Novamente o dia seria diferente para Asami, ela não sabia de que maneira mas no momento a única mudança era em que destino deu a gatinha, decidiu que invés de levá-la a algum lugar em que alguém pudesse acolhe-la o melhor fosse ela mesma fazer isso com o animal, afinal seria uma companhia para ela, não que se sentisse sozinha mas seria a sua companhia. Afinal, não foi o destino, como todos dizem, que trouxe a gatinha até ela?

— Eu preciso achar um nome para você, e claro, te levar para ser vacinada, já fui longe demais deixando dormir comigo - Falava enquanto acariciava a gatinha que nada prestava atenção além da sua comida.

Após se preparar para mais um dia rotineiro de trabalho despediu-se da sua nova amiga e caminhou até a porta mas parou ao ver uma carta, que se lembre todas as suas contas já haviam sido pagas,  talvez tenha esquecido de uma ou se tratava de outra coisa, sim, era outra coisa, logo constatou que era mais uma carta de seu pai.
Desde que foi preso Hiroshi passou a enviar cartas para Asami, ela nunca leu uma a raiva era tão grande que não a permitia nem olhar e o remorso tão grande que não permitia que jogasse fora, então a única opção foi guarda em uma caixa, um acúmulo de três anos.

— Eu preciso dar um basta nisso! - Respirou fundo, decidida subiu as escadas que a levaria até o seu quarto e foi de encontro para reunir as outras.

Asami agora estava frente a frente com o seu pai, nos segundos que o observou constatou várias mudanças nele, três anos e muitas mudanças, não só nele como nela, não só física como mental. Por que os problemas simplesmente não some como uma bolha de sabão ao estourar? Por que os problemas não derretem como bala de limão como na sua música favorita? Era tantos porques e nenhuma resposta que a deixava frustada e cansada de tudo.

— É bom finalmente vê-la, filha - Disse Hiroshi dando um pequeno sorriso para ela à sua frente.

— Eu não vim aqui para jogar conversa fora e muito menos perdoá-lo se é isso que achou, vim aqui porque quero que pare de mandar cartas - Falou do jeito mais rude que conseguia, após pegar a sua bolsa entregou todas as cartas que havia recebido durante esses três anos.

— Eu sinto muito, eu não queria que as coisas chegassem à isso, eu apenas pensei que estava fazendo o certo - Suspirou, Asami apenas virou o rosto e com isso ele continuou - Asami, de todas as coisas que eu fiz, você foi a melhor.

A conversa se encerrou com Asami levantando-se e saindo do local.
Durante esse tempo jurou a si mesma que nunca o perdoaria e que faria de tudo para esquecê-lo. Como pôde achar que vingança traria algo bom? Achar que a mulher que o amou aprovaria isso? Não, ele estava errado e estava dando força para aquilo que tirou a sua mãe, a violência.

Havia caminhado durante um bom tempo até finalmente parar em uma praça, a praça que ultimamente passou a ir com frequência, ao senta-se em um banco permitiu chorar mais uma vez pelo seu pai. A única pessoa que lhe restou da família, a situação em que ele estava era mais doloroso do que ter a mãe morta.

— Eu só queria que tudo isso tivesse um fim - Levantou a cabeça e passou a observar o que acontecia ao seu redor.

Uma cena chamou a sua atenção, havia um homem e uma garotinha que jogava Pai Sho, e lembrou-se de seu pai e dela mesma, quando sua mãe havia morrido e ele havia escolhido o jogo para passar o tempo com a filha. Ao ver a garotinha abraçando o pai após ganhar o jogo levantou decidida que daria ela mesma fim nisso. Começaria de novo, com os três anos de pressão ao tentar reerguer o Império deixado pelo pai, fez dos erros a melhor chance, sempre que caísse se levantaria e com uma força maior.

— Eu não vi aqui lhe perdoar do nada porque eu estaria enganando a mim, mas vim com a promessa que te darei uma chance para que um dia eu chegue a fazer isso.

Novamente estava frente a frente com o seu pai, depois que saiu do parque voltou para sua casa apenas para pegar o jogo de Pai Sho, decidiu que daria uma chance a ele usando aquilo que os uniu depois da morte da mãe.

— Nada melhor que o Pai Sho para isso - Seu pai sorriu ao vê-la tirando-o da bolsa e colocando sobre a mesa que os separavam.

O tempo limitado que teve com Hiroshi foi totalmente gasto com o jogo, Asami nada dizia assim como o seu pai que apenas a elogiava quando fazia algo incrível no jogo, mas fora isso mantinha o silêncio, não só para concentrar-se no jogo mais também para dá espaço a filha.

Tinha decidido que aproveitaria o resto do dia no seu trabalho porém outra coisa mudou seus planos.
Quando tinha ido para um restaurante comer algo acabou encontrando com Mako que logo a convidou para se sentar com ele, e ela adorou ter o encontrado, fazia tempo que não o via pois ambos estavam tão ocupados.

— Nós dois assim juntos em um restaurante me fez lembrar do dia em que me atropelou - Comentou Mako olhando para Asami.

— Verdade.

— Pois é - Bebeu um pouco do suco - Então, Asami...

— Diga.

— É que...

— Mako, diz logo o que quer tanto me dizer, percebi que desde que sentamos aqui tenta me dizer algo - Mako sempre ficava estranho quando algo o incomodava, algo bem relevante, como da vez que descobriu que as suas duas ex-namoradas estavam namorando.

— É a Korra - Apenas obteve o suspiro de Asami como resposta, como ela não disse mais nada ele resolveu prosseguir - Eu encontrei com ela ontem.

Ele observou Asami e não notou nenhuma reação dela, ele não sabia exatamente o que havia de tão grave  acontecido entre elas e por isso sempre foi cauteloso em mencionar o nome dela para Asami. O que Mako sabia sobre isso era o que poucos também sabiam, mesmo sendo tão bom em descobrir coisas tudo que vinha a sua mente não fazia sentido e a situação o deixava bastante frustrado.

— Ela parecia ótima... Que dizer, ela parece ter superado todos os problemas que tinha...

— Eu não quero saber dela.

— Tudo bem, não irei falar sobre ela, só queria que você soubesse por mim que eu a encontrei, e bom, encontrarei com ela hoje a noite, como amigos, é claro.

— Olha, eu preciso ir embora, eu realmente estou muito atrasada para o trabalho.

......

Já naquele fim de noite após se despedir de Asami, Mako voltou para o apartamento que dividia com o irmão, era um pouco vaidoso mesmo que negasse sobre tortura mas gostava de está sempre apresentável e por isso usou os minutos restantes para arrumar-se e logo encontrar sua melhor amiga e ex-namorda.

— Quanta falta sua eu senti!

— Bolin você está sufocando ela! - Repreendeu Mako o irmão que abraçava Korra com muita força.

— Também senti sua falta e do seus abraços de urso - Sorriu ainda recuperando o fôlego, uma coisa difícil de sair é do abraço apertado de Bolin.

— Por que não me disse que havia chegado? Quando chegou? Cadê a Naga? - Suas próximas perguntas foram interrompidas por Mako.

— Vai com calma irmão, uma pergunta de cada vez.. - Disse para acalmar o seu irmão ou Korra hoje não teria paz.

— Faz alguns dias que eu cheguei - Respondeu enquanto se sentava ao lado deles - E a Naga também veio, está ansiosa para ver o Pabu.

Estavam reunidos no restaurante que horas atrás Mako estivera com Asami.
Seria apenas uma reunião de velhos amigos para matar a saudade.

— Finalmente o Time Avatar vai está completo novamente! Que dizer, só falta a Asami! - Bolin percebendo que não deveria ter falado aquilo pôs a mão sobre a boca e de olhos arregalados encarou Korra - Desculpa...

— Tudo bem Bolin... - Suspirou Korra - Também sinto falta do Time Avatar, mas creio que nunca mais será o mesmo.

Time Avatar foi uma criação de Bolin para a equipe dos amigos, já Avatar foi o apelido que Korra ganhou por ser a melhor jogadora de Lacrosse do time da escola.

— Você e a Asami ainda estão brigadas? Por que eu achei que haviam resolvido isso - Bolin perguntou inocentemente, ele era o que menos sabia de toda essa confusão.

— Sim, Bolin, ainda estamos e creio que nunca vamos voltar nem ser amigas. É complicado...

— Poxa...

— Mas não viemos aqui para ficarmos tristes, certo? Vamos comemorar que a Korra está aqui - Disse Mako tentando mudar o clima do lugar, o mesmo se aproxima de Korra e sussurra em seu ouvido - Sobre isso, conversamos depois.

Flashback On:

— Korra! Que bom que você veio! - Falou Bolin feliz.

— Pensamos que você não viria - Disse Mako indo até a borda da piscina seguido de Asami.

Korra apenas sorriu como resposta e seguiu seu olhar até Asami que saia da piscina.

— E aí, o que planejou para a gente? Compras? Maquiagem? - Falou sem muita animação.

— Na verdade eu pensei em uma coisa mais divertida que isso.

Korra havia feito sua estréia no jogo de Lacrosse e para surpresa de todos, que desacreditavam de sua habilidade o jogo foi encerrado com ela fazendo dois ponto e dando vitória ao time, com isso Asami os convidou para passar o dia em sua casa luxuosa, a família Sato era a mais rica da cidade, em comemoração.

— Se prepara - Falou Asami aproximando-se de Korra.

Na casa dos Sato havia uma grande pista onde faziam teste dos Satomóveis, depois que aprendera a dirigir Asami sempre se oferecia para fazer os testes com os nos automóveis e para seu divertimento apostava corrida com os funcionários, como estava prestes a fazer no momento.

Assim que deram o sinal ambos os carros aceleraram e última coisa que os irmãos viram foi apenas fumaça. No final quando Korra achou que fossem perder Asami provou que era uma ótima piloto com a vitória.

— Isso foi demais! - Falou eufórica - Eu nunca pensei que você fosse fazer algo assim!

— Você não me conhece bem - Respondeu Asami sorrindo.

Nesse dia Korra conheceu Asami melhor e se arrependera de todas as coisas que pensou sobre ela, realmente não era a filhinha de papai mimada que esperava que todos fizessem algo para ela, não, mais uma vez Asami a mostrou que nem sempre deveria confiar em um pré-julgamento.

Flashback Off:

— Então, como está se saindo como Policial, Bolin? - Quando soube que Bolin seguindo a mesma carreira que Mako se surpreendeu bastante já que de tudo isso era o que ele menos demonstrava que faria.

— Está sendo ótimo! Sabe, só Mako e eu, dois policiais, o policial bom e o mau, imagina só uma cena de filme? - Falou entusiasmado, como fantasia, era assim que contava a história para tudo e isso o fazia ser o divertido da turma - Só para deixar bem claro, eu só o policial mau.

— Sério? Eu achei que o mau seria o Mako - Riu olhando para o amigo ao lado.

— É uma longa história - Era uma longa e confusa história que Mako fazia parte, foi quando fizeram a primeira patrulha juntos e deu muita confusão mas no fim deu tudo certo para os irmãos.

— Nem a própria Beifong tinha fé nesse caso, e nós os irmãos, o time Avatar, incrivelmente arrasamos.

— Devo imaginar - Korra riu mais uma vez, era até estranho para ela que a anos continha isso - Foi muito bom reencontrar vocês, mas está ficando tarde e eu tenho que voltar, sem contar que a Naga está me esperando.

— Tudo bem Korra, realmente devemos voltar é muito perigoso à essa hora, se quiser Bolin e eu a acompanhamos.

— Nada é perigoso para o Avatar - Brincou - Mas realmente não é necessário, eu vou ficar segura e vocês precisam descansar, até mais garotos.

Ambos saíram juntos do bar mas Korra tomando caminho diferente. Quando saíram do restaurante queriam matar mais a saudade e a única opção era o bar que havia abrido recentemente e lá passaram o resto da noite.

Korra iria para casa como havia dito para os amigos mas no meio do caminho teve uma volta incontrolada de seguir outro e foi isso o que ela fez, agora encontrava-se parada em frente a casa da pessoa que a muito tempo fizera parte da sua vida.