Was Once What Could Be! escrita por Claymore


Capítulo 5
Capitulo 5- Querido Hook




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Henry

Preciso fazer alguma coisa. Ela está sangrando. Mas o que eu posso fazer? Ela não vai deixar nenhum de nós chegar perto dela.

Olho para o chão em quanto o limpo com um pano molhado. O sangue que ali estava fez uma bela poça, será que ela não percebeu? O que ela estava fazendo? Minha preocupação só cresce.  Quando levanto o olhar encontro um par de olhos com a mesma apreensão que a minha, olhos azuis como as águas do mar, então eu sei que ele sabe.

Kilian se aproxima e abaixa próximo a mim fingindo que esta me ajudando.

— Onde ela está?

— Sabe... ela é muito parecida com você, ela sempre vai para o mesmo lugar quando se sente triaste ou quer ficar sozinha.

— Mas isso é na floresta encantada, como isso se aplica aqui?

— Existe um lugar aqui que existe lá. Um lugar que já viajou entre muitos mundos e realidades, isso hoje é dela. Acho que é o presente que ela mais gostou na vida.

A compreensão alcança seus olhos – Obrigado. – Ele se levanta e sai pela porta. Meu coração pode descaçar por um minuto agora.

 

H

Chego no deque e o vento e forte, já é noite e o mar começa a mostrar sua imponência perante a lua, como se quisesse mostrar quem manda na terra, se exibindo.

Entro no navio e ele é praticamente igual ao meu em casa, a madeira no chão talvez esteja um pouco menos gasta e as velas são mais brancas, não tão amareladas pelo tempo como as minhas, mas é o mesmo barco. O meu barco.

Entro na sala do capitão e desço as escadas, mas não antes de passar meus dedos pela roda-do-leme, um ritual que faço todo dia em casa. No quarto do capitão é a maior diferença, apesar da estrutura ser a mesma a decoração é completamente diferente, ou melhor a inexistência dela. O grande quarto ainda tem or armários de madeira decorada grossa e escura, a mesa com uma cadeira, um armário de portas de vidros com muitos mapas, cujo tamanho da maioria é maior que eu, sei bem pois passei anos estudando eles, e finalmente uma cama com lençóis brancos. Dá para ver que o dono nesse tempo ainda vem aqui, mas não passa muito tempo. A cama está arrumada, e não parece que alguém dorme nela, nenhum prato ou comida pela vista.

Ando até um dos armários que eu sei que tem um kit de primeis socorros. Pego algumas toalhas brancas e ataduras. Uma bacia de metal e recolho água com uma caneca grande do barril próximo. Coloco tudo na mesa em ordem para não me atrapalhar com o processo. Respiro fundo e estou pronta. Retiro a jaqueta com dificuldade e levanto um pouco a manga da blusa, realmente é um corte feio.

Não acredito que ele me cortou, nossas brigas geralmente nunca chegamos a machucar nenhum dos dois. Ele sempre sabe quando bater em retirada quando perde e eu nunca corri atrás dele. Isso me faz pensar o motivo de eu nunca ter me esforçado para pega-lo. Talvez seja porque seus crimes são relativamente pequenos, roubos, invasões em sua maioria, ele também não é exatamente fácil de ser encontrado. Sua magia pode ser falsa, mas ele é bem inteligente.

Começo jogando um pouco de água sobre a ferida aberta e a água limpa que sai da caneca cai sobre o recipiente vermelha.

— Sabe, antes de saímos de casa fizemos algumas apostas de quem descobriria quem eu era primeiro – eu digo para o meu visitante que esta parado ao lado da entrada do quarto na escada atrás de mim – Robin e Henry acharam que era minha mãe, Neal achava que era minha avó. Mas eu sabia. Sabia que seria você. – Eu me viro para encarar o par de olhos que eu herdei. – Olá Love!

Ele anda em minha direção e ao chegar apoia suas mãos em cada lado do meu rosto. Seus olhos estão marejados e eu sinto a mesma emoção, mesmo olhos do futuro, isso nunca mudou, mas sua aparência está diferente, 15 anos mais jovem, agora tem a mesma aparência de quando eu era uma menina que corria para que ele me colocasse em seus ombros assim eu poderia ver o horizonte sobre a água mais facilmente.

— Então é verdade, você é minha filha!

— Sim eu sou.

— E Emma é ...

— Minha mãe até onde eu sei.

— É claro que é, você não herdou somente de mim esse charme todo.

Rimos juntos e finalmente me sinto leve, me sinto em casa.

— Deixa que eu te ajudo. – Ele toma a caneca da minha mão vem para o meu lado, mas não antes de me dar um beijo no topo da cabeça. Começa a lavar meu machucado segundo meu braço como se fosse a coisa mais importante do mundo. Mas eu nunca duvidei que para o meu pai eu era. – Você está bem?

— Estou pai, não é a primeira vez que fazemos isso, e não será a última – começo a sorrir de como essa frase é adequada, mas ele não compartilha do mesmo humor que eu.

— Então você se machuca muito em?

— Não se preocupa pai, sou uma sobrevivente, está no meu sangue. – Agora eu consigo arrancar um sorriso simples dele. - Como você descobriu? Mamãe?

— Não, ela não sabe,- ele pega uma gaze e tenta estancar o sangue, limpando toda a ferida e logo passando um produto de dentro do kit para não infecionar- Eu não sei como eu descobri, simplesmente a partir do momento que te vi eu senti alguma coisa, a reação do Henry sobre você, a confiança que eles tem em você é algo que eu já vi antes, nessa família, é um tipo de amor e adoração difícil de ser ver por ai e parece que vocês carregam em seus genes.

— Gene do Herói – Eu digo sarcasticamente.

— Basicamente- rimos juntos e ele enrola meu braço em um curativo, tampando bem, seria difícil deixar firme assim, já que sou destra e teria de fazer tudo com a mão esquerda. – Sabe “H”...

— Hope ... Meu nome é Hope- Ele me olha com os olhos cheios de lagrimas e adoração e isso me faz querer abraçá-lo.

— Hope – Ele diz meu nome em forma de oração, como música. – A forma como sua mãe disse aquilo...

— Pai, não se preocupe, eu sei. Não tem como ela saber realmente. Não sei por que fiquei chateada.

— Ela sente que você está escondendo algo dela, isso está deixando-a louca.

— Fico feliz em saber que as coisas não vão mudar no futuro.

Ele finaliza o curativo, e me sinto exausta. Sendo na cadeira e ele se apoia na mesa.

— Tenho tantas perguntas.

— Sabe que não posso falar muito.

— Eu sei, mas...

— Tudo bem, só uma.  – Arrumo minha postura, quando ele abaixa e se ajoelha a minha frente. Ele pega minha mão com a sua e eu a cubro com a minha.

— Eu sou um bom pai? – Posso ver a dúvida em seus olhos, meus olhos. Toco seu rosto sentindo como eu queria que esse momento fosse eterno. Meu melhor amigo, meu herói, meu pai. Queria nunca ter que deixá-lo. Ele ficara com muita raiva quando o dia amanhecer de novo na floresta encantada.

— Você é o melhor pai do mundo. Me ensinou tudo que eu sei. Como escolher a melhor espada, como afiar minha lamina, como navegar, me deu Jolly Roger quando eu nem mesmo sabia andar, neste mesmo piso eu dei meus primeiros passos. Me ensinou como ser forte e nunca desistir do que meu coração anseia. Eu te amo pai.

Nos abraçamos, eu sei que falei de mais. Mas é a única oportunidade que eu tenho. Queria ter dito isso antes, em casa.

— Ei...- ele se afasta e estuda meu rosto, levanta seu gancho e seu toque gelado captura uma lagrima que desce. – O que esta acontecendo?

— Nada.

— Vamos lá Hope, me conte.

— Não é nada pai – Me levanto e tento me recompor ao botar alguma distância entre a gente. - Eu só estou cansada. Longo dia.

— Não quer comer alguma coisa? Podemos ir até o Granny´s , ou voltarmos para casa e preparar alguma coisa.

— Na verdade, meus planos basicamente são de dormir apenas. Realmente preciso descansar e eu comi antes, então...Se não se importar eu gostaria de dormir aqui. Me sinto mais segura aqui.

— Eu sei como se sente. Tudo bem – Ele caminha até mim. - Se precisar de alguma coisa, eu e sua mãe estamos em casa.

Sorrio e o abraço, pois essa é uma frase que eu ouço muito em casa. Eles até mudaram de quarto no castelo para poder ver o sangue de uma janela, isso porque eu prefiro dormir no meu barco a meu quarto no castelo. Ele beija meu rosto e sai, graças a Deus de a tempo de não ouvir minha barriga roncar. Sim eu estou como fome, não comi nada o dia todo e gastei muita energia. Mas eu não quero voltar para casa agora, eu sei que se ver minha mãe vou voar para seus braços chorando.

Tudo está preso na minha garganta, sinto uma sensação sufocante ao me deitar na cama, mesmo que seja dura e os lenções fazem meu nariz coçar pela poeira acumulada eu me sinto bem. Uma fração melhor só de estar no meu lugar. Mas não consigo fechar os olhos, não consigo para de pensar naqueles olhos de jade me olhando, me amaldiçoando.

Mas eu sei que logo na disso vai importar, logo nada disso vai ser relevante, eu vou salvar meu lar e minha família vai estar salva. É o que importa. Meu sacrifício significa isso.


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