A compilação do primogênito escrita por Lily


Capítulo 2
A imprecisão das palavras




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A imprecisão das palavras

Quando Leonard acordou Penny ainda dormia profundamente, ele fez o mínimo de barulho possível ao sair da cama e posteriormente do quarto. Caminhando em silêncio pelo apartamento e evitando as tábuas soltas no assoalho ele seguiu até o quarto de sua filha. Katie, diferente de sua mãe, era uma pessoa matinal, ela já estava acordada e olhava intensamente para a janela fechada quando ele entrou. Leonard abriu as cortinas e depois a janela deixando a luz do sol entrar, Katie soltou um riso de alegria e estendeu seus pequenos braços para ele.

Leonard tirou a filha do berço a segurou enquanto andava até a janela, Katie amava o azul do céu e as nuvens brancas. Um pombo se aproximou da janela pousando no parapeito e Leonard sorriu para ele, Katie também, mas ambos pararam quando o animal se aprumou em sua direção e os encarou de maneira quase mortal. Ele deu um passo para trás sentindo sua filha se encolher em seu colo, a parte irracional de seu cérebro repetia em um loop único “Sheldon tinha razão. Esses ratos do céu são maus.”, já a racional que controlava seu corpo, fazendo-o dar pequenos passos para trás para não assustar o animal. Katie choramingou preste a chorar, o pombo se agitou e Leonard não viu outra alternativa a não ser correr. Ele fechou a porta no exato momento em que o pombo entrou no quarto, Leonard ouviu o barulho do animal voando pelo cômodo e batendo nos móveis, o barulho da agitação fez Katie chorar o que foi suficiente para acordar Penny.

—O que houve? - ela indagou pegando a filha para acalmá-la.

Leonard olhou para a porta do quarto de Katie onde havia um linda lua com o apelido dela em letras amarelas, ele pensou no pombo e em todo trabalho que teria para tirar o bicho de lá e de como a culpa havia sido sua, então em como ainda faltava meia hora para eles começarem realmente sua rotina diária e em como a cama estava quentinha.

—Nada. Nada. Vamos para cama. - ele disse empurrando Penny de volta para o quarto. Penny não questionou, mas manteve o olhar desconfiado.

Eles se sentaram na cama com Katie entre eles. A garotinha de sentou olhando para os dois enquanto balbuciava sílabas desordenadas. Ela tinha quase nove meses e tentava dizer suas primeiras palavras, um trabalho árduo que ela parecia determinada a cumprir.

—Bada. Caba. - Katie bateu as mãozinhas contra o colchão fazendo sua desordem diária. Leonard riu sem tirar os olhos de sua princesinha.

—Você entende alguma coisa ela fala? - Penny indagou enquanto puxava Katie para seu colo e começava a trançar o cabelo castanho claro dela, as pequenas tranças aleatórias eram a marca de Katie.

—Não. Normalmente os bebês tendem a tentar falar a partir dos 12 meses, mas acho que Katie está um tanto adiantada. - ele disse estendendo os braços para que Katie engatinha-se até ele, a pequena desviou dos braços de sua mãe e se arrastou até seu pai.

—Acho que deveríamos perguntar a sua mãe sobre isso já que ela é uma especialista em bebês. - Penny falou pegando Katie pela barriga e a fazendo deitar na cama, a bebê gargalhou jogando os braços para frente.

—Bem… - Leonard virou a cabeça para o lado e fechou os olhos.

—Leonard, você falou para sua mãe sobre Katie? - Penny indagou, ele nem precisava abrir os olhos para saber que sua esposa o encarava perplexa. - Oh Deus! Leonard!

—Ela está em uma turnê pela Europa para dar palestras sobre seu novo livro.

—Isso não é desculpa. Beverly precisa saber que tem uma neta mesmo que ela não se importe tanto. Pensei que vocês estavam se dando bem.

—E estávamos. Até ela publicar um artigo sobre a reaproximação de pais e filhos depois de muitos anos separados. - ele revirou os olhos lembrando de como ela havia usado eles como exemplo.

—Oh meu pequeno garotinho carente. - Penny o olhou com pena antes de fechar a cara e dizer em um tom sério. - Você precisa ligar para sua mãe e contar a verdade.

—Dada! - Katie gritou como se concordasse com a mãe. Penny estendeu a mão para a filha e encarou Leonard como se dissesse “Viu, até ela concorda.”, ele revirou os olhos.

—Tenho um estranho pressentimento que vai ser assim o resto da minha vida.

××××

Eles estavam sentados na sala de estar como sempre faziam. Katie, Michael e Halley estavam no cercadinho brincando com o quebra-cabeça da tabela periódica que Katie havia ganhado de Sheldon. Os adultos haviam pedido comida japonesa e agora discutiam sobre os novos cientistas do laboratório.

—São lindas cientistas que parecem modelos. - Raj disse soltando um longo suspiro. - Não sabia que isso é possível. É como um unicórnio rosa.

—Unicórnio! - Halley gritou erguendo o seu próprio unicórnio de pelúcia. - Você tem um unicórnio, tio Raj?

—Ainda não, querida. Ainda não.

Leonard revirou os olhos sabendo que seu amigo estava em mais uma nova caçada.

—Raj, desta vez tente não ser tão assustador. - Penny pediu enquanto retirava os pratos sujos e os levava até a cozinha. - Ou perseguidor.

—Ou tão você. - Howard sugeriu sorrindo para o amigo. Leonard riu, mas então desviou o olhar para sua filha que parecia concentrada em terminar de juntar as peças do quebra-cabeça.

—Talvez, desta vez, eu tenha sorte. A doutora Harvey, que eu descobri que se chama Angela depois de uma rápida pesquisa.

—Stalker. - Howard murmurou fingindo uma tosse, porém Raj o ignorou antes de prosseguir.

—Ela aceitou almoçar comigo amanhã.

—O quanto você implorou para ela aceitar? - Bernadette indagou.

—Nada. Ela apenas disse que eu sou fofo. - Raj deu de ombros sem tirar o sorriso bobo do rosto.

—Espera, não é necessário os funcionários fazerem um teste psiquiátrico antes de serem contratados? - Amy questionou parecendo preocupada. - Como é que essa garota entrou? Porque obviamente ela está louca.

Leonard riu novamente junto com os outros, era ótimo tirar sarro de Raj, pois ele não se importava porque sabia que no fundo eram apenas brincadeiras e se ele quisesse que eles parassem era só pedir.

Ele então sentiu seu celular tocar em seu bolso, Leonard não hesitou em tirá-lo, desbloqueou a tela notando um novo email de sua mãe. Ele franziu a testa enquanto li-a mensagem.

“Caro Leonard

Este é um esboço de meu próximo livro. Estou lhe enviando para que leia a minha neta, Katherine, ao invés daqueles ridículos “contos de fadas” que seria algo típico de Penny ler. Neste livros, “Pais medianos, crianças inteligentes”, tem dicas sobre como cuidar de um bebê visando aproveitar seu total potência ainda em pouca idade para que se desenvolva perfeitamente bem.

Beverly.”

Leonard piscou freneticamente e balançou a cabeça com descrença. Aquilo só podia ser brincadeira.

—Leonard, você está bem, amor? - Penny indagou colocando a mão sobre o ombro dele.

—Ok. Qual dos idiotas contou a minha mãe sobre Katherine? - ele questionou olhando para o grupo sentado à sua frente. A maioria deles franziu e o olhou confuso, menos o cientista alto e patético. - Sheldon?

—Minha resposta poderia influenciar meu próximo pedido? - ele indagou, como sempre prensados em si mesmo. Leonard bufou e se levantou da poltrona já sabendo a resposta. Pegou Katie no cercadinho e a levou direto para o quarto dele.

—Leonard. - ele ouviu Penny chamar antes da porta ser aberta, sua esposa o encarou com pesar. Ele sabia que havia feito uma cena desnecessária lá atrás, mas ele não conseguia evitar, sua mãe sempre teria um jeito de tirá-lo do sério.  

—Eu não quero que a minha filha seja tratada como um experimento. Porque é exatamente isso que ela vai fazer. - ele disse, Penny suspirou e se aproximou dele se sentando na cama. Leonard segurou Katie para que ela colocasse seus bracinhos ao redor do pescoço dele e descansasse sua cabeça em seu ombro, parecia que ela entendia que ele precisa de um abraço. - Durante toda minha vida eu não passei de um experimento para ela, sempre foi assim. E por mais que eu queria acreditar que ela tenha mudado, eu não posso deixar de sentir que ela fará a mesma coisa com Katie.

—Você não tem como saber se não arriscar. - Penny falou estendendo a mão para tocar a dele. Leonard retirou rapidamente sua mão e pegou o celular, ele abriu a o email novamente e o mostrou para Penny. Os olhos dela passaram rapidamente pela tela pegando o principal assunto. - Pais medianos, crianças inteligentes? Ela só pode estar brincando.

—Acho que não. - ele murmurou soltando Katie para que ela se arrasta-se pela cama, porém sua filha apenas se sentou e o encarou. - Eu só não quero que Katie passe pelo mesmo que eu passei durante toda a minha vida.

—Eu sei, querido. Mas você não pode viver sem baseando no passado. Talvez Beverly tenha boas intenções ao fazer isso.

—Insinuar que eu não sou bom o suficiente para cuidar da minha própria filha? Porque é o que parece.

Penny suspirou e se aproximou dele passando o braço ao redor dela em um meio abraço e o beijou na bochecha daquele jeito que fazia para demonstrar que estaria ali por ele.

Katie bateu em seu braço tentando chamar sua atenção. Leonard se afastou da esposa e olhou para a filha, ela estendeu sua mãozinha para ele disse à sua maneira.

—Papa!

Leonard sorriu surpreso e então olhou para Penny que parecia igualmente surpresa.

—Papa! - Katie repetiu tirando seus pais do torpor momentâneo. Leonard a pegou e a jogou para cima arrancando-lhe uma gargalhada alta.

—Meu bebê disse sua primeira palavra. - ele sorriu como o pai bobo que era. Penny riu passando a mão pelas costas da filha.

—Ela só quer ver o papai feliz. - ela disse segurando aquele sorriso no rosto.

—E ela conseguiu. - Leonard afirmou beijando a bochecha de Katie. A porta do quarto se abriu e Amy entrou sendo acompanhada de Sheldon.

—Meu marido tem algo a dizer. - Amy disse empurrando Sheldon para frente.

—Sinto muito por ter contado a Beverly antes de você, eu apenas estava entusiasmado demais com o fato de vocês terem me deixado nomear sua filha. E para compensar isso, Amy disse que vamos ficar de babá para Katie hoje à noite, se vocês aceitarem.

Leonard olhou de Sheldon para Penny, sua esposa sorria satisfeita com aquela sugestão.

—Isso seria ótimo. - Penny afirmou já se levantando da cama. - Vou pegar o pijama de Katie.

Leonard observou sua esposa caminhar para fora do quarto, porém Amy a parou e disse.

—Sheldon pode fazer isso. Não é Sheldon?

Amy estava usando aquele tom autoritário que era destinado a Sheldon quando ele fazia algo errado.  Leonard viu seu amigo bufar e sair do quarto poucos segundos depois ele ouviu a porta do quarto de Katie ser aberta e um grito alto sendo seguido por um arrulhar familiar e um barulho de algo batendo contra o chão.

Oh! O maldito pombo.


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