

— Sim, pô. Minha mãe me levava para a sua casa a pedido da sua e brincávamos com o seu irmão. Lembra agora?

— Claro como a água. Nunca imaginaria, nem nos meus sonhos, que veria um conhecido de Dachau aqui neste lugar. Ah, e antes que cometa outra gafe, eu sou o Wolfram.

— Desculpa. Wolfram, o quietinho. Eu brincava mais com o outro.

— Jacob foi embora da Polônia por não querer passar por esse aperto que nós passamos. Há quase dois anos que ele foi embora e não sabemos se ele sobreviveu ou não. Agora eu fiquei, estou enfrentando as consequências como pode me ver nessas roupas esfarrapadas, sujo de graxa e cabelos grandes. Antes eu era o filho do chefe, da autoridade; hoje você inverteu esse papel. E posso dizer categórico aqui e agora, J.J, somos inimigos naturais.

— Por quê? Eu só aceitei o emprego por pressão do governo. Antes eu trabalhava dentro da Alemanha.

— Porque sim. Desde que Adolf Hitler chegou ao poder que estamos separados por um grande muro. Judeus e alemães. Você aceitou participar das loucuras desse sistema e é um cúmplice de inúmeras crueldades contra nós.

O pneu do caminhão passou por uma pedra causando um breve solavanco nele. Aquilo quebrou o "gelo" imposto por Wolfram com um comentário do guarda.

— Cê não sabe da missa a metade. Fui obrigado a prestar serviço ou os meus pais seriam presos. Agora é assim: ou serve ou é preso. Acho que devido a guerra, recrutam qualquer alemão jovem para a carreira militar. Antes não era assim.

Mesmo se explicando, Wolfram continuou calado. Elevou a perna direita a um ponto que pudesse ajeitar o cadarço do sapato desgastado.

O veículo chegou na antiga mansão, passou pelo murou externo, por uma estrada que levava até a frente da casa. Donnitz desceu e pediu que ambos descessem.

— Fique preparado, meu rapaz. A qualquer instante posso chamá-lo.

O velho entrou na casa, sendo acompanhado por um tipo de caseiro. Não deu cinco minutos até chamar Wolfram para dentro.

— Esta caixa possui algumas peças para automóveis que foram abandonadas quando o dono faleceu. Pode levar para lá.

A caixa ficou tão pesada que foi preciso o jovem levar de pouco em pouco as partes do carro para a carroceria. Nesse ínterim, um carro parou na frente do imóvel e dele saíram Ilona e Brianne.

 

Um dia antes...

Ilona passou alguns dias a cuidar da saúde de Grimsley, utilizando os seus conhecimentos em enfermagem para auxiliar o primo até um ponto em que ele pudesse resolver a sua vida sozinho. O sargento foi levado de volta para o hotel em Cracóvia pela tia... com Olga sempre ao seu lado.

E por falar na ex-garçonete... durante os dias que Ilona e Antje ficaram com o rapaz, Olga detestou. O ciúme era tanto quando viu os primos juntos que, descaradamente, se atirava no rapaz com ele ainda deitado na cama.

— Pode nos deixar a sós?

— Claro, primo. — Fechou a porta do quarto.

— Droga, o que quer? Fica me fazendo vergonha diante da minha família.

— Eu fiquei com ciúmes. Não faz essa cara, porque não seria a primeira vez que primos se relacionam amorosamente. Queria tanto que ficássemos só nós dois, sem interrupções. Talvez virássemos um casal de verdade, casássemos.

— Eu casar? — Ele segurou o rosto dela com apenas uma mão, apertando suas bochechas. — Sou que nem um animal selvagem que prefere viver solto na natureza. O meu plano é conseguir subir de vida. Quem sabe em última instância... eu comece a pensar no matrimônio.

Ele saiu do quarto. Mais tarde naquele dia soube que Ilona saiu para a casa de Brianne a fim de passar alguns dias.

— O que há de tão especial nesse livro para ela se desesperar tanto por ele?

— Um livro infantil que um menininho havia dado a ela quando era criança. Isso foi antes do terceiro reich começar, faz tempo. Durante a mudança esquecemos ele lá. Inclusive foi esse livro que inspirou Ilona a ser enfermeira.

— É um objeto de valor sentimental. Mulheres possuem essa característica, não é? Ou talvez ela tenha gostado do menino que deu.

Antje se despediu do sobrinho, pois terá que voltar para a Alemanha, haja vista não havia mais nada para fazer ali. Pediu ao motorista para levar as malas ao carro e deu um abraço de despedida.

— Agora só estamos nós dois. Parece até que a perua leu a minha mente.

— Livro, hein?

— Que disse?

— Pensando alto. Agora vai lavar a louça.

— Ei!

 

Enfim, passou um dia inteiro até chegar a hora em que as duas amigas chegaram na antiga casa Scherzinger. Viram um caminhão parado na frente, mas sequer deram muita atenção. Entraram.

Alguns empregados, poloneses não-judeus, tomavam conta dali. Depois de conversar com um deles, Ilona revistou praticamente todos os cômodos até chegar na garagem. Encontrou-se com Donnitz remexendo numas peças de automóvel.

— Bom dia, senhor. Pode me dar uma informação?

— Infelizmente não. Estou aqui apenas de passagem para recolher esses objetos.

— Minha amiga só quer saber de uma coisa. Ela morava aqui antes, mudou-se para Munique, mas na hora da mudança esqueceu um livro precioso para ela. Viu algum livro pela casa? — Brianne tomou a palavra da colega, praticamente dando uma ordem ao velho.

— Eu vi. Ele estava bem desgastado, mas resolvi pegar tudo que fosse de tralha e colocar no caminhão. Venham.

Do lado de fora, Wolfram ajeitava os objetos dentro do caminhão quando escutou o chefe chamá-lo.

— Garoto! Wolfram!

O coração de Ilona disparou ao ouvir o nome. Era o mesmo que o daquele garotinho gentil da praia. Viu Wolfram surgir repentinamente.

— A senhorita aqui precisa daquele livro que veio junto na caixa. Pegue-o.

— Sim, chefe.

Depois de rapidamente vasculhar na carroceria, Wolf pegou o livro e entregou ao Donnitz. Este deu para Ilona. Infelizmente, para ela, o objeto havia se sujado de tinta preta na capa e as páginas ficaram úmidas.

— Foi muita sorte a senhorita reencontrar o livro. Vários meses ele perdido aqui e não levado para o lixo, é a mais pura sorte. Bom, nós temos que ir.

Os olhos de Ilona sequer viram o livro, apenas olhando para o loiro paupérrimo à sua frente.

— As senhoritas precisam de mais algo? — perguntou Joachim Jackson.

— Quem é aquele rapaz?

— O Wolfram? Ele é judeu, mora no gueto e é empregado do senhor ali.

— Seu nome é? — perguntou Brianne.

— Joachim Jackson, senhorita. Trabalho como guarda no gueto.

Donnitz chamou o guarda para irem embora de uma vez por todas. Já Ilona ficou impressionada e só depois percebeu o estado lastimável do livro.

Dentro do gueto, na oficina, Donnitz repreendeu fortemente Sebastian e Karl por suas ausências, supostamente com os guardas do gueto. O velho ameaçou expulsá-los do trabalho caso o ocorrido voltasse a se repetir. De uma maneira cínica eles se fizeram de obedientes e mentiram que nunca mais se ausentariam.

No fim do expediente, o toque de recolher foi acionado e todos os judeus obrigados a retornarem para os lares no pequeno gueto.

— Boa noite. Como foi o dia de vocês? — perguntou Sofia.

— Cansativo — disse Heiko. — O chefe saiu com o Wolfram e deixou a gente sozinho na oficina. O pior foi que os dois caras que deviam estar lá para supervisionar desapareceram e deixou o velho soltando fumaça.

— O que tem pra comer hoje, mãe?

— Meu filho parece um tigre de tão faminto que é. Preparei uma sopa com legumes. Tomem banho antes do racionamento.

À noite, Sebastian, Karl e os outros judeus da oficina se prepararam para o plano de obterem as armas do lado de fora do gueto. Para isso ter êxito, um deles se escondeu dentro da oficina para abri-la para que os cúmplices entrassem na madrugada.

Na mesa de jantar...

— Hoje meu patrão e eu fomos buscar umas peças de carro na antiga mansão de um homem muito importante. Acho que ele foi o responsável pelos guardas da cidade.

— Não me espantaria que o facínora vivia numa verdadeira mansão — manifestou August enquanto tomava a sopa.

— Mas eu nem liguei para isso, fui para trabalhar. Agora lá eu vi duas moças belas. Uma delas é aquela moça do banheiro que eu disse antes. 

— Olha o pirralho com carinha de apaixonado — brincou Angela.

— Engano seu, minha irmã. Ela era alemã com certeza, e não sei se serei capaz de me relacionar com uma mulher que não seja judia.

Heiko se levantou da mesa assim que terminou de jantar e se preparou para dormir. A esposa perguntou o motivo dele se recolher mais cedo.

— Hoje o chefe deixou a responsabilidade de abrir a oficina comigo. Tenho que abrir antes das seis.

— Por Deus. Vocês trabalham umas quatorze horas todos os dias e sofrem pressão. Quando isso irá acabar?

— Não sei, querida. Quero apenas que os nossos filhos fiquem a salvo desse inferno. A loucura não se resume ao lado opressor. Os judeus na oficina queriam que Wolfram e eu fizéssemos parte de células sionistas de revolucionários. Neguei veementemente, mas está difícil a cada dia que passa.

— Eu tenho medo que conflitos armados prejudiquem inocentes. Pessoas que são neutras. Que Deus nos ajude.

Deitado no colchão na cozinha, Wolf voltou a lembrar da breve conversa que teve com a donzela no banheiro e o reencontro na mansão.

Quilômetros dali, Ilona continuou a pensar no judeu chamado Wolfram. Reconheceu-o também do encontro no Beliebt. Coincidência? A moça não ficou com a certeza, porque em todos esses anos pensou que o menininho da praia era um ariano. Como poderia ser um judeu? Abraçada ao livro, ficou deitada na cama ao lado da cama de Brianne. Esta escovava os cabelos no espelho oval sobre a cômoda.

— Parece-me que algo te deixou confusa hoje. Desde que retornamos da sua antiga casa.

— Percebeu foi? Que esperta você.

— Ilona, amiga, eu sei que posso ser dura ao falar isso, mas supere a perda do seu pai.

Ilona balançou a cabeça negativamente, porque a amiga acertou no alvo errado.

— Não estou assim pelo meu pai. Foi uma outra coisa que me aconteceu, que me pegou de surpresa. Só não quero falar nisso agora.

Brianne deu de ombros e foi dormir.

***

Leste da Polônia

O feito heróico de Jacob não passou despercebido pelo comandante Fitschen. O rapaz era fisicamente um ariano, corajoso, obstinado e obediente. Mandou chamar pela segunda vez.

— Sim, coronel?

— Pode se sentar, meu jovem.

Naquela ocasião os alemães invadiram uma cidade e fizeram dela sede temporária. O coronel se mudou para um prédio e mandou fazer um gabinete provisório.

Jacob sentou numa poltrona.

— Meu rapaz, você sabe qual a nossa verdadeira guerra?

— Nós contra os russos?

— Não.

— Contra os Aliados?

— Nossa guerra não é contra nações, e sim contra o sionismo global. Isso inclui exclusivamente acabarmos com a dominação dos judeus na Europa. Essa é a verdadeira guerra e precisamos ganhá-la para que um mundo melhor ocorra.

Jacob engoliu em seco.

— O que... o que faremos com os judeus? Matá-los?

— Não sei. Talvez mandarmos para a Palestina ou para Madagascar. Acontece que a Alemanha mais do que nunca precisa de homens dedicados e que lutem pelo país acima de tudo. Seu ato de bravura não foi em vão.

— Obrigado, senhor.

— Sou um homem objetivo, não faço rodeios. Ralph, quer ser o meu filho?

— HEIN???

— Eu sei que se espantou, mas estou disposto a te adotar como filho. Soube que os seus pais foram vítimas dos comunistas e desapareceram, por isso eu considero isso ser órfão. Também sou casado há anos e não tenho filhos pelo fatídico fato de que a minha esposa é estéril. Tentamos de tudo e ultimamente estávamos atrás de um adolescente para adotarmos, porém não conseguimos.

— Se-senhor... e-eu... eu não sei o que dizer.

— Só diga sim ou não. Mas saiba que se disser não, vai fazer uma senhora sofrer muito. Você é loiro, tem olhos azuis, portanto fisicamente é puro sangue ariano sem sombra de dúvidas. Darei o meu sobrenome, ficará Ralph Fitschen, além de levá-lo para morar conosco em Berlim e estudar na melhor escola hitlerista. O que acha?

— Acho isso maravilhoso. — Por fora Jacob demonstrou calma, mas por dentro ficou muito nervoso. O coronel Fitschen era muito conhecido e um pró-Hitler de linha dura. 

— O que falta dizer o sim, hã?

— Sim...

— Está feito — o coronel se levantou e foi dar um abraço em Jacob. — A partir de agora eu te considero o meu filho, Ralph Fitschen.

A cada dia que passa a história judaica de Jacob Wilczogórski desaparecia por completo. Sabia que seria alvo de mais investigação por parte do coronel se dissesse não. Aceitou fazer parte dos nazistas e a partir dali já não podia voltar mais atrás.

***

Na madrugada, os membros da oficina liderados por Sebastian e Karl entraram no estabelecimento por uma janela dos fundos. Eles aguardaram o sinal para que outros membros do lado de fora chegassem perto do muro.

— Que demora, Sebastian.

— Vamos com calma, Karl. Logo eles chegarão.

Um assovio foi o suficiente para eles reconhecerem o sinal. Jogaram pistolas e munições, além de substâncias inflamáveis para fazer coquetel molotov.

Um guarda que trabalhava na entrada do gueto viu o carro de Donnitz chegar e deixou o homem passar. O velho saiu do veículo, abriu a porta da oficina e entrou a fim de buscar alguns documentos dentro do escritório. Assim que ligou o interruptor, viu um dos seus empregados carregando algo.

— Seu Donnitz...

— O que faz aqui a essa hora? Responde! Dou cinco segundos para me responder ou juro que mando aquele guarda que vi te matar.

— Ele está aqui porque eu pedi para ele passar a noite toda e assim abrir a janela do seu escritório para entrarmos.

— Sebastian, seu descarado. O que todos fazem aqui, hein? Querem que eu puna todos? Não esqueçam o lugar de vocês.

O homem apontou um revólver para o alemão.

— Que tal eu calar a sua boca aqui, senhor Donnitz?

— Já percebi que não vão voltar atrás mesmo. Vocês são burros em acreditar nesse safado. Se me protegerem, juro que desconsidero chamar o guarda para vocês.

— Não adianta, velho. Todos aqui fazem parte da resistência sionista e vamos matar qualquer alemão que vermos. Ninguém aguenta mais a opressão de vocês.

— Sebastian, Sebastian. Foi por isso que você ficou ausente pela manhã. Trabalham pra quem? Estados Unidos? União Soviética?

— Quais são as suas últimas palavras?

— Você é burro como 99,9% dos judeus. Atire se quiser.

— Claro que não vou atirar, chefe — um homem deu-lhe uma chave fixa grande. — Prefiro que as minhas mãos façam o serviço.

Naquele momento Sebastian assassinou cruelmente o dono da oficina com várias pancadas com o objeto metálico. A face do velho ficou totalmente desfigurada e boa parte do sangue escorreu pelo chão.

— Amanhã todos voltaremos para fingir normalidade, entendido? Os guardas encontrarão o corpo, responderemos algumas perguntas com a mais pura mentira e não trabalharemos.

Pouco tempo depois amanheceu na cidade. Os primeiros judeus saíram para o trabalho às cinco da manhã. 

— Ainda é muito cedo, querido.

— Até trabalhadores remunerados acordam nesse horário, dondoca. Pensou que eles facilitariam a nossa vida? Tenho a impressão de que o tempo passa e a nossa situação fica cada vez pior — Heiko já arrumado apenas aguardava o banho do filho.

Wolfram ainda demorou um pouco por causa da pouca água que saía do cano. Logo eles saíram para o trabalho sem comerem.

— Você pode abrir a porta pra mim?

— Claro.

Wolf abriu a porta e entrou na oficina. Pisou em algo molhado e pensou ser uma poça de água. Do lado de fora um guarda parou Heiko e pediu que ele fosse varrer a rua, mas o homem argumentou que trabalhava na oficina.

— Posso entrar?

— Vai.

Ele viu Wolfram pálido como papel. Com os seus próprios olhos, Heiko presenciou o corpo do seu patrão desfalecido e com muito sangue espalhado pelo chão. O guarda também entrou e viu a cena. Apitou para os demais colegas e assim mais dois guardas se aproximaram.

— Um alemão foi morto. Peguei esse vagabundo aqui? — disse ao segurar Wolfram pelo braço.

Heiko viu o filho ser emparedado por três nazistas e tentou se meter na frente. A coisa ficou séria quando bateram no rosto do jovem e ameçaram atirar em sua cabeça. Foi quando Heiko tomou uma atitude drástica de pai e assumiu falsamente a autoria do crime. Os três largaram o jovem surrado no chão e agarraram Heiko.

— O que que está havendo aqui? Que confusão é essa? — apareceu Buchmann.

— Senhor, esse judeu maldito matou o dono da oficina que é ariano.

— Já não basta ter que acordar cedo e agora essa? — ele entrou para ver e saiu rapidamente. — Aquele velho safado acabou indo para o inferno da pior forma. Eu particularmente odiava ele, mas preciso cumprir com a minha função.

Wolfram tentou desmentir e falar a verdade, mas levou um golpe de cassetete na cara.

— Chutem esse lixo para longe daqui — ordenou Buchmann. Assim levaram Wolf para longe.

A última visão do rapaz foi ver o seu pai levado para dentro do carro do líder dos guardas. Não se sabe para onde Heiko foi levado, mas com certeza torturariam ele até a morte.

Jogaram Wolfram numa poça de lama perto do mercado do gueto. Ele caiu ao lado de um cadáver na rua. Com muita dor, ele foi caminhando de volta para casa onde contou a triste notícia para a sua família.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Cracóvia" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.