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Capítulo 3
2 - A Caixinha de Música


Notas iniciais do capítulo

Eu volteeeei o/

É, eu sei que demorou. Mas eu estava em semana de provas e vocês sabem como é faculdade em fim de semestre. Pra quem não sabe, eu vou explicar: é como se o chão fosse feito de lava, e as paredes, e o teto, e tudo tá pegando fogo e você morre! É isso.

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Capítulo 2

Wakanda, 2023

Natasha Romanoff

 

— Você tem que voltar.

Eu passei a mão pelo cabelo recém-cortado. Ele tinha crescido nas últimas semanas, mas eu nunca tive paciência para deixá-lo cumprido, então peguei uma tesoura e cortei eu mesma, na altura do queixo novamente.

Maria chiou do outro lado da linha, exigindo resposta.

— Eu não tenho que fazer nada, Hill — respondi.

— Qual é, Natasha. Já faz três semanas. Não pode se esconder em Wakanda pra sempre. A Shield sempre foi o seu lugar.

Chegava até a ser engraçado o quanto Maria vinha insistindo para eu voltar para os Estados Unidos. Foram tantas desculpas que perdi a conta, mas que aumentaram meu ego significativamente.

— Não estou me escondendo, mas preciso desse tempo, Hill. — Eu queria voltar, queria muito. Só Deus sabia o quanto a Shield, as missões e os treinamentos me faziam falta. Mas eu não podia voltar, não ainda. Nova York ainda estava começando a se recuperar do caos que a batalha contra Thanos em que eu não participei tinha causado, todos os envolvidos estavam sendo afogados em perguntas, agradecimentos, explicações e eu só precisava de paz depois de literalmente ter voltado dos mortos. — Tony ainda está em recuperação e ninguém voltou à ativa ainda. Vê se para de encher o meu saco.

— Stark é parâmetro para suas decisões desde quando?

— Desde que ele literalmente morreu na batalha. Igual a quem, mesmo? Ah, é. Eu.

Não fazia muito tempo desde que eu, Steve, Wanda e mais alguns dos heróis que lutaram contra Thanos estávamos em Wakanda, passando um tempo de paz e esperando a poeira da Guerra abaixar. A Shield tinha usado esse tempo para se reestruturar depois de ter sido quase totalmente controlada pelo governo, e Tony Stark estava trabalhando se recuperar depois de ter sido morto e depois salvo e então quase ter morrido novamente. Ou pelo menos dizia que estava. Pepper nos atualizava constantemente sobre seu estado de saúde desde que teve alta do hospital e foi para casa, onde estava deixando-a louca ao não descansar como devia e ao invés disso ficar correndo atrás de Morgan pelo quintal. Mas, ao mesmo tempo, ele estava enfrentando muito assédio depois de toda aquela confusão. Pessoas rondavam sua casa dia e noite, jornalistas querendo entrevistas, agentes federais querendo explicações, curiosos e fãs. E esse era o motivo pelo qual muitos de nós decidimos tirar férias em Wakanda por tempo indeterminado. Tchalla tinha nos prometido paz e descanso e isso era tudo o que precisávamos.

— Quando estivermos prontos, nós voltaremos — decretei. — Não é como se isso fosse o paraíso, Hill. Não amo esse lugar, mas não vou voltar agora e aguentar todo o assédio da mídia e de civis histéricos ao me ver só porque você não se aguenta de saudades.

Eu pude ouvir Maria bufar do outro lado da linha, e abri um pequeno sorriso.

— Saudades? De você? Eu? Se enxerga, Romanoff — nós duas rimos com a resposta. — Fury quer que você conheça o Mack.

Eu revirei os olhos. Já não era novidade que Coulson tinha sobrevivido a Loki, trazido de volta dos mortos sabe-se lá como, assim como eu. Depois, morreu de novo, e agora um estranho chamado Mack comandava a equipe que era dele. Uma equipe secreta na Shield que não respondia a basicamente ninguém, exceto ao próprio Fury e à Hill, ás vezes. Foi bem difícil de entender tudo, na verdade, mas o mundo agora não era mais o mesmo. O que tínhamos feito com a viagem no tempo alterou tanta coisa que nem tínhamos parado para contabilizar todo o caos ainda.

Eu, particularmente, estava procrastinando.

— O que ele quer? Tentar trazer o Coulson de volta pela segunda vez? — perguntei. 

— Não, a equipe dele detectou... Algumas anomalias estranhas.

Soltei a respiração, que até então eu nem tinha percebido que estava presa e revirei os olhos.

— Essa é a emergência? Trabalho? Eu não mereço mesmo nem um mês de férias depois de morrer pra salvar a bunda de vocês?

— Estamos preocupados, Romanoff, preste atenção — Hill esbravejou. — Você chegou a conhecer Stephen Strange?

Clint, Steve e os outros tinham me contado sobre ele quando tentaram me deixar a par de tudo que aconteceu enquanto eu estava... Hum, morta. Sabia que ele era um mago e que tinha sido uma ajuda muito importe, e sabia que agora ele estava em uma busca pelo universo atrás da Joia do Tempo atual que Thanos destruiu e reduziu a um átomo, mas naquele momento ele não significava muita coisa para mim.

— O que tem ele?

A linha ficou em silencio por alguns instantes, e então eu soube que era sério. Maria não era de fazer suspense, ela só fazia isso quando tentava achar as palavras certas para não assustar alguém, o que nunca dava certo. Algo importante estava acontecendo enquanto eu passava férias pela África. Sim, porque se Maria Hill estava desesperada o suficiente para tentar me fazer sair do meu retiro pós-morte, onde estávamos agora, era porque era importante.

— Hill! — gritei para o telefone mudo.

— Acho melhor marcarmos uma reunião, Natasha — Maria suspirou. — Fury está impaciente. Fale com Tchalla em nosso nome, diga que precisamos de permissão para ir até aí.

Ah, sim. A equipe secreta da qual ninguém tinha conhecimento até então. Levei tempo até me acostumar com a ideia. Agora, Maria era o rosto publico a frente da Shield, enquanto esse tal de Mack fazia como Fury e dava as ordens escondido.

Eu sabia de tudo isso porque Maria me ligava de vez em quando para passar informações importantes sobre o andamento das coisas nos Estados Unidos, mas desde então eu ainda não tinha visto Mack e nem conhecido nenhum dos membros da sua equipe. Para falar a verdade, eu não deveria nem mesmo ter contato com o mundo exterior. Quando decidimos aceitar o convite de Tchalla, Steve combinou com a equipe que esse retiro incluiria isolamento total de noticias sobre o mundo lá fora, para conter nossas ansiedades. No fundo ele só estava preocupado comigo, e não queria que eu me preocupasse com as noticias do caos do mundo com famílias desfeitas, filhos perdidos e adolescentes e crianças que passaram 5 anos sem crescer. Então, nada de comunicação exterior.

Claro, como se eu fosse obedecer isso.

— Vou falar com ele. Não acho que vai ser problema. Mas o Rogers não vai ficar nada feliz, já aviso logo, seria melhor adiantar alguma coisa desde já.

Steve estava irritantemente superprotetor com a equipe uma vez que tinha passado cinco anos sem ver muitos deles, e então todo mundo quase morreu. De novo. Ele já devia ter se acostumado com aquilo.

— Não é assunto para se tratar no telefone, droga! — Hill, xingou. — Eu tentei fazer você vir até aqui, mas não deu muito certo, não é? Quando foi que você ficou tão certinha?

Fechei meus olhos e encostei na parede, cansada.

— Desde que passei pro lado dos mocinhos.

O peso de ser uma heroína, de tentar sempre fazer a coisa certa e carregar o mundo nas costas era mais difícil do que apenas ser uma espiã e matar pessoas quando lhe mandavam. Sim, minha consciência estava mais limpa, e talvez até o meu coração tenha voltado a bater. Um pouco. Mas a culpa por errar, a indecisão de não saber se fez o certo, vidas inocentes perdidas... Era assolador. E, graças ao tempo em que passei em Vormir, presa à joia da alma, eu estava muito mais consciente disso agora. Quando eu parava para pensar naquilo, não conseguia nem dormir.

Ouvi passos se aproximando no corredor onde eu me encontrava.

— Tenho que desligar, tem alguém vindo. Eu te retorno — sussurrei rapidamente ao aparelho e desliguei, deslizando o celular agilmente de volta ao bolso interno da minha jaqueta.

Shuri virou no corredor, a atenção voltada para uma prancheta em sua mão. Desde que chegamos, ela vinha ajudando na organização de onde estávamos para que pudéssemos ficar o mais confortável possível.

Agarota era legal, eu gostava dela.

— Ah — ela exclamou quando me viu. — Natasha. Oi. O que faz aqui?

Apontei para o longo corredor atrás de mim.

— Meu quarto fica aqui.

— Ah, sim.

— Precisa de algo?

— Ah, não, só estava passando — ela sorriu e continuou andando, mas parou depois de três passos, olhando ligeiramente para trás.

— Fala — incentivei, já rindo. Shuri era engraçada.

— É muito cedo pra eu te pedir pra treinar comigo? — ela perguntou, um grande sorriso tomando conta do rosto. — Você é incrível e eu estava querendo pedir algumas dicas sobre batalha corporal desde que lutamos contra Thanos aqui em 2018 e quando você veio pra cá o meu irmão disse ‘nada de incomodar a Viúva Negra, Shuri, ela precisa de um tempo’ e eu fiquei ‘ah, para, lutar é como lazer pra ela’, mas ele insistiu para eu esperar então eu esperei, mas... 

Eu a interrompi com a minha risada. Shuri era uma jovem incrivelmente habilidosa, e não apenas no que diz respeito a sua inteligência extraordinária. Claro que ela era uma espécie de gênio, mas eu já a tinha visto lutando também e ‘fraca’ não era um adjetivo que podia ser dado a ela.

— Só se você me ensinar a aprimorar meus ferrões — devolvi seu sorriso.

— Só se for agora!

— Amanhã — eu corrigi.

— Amanhã — ela concordou rapidamente, o sorriso ainda presente. — Obrigada! Mal posso esperar.

E então ela sumiu no corredor, tão rápido quanto tinha chegado.

Em um ponto ela tinha razão, lutar era como lazer para mim. E eu estava tendo muito pouco daquilo em Wakanda. Eu vinha treinando um pouco Wanda desde que chegamos ali, não sobre os poderes dela, mas em combate corporal. Era uma ótima adversária. Apesar de um pouco temperamental, ela até que era uma boa companhia para se estar, eu gostava dela e gostava de treiná-la. Os treinos que estávamos tendo ali eram o único motivo para eu ainda não ter enlouquecido de tédio. Não havia nada para se fazer em Wakanda, fora apreciar a belíssima paisagem local, dormir tanto quanto meu corpo era capaz de aguentar e treinar com Wanda.

Mas naquele dia eu tinha faltado no treino. Tinha acordado com uma sensação estranha e incômoda, como se algo estivesse errado. Mas minha mente ainda estava um pouco bagunçada pelo tempo fora de órbita em Vormir, de forma que não dei atenção para aquilo.

Eu estava caminhando em direção ao meu quarto quando, subitamente, uma mão tapou a minha boca pelas costas. Reagi imediatamente, agarrando a mão do agressor até que ele girasse e batesse com as costas no chão. Meu movimento revelou Clint, estatelado no chão como um boneco.

— O que você pensa que está fazendo, seu idiota? — perguntei, enquanto oferecia minha mão para ajuda-lo a levantar. — Eu podia ter te matado.

— Você jamais me mataria — ele respondeu, sorrindo. — E você está precisando de um pouco de adrenalina, posso ver o tédio nos seus olhos.

Sorri para Clint, e para a preocupação em seus olhos. Ele tinha chegado a Wakanda há três dias, alegando saudades. Sabia que no fundo ele só queria bancar o superprotetor, o que não dava para fazer totalmente por chamada de vídeo. Desde que voltei com Steve de Vormir eu tive que obrigá-lo a ir ficar com a família antes de vir para cá, e só recentemente eu tinha conseguido fazê-lo parar de me pedir desculpas por 'ter me deixado cair'. Como se eu não tivesse, na verdade, me jogado.

Caminhamos juntos até o meu dormitório, onde me joguei sobre a cama imediatamente depois de bater a porta.

— Você não almoçou.

— Não estava com fome.

— Você sempre está com fome — ele apontou.

Ambos rimos levemente da afirmação, mas eu pude captar uma faísca de algo nos olhos dele. Nos conhecíamos bem demais para deixar passar alguma coisa sobre o outro.

— E você está preocupado com algo, também — me sentei na cama, dobrando as pernas em posição de índio. — O que houve?

— É só... Hill andou me contatando — ele passou a mão pela cabeça, denunciando o nervosismo.

— Você também?

— O que quer dizer?

Tirei o pequeno e ilegal celular do meu bolso e joguei para ele. 

— Onde conseguiu isso?

— Hill me entregou antes de eu vir para cá. Venho me comunicando com a Shield toda semana.

— Natasha! Isso é... Você é terrível — ele sorriu, e bagunçou meu cabelo com a mão. — Não sei como pude achar que conseguiríamos te manter longe de preocupações por algum tempo. Você praticamente as persegue. Mas vamos aproveitar esse celular e ligar para as crianças, elas estão com saudades de você.

— Estou com saudades deles também.

Eu nunca fui e nem nunca seria uma mãe, então não podia entender completamente, mas eu tinha um verdadeiro amor por aquelas crianças. Os filhos do Clint eram adoráveis, até mesmo aquele pequeno traidorzinho do Nate, e mesmo que eu só os visse muito raramente eles conseguiam me amar de volta. Eu invejava a inocência daquelas crianças, porque não me lembro de um dia ter sido inocente assim. O projeto Viúva Negra arrancou de mim todos os sonhos que eu poderia ter, antes mesmo que eu pudesse sonhá-los.

— Você vai vê-los logo — Clint me disse.

— Eu sei — concordei. — Hill está me enchendo o saco pra voltar e eu estou começando a me entediar com a paz excessiva desse lugar. Talvez eu volte antes do que todo mundo espera. E então eu posso passar mais um tempo de tédio na fazenda com vocês.

— Isso é sério? As crianças vão ficar felizes.

— Seríssimo.

— Elas não vão te deixar em paz nenhum segundo.

— É só o que estou pedindo — eu sorri. — Mas também... Acho que algo está acontecendo. Hill quer que eu marque uma reunião, quer permissão para vir até aqui.

— Ah, Natasha, você não devia estar se preocupando com essas coisas — ele fez uma careta.

— Não só estou como conto com você para me ajudar nessa — pisquei. Levantei da cama e o empurrei porta afora. — Agora vai. Avisa pra eles que semana que vem estarei lá. E manda um beijo pros pestinhas por mim.

— Meus filhos não são pestinhas! — ele exclamou. Eu ri e tentei fechar a porta, mas ele barrou com o pé, e colocou a cabeça para dentro novamente. — Nat, é bom te ver feliz de novo.

— Disponha.

Bati a porta na cara dele e me joguei na cama novamente, agora sozinha com meus pensamentos.

Hill tinha conseguido me deixar preocupada. Talvez fosse só um truque pra eu voltar, mas ela tinha plantado a semente da dúvida. Insistir em uma reunião com essa urgência... Não era do feitio dela ser desesperada. Se ela não poderia esperar mais um mês que fosse, então algo grave estava para acontecer. Talvez fosse sobre isso a sensação de que algo estava errado que eu tive. Como eu detestava não saber o que estava acontecendo e me mexer para resolver o problema!

Não que eu não gostasse de Wakanda. Era um país fantástico e muito agradável de se viver, e no inicio foi muito bom passar alguns dias em paz, e podendo conhecer o lugar sem ter um titã louco contra quem lutar como da primeira vez em que estive ali. Mas, depois de um tempo, o tédio começou a assumir forma e a maneira compassiva e condescendentes com que todos me tratavam estava começando a dar nos nervos. Eu não era um paciente terminal, só tinha passado um tempo morta, tecnicamente. Não precisava de tanto alarde, eu estava bem!

Para acalmar meus pensamentos, fui para debaixo do chuveiro tomar um banho. E, embora a água quente termal dali fosse uma delicia, coloquei o termostato no zero, esperando que a água fria me ajudasse a pensar.

O que eu podia fazer? Primeiramente eu tinha que ir falar com Steve, é claro. Se ele não concordasse em reunir o pessoal para uma reunião agora, eu sairia do país e iria encontrar a Hill para descobrir o que quer que estivesse acontecendo. Se Steve concordasse, então faríamos a reunião ali com os demais vingadores presentes. Era a melhor opção, uma vez que Maria conseguiria chegar aqui em uma questão de horas com os jatos da Shield, enquanto que eu levaria dias até conseguir encontrá-la sozinha. E então, após a reunião, eu voltaria para a base da Shield de qualquer maneira, para voltar à ativa. Ela estava certa, eu precisava daquilo.

Não era o momento ideal, o mundo ainda estava frenético com milhares de pessoas tentando descobrir como colocar a vida de volta no lugar após cinco anos, e outras milhares atrás dos Vingadores para descobrir o que aconteceu e o que fazer agora. E eu realmente não queria deixar meus amigos sozinhos aqui. Eu precisava convencer Steve e Wanda a voltar comigo, pelo menos eles, e enfrentar o mundo. Não podíamos nos esconder pra sempre. Se o problema necessitava da Viúva Negra em ação, então certamente precisava do Capitão América também.

Eu não achava que seria muito difícil. Eu via que ele estava ali porque pensava que era o melhor para nós, descansar e recompor, mas Wakanda não era o seu lugar favorito, também. Ele pensava que nos enganava, sempre fingindo bom humor e sendo otimista, tentando deixar tudo melhor para nós ali dentro, mas eu via o modo como ele também estava incomodado com como estávamos fugindo da responsabilidade da Guerra que travamos. Quando ficava sabendo de algum desastre ou perda que a guerra ocasionou, eu observava as mãos dele se fecharem em punho; quando recebíamos noticias sobre pessoas perguntando sobre nós ou nos responsabilizando por aquilo, eu percebia seu maxilar rígido pressionado. Eu conseguia observar muito sobre ele, e por isso sabia que Steve Rogers também queria agir. Ele se sentia culpado por tudo, o que era uma grande idiotice.

Certa de que iria embora até amanhã, sai do box decidida a fazer as malas e deixar tudo pronto. Parei em frente ao espelho por um momento, avaliando o meu reflexo. Eu precisava de uma hidratação no cabelo, urgentemente.

Sai do banheiro fazendo careta para a ideia de que talvez fosse necessário tingir meu cabelo novamente. Eu só não esperava encontrar Steve Rogers sentado na minha cama.

— Natasha! — ele exclamou quando me viu. Automaticamente suas bochechas ficaram em um tom de vermelho vivo e ele virou o rosto. Eu estava só de toalha, com os cabelos pingando água e o pé descalço. — Desculpe! Eu não sabia que... Você... Eu... Desculpe!

Eu sorri maliciosamente. Devagar, eu andei pelo quarto até parar exatamente de frente para onde Steve estava olhando, que era onde ficava a mala com as minhas roupas. Me abaixei para pegar uma camiseta ali enquanto observava pelo canto de olho Steve perder a cor do rosto, mas sem conseguir para de me olhar. Eu adorava brincar com ele daquela maneira, ainda mais porque ele era tão tímido.

— Só um minuto, Soldado.

Pisquei para ele e voltei para o banheiro com a muda de roupas na mão. Me vesti lá dentro e voltei para o quarto novamente, agora trajando calça e blusa e secando os cabelos com a toalha. Ele ainda estava sentado na beira da minha cama, com uma caixinha em suas mãos e parecendo muito envergonhado.

— Então, o que o traz aos meus aposentos?

Me sentei ao lado dele, que continuava girando a pequena caixa em suas mãos. Depois de alguns minutos, ele me olhou de volta. Seus olhos, sempre tão azuis, estavam envergonhados.

— Eu... Hum... Desculpe ter entrado sem bater. Pensei que você estivesse treinando e achei melhor esperar aqui. Não sabia que estava no banho.

— Eu faltei ao treino. Precisava... Pensar.

Ele tocou um ponto em minha testa.

— Aconteceu alguma coisa? Tem algumas ruguinhas bem aqui.

Eu dei um tapa na mão dele.

— Rugas tem a senhora sua mãe, Rogers. Eu não envelheço.

— Nem se quisesse conseguiria — ele riu. — Mas sério, o que houve?

Respirei fundo, e contei a ele. Não na forma resumida como contei a Clint, mas confessei tudo o que estava na minha mente, minha preocupação sobre a gravidade da situação, o que eu achava da nossa posição, o que o tom de voz da Hill significava ao meu ver. Há tempos Steve tinha deixado de ser só o capitão do time para mim, ele tinha virado um parceiro não só para lutas, mas um verdadeiro amigo. Durante os cinco anos antes da viagem no tempo, quando todos os que sobraram se dispersaram, ele foi o único que ficou perto de mim, sempre preocupado se eu estava bem. E, agora, não sei como, ele tinha me trazido de volta dos mortos. Eu tinha perdido a capacidade de imaginar a minha vida sem ele.

— Eu vou embora daqui, Steve — contei. — Quer aconteça ou não a reunião, eu irei. Mas torço para que você venha comigo.

Ele passou a mão pelo queixo, claramente nervoso. Levantou-se deu alguns passos aleatórios pelo quarto, sempre girando aquela misteriosa caixinha nas mãos.

— É um movimento arriscado, Nat, metade do mundo quer nos agradecer e a outra metade nos culpa. E se quiserem nos prender, e se reativarem o acordo de Sokovia? — ele parou para me encarar, assumindo uma expressão séria, totalmente diferente do menino tímido que estava diante de mim há poucos minutos atrás. — Mas também não podemos deixar o mundo desamparado por medo de assédio midiático. Se acha que está pronta para voltar, nós vamos.

Eu sorri diante do termo no plural.

— Vou avisar aos outros.

— Talvez seja melhor deixar Wanda aqui — ele comentou.

Parei para pensar naquilo.

— Ela não superou a perda do Visão ainda — suspirei. Eu estava animada para reunir a equipe, a família, na base como era antes, agora com todos de volta. Mas me esquecia de que Wanda fora realmente quem sofreu uma perda irreparável. Pepper tinha conseguido trazer Tony de volta, e Steve havia ido voltado por mim, mas Visão tinha ido, para sempre. Ela parecia melhor desde que viemos para Wakanda, mas não completamente ela mesma ainda.

— Não, mas vai — Steve afirmou, com um sorriso. — E enquanto isso não acontece, ela fica. Nós vamos.

Assenti. Apesar da aparência de bom moço e dos ideais moralistas, Steve Rogers era um espírito livre. Como eu. Era isso o que tinha o poder de nos unir. Era o que nos fazia ser uma ótima dupla.

— E o que você queria comigo, para começo de conversa? — perguntei. Ele olhou para a caixinha em sua mão, parecendo só agora lembrar que ela ainda estava ali, e voltou a sentar perto de mim, na cama. Eu estava começando a ficar bem curiosa com aquilo. — Anda, Rogers, antes que eu chute a sua bunda. Odeio suspense.

— E eu adoro a sua delicadeza — ele riu. — É só algo que eu queria te entregar. Feliz Aniversário.

Franzi o cenho, surpresa.

— Como sabe que é o meu aniversário? — questionei. Essa data tinha se perdido havia muito, não comemorar tinha virado um habito. Ter nascido nunca foi um motivo de celebração para mim, não quando tudo o que eu conhecia da vida era dor e crueldade. E também, uma vez que não se envelhece no tempo normal, não faz sentido contar os números. E, se nem eu mesma tinha mais certeza da data certa, como Steve podia ter?

— Não importa — ele ficou vermelho, o que foi bonitinho.

Envergonhado, ele estendeu a caixinha para mim, e eu a peguei, curiosa. Era feita de papelão simples, de tamanho médio, sem pintura e nem papel colorido cobrindo. Intrigada, tirei de dentro do papelão uma caixa de madeira envernizada e muito bem acabada. Olhei para ele com indagação, por que ele estava me dando uma caixa? Ao ver minha confusão, ele fez um gesto para que eu levantasse a tampa. Mas, quando a abri, a minha respiração parou.

— Steve, o quê... — comecei a perguntar com a voz esganiçada, meu sorriso morrendo em meu rosto.

— Eu quem fiz — ele me interrompeu. — Fazia muito tempo que eu não tinha tanto tempo livre de paz disponível, eu tinha que ocupar minhas mãos e a minha mente, me lembrar do seu aniversário foi um ótimo estimulador de criatividade, de qualquer maneira...

Algum lugar da minha mente registrou o fato de ele mesmo ter feito aquilo com as próprias mãos e que era um presente, mas eu não pude me concentrar naquilo enquanto olhava para a robusta e elegante caixa de madeira, que quando aberta revelou uma pequena bailarina loirinha, de cerâmica, que rodopiava pela superfície lisa enquanto notas de uma musica clássica enchiam o ar.

Não pude controlar a minha mente, nem impedi-la de viajar para as minhas piores memórias. Minhas mãos começaram a suar, mas me segurei o suficiente para não deixa-las tremer. Encarei Steve, um pouco de raiva crescendo no meu peito. Que tipo de brincadeira idiota tinha sido me dar aquilo?

— Desculpe não ter embrulhado direito, não é como se tivéssemos muitos recursos aqui... — ele continuava tagarelando, sem perceber meu estado de espírito.

Nervosa, fechei a tampa com tudo para fazer a musica parar e deixei-a cair no chão, interrompendo seu discurso. Me levantei da cama em um pulo, passando a dar voltas agitadas pelo quarto, tentando não pensar, não olhar para a bailarina no chão.

— Por favor, leve embora — me forcei a fazer minha garganta, agora seca, funcionar. — Agradeço o presente, mas não o quero.

— Você não... O quê? — ele questionou. — Por quê? Natasha, o que foi?

Ele finalmente percebeu o meu rosto, e sua surpresa me revelou que ele não sabia o significado do que tinha me dado. Isso acalmou um pouco a raiva, lembrar que ele não tinha feito de propósito.

— Não gosto de loiras — declarei, indicando com o queixo a bailarina no centro.

Ele olhou de mim para a caixinha, sem acreditar no que eu dizia. Quem me dera ele fosse tão ingênuo. Ele se levantou e pegou a caixinha do chão, se aproximando novamente de mim.

— E você está suando assim só porque não gosta de loiras? — ele questionou, passando a mãos pelas minhas. — Isso não cola. Anda, o que foi?

Eu odiava com todas as minhas forças falar sobre aquilo, reviver tudo mesmo que fosse só na mente, mas teimoso do jeito que era, eu sabia que eles não sairia dali sem uma reposta. Tentei forçar o ar a passar pelos meus pulmões e abri e fechei as mãos, obtendo algum sucesso.

— De onde você tirou a ideia de me dar uma bailarina? — questionei.

Ele passou as mãos pelo pescoço, parecendo envergonhado.

— Eu mexi nos seus arquivos, na Shield, uma vez. Pouco depois de voltarmos pra base após, bem, todo mundo virar pó... Tem bastante coisa lá. Foi onde descobri seu aniversário, também — ele franziu o cenho, claramente incomodado pela confissão. — De qualquer maneira, eu não li tudo, só um pouco, e lá dizia que um dos seus hobbies é o ballet. Mas nunca te vi dançando, então supus que fosse algo que você tinha perdido depois da vida como espiã, e que seria legal ter uma lembrança. Agora acho que me enganei.

Ele me olhou, um tanto sério e um tanto preocupado. Revirei os olhos. Que raios! Eu precisava começar a controlar a influencia que esse homem tinha sobre mim.

— Quando eu era uma criança, era algo do qual eu gostava. Eu fazia parte da escola de treinamento do meu pai adotivo, Taras Romanoff, e eles usavam o ballett, cheio de técnicas e posturas, para iniciar a preparação das mais novas. Eles nos forçavam até o limite, mas eu gostava, eu era boa. Mas quando cheguei ao programa Viúva Negra, isso mudou. Não é só o soro, o treinamento e a resistência, mas também apagam quem você é, e te dão uma nova vida a partir de falsas memórias. Por anos, acreditei que eu tinha pais, amigos e uma carreira como bailarina do Bolshoi que na realidade eram falsas, só usadas para a manipulação da minha mente — suspirei. Umedeci os lábios e desviei o olhar do de Steve, tentando encontrar coragem dentro de mim mesma. — E o tempo em que passei em Vormir... Talvez o meu corpo estivesse morto, mas não foi como dormir. Era como se... Eu estivesse presa dentro da minha própria alma. Presas nas lembranças, e todas de forma distorcida, ainda piores, se repetindo e se repetindo, e todos os sentimentos e a culpa causavam...

Fechei as mãos em punho em uma tentativa de me acalmar. Eu não tinha contado nem a metade dos flashbacks que me assombraram na prisão de Vormir, das torturas psicológicas e físicas que relembrei, de todas as mortes e do sangue em minhas mãos que me deixavam acordada na maioria das noites. Ele não precisava saber daquilo, não tinha relação direta com a dança. Mas olhar para aquela bailarina dentro da caixinha, trazia a tona as falsas lembranças e toda a dor de quando as perdi. Durante os cinco anos que passamos antes da viagem no tempo, eu tinha recuperado um par antigo de sapatilhas de ponta e tentando voltar a dançar, por umas duas ou três vezes, para tentar me concentrar em algo que não fosse em meus amigos mortos. Mas em todas elas o fluxo de lembranças se tornava intenso demais até que, por fim, me afastei do ballett de vez.

— É a primeira vez que você fala sobre o tempo em Vormir — ele pousou suas mãos em cima das minhas, havia preocupação em seu olhar. — Talvez estejamos nos precipitando em voltar. Você...

— Eu estou bem, não começa — avisei, não querendo que ele pensasse que aquilo era algum tipo de regressão. — Você não é a droga do meu psicólogo. Eu não falo porque não foi agradável. Eu só quero esquecer, e eu estava conseguindo. E vou conseguir mais ainda se sairmos daqui para eu poder voltar para a minha vida normal.

Steve não parecia ter acreditado totalmente em mim, mas assentiu. Era outra coisa que eu gostava nele. Ele nem sempre acredita em tudo o que digo, mas confia em mim. Era o suficiente.

— Eu não te conheço nem metade do que eu penso que conheço, não é? — ele me questionou, os olhos tristes. — Me desculpe, Nat. Eu não imaginei que pudesse te ferir, era pra ser um presente.

Vi tristeza em seus olhos, talvez por mim, ou talvez pela decepção de ter errado no presente, e não gostei nada daquilo. Vê-lo entristecido me incomodou profundamente. Olhei para ele, e para o presente tão singelo jogado no chão. Aquilo era ridículo, eu encolhida de medo de uma caixinha de musica! Qual era o meu problema, afinal?

Depois de respirar fundo, peguei a caixinha do chão e a abri. A musica tranquila emanou de lá de dentro. Passei a mão pela pequena bailarina loira, de pele branquinha, que usava um vestido branco, tão detalhada que até cachos caiam do coque feito na cerâmica.

— Não, a culpa é minha — murmurei, ainda encarando a bailarina. — É um lindo presente, e eu aceito, sim. Obrigada.

— Não precisa aceitar só por minha causa.

— Não é por sua causa. Eu quero — teimei. Aquilo o fez abrir um pequeno sorriso, e eu me senti satisfeita.

— Então quer dizer que você não gosta de loiras? — ele perguntou, mais descontraído agora. Desviei o olhar da caixa para ele e o encontrei encostado na parede, com os braços cruzados, próximo demais. Dava para ver todo o contorno do seu peitoral através da regata branca que ele usava, eu não deixei de notar.

— Não muito, na realidade — confessei. — Nunca encontrei uma de quem gostasse de verdade. Elas têm algo de irritante que não suporto.

— Ei, eu sou loiro — ele levantou uma sobrancelha.

— Eu disse loiras, e não loiros. Você é tolerável — brinquei. — Não sabia que era tão delicado, Soldado. Onde adquiriu conhecimento em escultura?

— Minha mãe me ensinou, quando eu ainda era um garoto magricela e asmático. O nome dela era Sara. Ela era loira também, como a boneca — ele riu. — Nesse acaso, acho que você acabou de xingar a minha mãe.

— Oh, o menininho da mamãe ficou ofendido? — fiz um bico e me aproximei dele.

— Se a minha santa mãezinha não tivesse me ensinado a não bater em mulheres indefesas, Romanoff, você estaria encrencada.

Cerrei as sobrancelhas. Devagar, fechei a caixinha e coloquei-a em cima da cômoda. Olhei para ele pelas costas, ele ainda ria. Sorri maliciosamente. Vamos ver quem ali estava encrencado.

Tão rápido quanto meus reflexos permitiam, pulei para cima dele. Ele previu meu movimento e agarrou meus braços no ar, me paralisando. Aplicando força, girei meus braços sobre os dele e posicionei a minha perna por trás, fazendo-o cair no chão e consequentemente me fazendo cair por cima dele.

— Quem é indefesa agora? — perguntei.

Mas ele não tinha desistido. Meu braços, que estavam segurando os dele por cima da cabeça, se soltaram e se prenderam na minha cintura, então ele usou seu corpo para nos virar no chão e me prendeu embaixo dele, com os braços pressionados sobre meu peito. Nós dois arfávamos, e seu rosto estava perto demais. Meu peito acelerou e meu estômago se revirou. O que estava acontecendo ali?

— Acho que é você — ele sussurrou, mas estava perto demais, de forma que pude sentir seu hálito fresco.

Sem conseguir emitir uma resposta coerente, entreabri os lábios em busca de ar. Naquele momento eu quis beijá-lo, quis beijar Steve Rogers como nunca quis nada em minha vida antes. Ele pareceu ler a permissão e o desejo em meus olhos, e atendeu meu pedido silencioso.

Quando os lábios dele tocaram os meus, foi diferente de tudo o que eu já tinha sentido. Sim, já tínhamos nos beijado antes, mas em um disfarce e no meio de uma perseguição, não contava. Steve tinha o beijo mais delicado e o mais voraz ao mesmo tempo, e conseguiu me tirar o ar.

Minutos depois, já sem fôlego para continuar, ele desgrudou sua boca da minha, e eu o encarei. O que raios tínhamos acabado de fazer?

— Nat...

— Não se atreva a se desculpar — ameacei, já sabendo que ele o faria.

Ele levantou de cima de mim e me ofereceu a mão para me ajudar. Ignorei-o e me levantei sozinha. Não podíamos ter feito aquilo. Por mais delicioso e bom que tenha sido, por mais que ele tenha me surpreendido, por mais que... Argh! Não! Éramos amigos, parceiros, não amantes. Ele já tinha um amor, no passado, que ele nunca superou, e esse alguém não era eu. Não que eu me importasse com esse título ou com a minha moral, mas me importava com os sentimentos de Steve, e isso confundiria não só a mente dele, como poderia arruinar a nossa amizade. E eu precisava dele.

— Precisamos conversar sobre isso — ele insistiu. Parecia perdido, mas me encarava com seriedade. O que será que ele estava pensando?

— Não precisamos não — declarei. Abri a porta do quarto, apontando para fora. — Tchau, Rogers.

— O quê? — ele perguntou, incrédulo.

— Cai fora do meu quarto, Steve! Agora.

Ele apertou os lábios, como se estivesse se controlando para não me responder. Passou por mim lentamente, me olhando antes de passar pelo batente da porta, então eu a fechei. Me encostei na porta arfando, sem acreditar no que tinha acontecido e sem saber o que fazer. Como seria nossa convivência dali para frente? Porque, no fundo, eu sabia que não tinha sido só um beijo. A droga do meu coração disparado me dizia que eu não conseguiria tirar aquilo da mente tão facilmente. Eu estava terrivelmente ferrada.

De longe, a caixinha de musica me encarava.


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Notas finais do capítulo

Pra quem pediu Romanogers nos comentários: de nada.

Esse capítulo pode, possivelmente, ter sido bem confuso pra vocês. Basicamente o que aconteceu foi: depois que o Tony morreu, a Pepper usou a joia do tempo pra voltar alguns segundos (como Thanos fez com Visão em Guerra Infinita, lembram?), trouxe ele de volta, e então ela, a Capitã Marvel, o Quill, o Banner, Thor e mais heróis que estavam próximos seguraram a manopla juntos para dar o estalo final, que acabou com Thanos e seu exército. Assim, como o poder da manopla foi dividido entre eles, Tony não morreu. Apenas ficou bem ferido. (Isso é possivel ou faz sentido? Não sei! Mas eu preciso do Tony vivo nessa história por causa do que planejei pro filho dele então é isso ai). Fãs do Homem de Ferro: de nada também.

O próximo capítulo de passa em 2039, no futuro. Farei o possível para não demorar com ele.

Obs.: eu ainda não comecei a sexta temporada de Agent's of Shield, então o que é feito de referência aqui, eu estou deduzindo a partir do final da quinta.
Inclusive esse é outro erro dos irmãos Russo que eu tô tentando corrigir nessa história: ter deixado os Agentes de fora dos filmes.

Galera, eu AMEI os comentários no último capítulo. Vocês são demais, mesmo! Obrigada!
Podem continuar que eu deixo.