A compilação do primogênito escrita por Lily


Capítulo 7
O deslocamento do natal




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—Meu! - Tyler gritou puxando o tablet para si.

—Não! Agora é a minha vez!  - Katie retrucou apertando o aparelho com força entre suas mãozinhas. Penny respirou fundo enquanto olhava para Leonard conversando com a atendente ignorando completamente a birra de seus filhos.

—Não existe nenhuma possibilidade de haver outro vôo que chegue antes da meia-noite? - Leonard indagou com seu tom reprimido. Penny revirou os olhos antes de empurrar o marido para o lado e começar a falar.

—Olha aqui querida, eu tenho certeza absoluta que você tem sim poltronas vagas nesse vôo, então faça seu trabalho e nos arranje logo isso. 

A mulher a encarou com perplexidade e irritação. Penny arqueou a sobrancelha sem se importar com a grosseira de segundos atrás. Era véspera de Natal e eles estavam presos em um maldito aeroporto em Kansas sem previsão de saída, suas crianças estavam enjoadas e ela estava com pés inchados devido a gravidez. Ela se odiava por ter deixado Leonard convencê-la a passar o final de semana com sua irmã em New Jersey. Será bom, ele falou, uma viagem com as crianças antes do bebê número 3.

Maldito filho da mãe com olhos de cachorrinho!

—Solta! - Tyler gritou tão alto que Penny conseguiu sentir seu tímpano vibrar. Aquilo era muito alto para uma criança de dois anos. 

—Como você quiser. - Katie disse largando o aparelho, porém devido a força que Tyler fazia para puxá-lo o tablet voou com força direto para seu rosto, ele se desequilibrou e caiu de bunda no chão. Penny parou por um instante tentando entender como havia conseguido ter filhos tão irritantes como aqueles dois. 

—Mamãe! - Tyler gritou jogando o tablet no chão e estendendo os braços para ela. Penny se afastou da atendente e pegou seu filho no colo sussurrando sua música favorita enquanto acariciava seu rosto dolorido.

—Não se preocupe, tudo está bem. - ela sussurrou fazendo barulhos reconfortantes e acariciando suas costas. - Já passou, bebê. Já passou.

—Me desculpa, Ty. - Katie sussurrou com a voz embargada, parecendo notar que havia realmente machucado o irmão. Penny suspirou sentindo a cabeça latejar de dor, todos aqueles barulhos já estavam lhe irritando, até mesmo o choro de Tyler a fazia querer gritar.

—Tyler, por favor pare. Não temos tempo para isso. - ela disse afastando o filho para encarar seu rosto infantil, os olhos de Tyler estavam vermelhos, mas seu choro já havia cessado, apenas um pequeno risco avermelhado acima de sua sobrancelha esquerda indicava o que havia acontecido minutos antes. 

—Tá doendo, mamãe. - ele sussurrou com sua voz sonolenta. Ele havia passado o dia acordado devido a agitação da véspera de Natal e as brincadeiras que seus primos faziam. Tyler estava exausto, mas como sempre não daria o braço a torcer. 

—Vai passar, apenas se acalme. - ela disse beijando a bochecha dele antes de colocá-lo de volta ao chão. Tyler fez bico e desviou o olhar dela, afirmando silenciosamente que não estava satisfeito com a situação.

—Os voos só sairão pela manhã devido a tempestade que está ocorrendo na costa oeste. Sinto muito, mas mesmo que tivemos vaga seria apenas uma perda de tempo. - a atendente explicou mantendo o tom formal. Penny queria pular na cabeça dela e arrancar seus fios escuros com as próprias mãos. 

—De qualquer maneira, obrigado por tentar. - Leonard disse puxando Penny pelo braço enquanto as crianças os seguiam. Pelos menos aqueles dois eram espertos o suficiente para saber que não deviam se afastar enquanto estivessem em lugares lotados. - Ela não tem culpa da tempestade ou de os voos só saírem amanhã. Ela também deve estar irritada por ter que passar o natal longe da família.

—Acho que a família dela deve estar feliz por isso. 

—Penny. - ele sussurrou baixinho em tom de repreensão. Penny revirou os olhos, ignorando-o. 

Eles seguiram até a área dos bancos buscando algum lugar para se sentar, porém devido as festividades o aeroporto estava lotado. Penny suspirou cansada estava buscou apoio em uma das colunas, ela escorregou até o chão e soltou a bolsa se sentindo mais cansada do que o normal. 

—Levante as pernas. - Leonard pediu, Penny ergueu as pernas e as acomodou sobre a mochila dele. As crianças de sentaram ao seu lado olhando atentamente para o tablet. - Quer alguma coisa?

—Eu queria estar em casa na minha cama. - ela murmurou fechando os olhos para bloquear a luz que fazia sua cabeça doer. Penny sentiu o braço de Leonard ao redor de seus ombros, ela deitou a cabeça contra ele e colocou a mão sobre a barriga. 

—Essa é a primeira aventura de Lily, como ela está se sentindo? - ele indagou colocando a mão sobre a dela. 

—Lily está me fazendo enjoar mais do que eu queria e ela também não parece gostar muito de sorvete de chocolate. Então eu acho que posso dizer que ela puxou ao pai. 

Leonard riu beijando a testa dela com carinho. Katie o chamou choramingando por algo, Leonard se afastou dela e voltou sua atenção para os filhos. Ainda de olhos fechados ela ouviu Katie pedir para que Leonard a levasse para comer algo que não fosse biscoitos industrializados, ela precisava de nutrientes e vitaminas que não seriam encontradas em Chips Ahoy!. Penny decidiu ignorar o restante do discurso de Katie, ela não  fazia aquilo com muita frequência já havia ganhado prática com Leonard e todos os seus amigos, mas naquele momento não era por causa do uso de exemplo surreais que ela havia aprendido com Sheldon, era mais pelo de que Lily parecia determinada a esmagar todos os seus órgãos internos.

Sua mãe havia dito que três era o número da sorte, Penny não acreditava muito naquilo, mas ela estava tendo seu bebê número 3 e não podia estar mais irritada. Embora Lily tivesse sido planejada, Penny não podia deixar de se sentir assustada. Era um bebê, mas uma vida que dependia dela para sobreviver. Ela mal dava conta de Katie e Tyler, quem dirá um bebê recém-nascido. 

Lily era preciosa, todos os três eram. Katie eram seu primeiro amor, Penny havia amado-a desde o momento em que ela posto os olhos em seu pequeno pacote de vida vibrante. Então veio Tyler e ele agitou seu mundo, ele era muito parecido com ela, tão animado e destemido, sempre aberto a novas aventuras. E Lily viria, sua pequena flor, Penny ainda não sabia como ela se pareceria, mas ela a amaria com todo o seu coração.

—Mamãe! - Tyler se jogou sobre as pernas dela, Penny bruscamente abriu os olhos observando o rosto desesperado de seu filho. - Mamãe temos que sair daqui!

—O que houve, Tyty? - ela indagou o puxando para o mais perto que a sua barriga deixava. 

—O Papai Noel não vai nos achar aqui. - ele disse e Penny sorriu achando-o adorável. - Ele acha que estamos em casa e quando chegar lá não vai ter ninguém.

—Não se preocupe, querido. O Papai Noel vai deixar os presentes na árvore como ele sempre faz, ele sabe que estamos viajando e tivemos um imprevisto. 

—Você tem certeza? 

—Claro. Papai Noel sempre sabe onde estamos, ele tem um mapa que diz onde todas as crianças estão. - Penny disse fazendo o rosto preocupado de Tyler se tornar calmo e um sorriso animado tomar o lugar. 

—O Papai Noel é tão inteligente como você, mamãe. - Penny sentiu um sorriso tomar conta de seu rosto à medida que ouvia as palavras gentis de seu filho. - O Papai Noel já deu algo que você não quis?

—Sheldon. - respondeu de imediato. 

—Tio Shelly é um presente ruim? - Tyler indagou e Penny sorriu ao perceber que o plano de Leonard para irritar Sheldon finalmente havia.

—O pior de todos. 

—E papai? Ele é um presente bom? 

—Um dos melhores. 

—E Katie e eu?

—Vocês são os meus presentes mais preciosos. - ela assegurou puxando-o para perto, Tyler colocou as mãos sobre a barriga dela, então saltou no mesmo lugar soltando uma risada animada. 

—Lily se mexeu! Eu senti ela se mexer!

—Sim! Ela está animada por ser natal. 

Tyler continuou a mover a mão sobre a barriga dela esperando Lily se mover novamente, eram movimentos leves e quase imperceptíveis, mas para ele era a coisa mais maravilhosa do mundo. Penny observou Leonard e Katie se aproximarem, os dois estavam sorrindo segurando sacos pardos e copos de isopor. 

—Lanche de natal. Chocolate quente. - Leonard entregou a ela um dos copos e então se sentou no chão, Katie rapidamente se sentou no colo dele abrindo o saco e retirando um biscoito de gotas de chocolate e entregando à Tyler. 

—Acho que esse é o pior natal do mundo. - ela murmurou deixando o copo de lado. 

—Não é tão ruim. Pelo menos estamos longe de Sheldon. - Leonard disse sorrindo para ela. Penny revirou os olhos, mas deu um pequeno sorriso ao marido. 

—Mamãe, a gente não vai conseguir chegar em casa para o jantar de natal, não é? - Katie indagou quebrando o biscoito em partes menores em sua mão. 

—Sinto muito, meu amor. Mas amanhã estaremos em casa para abrir os presentes. 

Katie torceu levemente a boca e assim Penny soube que algo estava se passando pela cabecinha dela.

—Não vamos passar o natal em casa, mas ainda é natal. Não é?

—Sim. Natal é o momento em que juntamos todas as pessoas que amamos e celebramos a vida e o amor. - Leonard explicou da forma mais calma possível. Katie abriu um sorriso iluminado e disse. 

—Então eu gosto desse natal. 

—Eu também! - Tyler gritou sempre concordando com a irmã. Penny olhou para os dois filhos que realmente não pareciam se importar em passar aquele natal em uma aeroporto no meio do Kansas, então se virou para Leonard que também parecia encantado com a reação dos filhos. - O melhor natal do mundo! 

—O melhor. - Penny concordou olhando para seus presentes mais precisos. Leonard se inclinou para perto dela e lhe beijou, ela sorriu sabendo que qualquer natal passado em qualquer lugar seria um bom natal se ela estivesse com eles. 


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