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Capítulo 8
7 - Como Isso é Possível?


Notas iniciais do capítulo

Serase vocês me perdoam se eu pedir desculpas pela demora?

Ainda bem que tô aqui no anonimato e ninguem sabe onde eu moro pra tentar me matar.

Obrigada por cada comentário no capítulo anterior, vocês são todos maravilhosos.

E um agradecimento ultra super especial para Srta Alianova e AlianovnaRomanogersRogers, que deixaram duas recomendações MARAVILHOSAS e eu só posso dizer muito obrigada.

Dedico esse capítulo a vocês. Espero que gostem!

Boa leitura ♥



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Capítulo 7

Interis, 2039

Steve Rogers

 

Seguimos Hill por mais alguns metros e corredores adentro pela base. Eu não conseguia prestar atenção ao meu redor, só tinha muita consciência de James e Natasha perto de mim.

Por Deus, eu tinha um filho! Não, não um. Eu tinha dois filhos. Um deles tinha assumido o meu escudo e o outro tinha o nome da minha mãe. E a mãe deles era Natasha Romanoff, que há uma hora atrás tinha me dito que nunca seríamos um casal. Eu não sabia o que sentir, nunca estive tão confuso em toda a minha vida.

Andamos por um tempo que pareceu longo demais até finalmente chegarmos a uma porta de metal com identificação eletrônica. Hill digitou uma senha e pressionou o seu dedão no pequeno retângulo instalado ao lado, e a porta se abriu. Parecia ser um pequeno escritório ali, com uma grande mesa de mogno, poltronas, armários e um frigobar, embora tudo estivesse bagunçado e caído provavelmente em consequência do tremor que Dayse tinha provocado.

Mas o que chamou mesmo a minha atenção - a de Natasha também, pude perceber - foi um grande quadro, na parede atrás da mesa, com um retrato meu de uniforme, escudo e um buquê de flores na mão livre. Eu parecia igual, mas ao mesmo tempo muito diferente naquela fotografia. Meus olhos brilhavam e o meu sorriso tinha covinhas. Peggy costumava elogiar aquelas minhas covinhas. Eu tinha me esquecido de qual foi a última vez que eu tinha sorrido de maneira que elas aparecessem.

— Ah, não — Hill exclamou, correndo direto para o frigobar que estava caído de frente no chão. Ela o levantou com um pouco de dificuldade e o manteve de pé. — James abre o cofre e procure por uma chave pequena, triangular, rápido.

James obedeceu prontamente. Ele foi até o quadro que eu olhava instantes atrás e o retirou da parede, revelando um cofre. Ele não hesitou ao colocar a senha, abriu e bagunçou alguns papéis e objetos antes de finalmente encontrar a tal chave e jogar para ela. Ele parecia angustiado e inquieto enquanto esperava que Maria revelasse o que estava acontecendo.

Ao olhar para ele não pude deixar de me sentir orgulhoso, mesmo com toda a loucura ao nosso redor. Eu sempre fui o tipo de cara que sonha com uma família, mas pensei que tinha tido de abrir mais disso quando aceitei ser o Capitão América. Teria sido egoísmo desistir por ambições pessoais, o mundo precisava que alguém carregasse aquele escudo. Mas nunca pensei que eu pudesse ter os dois. Ser os dois. Capitão América e pai.

E James parecia ser um ótimo garoto. Não foi difícil perceber que, além de carregar o meu escudo, ele era o líder daquele grupo. Além de um excelente irmão mais velho. Eu só nunca pensei que, se algum dia eu tivesse um filho, ele teria cabelo ruivo. Olhei para Natasha e embora ela  parecesse impassível e calma por fora, eu podia ler através da pose algo entre o choque e o pânico. Devia mais ser difícil para ela, que nunca quis ou imaginou que pudesse ser mãe.

— Esse é o seu escritório? — Natasha perguntou, se dirigindo a Hill. Ela estava encostada no batente da porta ainda, de braços cruzados fazendo sua pose de durona, mas seus olhos não paravam de alternar entre o quadro e James.

— Não, é o seu, na verdade — foi James quem respondeu. Maria estava concentrada na abertura do frigobar.

Natasha tinha um quadro meu na parede da sala dela? O que aquilo queria dizer?

— Então eu estou viva?

— Não sabemos — ele deixou o escudo no chão perto da mesa e se sentou em uma das poltronas parecendo muito cansado. Aquilo estava errado, nenhuma criança de 14 anos deveria carregar todo aquele peso nas costas, muito menos uma que fosse meu filho. — Você saiu em missão há algumas semanas. Era para ter voltado em alguns dias e agora já faz um mês e meio. Então, provavelmente não.

Ele estava fazendo um esforço enorme para manter a compostura ali. Falar sobre a morte recente da mãe, para a própria mãe... Como estava a cabeça dele no momento? Natasha ainda estava em negação demais para se preocupar com alguém além dela mesma e dos seus medos no momento, mas eu fiquei preocupado com ele. Que tipo de mundo tínhamos criado para nossos filhos? E que tipo de vida tínhamos dado a eles?

— Droga! — Maria xingou, atraindo nossa atenção. Ela segurava alguns frascos quebrados em sua mão, o interior do frigobar estava cheio de um liquido transparente.

— O que é isso, Maria? — James perguntou.

— É a única coisa que poderia salvar a sua irmã.

Ele se levantou da poltrona de uma vez. Involuntariamente meu corpo me impulsionou para frente, já em estado de alerta.

— Como assim ‘salvar a minha irmã’? — ele exclamou. — Ela só teve dor de barriga!

— É o inicio do que eu e sua mãe nomeamos de Período Refratário — Hill contou. Ela se levantou do chão com os frascos na mão, colocou-os em cima da mesa e limpou as mãos na calça, em seguida se apoiou na mesa, encostando, com cara de preocupada. — Você teve na infância e foi terrível. Não sabíamos o que estava acontecendo, você quase morreu e, Deus, como Natasha quase ficou louca achando que ia te perder...

— Seria uma grande gentileza se você pudesse parar de falar de mim como se eu não estivesse aqui — Natasha resmungou. Ela finalmente saiu de sua posição ereta na porta para o centro da sala, onde nos encarou. — Quero saber o que querem de nós.

— Como? — James perguntou, confuso.

— Vocês nos trouxeram para cá, armaram todo esse teatro e todas essas mentiras por um motivo e eu quero saber qual.

— Acha que estamos mentindo? — Maria parecia ter ficado brava.

— Natasha, eu não acho que seja um teatro... — comecei, mas o olhar que ela me lançou me dizia para que eu ficasse quieto.

— Você acha mesmo que eu me casaria com você, teria dois filhinhos e seriamos felizes para sempre? — ela debochou. — Acorda, Steve, eu não posso ter filhos!

Eu tinha me esquecido daquele detalhe por ter ficado tão desnorteado com tudo a minha volta. Apesar de muitas coisas se encaixarem, era realmente estranho que nós tivéssemos nos casado e tido dois filhos assim, em um período tão pequeno de tempo. Depois daquele beijo as coisas tinham ficado estranhas entre nós e, por mais que eu estivesse meio perdido com meus sentimentos desde então, Natasha tinha deixado bem claro que aquilo não tinha significado nada e que nada mais aconteceria. Além do mais, havia o pequeno detalhe da esterilidade dela.

— Podem explicar isso? — cruzei os braços e perguntei, sério. O meu coração me dizia que eles estavam certos, mas a logica me forçava a duvidar.

— Vocês são inacreditáveis — James reclamou. Ele marchou até o cofre que ainda estava aberto e tirou algumas folhas de lá. — Isso é prova suficiente?

Ele jogou as folhas em cima de nós e elas caíram no chão. Só então percebi que não eram folhas, e sim fotografias. Peguei-as do chão e comecei a olhar, surpreso com o conteúdo ali.

— Natasha... — chamei, sem ter certeza do que dizer. Ela se inclinou ao meu lado para ver as fotos na minha mão.

Éramos nós dois em quase todas as fotos. Em uma estávamos nos beijando, em outra riamos sujos de chocolate. Na maioria dela havia um detalhe importante: a barriga dela. Natasha estava inegavelmente gravida e feliz com isso. Ela ouvindo musica com a mão pousada na barriga; eu beijando o mesmo local; Natasha batendo uma foto de mim com James segurando o meu escudo. Não eram fotos pousadas, mas todas espontâneas. Em uma delas eu estava por trás dela com o corpo inclinado em um ângulo estranho enquanto minha cabeça aparecia debaixo do braço dela para dar um beijo em sua barriga exposta ao mesmo tempo em que ela tentava morder o meu pescoço. Na foto seguinte estávamos em um quarto de hospital; Natasha estava usando aquelas camisolas de internação e em seus braços havia um pequeno embrulho azul, eu estava ao lado da cama perto dela também e ambos olhávamos para o pequeno embrulho com fascinação. Eu nunca tinha visto Natasha tão linda quanto naquela foto.

— Não. É. Possível — Natasha sussurrou encarando a ultima foto. Nesta estávamos eu, ela e um James que devia ter uns 8 ou 9 anos de idade. James estava na minha frente todo orgulhoso segurando o meu escudo e minha mão repousava sobre o ombro dele. Meu braço livre estava sobre o ombro da Natasha, que acariciava sua segunda gravidez. Estávamos mais velhos naquela foto do que nas outras; pouca coisa, mas perceptível.

— Essa foi a ultima foto que tiramos juntos antes de você morrer — disse James para mim. — Sarah nasceu algumas semanas depois.

Lembrei de Sarah, a pequena garotinha loira na recepção. Ela era adorável.

— Hill quando... O que... COMO isso aconteceu? — Natasha questionou.

— Vocês dois já estavam de enrolação fazia algum tempo... Só precisou de uma festa e algumas bebidas para vocês se soltarem.

— Não pode ser — Natasha insistiu, com um pouco menos de certeza daquela vez. — Se eu pudesse engravidar, já teria acontecido. Treinos foi o que não me faltaram.

Fiz uma careta e James a imitou. Então não era brincadeira quando ela disse que já tinha estado com muitos homens. Aquilo me incomodou um pouco, ainda que sem motivo.

— Você treinou com Steve? — Maria inquiriu.

— O quê? — engasguei. — Não! Nós nunca...

— O que isso tem a ver? — Natasha perguntou.

— Para a sua sorte, você conseguiu se envolver com o único homem no mundo que poderia te engravidar — Hill contou. — Foi preciso treinar uma só vez com ele para que acontecesse.

Olhei para Natasha totalmente constrangido. Ela, por sua vez, só parecia muito confusa e um pouco irritada.

— Como isso pode ser possível?

— Natasha, a razão pela qual você não pode ter filhos é a mesma pela qual você nunca fica doente. O soro do programa Viúva Negra no seu organismo destrói imediatamente qualquer corpo estranho que ele detecte. Isso te faz mais forte, mas também elimina qualquer embrião antes que ele tenha a chance de chegar ao seu útero — Maria explicou. — Mas o soro do supersoldado nas veias do Capitão é como uma versão infinitamente mais avançada do que o que há em você. Um espermatozoide vindo do Steve é o único que conseguiria fecundar e levar uma gravidez adiante no seu corpo, porque ele é forte demais para o soro da Viúva Negra destruí-lo.

Natasha deu alguns passos para trás e, quando achou uma cadeira, se sentou com a mão tapando a boca e o olhar fixo em James. Eu não podia estar mais surpreso. Quais eram as chances daquilo acontecer? A Natasha naquelas fotos, feliz, solta... Eu não a conhecia. E não fazia ideia de como chegar nela, mesmo que ela fosse extremamente encantadora.

— Então sou mesmo sua mãe — ela sussurrou, olhando para James.

O garoto estava vermelho desde o pescoço até os cabelos. Aquela deveria ser provavelmente a conversa mais constrangedora que ele já ouviu. Ou não, sendo filho de quem era. Olhei para Natasha, para James e para as fotos e quis aquilo. Quis desesperadamente que as fotos ali se tornassem realidade. Meu relacionamento com Natasha estava longe de acontecer, estávamos emocionalmente distantes, mas eu desejei ter a alegria que havia em meus próprios olhos naquelas imagens. A felicidade que aquele Steve demonstrava ter.

— Ainda não, mas vai ser — ele afirmou. — Podemos voltar para a parte em que a minha irmã morre, por favor?

Preocupado, olhei para Hill. Eu tinha me esquecido daquilo com tanta informação chegando de uma só vez. Pela cara que a Natasha fez, dessa vez ela estava preocupada também. Não tinha como não deixar o instinto de proteção crescer depois de saber que aquele pequeno e adorável pedaço de gente lá fora pertencia a você. E assustadoramente apavorante, mas também deliciosamente surpreendente.

— O que ela tem não pode ser tão grave, pode? — perguntei, inseguro.

— Pode e é — Maria afirmou. — Quando você tinha a idade da Sara, James, você também ficou doente. Nenhum exame podia dizer o que você tinha e nenhum remédio funcionava. Você conseguiu desesperar Natasha, Steve e toda a agencia da Shield junto com eles. Ninguém sabia o que fazer porque nenhum de vocês nunca ficou doente antes.

— E eles não têm o soro nas veias? — Natasha perguntou, mais interessada.

— Tem, e esse é o problema. Tanto James quanto Sara tem ambos os soros não só no organismo, mas no DNA deles. Quando James ficou doente descobrimos que durante o crescimento deles, os soros diferentes começam a se atacar e é isso o que causa os sintomas. Começou exatamente assim como em Sara, com vômitos e desmaios, depois ela vai começar a sentir uma dor de cabeça terrível e não vai conseguir se mexer muito porque os músculos vão causar dor também. Se não fizermos nada, pode ser fatal.

— Mas eu estou aqui, não estou? — James exclamou, desesperado. — Você tem uma cura, ou eu não estaria vivo.

— Isso era a cura — ela levantou um dos vidrinhos quebrados. — Sua mãe não descansou até descobrir como fazer você ficar bem. Ela passou dias nos laboratórios brigando e apressando Fitz e Simmons, eles teriam ficados loucos se também não estivessem focados em te curar. Eles conseguiram criar um anulador, que neutraliza os anticorpos de ataque em cada soro e os faz coexistir em paz. Foi uma das primeiras coisas que a Natasha deste tempo garantiu que estivesse aqui quando começamos a construir a cidade, ela sabia que Sara precisaria dele algum dia.

— Não há mais nenhum pouco desse anulador em algum lugar aqui? — eu já estava preocupado com o rumo que aquela conversa estava tomando. Eu não podia ter sido arrastado para o futuro só pra ver a criança que um dia seria minha filha morrer.

— Essas eram as únicas unidades. Os frascos eram antigos, devem ter se quebrado durante o tremor. Essa sala fica exatamente abaixo da sala de simulação onde estávamos.

— Vocês são um bando de irresponsáveis! — Natasha gritou, séria e irritada. Ela levantou e passou a andar a passos firmes de um lado para o outro, transtornada — Começando pela Johnson, aquela inconsequente. Sair da formação, atacar sem permissão, desacatar ordens diretas e colocar em risco vidas inocentes... E vocês, que deixaram algo tão importante guardado de qualquer jeito dessa maneira!

Havia um fogo estranho no olhar dela que eu jamais tinha visto antes. Algo profundo, forte, mas eu podia reconhecer vindo de mim mesmo naquele momento. Instinto de proteção.  Vire-me para Hill, também enfurecido.

— Se desde que a menina nasceu vocês sabiam que ela precisaria disso, porque não deixaram em um local mais seguro?!

Hill se levantou do chão, desistindo dos cacos de vidros espalhados ao redor. Dava para notar em sua expressão que ela estava tão preocupada quanto nós e até mais. Seu olhar torturado para James revelou o quanto ela também se importava com Sara.

— Ele estava sendo manipulado recentemente nos laboratórios, Natasha não queria entregar todos os vidros a eles então os deixou aqui, onde ela julgou ser o local mais seguro por estar perto dela. Não existem terremotos neste planeta, como saberíamos...?

— Por que estavam manipulando o soro? — James perguntou. — Já não estava pronto?

O olhar da Hill passou lentamente por cada um de nós antes que sua cabeça acenasse negativamente. Ela levou às mãos às têmporas, massageando o local.

— Não, James. O líquido dentro desses frascos estava inativo, ele sozinho não ajudaria em nada. E foi por isso que eu disse que os dois precisavam vir — ela apontou para mim e Natasha. — O anulador só é ativado depois de receber os elementos que precisam se combinar. Em outras palavras: é preciso misturar o sangue dos seus pais para que ele reconheça os diferentes soros nos organismo deles e os combine para que a anulação possa ser feita.

A boca de James se abriu em choque e desespero.

— Meu pai está morto há anos! — ele declarou. Seu olhar passou vagamente por mim, havia dor dentro deles, mas logo se fixou em Maria novamente. — Como esperavam salvar Sara sem ele?! Minha irmã estava com uma sentença de morte declarada e ninguém nunca sequer pensou em me contar?!

Eu já sabia daquele fato, mas ainda foi um impacto ouvir a declaração. Eu estava morto. Talvez esse fosse o motivo do grande quadro na parede, das fotos escondidas e todo o resto. Porém, apesar de já saber, não pude deixar de sentir uma pontada de decepção comigo mesmo ao ouvir aquilo. Eu dediquei a minha vida inteira para salvar tantos pais por aí e no final deixaria meus próprios filhos desprotegidos no meio de uma guerra. Aquilo era inadmissível.

— Você acha mesmo que a sua mãe aceitaria uma derrota assim? Ainda mais se tratando da vida da Sara? — Maria questionou. — Demorou alguns dias depois da morte do seu pai para nos darmos conta do que aquilo significava para Sara. Depois que ela nasceu, Natasha voltou até onde o corpo de Steve estava e tentou retirar um pouco de sangue do corpo dele... Foi provavelmente a coisa mais difícil que ela já teve que fazer em toda a sua vida, mas ela se recusou a deixar outra pessoa fazer. Mas o corpo já estava morto há dias, não havia mais sangue. Foram longos dias de desespero enquanto tentávamos construir uma cidade, cuidar das crianças órfãs, de uma recém-nascida e ainda tentar achar uma solução para isso. Então Fitz teve a ideia de usar o seu sangue.

— O meu? — James questionou.

— Sim, você tem o DNA dos dois misturados no seu sangue, e ambos os soros também — Hill contou. — Achamos que poderia dar certo, mas os dois compostos estão fundidos no seu organismo. Por anos temos tentado separa-los no laboratório e por isso os soros estavam aqui. Não tivemos sucesso ainda.

Natasha bufou e passou a mão pelos cabelos, em um gesto de irritação que eu conhecia bem. Todos estávamos nervosos ali, talvez por motivos diferentes, mas a tensão era palpável. James era um reflexo de Natasha, a mesma expressão, as mesmas reações. Como pudemos duvidar que a historia fosse real, com aquela prova viva bem ao nosso lado?

Eu estava tão curioso com tudo, queria ouvir todas as historias sobre como aquilo tinha acontecido. Mas a preocupação com a pequena filha que há pouco eu não sabia que existia e agora eu já corria o risco de perder nublava a minha mente.

— Está dizendo que pode salvá-la agora que nós dois estamos aqui? — perguntei, ansioso.

James olhou esperançoso para Hill esperando a resposta.

— Foi uma tremenda sorte vocês terem vindo parar aqui bem agora, mas ainda assim não é o suficiente. Os últimos frascos com a base do soro se foram e as pessoas que o criaram não estão em condições de repetir o trabalho. É claro que vou colocar todo o laboratório trabalhando nisso imediatamente, porém pode levar algum tempo para eles produzirem uma dose. Mas, se ela aguentar firme até lá e ambos concordarem em ceder um pouco de sangue podemos conseguir salvá-la.

— É claro que cedemos! Pode contar conosco — me apressei em garantir, em seguida me virei para Natasha. — Não é, Nat?

Ela estava séria, sua boca se transformara em uma linha fina e reprovadora. Ela varreu a sala com o olhar antes de balançar a cabeça.

— Eu preciso de ar.

E então ela virou as costas e saiu da sala, com os braços cruzados, deixando-nos sem saber o que fazer.

— Natasha! — gritei, inutilmente. Ela já tinha ido. — Eu vou atrás dela — anunciei.

— Não — James me interrompeu. — Eu vou.

Ela saiu pelo mesmo caminho que ela, com a mesma expressão de teimosia no olhar. Era assustador o quanto se pareciam. Fiquei olhando para a porta por onde eles saíram. E era triste pensar que meu filho, em tão pouca idade, já tinha passado por situações ruins o suficiente para ter o mesmo olhar que mãe carregava.

— Ele não deveria ter essa carga nos ombros — comentei, voltando meu olhar para Maria.

Ela encarava a saída também, preocupação nublada toda a sua face.

— Ele é um bom garoto, Steve — ela contou. Havia muito orgulho em sua voz.

— Não duvido que seja. Mas ainda assim não deveriam tê-lo arrastado para o meio dessa guerra toda.

— Não tivemos escolha. Ele tem o melhor de você e o melhor dela. Ele é incrível com tudo isso, não precisa se preocupar com ele — ela garantiu. — Nós o criamos bem.

— Nós? — ergui minha sobrancelha.

— Quem você pensa que é a madrinha dele?

Não pude deixar de ficar satisfeito com o amor camuflado no sorriso dela. Eu podia não ser expert em ler as pessoas, mas Hill não fazia muito esforço para esconder sua afeição por James. Eu tinha morrido, mas pelo menos não tinha deixado meus filhos sem pessoas que se importassem com eles.

— Então, ele também é seu menino?

— Todos eles são. Cada um daqueles pirralhos irritantes — ela suspirou. Um som de ‘bip’ preencheu o ambiente, Maria tirou um aparelho pequeno e quadrado da calça e leu algo nele. — Temos que ir.

— Mas e James e Natasha? — questionei, preocupado.

Maria Hill sorriu ironicamente.

— Não se preocupe. Se tem alguém que sabe lidar com Natasha Romanoff, esse alguém é o filho dela.


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Notas finais do capítulo

Por favooooooooooooor, me deixem saber o que vocês estão pensando!

Ouvir os detalhes me anima a escrever mais sobre o que vocês mais falam.

Vou tentar ser mais rápida no próximo.

Até lá ♥