A compilação do primogênito escrita por Lily


Capítulo 1
01. A asserção do primeiro nome




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"A asserção do primeiro nome"

 

 

—Tem certeza que você ficará bem? - Leonard indagou pelo o que parecia ser a décima terceira vez em menos de dez minutos. Penny revirou os olhos para o marido enquanto comia o que restava de seus bolinhos de batata orgânicos, a tigela equilibrada sobre sua enorme barriga de nove meses.

—Não se preocupe, Leonard. Eu vou ficar bem. Tenho uma TV a cabo, comidas saudáveis e ainda consigo me levantar para ir ao banheiro. Eu estou bem. - ela assegurou colocando a mão na lateral do rosto dele e o puxando para um beijo. - Nós ficarmos bem.

Ele a olhou meu hesitante antes de acariciar a barriga dela, Penny sorriu tentando transmitir calma para ele, o bebê chutou assustando os dois.

—Parece que alguém concorda que é melhor eu ficar. - Leonard sussurrou. Penny revirou os olhos novamente.

—Leonard, você está há semanas falando sobre esse seminário, eu não quero que perca algo que goste por causa do bebê. Não se preocupe, eu vou ficar bem.

—Mas…

—Não me faça levantar e chutar seu traseiro para fora deste apartamento, porque você sabe muito bem que eu ainda posso fazer isso. - ela ameaçou ainda em seu tom calmo. Leonard apenas a encara por alguns segundos alguns de se levar do sofá.

—Se precisar de algo meu celular estará ligado, volto em três horas.

Penny assentiu com a cabeça, Leonard deu um último olhar para ela antes de sair pela porta. Ela respirou fundo ajeitando a almofada em suas costas, as dores não eram intensas, apenas pequenas pontadas, como agulhas, elas apenas incomodavam, então não havia necessidade de preocupar Leonard. Ele já estava fazendo muito por ela, ele havia diminuído sua carga horária e decido trabalhar em casa duas vezes por semana apenas para ficar perto dela. E agora que o bebê estava um pouco atrasado ele se tornava ainda mais neurótico, Amy já havia até sugerido fazer algumas experiências com Leonard para testar suas reações cerebrais diante de alguma situação.

—É incrível como ele está mais agitado que você. Talvez os genes “paternos” estejam se desenvolvendo em grandes quantidades. - Amy disse dando aquele sorriso quase psicótico. Penny havia pedido gentilmente que ela ficasse longe de Leonard, ela só conseguiria lidar com um neurótico por vez.

—Ok bebê, você terá que fazer um grande favor para a mamãe e ficar quietinho enquanto eu assisto “The Bachelor”, está bem? Você faria isso por mim? - Penny indagou acariciando a barriga, o bebê começou a se mexer avidamente fazendo ela grunhir. - Vou levar isso como um não.

Penny suspirou e então, com uma certa dificuldade, se levantou do sofá. Sua médica havia dito que aquelas dores seriam comuns enquanto o bebê se preparava para sair, mas talvez ela tivesse esquecido de dizer que seriam como dinossauros pisoteando suas costas.

Ela caminhou lentamente tentando focar em qualquer outra coisa além do bebê em sua barriga, abriu a porta do antigo quarto de Sheldon que agora havia sido decorado para receber o bebê. As paredes haviam sido pintadas de tons claros e as cortinas eram amarelas com desenho de ursinhos, havia um berço branco quase no meio do quarto com um mobile com o sistema solar de pelúcia, um presente de Raj. Eles haviam decidido não saber o sexo do bebê até o nascimento, o que resultou em um grande discurso de Sheldon sobre como ele não iria conseguir se programar já que não sabia se deveria lidar com uma garotinha ou um garotinho. Penny havia achado engraçado aquela preocupação dele, já que Sheldon não conseguia lidar nem com os adultos.

Entretanto, algo dentro dela dizia que Sheldon seria um bom tio, ele sempre havia sido uma criança grande, então seria fácil para ele lidar com criancinhas.

Ela olhou a mala da maternidade em cima da poltrona que já estava organizada, Leonard havia passado as últimas duas semanas checando cada item, ele tinha feito uma lista e a revisava quase todo o dia. Penny sabia que ele só estava fazendo aquilo porque estava ansioso, até mais do que ela. Ele queria tanto aquele bebê, ela sabia que ele seria um bom pai, sempre estaria por perto e iria a todos os jogos e apresentações.

Ele seria diferente de seus pais, ela sabia disso. Sabia que ele seria compreensivo, atencioso, paciente e saberia ouvir, e iria gostar de ouvir.

Penny sabia que Leonard seria um pai babão, que provavelmente se tornaria o melhor amigo de seu filho e sempre estaria disposto a fazer de tudo por ele ou ela. Ela sabia que seria assim, porque Leonard era assim. Havia sido por isso que ela tinha se apaixonado por ele. Por causa do seu lindo e enorme coração.

Ela estendeu a mão para tocar uma das molduras que tinha um lindo desenho de um urso azul quando de repente sentiu uma dor mais forte percorrer sua espinha fazendo-a curvar-se para frente, buscou apoio na cômoda e respirou fundo. Tentou manter a postura, mas de repente algo escorreu pela sua perna, Penny olhou para baixo e notou um líquido escorrendo pelas suas pernas e fazendo uma poça no chão.

—Sério? Justo agora? - ela indagou olhando para sua barriga. O bebê se remexeu ficando mais agitado. - Ok, ok. Vamos chamar o papai.

Penny se arrastou até a sala ignorando as dores regulares em seu útero e a impaciência do seu bebê. Assim como Leonard, o bebê ficava agitado diante de grandes situações. E ela rapidamente alcançou o celular e ligou para Leonard esperando que ele atendesse ao primeiro toque, porém a chamada foi para caixa de mensagens. Respirando fundo como havia aprendido nas aulas de preparação de pais, o tempo entre as contrações estava diminuindo o que significava que logo o bebê estaria ali. Ela tentou ligar novamente, mas de novo foi direto para caixa de mensagens.  

Penny parou por um segundo pensando para quem ligar. Amy estava no trabalho, Bernadett em uma reunião de negócios, Howard e Raj estavam em uma convenção ou em algum lugar fazendo algo estranho, então só sobra Sheldon. Ela sabe que ele está de folga do trabalho e sabe que Amy não levou o carro para o laboratório, o que significava que Sheldon era o único capaz de levá-la ao hospital.

Ela se apressou, a sua maneira cambaleando de um lado para outro com sua enorme barriga, até o apartamento da frente. O telefone ainda estava em sua orelha quando ela bateu na porta.

—Sheldon. - uma batida. - Sheldon. - outra batida e uma pausa, alguém se mexeu lá dentro, Penny revirou os olhos sabendo o que o idiota queria. - Sheldon.

A porta se abriu e o cientista apenas a encarou.

—Em que posso ajudar, Penny?

Ela abriu a boca para falar, porém uma nova contração a fez se curva, Sheldon segurou sua mão no momento em que um grito foi ouvido pelo andar. Penny teve que prestar bastante atenção para perceber que não havia sido ela quem tinha gritado. Era Sheldon.

—Eu preciso que você me leve ao hospital. - ela pediu ainda apertando a mão dele.

—Não. O bebê só deveria vir daqui há três dias. - ele disse com aquele olhar sério.

—Não ele deveria vir no dia 16.

—Mas isso há três dias!

—Eu sei!

—Me leva pro hospital!

—Vou ligar para Amy.

—Não dá tempo. Pegue as chaves do carro e me leve.

—A… vou ligar pra Amy.

Penny grunhiu apertando ainda mais a mão dele.

—Sheldon, se você me tirar daqui e me levar para aquele maldito hospital. Eu juro que deixo você nomear o meu bebê. - ela disse sem pensar apenas porque queria que ele a levasse dali. Ele a encarou por alguns segundos parecendo ponderar as suas alternativas.

—Você promete?

—Sim! - ela afirmou em um grito. - Apenas me tira daqui.

××××

Ela era linda. O cabelo era castanho claro e meio encaracolado, como o de Leonard. Penny sorriu para sua pequena filha que ela segurava em seus braços com tanto amor e carinho.

—Ela parece com você. - Leonard sussurrou bem baixo com medo de que sua filha acordasse depois de todo o trabalho que eles tinham tido, principalmente ela, para fazê-la dormir.

—Não. Ela tem seus olhos. - Penny afirmou abaixando a cabeça para beijar a testa da pequenina.

As últimas horas haviam sido loucas, Leonard havia aparecido no hospital no último minuto, quase perdendo o nascimento de sua filha devido a um acidente de carro, nada grave, apenas um arranhão na lateral do veículo e alguns gritos no meio da rua. Sheldon havia ficado com ela durante todo aquele tempo, Amy tinha chegado poucos depois apenas para ver o marido desmaiado depois que Penny havia apertado sua mão com mais força do que o necessário.

Mas depois de seis horas de trabalho de parto, sua pequena vida estava em seus braços e seu marido estava ao seu lado com um sorriso que ele mal conseguia conter. Tudo parecia tão bem.

—Bom dia. - Amy sorriu entrando no quarto segurando um buquê de flores do campo, logo atrás dela vinha Sheldon e o resto do grupo.

—Oh, ele é tão lindo. - Bernie disse enquanto colocava os balões brilhantes de lado e olhava para o pequeno pacotinho nas mãos de Penny.

—É ela. - Leonard corrigiu rapidamente com um sorriso no rosto.

—Own, ela é tão fofa como um pedaço de bolo de baunilha com granulados de chocolate. - Raj disse, um tanto específico demais para o gosto de Penny.

—E já escolheram o nome? - Howard indagou olhando para a bebê.

—Temos algumas ideias, mas ainda não escolhemos. - ela disse acalentando a filha que já se mexia ouvindo a agitação ao seu redor.

—Com licença, Penny, mas eu tenho algumas sugestões. - Sheldon falou erguendo seu caderno de anotações. Penny soltou um suspiro cansado.

—Sheldon, se lembra o que do que conversamos? Nada de se meter nas vida dos outros sem que eles peçam sua opinião. - Amy disse olhando para o marido. Porém Sheldon apenas continuou a encarar Penny que suspirou derrotada ao lembrar de sua promessa.

—Você prometeu.

—Eu sei, querido. - ela sussurrou antes de desviar o olhar para Leonard, que tinha as sobrancelhas arqueadas em entendimento. Penny adorava o fato de simplesmente perceber as coisas antes que elas fossem ditas.

—Por favor não diga que você prometeu que Sheldon poderia nomear nossa filha. - ele pediu olhando desesperado para ela.

—Isso não teria acontecido se você tivesse atendido o seu celular. Eu precisa chegar aqui de alguma maneira. - ela se defendeu.

—Eu não acredito que você fez um pacto com o diabo. - Howard disse rindo. Penny olhou para ele com repreensão fazendo-o se calar.

—E você já escolheu um nome? - ela indagou a Sheldon, Leonard ao seu lado sussurrava baixinho.

—Por favor seja um nome ridículo.

—Eu demorei um pouco, mas finalmente decidi. Tive muitas opções, porém acho que achei o nome perfeito para ela. - Sheldon afirmou, enquanto Leonard continuava suas preces.

—Por favor seja um nome ridículo. Por favor seja um nome ridículo. Eu nunca pedi nada nessa vida, Deus.

—Katherine.

Penny olhou surpresa para o amigo, aquele não era exatamente o tipo de nome que ela esperava.

—Katherine? - ela indagou um tanto confusa com a simplicidade do nome.

—Sim. Por Katherine Bouman, a cientista responsável pela primeira foto de um buraco negro. Ela é uma grande mulher. E logo estará nos livros de física e história ao lado das grandes cientistas. E sua filha será tão inteligente quanto ela. E tão gentil quanto você. - Sheldon disse sendo doce sem querer ser.

—Oh Sheldon. Isso é tão… lindo. - ela sussurrou sorrindo para ele. Sheldon apenas deu de ombros. Penny então se virou para Leonard que também parecia surpreso com a escolha do nome. - O que você acha?

—Doutora Katherine Hofstadter. Isso soa bem. - ele afirmou fazendo-a rir.

—Então acho que ficamos com Katherine.

—Ótimo. Agora só preciso que assinem isso. - Sheldon estendeu alguns papéis e uma caneta, a felicidade momentânea que Penny sentia foi substituída pela descrença de sempre.

—Para que isso?

—Apenas para a posteridade. Caso haja algum desacordo e eu tenha que lembrar a vocês que como padrinho, eu dei o nome a ela.

—Espera aí, por que você acha que é o padrinho dela? - Howard indagou.

—Porque eu sou o mais qualificado e um ótimo exemplo. - Sheldon disse olhando para Howard como se ele fosse um tonto. - Eu ganhei um prêmio Nobel.

—Eu fui para o espaço.

—Até um macaco pode ir ao espaço. Isso não quer dizer nada. - Sheldon retrucou fazendo Howard grunhir irritado.

—Eu obviamente seria um padrinho melhor do que vocês. Eu sou rico. - Raj falou olhando com um ar de superioridade para os outros dois.

—Você não é rico. Seu pai que é. - Bernadette revidou cruzando os braços.

—Mas ele está perto de morrer e eu ficarei com sua herança.

Penny revirou os olhos diante da discussão de seus amigos. Ela se virou para Leonard esperando que ele interferisse, porém os olhos de seu marido estavam voltados na pequena Katherine que devido a agitação de seus tios havia despertado, seus olhos castanhos estavam fixos nos de Leonard. Penny sorriu sentindo o coração martelar contra seu peito. Essa era sua vida a partir de agora. E ela não poderia pedir algo melhor.


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