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Capítulo 6
5 - No Centro do Círculo




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Capítulo 5

Interis, 2039

James Rogers

 

Naquela manhã acordei com uma baita dor de cabeça. Se por preocupação ou por ter passado quase toda a noite em claro, eu não sabia. Não tinha tido tempo de treinar a equipe depois da conversa com Sara e a preocupação sobre o que poderia acontecer ainda me assolava. E se não fosse a mãe do Darien a sair daquele portal? E se Thanos rastreasse a energia e saísse dele? As possibilidades não estavam a nosso favor.

Sem muita disposição, levantei da cama e me troquei, já colocando o uniforme de combate. Meu traje era feito de kevlar em azul marinho e cinza claro, sem nenhuma máscara. Lembrava um pouco a roupa antiga do meu pai, mas sem vermelho e sem nenhuma estrela em lugar algum. Peguei o escudo perto da cama e aproveitei para chutar as pernas de Francis, que estava babando na coberta em seu sono.

— Acorda, babão. Temos trabalho a fazer.

Ele resmungou, mas abriu os olhos.

— Você é tão delicado.

— Aprendi com você — respondi.

Ele levantou da cama coçando os olhos, o cabelo estava todo bagunçado e ele usava apenas uma cueca e uma blusa branca manchada. Caramba, Francis não entendia o significado da palavra pijama? Nada mais agradável do ter aquela imagem logo pela manhã.

— Cara, você está péssimo — ele disse.

Olhei para a cara dele, incrédulo.

— Eu? Já se olhou no espelho?

— É sério, cara. Você tá com olheiras — ele se espreguiçou enquanto falava. Francis tinha um sério problema com a palavra ‘cara’. Ele conseguia repetir aquela palavra vinte vezes numa mesma frase sem se dar conta disso. — Você dormiu, James?

— Muito pouco — admiti. — Estou nervoso com hoje.

— Cara, isso vai ser fichinha. Se algo der errado, não vai ser um décimo do que precisaremos enfrentar se der certo.

— Como assim? — perguntei.

— Se algo der errado, a gente mata o que pular de lá de dentro e já era. Mas, se der certo... Se a mãe de Darien vier mesmo, ela vai pegar as duas partes da joia da mente que faltam e então vamos ter que partir para a segunda parte do plano, que é unir o poder das joias para enfrentar Thanos — Francis pôs a mão no meu ombro. — Tá se preocupando com peixe pequeno, meu irmão.

Parei de respirar. Ele tinha razão! O portal era apenas o inicio do plano e eu estava assustado com a parte mais simples dele. Tínhamos uma batalha muito maior pela frente e ao invés de nos preparar, eu estava perdendo o meu tempo deixando o medo me consumir. Nunca pensei que fosse dizer isso, mas Francis estava certo.

— Consegue nos imaginar? — perguntei. — Lutando contra Thanos?

Thanos, o cara que dizimou sozinho mais da metade do planeta Terra. Thanos, que matou nossos pais. O homem que fez com que os maiores heróis que existiam tivessem que fugir para outra dimensão e recriar a sociedade. E que ainda estava na Terra nos caçando e não pararia até nos ver todos mortos.

— Ah, consigo — Francis respondeu, seu rosto assumindo uma expressão de ódio. — Quero vê-lo sofrendo a mesma dor que a minha família sofreu quando ele incendiou nossa casa com todo mundo dentro. Quero ver ele queimar.

Francis guardava muita frustração dentro dele por tudo o que perdeu e pela rapidez com que tudo aconteceu, sem que ele pudesse ao menos se despedir dos pais e dos irmãos. Na maior parte do tempo ele transformava essa energia negativa em força, mas se olhasse bem dava para ver o ódio que borbulhava por baixo de tudo. Eu tinha medo dessa parte dele, porque Francis era bem estável e podia acabar fazendo alguma besteira qualquer dia.

— Francis, não faça nada motivado pela vingança, cara. A vingança cega às pessoas. Devia ter aprendido isso depois do que aconteceu com Tony. Howard está sofrendo até hoje pela obsessão por vingança que ele tinha — adverti.

— Tanto faz.

Peguei o arco dele na parede e joguei em sua direção, que desviou rapidamente. Bons reflexos.

— Se troca e junta o pessoal. Precisamos nos apresentar para Maria em duas horas.

— Sim senhor, Capitão.

Sorri e saí do quarto, em direção ao quarto de Sara. Toda a manhã eu tinha que levá-la para a escola antes de fazer qualquer outra coisa. Eu tinha virado praticamente um dono de casa desde que a minha mãe tinha saído em missão. Por sorte Sara era uma menina esperta e acordava e se arrumava sozinha todos os dias.

Como sempre, quando entrei no quarto ela já estava acordada e trocadinha, com um vestido vermelho de malha e os cabelos soltos lisos. A caixinha de musica da minha mãe estava aberta, e minha irmãzinha rodopiava pelo quarto no mesmo ritmo da bailarina na caixinha, com os olhos fechados. Encostei na porta do quarto e fiquei observando por um tempo. Aquela caixinha de musica existia desde antes de eu nascer e minha mãe tinha verdadeira fascinação por ela. Ela tinha deixado para Sara antes de sair para a missão, pedindo para ela cuidar bem da bailarina em sua ausência. A pequena bailarina de cerâmica parecia ter sido inspirada em Sara, ambas com o mesmo tom de cabelo e pele e com o mesmo sorriso inocente no rosto. A melodia que saia de dentro da caixa eu conhecia bem. Meus pais cantarolavam ela pra mim quando eu era pequeno e a nostalgia me invadiu enquanto eu ouvia.

Enquanto eu olhava Sara dançando, uma onda de esperança tomou conta de mim. Eu não estava lutando por mim mesmo, e nem por vingança. Eu iria lutar por ela, pelo futuro dela e de inúmeras outras crianças que precisavam de um lugar seguro para crescer. Por Sara, eu enfrentaria Thanos e quantos mais viessem, e venceria.

— Bom dia, pequena — anunciei a minha presença, fazendo-a abrir os olhos e parar de dançar. — Pronta para a escola?

— Sim!

Ela fechou a caixinha rapidamente e pegou sua mochila em cima da cama, começando a jogar seu material ali dentro. Enquanto ela se aprontava, peguei o celular em meu bolso para convocar a equipe.

 

Reunião na sala de treinamento.
8:00 a.m.
Uniformes de batalha, prontos para a abertura do portal as 9h00 a.m. Espero todos lá,
Tenente Rogers.

 

Enviei a mensagem e guardei o celular. Sara estava quieta durante todo o caminho até sua escola, e eu não estava a fim de conversar também. Dei um beijo nela e a vi desaparecer no meio das crianças, desejando que hoje pudéssemos começar a garantir a segurança dela.

Era estranho caminhar na rua com o uniforme, porque os civis não disfarçavam o olhar. Eu sabia que a roupa era um pouco fantasiosa, mas eu não tive muita escolha na confecção dela. Enquanto caminhava de volta, fui recebendo as confirmações de leitura do pessoal, inclusive a de Francis que disse que já estava na sala. Aguardei até todas chegarem, mas uma não veio. Torunn. Estranhei, porque ela era sempre a primeira a chegar a qualquer reunião ou treinamento.

Tive a minha resposta no meio do caminho até a sala de treinamento, quando avistei os cabelos extremamente loiros de Torunn brilhando contra o sol em cima de uma arvore. Ela já estava com sua armadura de aço argardiano completa, ela ficava muito parecida com o pai dela quando a usava. Seu celular estava jogado na grama, longe dela, e minha amiga olhava para o sol sem se importar com a luz forte que vinha dele enquanto balançava sua espada no ar distraidamente. Subi na arvore, fazendo barulho para ela sabe que eu estava chegando, e sentei do lado dela.

— Hey.

— Hey, James.

— Você está bem?

— Sim — ela murmurou. — Mas acordei com uma sensação esquisita.

— Que tipo de sensação? — perguntei.

— É como se, não sei... Algo estivesse para acontecer, sabe?

— É normal. Estamos todos nervosos por causa do portal no tempo e tudo...

— Não — ela sacudiu a cabeça, fazendo os cachos baterem no meu ombro. — Algo que não esperamos. A sensação me deu saudades de Asgard, uma saudade boa.

Torunn tinha passado parte da infância na Terra, em Nova Asgard, e a outra parte na Asgard real após reconstruída, com os pais, que governavam o lugar. Quando eu me lembrava de que ela tinha crescido como uma princesa, conseguia entender um pouco de seu temperamento orgulhoso e convencido. Quando éramos crianças, eu via Torunn muito raramente, só quando nossos pais tinham que se juntar ou quando a mãe dela visitava a terra. Depois que a mãe dela morreu foi que passamos a nos ver com frequência, porque ela ficou sob os cuidados da Shield enquanto o pai dela lutava na guerra.

— Asgard deve ser linda.

— Era o reino mais bonito que existe, James. Você tinha que ter conhecido.

— Quem sabe um dia você possa voltar para lá e reclamar seu trono.

Ela adorava quando falávamos com ela como se ela fosse mesmo uma rainha.

— Quando isso acontecer, você será nomeado Lord.

— Mal posso esperar a hora — rimos juntos. — Mas antes disso, temos uma missão para cumprir hoje.

Ela revirou os olhos e bufou.

— “Missão” — ela debochou. — Vamos só ficar atrás do Darien para caso algo mais saia do portal. E ele treinou pra caramba, não vai errar. Na minha opinião, vamos só confundir a pobre Sra. Strange quando ela chegar, com esse monte de gente armada pra cima dela. Mas pelo menos vestir as roupas foi divertido.

Já tínhamos começado a descer da arvore enquanto ela falava. Pulamos de um dos galhos e paramos juntos no chão, em pé.

— Eu estou torcendo para você estar certa.

Ignorando todos os olhares em volta, nos pusemos a caminho novamente. A confiança de Torunn tinha tido um efeito calmante, tranquilizando um pouco do meu nervosismo. Era bom ter alguém com fé nessa equipe, para variar. Porém, nem chegamos a sair da área residencial a caminho da reunião antes de pararmos novamente.

Na frente da casa dos Fitz-Simmons, Henry gritava com a porta aberta da casa, onde alguns pedaços de vidro repousavam no chão.

— DEIXE ESSE INUTIL AÍ, CATERYN — o menino gritava.

Torunn imediatamente voou para dentro da casa dos gêmeos, já suspeitando que Cateryn pudesse estar em perigo. Eu forcei os meus pés a correrem o mais rápido possível até Henry, já com o escudo levantado e preparado para uma possível luta. Passei correndo por Henry e entrei na casa, cuja porta já estava escancarada. No chão da sala, Caty estava abraçada ao pai, aparentemente tentando acalmá-lo. Ela já estava em seu traje, que era muito parecido com o uniforme da Shield. Fitz parecia estar em estado de choque, com o rosto molhado de suor – ou talvez lágrimas, eu não sabia dizer – se agarrava na filha como se o mundo dependesse daquilo. Torunn rodeou os dois, mas já tinha guardado sua espada, e me olhou confusa, como se perguntasse o que deveria fazer.

Eu olhei para Henry. Ele tinha entrado na casa novamente, mas se manteve na soleira, estava com os punhos cerrados e o rosto vermelho de raiva. Ele também já estava vestido. Aparentemente, algo tinha acontecido enquanto eles estavam de saída para a reunião.

— Hey — abordei-o preocupado. — O que está acontecendo, Henry?

— Esse imprestável — Henry cuspiu a palavra ao falar do pai, irado. — Tentou machucar a Caty. E ela ainda fica ai consolando ele!

Olhei para Fitz, ainda sem reação no chão, agarrado em Caty.

— Não chama ele assim! — a menina gritou de volta.

— Caty? — Torunn chamou-a. — É verdade?

— Não — Caty chorou de volta.

— Preciso saber o que aconteceu aqui — afirmei.

Pra mim, Fitz era inofensivo. Claro que nem sempre ele tinha sido daquele jeito. Eu ainda me lembrava do verdadeiro Fitz, de como ele era quando eu era criança, um cientista brilhante, determinado, corajoso e cheio de vida. Mas esse Fitz tinha morrido há quatro anos quando perdeu a esposa, onde desde então ele tem sido como uma casca vazia, sem nunca reagir a nada e sem jamais sair de casa. Eu nunca o tinha visto fora do abrigo desde que sua Jemma morreu e pelo que os gêmeos me contavam, ele também não fazia muita coisa lá dentro. Passava grande parte do tempo escondido em seu quarto, e apenas Cateryn se preocupava, ela vinha tentando cuidar dele na medida do possível, embora Henry não gostasse muito daquilo.

A questão é que, embora a situação de Fitz sempre me desse muita pena, eu precisava saber se ele realmente tinha ficado violento. Se dois membros da minha equipe estivessem em perigo dentro de sua própria casa, a situação precisaria ser controlada. Eu não permitiria que eles fossem feridos, nem que fosse pelo próprio pai deles.

— Ele não me machucou — foi Caty, ainda no chão com o pai, quem respondeu. — Estávamos de saída, e eu queria me despedir dele. Expliquei pra ele que íamos cumprir nossa primeira missão oficial. Mas papai ficou agitado, ele ficou com medo de nos perder também, só isso.

— Ele agarrou o braço dela com força e a sacudiu — Henry cuspiu a frase, olhando com desprezo para os dois no chão. — Eu tentei protegê-la! Não sei por que o defende.

— Ele é nosso pai, Henry! Ele nos ama e ficou com medo de nos perder também.

Henry estava completamente vermelho. Eu reconhecia a expressão em seu rosto, ele estava prestes a socar alguma coisa.

— Ama tanto que nos abandonou. Dispenso esse tipo de amor.

Sem dizer mais nada, Henry lançou um último olhar decepcionado para a irmã no chão e virou as costas, partindo. Cateryn começou a soluçar e Fitz, pela primeira em provavelmente muito tempo, passou os braços ao redor da filha e a abraçou.

— Não é verdade, papai, não é — Caty chorava, abraçada ao pai.

— Me... Me desculpe, Cateryn. Me desculpe por tudo ­— ele pronunciou.

Eu olhei para Torunn, o olhar chocado dela refletia o meu. Há muito tempo não víamos Fitz reagindo assim a algo.

— Está tudo bem, papai.

— Eu sinto a falta dela — ele quase sussurrou a frase, mas foi o suficiente para Cateryn soluçar.

— Eu sinto também, papai, mas sentimos a sua também.

— Me desculpe.

Eles passaram mais alguns minutos abraçados no chão. Pude perceber que o que tinha se quebrado, ao chão, era um porta retratos. A foto estava virada para baixo, de modo que não consegui vê-la.

Aguardamos com eles até ambos se acalmarem, então Cateryn finalmente começou a se levantar.

— Eu tenho que ir, papai.

Fitz arregalou os olhos, mas após vislumbrar eu e Torunn ali, não avançou mais.

— Prometa que ela vai ficar bem — ele disse.

— Eu prometo, papai. Vamos voltar daqui a pouco — Cateryn respondeu.

— Prometa que ela vai ficar bem — ele repetiu, olhando para mim.

Eu assenti.

— Vamos protegê-la, Fitz.

Ele assentiu, e se levantou com a ajuda da filha. Em seguida, deu um beijo em sua bochecha e, com um olhar triste para a foto no chão, voltou para o quarto.

— Caty... — comecei.

— Vamos logo, os outros estão esperando.

— Mas...

— Não temos tempo pra isso. Anda!

Corremos até onde os outros nos esperavam, porque já estávamos atrasados e eu precisava passar algumas instruções da Maria para eles. Quando chegamos, todos estavam dispersos e conversando. Era até bonito ver todos juntos de uniforme, o que raras vezes acontecia. Francis usava calça e colete revestidos com couro, com uma aljava de flechas presas as suas costas e o arco em suas mãos, que ele exibia para Starr e Cassie, a ruiva em um macacão de lycra em preto e vermelho e a morena em seu traje especial que a permitia encolher e aumentar.  Sempre que a via com a equipe me lembrava do quanto era estranho liderar alguém tão mais velha do que eu. Howard estava em outro canto mexendo na sua armadura amarela, Georgia o ajudava e Darien estava com eles, trajando uma camisa e calças pretas sob um colete vermelho com revestimento e abas na gola.

— Todos prontos? — perguntei em voz alta. Ao me verem , todos se reuniram no centro da sala.

— Está atrasado — Francis comentou.

— Eu sei. Desculpem — murmurei, nervoso. O que se dizia antes de sair para um missão de verdade? Treinar a equipe era uma coisa, lidera-los para uma possível batalha, é outra. Limpei minha garganta e pensei no meu pai antes de começar a falar. — Essa é a nossa primeira missão oficial. Sei que alguns de vocês não acreditam que será nada demais. Sei podem achar que nos vestimos apenas pra ficar parados atrás do Darien enquanto a Sra. Strange é trazida pra cá, e que podemos, na verdade, nem ter que usar as nossas armas. Pode ser que seja verdade, e aprecio a confiança que todos têm no Darien. Eu confio nele também — dei um breve aceno ao meu amigo, que parecia mais nervoso do que todos ali. — A possibilidade de algo dar errado pode ser pequena, mas ela existe e eu não quero que a subestimem. Não abaixem a guarda, não se distraiam e fiquem a postos até que tudo tenha acabado. E, se algo acontecer e tivermos que lutar, por favor... Não façam o que fazem nos treinamentos, ou morreremos todos.

Eles riram, o que me fez relaxar e rir um pouco também.

— Você tá ficando bom nos discursinhos motivacionais — Georgia comentou.

— Filho de peixe... — Frances sorriu.

Rolei os olhos, mas não consegui esconder o sorriso. Nós repassamos todos os lugares e planos, cada um já estava com sua arma a postos, os gêmeos com seus truques preparados. Darien estava extremamente nervoso, suando e tremendo, mas garantiu que aquilo não iria interferir na missão.

Encontramos Maria na base da Shield conforme o combinado, ela queria que a Sra. Strange chegasse em um local neutro, para podermos acalmá-la e explicar tudo a ela antes que se alterasse. Para isso, Stephen estaria ao lado do filho o tempo inteiro, para ampará-la assim que atravessasse o portal. Nós ficaríamos atrás do Darien, Stephen e Maria, prontos para caso algo desse errado.

Não houve muita conversa quando chegamos lá. O humor parecia ter desvanecido e todos assumiram posições rapidamente, sem conversar. Maria passou por nós e parou alguns passos à minha frente.

— Bom trabalho, James — ela piscou.

Me esforcei pra não sorrir.

Darien se posicionou à frente de todos, seu pai ao seu lado. Com um movimento de mãos, Stephen liberou a joia do tempo de seu colar, e a colocou no pescoço do filho.

— Casa, fim da tarde. Casa, fim da tarde — Darien murmurou, provavelmente mentalizando o lugar e data onde abriria o portal.

— Pronto? — seu pai pousou uma mão no ombro dele.

— Pronto!

Darien fez um movimento circular com as mãos e murmurou algumas palavras, então um circulo de luz alaranjada se formou no ar à frente dele, deixando-nos admirados. Não vi a reação da equipe, mas deve ter sido parecida com a minha, de boca aberta.

— Está vendo ela? — Darien gritou. Ele arfava e gotas de suor caiam de sua testa. Ele parecia estar fazendo um esforço sobre-humano para manter aquilo aberto.

— Acho que sim! — Stephen se concentrou nas imagens que se formavam dentro do circulo, mostrando o local onde Darien tinha aberto o portal. — Ela não está sozinha!

De fato, o portal se abriu revelando um grupo de pessoas em uma sala de reuniões comum. Não tive tempo de reconhecer todo o grupo, pois quase deixei meu escudo cair quando os vi, bem ali, no centro do círculo. Meus pais, um ao lado do outro. Darien tinha aberto um portal no tempo para onde meus pais estavam!

Eu olhei para Maria para eles, meu coração batendo tão forte que eu podia ouvir a pulsação soando nos meus ouvidos. Eles olhavam para nós.

— Estou vendo ela! — Stephen repetiu, alarmado. — Mas está no tempo errado!

— Darien feche o portal! — Maria gritou.

— Não consigo! — ele respondeu. Seus braços tremiam demais e o portal estava ficando instável.

Ele gritou, e vi meu pai de colocar à frente da minha mãe, em uma cena tão familiar que meus olhos se encheram de lagrimas. Então eu finalmente vi a mãe do Darien, caminhando para o portal. 

— Wanda! — meu pai gritou. Que saudades da voz dele, eu quase tinha me esquecido de como era — O que está fazendo?!

— Esse menino — ela murmurou, olhando para Darien. — Eu o sinto me chamando.

Darien arregalou os olhos, e haviam lagrimas nele. A mãe dele tocou no portal, então Darien cerrou os dentes e gritou, no mesmo momento em que abria os braços. O portal os engoliu, todos eles, e então Darien desmaiou.

Fiquei imóvel, completamente perplexo, encarando meus pais, no chão à nossa frente.


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Notas finais do capítulo

Por favooor, quero saber o que vocês acharam do pouco da histórias das outras crianças que já revelei. Clint, Thor, Fitz-Simmons (todo mundo aqui assiste Agents of Shield, certo?). O que entenderam de toda informação que joguei ai?

Quero lembrar vocês que se me matarem por terminar o capítulo assim, não vai ter autora pra postar o próximo...

Então vamos combinar de não matar a escritora, fechou?