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Capítulo 7
6 - Somos Seus Filhos


Notas iniciais do capítulo

Eae

Esse capítulo está grande, mas foi a melhor coisa que já escrevi! Acho que criei a fanfic inteira pensando apenas nessa cena.

Espero que gostem do reencontro Natasha/Steve/James/Sara

Boa leitura!



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Capítulo 6

Interis, 2034

Natasha Romanoff

 

Quando o brilho da bola de luz abandonou nossos olhos, estávamos em um lugar completamente diferente. Não era bem uma sala, mas se parecia com uma. Havia muito espaço e o chão e as paredes eram de metal, mas dava para perceber algumas aberturas onde suspeitei que se escondessem armas, o que me deixou em alerta para uma possível emboscada.

À nossa frente, o garoto que aparecia na imagem no centro do círculo de energia estava desmaiado no chão, e um homem abaixado em cima dele tentava ajudar. Ele estava tão concentrado em seu trabalho com o garoto que não me preocupei com eles.

Assim como nós, o grupo a nossa frente também estava em posição de ataque — ou defesa. Suas armas, porém, não estavam apontadas em nossa direção. E seus rostos não demonstravam foco, apreensão ou nada que indicasse que eles nos atacariam. Eles pareciam completamente chocados, na verdade.

Talvez o alvo deles não fossemos nós, afinal. Olhando bem para o grupo, que na verdade eram crianças, dava para compreender a chance de eles terem cometido um erro e capturado o grupo errado. E olha que azar, sequestraram os Vingadores.

— Tudo bem — falei, em voz alta o suficiente para que todos me ouvissem, mas com cautela para não iniciar uma briga. Eu não ia bater em crianças. — Quem são vocês, e o que querem conosco?

— Meu. Deus. — foi só o que obtive de resposta, vinda de umas das meninas no centro.

Havia uma jovem bem mais velha que estranhamente estavam atrás do grupo e não na frente, mas se destacando pela altura, estava do lado de uma garotinha com a pele verde. Na ponta, um casal de crianças loiras muito parecidas aparentavam ser as menores ali, ainda que carregassem armas nas mãos pequenas. A menina parecia prestes a chorar, mas ainda assim conseguiu conter o irmão quando ele deu um passo involuntário para frente. Eu apontei a minha arma para ele reagindo ao movimento, o que o fez voltar ao lugar.

— Se alguém aqui conseguir me explicar que papagaiada está acontecendo aqui, talvez eu não chute a bunda de todos vocês — Tony alertou. Ele estava com as armas acionadas, pronto para um combate. Stark, sempre precipitado.

— Não, não queremos brigar Pa...Tony... Stark... Senhor Homem de Ferro — gaguejou uma voz um tanto quanto robótica que não pude identificar, até que olhei para o outro canto da sala.

Na outra extremidade do grupo, alguém em uma armadura parecida com a do Stark, só que amarela, é quem tinha falado. Ele levantou a máscara da armadura, revelando o rosto de um menino muito pálido e de olhos fundos. Ao lado dele havia um garoto alto que segurava um arco, embora tivesse desistido de mira-lo para qualquer lugar que fosse; ele nos encarava com a boca aberta e com o olhar tão focado em Clint que o arco caiu da sua mão sem que ele percebesse. A menina ao lado dele era extremamente loira e estava dentro de uma espécie de armadura de metal típica do povo de Asgard. Aquilo me deu esperança, talvez Thor a conhecesse e então não seríamos obrigados a machucar crianças e adolescentes. Ela voava, mais uma prova de sua origem, mas tinha desabado no chão àquela altura.

Porém quem mais tinha me chamado atenção eram os dois no centro e à frente do grupo. A menina pelas lágrimas que escorriam pelo seu rosto, silenciosas, porém em abundância. Ela murmurou algo para o menino ao seu lado e segurou a mão dele. E foi nele que fixei meu olhar, que parecia ser atraído para ele como um imã. Era um menino de 14 ou 15 anos no máximo, pele branca e olhos azuis; o cabelo dele era tão vermelho quanto o meu, naquele tom único que tornava difícil a tarefa de fazer as pessoas acreditarem que era natural, apesar de ser. O mais estranho era o seu uniforme: um modelo formal que lembrava vagamente o de Steve, só que todo em azul e sem nenhuma estrela, e em suas mãos estava um escudo que eu poderia jurar ser o mesmo que Steve segurava ao meu lado.

Me senti estranha olhando para o garoto. Como se eu devesse ter percebido algo que deixei passar. Havia algo errado ali, algo que não se encaixava. O que havia com aquele garoto que eu não conseguia parar de encará-lo?

Ele passou alguns minutos olhando diretamente para Steve, mas, quando o olhar dele encontrou o meu, um arrepio subiu pela minha espinha.

— Será que dá pra dar uma ajudinha aqui, Maria? — perguntou a mulher mais velha, atrás dele.

Então, do fundo da sala e com uma arma apontada para nós, surgiu uma figura que eu conhecia muito bem. E Deus, ela estava velha!

— Hill? — Steve exclamou.

— É impossível. Ela estava conosco há apenas alguns minutos — Thor observou. — É uma impostora.

— Eu sei que você devem estar confusos, mas abaixem as armas — ela ordenou, mas sem abaixar a dela. — Não iniciem uma briga, ou vão se arrepender depois.

— É uma ameaça? — Stark perguntou.

— Não. É um aviso.

Minha amiga mirou seu olhar — e sua arma — em mim, e então eu soube que era ela mesma. Há anos nos tínhamos inventado maneiras de nos comunicar só com o olhar. E aquele olhar dizia: "Não faça nenhuma besteira. Sou eu e posso explicar".

— Abaixem as armas — anunciei, enquanto eu mesma abaixava a minha.

— Natasha? — Steve reprovou minha ação.

— É ela, confie em mim.

Steve olhou de mim para ela e depois para o grupo, mas suspirou e abaixou a guarda.

— Abaixem as armas, vamos dar uma chance de explicação a ela — ele cedeu.

Ao comando dele, todos abaixaram as armas e Hill relaxou o corpo. Imediatamente ela correu até onde o garoto estava desmaiado.

— Strange?

Foi só então que percebi que aquele era Stephen Strange, o mago que eu não tive a chance de conhecer pessoalmente, mas do qual tanto me falaram nos últimos tempos.

— Ele não está bem, Hill — o mago declarou. Parecia estar muito preocupado.

Sem aviso, Wanda saiu da formação de defesa e foi até o menino, se abaixando na frente dele. Ela o olhava hipnotizada, da mesma forma como antes de sermos sugados pelo círculo de energia. Era aquele garoto quem tinha aberto o portal que nos levou até ali, segundo Wanda ele a estava chamando. Ela passou a mão levemente pelos fios de cabelo na testa dele e suspirou.

— Ele precisa de atendimento médico rápido! — ela exclamou.

Strange, ainda no chão, olhava para ela fascinado.

— Strange remova Darien para a ala médica. Eu vou assim que puder — Hill orientou.

Ao comando dela ele pareceu acordar, pegou o menino do chão no colo e saiu com ele da sala. Wanda os seguiu.

— Feiticeira Escarlate — Steve chamou-a. Ele não gostava de usar nossos nomes em situações de perigo. — Precisa ficar com o grupo.

— Eu não vou deixá-lo.

Ela correu atrás dele, deixando um frustrado Steve falando sozinho. Tínhamos uma orientação clara de nunca abandonar o grupo em locais desconhecidos, a menos que fosse extremamente necessário. Aquilo tinha sido imprudente.

Confiando nos meus instintos de que aquela era a mesma Maria Hill que eu conheço, dei alguns passos para frente até parar perto dela, no centro da  sala.

— Você está velha.

Ela soltou uma risada debochada.

— Oh, me desculpe Srta. Eu Tenho Um Supersoro Da Juventude No Meu Sangue — ela apoiou a mão livre no meu ombro e o apertou. — É bom te ver.

O que era aquilo nos olhos dela? Era... Emoção? Seu tom de voz dava a impressão de que não nos víamos há décadas.

— Você me viu há cinco minutos — apontei.

Ela umedeceu os lábios e de repente a emoção havia sumido. Olhei rapidamente para o garoto ruivo, ainda paralisado em seu lugar. Hill pigarreou e voltei a prestar atenção nela.

— Não, eu não vi — ela respondeu minha última frase. Ela guardou a arma no coldre e colocou as duas mãos para trás, em posição formal. — Peço que mantenham a mente aberta, por favor. Ninguém presente nesta sala tem nenhum tipo de intenção de iniciar uma briga ou de se indispor com vocês.

— Então me ajude, por favor, a entender, Hill — respondeu Steve. Pelo seu tom de voz eu sabia que ele já estava impaciente pela possibilidade de a equipe estar em perigo. Embora eu não pudesse chamar um grupo de crianças exatamente de 'perigo'. — Por que fomos sugados por um portal que nos trouxe até aqui contra a nossa vontade?

— Em outras palavras: por que nos sequestraram, querida? — Stark resmungou.

— Você não puxou muita coisa dele, não é Howie? — escutei um dos garotos sussurrando ao fundo.

Não entendi o comentário, mas naquele momento as minhas respostas viriam da Maria.

— Vocês não foram sequestrados — Hill respondeu, depois de lançar um olhar sério ao autor dos sussurros. — Foi um erro. Darien perdeu o controle do portal e vocês acabaram vindo sem querer e da época errada.

— Época errada? — Steve ecoou as palavras dela.

Aos poucos, fui compreendendo o que tudo aquilo queria dizer. O portal, as rugas no rosto da Maria, a emoção nos olhos dela, os comentários...

— Vocês estão em 2039, Capitão — ela decretou, confirmando minhas suspeitas.

Prendi a respiração, tentando manter a calma. Estávamos no futuro. OK, tínhamos sido todos magicamente transportados para o futuro. Eu queria muito ser o tipo de pessoa que começaria a rir naquele instante, tendo a certeza de que era uma piada impossível. Mas, depois de tudo que eu já tinha vivido até ali, até mesmo uma viagem no tempo tinha deixado de ser algo inédito.

16 anos no futuro... Quanto as coisas poderiam ter mudado desde então? Eu odiava ficar no escuro, não saber o que estava acontecendo ao meu redor.

— Você só pode estar de brincadeira! — Stark guinchou.

— Quer que a gente acredite nisso? — a agente Johnson se pronunciou. Aparentemente eu era a única ali que tinha acreditado.

— É a verdade. Posso explicar tudo com mais calma se vocês me derem o benefício dá dúvida.

— E aquilo ali é o que? — Clint apontou para as crianças atrás de nós, uniformizadas e armadas. — Todos nos morremos e você ficou tão desesperada que montou uma nova equipe de Vingadores com crianças?

Maria ficou mortalmente seria, o que foi resposta suficiente. Então, todo o drama quando me viu era porque eu estava morta?

— Espera, estamos todos mortos?! — a agente Johnson exclamou.

Seria aquilo a consequência das anomalias das quais os agentes tinham acabado de nos avisar? Um futuro onde nenhum de nós havia sobrevivido?

— E você montou um novo grupo com CRIANÇAS? — foi a vez de Thor expressar sua indignação.

— São crianças, Hill! — Steve insistiu, apontando para o grupo que até então permaneciam todos calados, sem coragem suficiente para abrir a boca no meio dá discussão, o que era compreensível. Para eles, devíamos ser como lendas ou algo do tipo. — O que estava pensando?

— Não somos crianças.

A voz me atravessou como um choque. No mesmo segundo, meus olhos estavam focados no menino ruivo novamente. Agora que eu tinha mais informações para fazer a ligação, dava para ver que ele era algo como o novo Capitão América, pelas roupas e pelo escudo que carregava. Mas ele tinha mais do que apenas isso. Sua voz e o seu tom, era como ouvir Steve falando. As mesmas ênfases, o mesmo tom de comando confiável, o mesmo olhar de líder. Por mais novo que ele parecesse ser, vi que Hill tinha escolhido a pessoa certa para carregar aquele escudo.

A garota morena ao lado dele com o macacão em preto e roxo seria a nova Viúva Negra, talvez? Ou Hill não tinha se dado ao trabalho de me substituir?

— Cara... Não — o garoto do arco chamou pelo amigo.

— James, agora não.

Então o nome dele era James. Combinava com ele.

James, entretanto, não recuou. Pelo contrário, deu um passo a frente. Teimoso e corajoso.

— Agora sim, Maria — ele a desafiou. — Nós não somos crianças.

— Como é seu nome e quantos anos tem, filho? — Steve lhe dirigiu a palavra.

James parecia ter levado um choque. Olhou para Steve como se estivesse enxergando o sol pela primeira vez. Eu estava tão curiosa sobre ele que cada mínima reação me fascinava.

— O que... O que você disse?

— O Capitão chama todo o jovem que encontra de filho, James. É uma expressão comum na época dele — Hill se adiantou a explicar, se colocando ao lado de James.

— Ah, sim — ele parecia decepcionado. — Sou o Tenente, Senhor. E tenho 14 anos.

Tenente. Uma patente do exército abaixo do Capitão. Então, ele se inspirava no Capitão América, mas não pensava estar acima dele.

— Fico honrado por ter um jovem de tamanha coragem me representando, mas é bastante novo para essa vida, Tenente — Steve continuou, arrancando um meio sorriso do menino. — Seus pais aprovam que esteja aqui?

Seus olhos pousaram em mim por alguns segundos, antes de voltarem para Steve. Hill parecia tão tensa. O que estava acontecendo ali?

— Eles aprovam sim, senhor.

— Nesse caso, creio que devem ter orgulho de você — Steve parou de falar e o olhou, parecendo perceber algo. — Seria uma honra conhecer a sua família no meu tempo.

James olhou para Maria, alarmado. Ela fez um sinal negativo com a cabeça e colocou as duas mãos no ombro dele, puxando-o para trás.

— Capitão, eu preciso conversar com vocês. Se puderem me acompanhar, por favor...

— O que está escondendo, Hill? — Tomei a frente. Ela era minha amiga, mas não significava que eu a acobertaria enquanto tentava me esconder algo.

— Natasha, agora não.

— Deixe-o responder — a garota asgardiana deu um passo a frente. Ela estava com os braços cruzados, desafiando Hill. — Por que eles não podem saber onde está a família do James? Onde está a família de todos nós?

— Torunn, recue — Maria advertiu.

— Então diga a eles que os pais do James estão nesta sala.

Encarei a garota, sem acreditar no que ela dizia. Os pais do menino estavam ali? Ambos os pais? Parecia impossível para mim que alguém ali além do Clint pudesse ter filhos. Já era difícil para ele manter a família escondida. Era impossível para pessoas como nós ter uma vida normal. Família, filhos... Era uma utopia irrealizável. Maria, por outro lado, não parecia achar tão absurdo assim. Ela estava nervosa. Parecia a ponto de perder o controle.

— Chega! — Hill exigiu, olhando mortalmente para James. — James, leve a equipe. O trabalho de vocês acabou por hoje.

— Nem pensar! — a asgardiana Torunn, reclamou.

— Torunn, foi uma ordem!

Ouvi Thor soltar o que pareceu um palavrão em asgardiano. Em volta dá menina, todos começaram a reclamar.

— Não pode nos privar disso!

— Nem vem, Maria!

— Quero ver você conseguir me impedir!

As reclamações vinham de todos eles. Aquelas crianças precisavam de disciplina e aprender a seguir ordens de seus superiores. O único calado era James, que encarava Maria com os lábios cerrados de raiva.

— Chega! — ela gritou, fazendo-os se calarem. — Vocês vão voltar aos seus abrigos agora. Os visitantes precisam de explicações e vão voltar para o tempo deles assim que o portal puder ser reaberto.

— Então vai nos manter longe deles porque quer esconder a verdade? — a menina morena ao lado de James questionou. Ela olhou para Maria em desafio e depois se virou para nós. — Vocês são todos nossos pais!

— GEORGIA!

— Nós somos filhos de vocês — Georgia repetiu, suas mãos tremiam. — Não vou manter esse segredo.

Me senti impelida a não acreditar no que ela estava dizendo, afinal tudo aquilo poderia ser um truque para nos confundir, mas não pude. Tudo pareceu se encaixar, toda a reação exagerada das crianças, todo o nervosismo de Maria, o fato de eles estarem armados e prontos para lutar. Se eram filhos de Vingadores, devem ter sido treinados desde a infância.

Pela a forma como ela olhava para a agente Johnson, não me restava dúvidas de quem era sua mãe. Os outros estavam todos em silêncio, das duas partes, tentando digerir aquela quantidade de informação em tão pouco tempo.

Então, em algum lugar no meio desses dezesseis anos, a equipe decidiu sossegar e montar famílias. Sim, porque era inimaginável que eles tivessem formado famílias sem terem se aposentado. Que patético. Eu jamais me sentiria bem longe da ação. Era mais provável que, se eu não estivesse morta, estivesse pelo mundo afora caçando brigas sozinha. Eu sabia que nenhuma daquelas crianças era minha. A KBG garantiu isso anos atrás.

— Maria — James chamou, um tom calmo de negociação em sua voz. — Não tem porque nos manter longe disso. Você viu o estado do Darien. Ele não vai se recuperar tão cedo, eles vão ter que ficar aqui por algum tempo, de qualquer maneira. Eles vão acabar sabendo de tudo de qualquer forma, as pessoas comentam.

Maria olhou para nós, de um lado para o outro, e bufou. Os ombros dele relaxaram e imaginei que aquilo fosse como uma permissão.

— Não pode nos privar disso, Maria — disse o garoto atrás de James, olhando para Clint. Agora que eu sabia o que procurar, dava pra perceber a incrível semelhança dele com a Laura. Porém, ele não era o Cooper, nem a Lila e nem o Nate, eu tinha certeza. Quantos malditos filhos Clint ainda teria?

Maria assentiu em resposta para ele.

— Me deem um minuto, acho que vou precisar de provas visuais. Alguns de vocês podem ser difíceis de convencer.

Por algum motivo, ela olhou para mim ao dizer aquilo.

— Espere um minuto você — a agente Johnson abriu caminho até o centro, ficando de frente para Maria. — O que o projeto de Capitão América ali quis dizer com 'eles vão ter que ficar aqui por algum tempo'?

— Por que nos trouxeram aqui para começo de conversa? — perguntei já impaciente. Eram as duas maiores questões a serem resolvidas

— Abrimos o portal porque precisávamos da Wanda. Estamos no meio de uma guerra no momento e só a Wanda pode nos dar o que precisamos para ganhar, e ela está morta neste tempo.

— O garoto que desmaiou, é filho dela, não é? — chutei minha suspeita.

— Isso — Maria confirmou. — Por isso abrimos um portal do tempo, o propósito era trazer só ela e de um tempo mais próximo. Darien perdeu o controle e abriu a fenda no tempo errado, e trouxe as pessoas erradas.

— Então nos mande de volta — Clint exigiu. — Tenho uma família esperando por mim, estão me esperando chegar em casa amanhã. Laura vai ficar louca se não tiver notícias minhas.

O garoto do arco o fitava, saudoso. Clint ainda não tinha percebido que o garoto era provavelmente filho dele. Será que aquele era o Nate, e eu não estava reconhecendo pela idade? Não, os números não batiam. Se fosse o Nate, ele deveria ter uns vinte anos agora. Então Clint teria um quarto filho. Talvez, neste tempo, ele até mesmo me chamasse de tia Nat se eu não estivesse morta.

— Só Darien pode abrir o portal novamente, mas pelo que vimos isso fez mal a ele. Tenho que ir checar o estado dele, mas até ele se recuperar, vocês terão que ficar por aqui.

— E qual a previsão para isso?

— Depende do estado dele. Podem ser dias ou meses. Strange não vai deixar Darien tentar de novo até que esteja 100% bem, ou isso pode matá-lo.

— Está dizendo que estamos presos aqui até sabe-se lá quando? — perguntei, já irritada. Não podíamos ficar de férias no futuro enquanto as coisas aconteciam em 2023. A Maria Hill do nosso tempo não vai saber o porquê sumimos, vai acabar desconfiando do Tchalla ou algo do tipo. Uma briga entre a Shield e Wakanda era tudo o que não precisávamos no momento.

— Infelizmente, sim — Maria afirmou.

— Não há mais ninguém nesta terra que saiba fazer a magia que o garoto faz? — Thor perguntou.

— Darien é filho dá Wanda com o Dr. Stephen Strange. Não sei se vocês já o conhecem, mas seus poderes vão além do plano físico. Os poderes de ambos os pais somados em seu DNA dão a ele a capacidade de fazer coisas que para qualquer outro é impossível.

Então esse era o motivo de Wanda estar agindo estranho perto do menino desde que chegamos. Desde o primeiro momento, ela soube.

— Não posso ficar aqui — Johnson inqueriu. — Arrume um jeito e nos leve de volta agora.

As mãos dela tremiam levemente e eu a olhei preocupada. Não sabia quais eram os poderes dela e não gostaria de descobrir naquele momento.

— Hill, você precisa arrumar outro jeito — Steve insistiu. — Deixamos um mundo em caos para trás, pessoas que estão contando conosco. Não podemos ficar!

— Quando enviarmos vocês de volta, vão voltar para o mesmo momento em que saíram. Não podemos arriscar mexer na linha do tempo, vocês sabem bem disso, então ninguém vai perceber a ausência de vocês.

— Não há mesmo nenhuma maneira? — perguntei. Sempre havia um segundo caminho, não era possível. Nunca pensei que diria isso, mas eu queria voltar para Wakanda. Não queria ficar no futuro e descobrir o que aconteceu comigo, com as pessoas com quem me importo. Viajar para o passado é uma coisa. Mas ninguém deveria saber sobre seu futuro até que ele chegasse.

— Não. Eu vou tentar arranjar alojamentos e inserir vocês na sociedade para que fiquem à vontade enquanto estiverem aqui, mas enquanto Darien não estiver bem é o melhor que eu posso fazer.

— Perdoe-me — Thor interrompeu. Ele parecia um pouco desnorteado. — Está me dizendo que fui raptado, estou preso no futuro, não posso voltar para ajudar o meu reino, acabo de descobrir que tenho uma herdeira que nem conheço direito, mas tudo bem, porque você vai 'encontrar alojamento'?!

A menina chamada de Torunn, que até então estava quieta observando a discussão, arregalou os olhos.

— Como... Como o senhor sabe? — ela gaguejou. Ela era muito bonita, como todo argardiano, e muito parecida com Thor. Também parecia ser forte, a julgar pela grande espada que ela carregava, mas parecia um tanto frágil enquanto ele a olhava de volta, não com raiva, mas com uma suavidade que nunca vi em Thor antes.

— Além da sua armadura e da sua semelhança comigo, você quer dizer — ele sorriu um pouco. — Soube quando Hill pronunciou o seu nome. Torunn, em argardiano, significa...

— Filha de Thor — ela completou, sorrindo também.

— Isso. E a espada que você carrega, ela está firmada em uma pedra em um dos reinos antidos e foi profetizado que apenas o herdeiro legítimo de Asgard poderia retira-la de lá — ele contou.

Ela acariciou a espada, sorrindo.

— Eu a tirei lá quando tinha 4 anos — contou.

Thor acenou positivamente, com uma cara de orgulho que só um pai poderia ter. Cinco minutos de conversa e ele já estava todo bobo. O que é que crianças tinham que fazia os pais virarem idiotas?

Eu podia imaginar Thor no futuro, babando na filha, movendo céus e terra por ela. Ela tinha mesmo cara de mimada.

Talvez fosse bom que eu nunca tivesse um filho. Eu estava imune a aquele tipo de vulnerabilidade.

— Não querendo interromper o momento família — Johnson zombou. — Mas deve haver outro jeito. Jemma, Fitz, vocês podem reabrir a passagem, não podem?

— Bem... Talvez seja possível rastrear a energia nesta sala e tentar, não posso garantir... — o garoto, provavelmente Fitz, respondeu.

— Mas ainda assim não seria rápido, Dayse — completou a parceira dele.

— A questão é que viemos parar aqui sem recursos. Não temos a tecnologia necessária e mesmo que tivéssemos eu não teria ideia de como começar — disse Jemma.

— Nunca mexemos com nada parecido antes — Fitz continuou a fala da parceira. Parecia que sempre que um falava, o outro completava em seguida. Era divertido assistir.

— Por favor, vocês já abriram portais para outra dimensão antes — Johnson, ou Dayse como eu acabara de descobrir, retrucou sem aceitar a negativa. — Além do mais, tenho certeza de que a agente Hill pode disponibilizar a tecnologia.

— Situação completamente diferente — ambos responderam à amiga.

— A tecnologia que você procura não existe, Dayse — Maria contou. — Não temos particulas Pym aqui, ou qualquer meio de produzi-las. Além do mais, toda a tecnologia de Interis está totalmente contada e direcionada para a funcionalidade da nossa cidade. Manter-nos estáveis neste planeta não é tarefa fácil.

— Não estamos na Terra?! — Stark exclamou.

— Não acredito em você — Dayse respondeu Maria, com raiva. — Quer nos manter aqui por algum motivo e contra a nossa vontade.

— Eu nunca quis que viessem parar aqui. Garanto que serão mandados de volta assim que for possível. Mas isso não tem previsão para acontecer, eu sinto muito — Maria cruzou os braços, indicando que aquele era o seu veredito final. Ela detestava quando alguém duvidava ou questionava ela. Por mais desesperada que ela estivesse para voltar, Johnson estava indo pelo caminho errado.

— É sério, mais alguém ouviu ela dizendo que nós NÃO ESTAMOS NA TERRA? — Stark reforçou, exasperado. Eu não tinha deixado aquele fato passar. Mas, para quem já estava no futuro, realmente importava em qual planeta?

— Chame o menino e leve-nos de volta. Agora.

Dayse deu um passo para frente e suas mãos estavam estendidas. De repente, o chão embaixo de nos começou a tremer e poeira começou a cair do teto. Então entendi porque seu codinome era Tremor.

Hill sacou a arma de volta e apontou para ela, e então subitamente todos estavam armados e em guarda novamente. Já com a minha arma de mão, olhei alarmada para as crianças. Johnson não podia causar um terremoto com todos ali dentro! Havia toneladas de aço ao nosso redor.

Busquei o olhar de Steve até encontra-lo, querendo que ele fizesse algo para acalmar os ânimos. Ele também estava olhando para mim.

Eu ainda me sentia desconfortável perto dele desde o incidente no meu quarto, e não fazia ideia de quanto tempo demoraria para voltarmos ao normal. Depois que alguns pensamentos se instalam na nossa cabeça, é difícil mandá-los embora.

— Hey, vamos acalmar os ânimos aqui — ele interviu, entendendo meu olhar. — Não é o momento e nem o local ideal. Controle-se, agente Johnson.

Dayse olhou para ele. Havia respeito ali, mas não obediência. Ela não ia acatá-lo.

— Dayse, você não vai gostar de fazer isso — Maria tentou atrair a atenção dela. — Só há inocentes nesta sala. Você não é assim.

— Você não me conhece! — ela gritou. 

A sala tremeu com mais força e alguns parafusos começaram a saltar das paredes de aço. Mais rápido do que eu pude prever, dois parafusos voaram em minha direção. Me preparei para pular para fora do caminho deles, mas então James estava em cima de mim, com o escudo nos protegendo. Os parafusos ricochetearam no escudo dele e caíram no chão. Eu encarei seus olhos azuis, tão perto, tentando me lembrar de onde os conhecia. Pareciam tão familiares.

— Você está bem? — ele endireitou o corpo, se afastando.

— Estou — confirmei.

Ele assentiu, satisfeito, e ficou ao meu lado. No centro, a tensão continuava, com Dayse prestes a desmoronar tudo.

— Dayse eu sei que está desesperada para voltar, sei com o que você está preocupada — Maria ainda tentava chegar até ela verbalmente, mas sem sucesso. — Mas vai ficar tudo bem.

— Você não sabe do que está falando — a garota respondeu entredentes.

Hill estava piorando a situação. Estava deixando-a mais brava. Foi quando a garota morena, Georgia, foi para o lado da Hill, com as mãos esticadas para frente em sinal de cautela.

— Mãe... Por favor, se acalme — ela chorava silenciosamente, e suas palavras se quebraram em alguns lugares.

Johnson a encarou, parecendo um tanto chocada. O tremor diminuiu um pouco, mas ainda estava ali.

— Do que você me chamou?

— Está é Georgia Johnson, sua filha — Maria apresentou. — Não quer machucá-la, quer?

Os lábios dá menina tremiam, denunciando seu nervosismo. Johnson olhou de Maria para Georgia até que seu olhar se endureceu novamente.

— Não vai usá-la contra mim.

Abruptamente um jato solido e visível de energia foi lançado contra Hill, jogando-a do outro lado da sala. Ela bateu com força na parede e caiu no chão desacordada.

— MARIA! — Torunn gritou, e voou até onde ela tinha caído.

Antes que eu pudesse sequer me mexer, o ar começou a girar rapidamente em volta da filha de Dayse. Seus cabelos começaram a voar e ela levitou alguns centímetros do chão.

— Eu te amo, mas não pode machucar a Maria! — Georgia gritou, chorando. Sem previsão, a corrente de ar foi para cima de Dayse, jogando-a longe também.

— Georgia! — James gritou, e correu para a amiga.

A menina arfava enquanto encarava a mãe do outro lado da sala. Dayse olhava chocada para ela, e com curiosidade também. As coisas pararam de tremer ao nosso redor e Johnson se levantou. Ela encarou Georgia por alguns segundos e deu as costas a ela.

— Se ninguém aqui vai me ajudar, vou encontrar um jeito de nos levar de volta sozinha.

Então ela passou por todos nós, abriu a porta e saiu da sala. Ela estava completamente fora de si.

— Eu vou atrás dela — declarei. Não podíamos deixá-la solta em um ambiente desconhecido que, aparentemente, não era nem na Terra.

— Espere! — reconheci a voz de James gritar, mas não lhe dei atenção.

Abri a porta que ela tinha batido a poucos segundos e sai. Precisava encontrá-la antes que mais alguém se machucasse.

Uma vez fora da grande sala de metal, ficou claro que estávamos em algum tipo de base da Shield. Elas eram sempre construídas seguindo um mesmo padrão. Tudo bem preto e metalizado, armas por todos os lados onde a vista pode alcançar. O lugar onde estávamos dava direto para um espaço aberto, onde um avião estava pousado e diversos agentes com a roupa padrão da Shield andavam de um lado para o outro. Não reconheci a maioria, mas alguns me pareceram familiares.

Segui pela base sem saber direito por onde andar, apenas procurando pela Tremor. Diversos agentes pararam o que estavam fazendo para me encarar com choque em suas expressões. Talvez eu estivesse realmente morta neste tempo, ou não causaria tanta comoção. Atravessei o espaço aberto e virei dois corredores até chegar ao que parecia uma recepção, que chutei ser a entrada do lugar. Johnson não estava por lugar nenhum e eu não sabia nem por onde começar a procurar. Seria muito arriscado sair dá base sem saber o que esperar da cidade lá fora.

— MAMÃE!

Um gritinho fino chamou a minha atenção. Havia uma menininha loirinha sentada em uma das cadeiras ali, esperando ao lado de uma senhora de idade. Parecia adorável em seu vestidinho de verão e com os cachinhos balançando. Sorri para ela, sem perceber que ela estava falando comigo.

Incentivada pelo sorriso, ela pulou dá cadeira e me agarrou pela cintura em um abraço forte demais para uma criança daquele tamanho. Eu paralisei no lugar, em choque. Não conseguir fazer meus braços se mexerem para retribuir. Aquela criança tinha mesmo me chamado de mãe?!

— Santo Deus! — a senhora que a acompanhava exclamou. — Sra. Rogers, a senhora está viva!

Já tinha me esquecido de como se respirava, e então foi a vez da minha garganta se esquecer de como se engolia a saliva. Do que raios aquela mulher tinha me chamado?!

— Por que tem uma criança agarrando minha cintura? — foi só o que minha mente conseguiu fazer sair, e ainda meio engasgado. Eu não queria pensar no que aquilo significava. Eu não tinha estrutura mental o suficiente para pensar no que aquilo podia significar! Não, não, não mesmo!

— SARA! — alguém gritou.

Para o meu alívio, era James que já estava ali tirando os braços da menina da minha cintura e pegando ela no colo.

— Jay, a mamãe! — ela apontou para mim, extremamente animada. — Eu disse que ela tava viva! Ela não quebra as promessas!

Tive que forçar meu pulmão a puxar o ar ou acabaria desmaiando pela falta de oxigênio. Eles eram irmãos? Aquilo estava ficando pior.

James colocou-a no chão e abaixou-se até ficar na altura dela.

— Essa não é a mamãe, Sara — ele disse. — É só uma moça muito muito parecida com ela.

Esses dois precisavam parar de usar a palavra 'mamãe'. Cada vez que ela era pronunciada o meu coração perdia uma batida. Eu estava a um passo de fugir dali como Johnson tinha feito.

Sara olhou para mim com os olhinhos desconfiados. Eram totalmente azuis como os do irmão. Agora eu sabia de onde os conhecia!

— Mas é igual a mamãe — ela fez um bico, decepcionada.

— Sim, ela é igual, mas não é a mesma. O nome dela também é Natasha, mas ela não tem filhos ainda.

James olhou para mim após dizer aquilo, para se certificar de que eu entenderia a mensagem. Desnorteada, me apoiei no balcão atrás de mim. Aquilo não podia estar acontecendo.

— Isso é impossível! — afirmei, talvez para tentar me sentir melhor. Não funcionou.

A pequena Sara veio até mim e estendeu a mãozinha minúscula. Sem saber direito o que fazer, estiquei a minha para ela. Ela agarrou o meu dedo indicador e sacudiu.

— Oi moça que parece a minha mãe. Eu sou a Sara.

— Sara? — ouvi uma voz conhecida perguntar.

Como se a situação pudesse ficar melhor, Steve tinha ido atrás de mim. Eu tinha esquecido que aquele era o nome da estúpida mãe dele. Parecia que sempre que ela aparecia em alguma conversa, algo estranho acontecia. Primeiro, um beijo. Agora filhos. Eu precisava me sentar.

Ele me olhou com preocupação, como se quisesse perguntar se eu estava bem. Aqueles mesmos malditos olhos azuis! Como aquilo tinha acontecido?!  Eu não sabia dizer o quanto daquilo ele tinha visto, mas pela cara de confusão encarando a menina, não muito.

A garotinha, por sua vez, parecia ter visto um fantasma enquanto encarava Steve.

— Jay! — ela gritou e apontou para ele. — Papai tá vivo!

Steve paralisou, como eu, mas James agiu mais rápido dessa vez.

— Também não é o papai — ele murmurou. — Ouça, Sara, eles são todos visitantes de um lugar muito longe e eles têm o mesmo rosto do papai e dá mamãe, mas não são eles. Não pode chamá-los assim, tudo bem?

Ela parecia tão desolada que eu quase tive dó. Quase. Aquilo tinha que ser um terrível engano ou coincidência, porque eu não podia ter filhos. Eu não sou e nem nunca seria uma mãe! Muito menos dos filhos de Steve Rogers. Fim de história.

— Tudo bem — Sara fungou.

— Boa menina — James beijou a testa dela. Depois, virou-se para a senhora que nos olhava com receio. — Por que ela está aqui? Deveria estar na aula.

— Ela passou mal, menino James. Vomitou durante os exercícios e me mandaram trazê-la até você — a senhora informou.

Rapidamente, James a pegou no colo e sentou-se com ela na poltrona ao lado da senhora. Ele checou todo o corpo dela, preocupado.

— O que aconteceu, Sara? Você está bem?

— Minha barriga começou a doer muito, muito — ela contou, fazendo carinha de enjoada. — Daí todo mundo começou a girar e a minha boca ficou com gosto ruim.

— Quando aconteceu? Você ainda está sentindo isso?

Ela sacudiu a cabeça várias vezes, fazendo seus cachinhos saltarem.

— Um pouco.

James acariciou os cabelos dela é apertou os lábios em uma linha fina. Significava que ele estava preocupado e tenso. Eu conhecia aquele gesto porque o fazia o tempo inteiro.

— Você nunca ficou doente antes — ele murmurou. Então ele olhou para Steve, um pouco constrangido, mas com firmeza. — Maria ainda está desmaiada?

Steve demorou alguns segundos para processar a pergunta.

— Não, ela...

— Eu estou bem — a própria Maria Hill surgiu pelo corredor, parecendo totalmente bem, ainda que sua voz denunciasse a preocupação. — Mas a Sara não vai ficar se não cuidarmos disso.

— Como assim? — James questionou, alarmado. — Você sabe o que está acontecendo com ela?

— Sei. E vou precisar que vocês venham comigo. Os três.

Não tive coragem para encarar Steve e tampouco queria seguir aqueles dois para onde quer que fosse.

Steve, por outro lado, parecia com mais capacidade de pensar do que eu, não no estado de negação no qual eu me encontrava.

— Mas e a Johnson? — ele perguntou, ainda meio perdido. — Ela não foi achada.

— Mandei Georgia atrás dela. Os outros conseguiram acalmar a confusão lá dentro, quem sabe a filha consegue parar com os chiliques da mãe — ela debochou. Me encolhi na menção das palavras 'filha' e 'mãe'. Eu não podia lidar com aquelas palavras naquele momento. — James, deixe Sara com a Sra. Wilson e vocês três venham comigo.

James obedeceu e colocou a garota no colo da senhora, acariciando sua bochecha enquanto dava instruções às duas. Em seguida ele se levantou e foi até Maria. Steve também já estava se posicionando para segui-la. Eles olharam para mim. Eu cruzei os meus braços e não me mexi.

— Natasha...

— Não, Maria.

— Você precisar vir.

— Não preciso fazer nada — murmurei entredentes.

— Natasha olhe para ela — Hill indiciou. Obedeci, não por vontade, mas pelo tom de voz que ela usou. Ela estava implorando. Olhei para a garotinha no colo da senhora, encostada no peito dela e parecendo muito frágil. Algo se aqueceu no meu coração, e eu suspirei. — Ela está doente e a mãe dela não está aqui. Sei que está assustada, mas está mais assustada do que ela? Ela vai precisar de você. Não fuja, só por esta vez.

Chutei o balcão, frustrada. Droga! Eu queria virar as costas e sair andando sem rumo, como Dayse fez. Queria, mas não consegui. Não depois de olhar para ela, parecendo tão frágil. Eu sabia que no momento em que meus batimentos saltaram no peito, eu estava perdida. Tão certo quanto o chão em que eu pisava, eu sabia que seria incapaz de ignora-la, de me afastar.

Pelo menos daquela vez, eu iria.

Por Sara.


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Notas finais do capítulo

Depois dessa, acho que mereço comentários com opiniões detalhadas sobre tudo, neh?

Vaaaaamos, quero muito mesmo saber o que vocês acharam, nos detalhes.

Qual foi a parte favorita de vocês? A reação da Natasha, foi o que vocês imaginaram? E a das crianças? Se não, como imaginavam? E o que estão mais ansioso para ver daqui pra frente?

Contem-me tudo, não me escondam nada!