Amor Perfeito XIII - Versão Arthur escrita por Lola


Capítulo 5
Orgia


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ♥



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— Ele é mercenário, egoísta, mentiroso, infiel... São poucas as qualidades que eu poderia admirar em Caleb.

— Mas ele te dá uma grana do caralho! O cara é herdeiro de ÍTALO MONTEZ! Quantos helicópteros ele tem? Iates? – revirei os olhos. Havíamos voltado para a universidade e ido até meu alojamento pegar meu carro para irmos para a quebrada onde ele conseguiria comprar a droga.

— Já vou avisando, se sujar eu vou embora e te deixou se ferrar sozinho. – falei enquanto começava a dirigir. Ele me guiou e eu comecei a me arrepender de ter aceito aquilo. A rua deu lugar a uma estrada de terra e estávamos literalmente entrando em uma favela, mas que não ficava no morro, era mais embaixo. Pessoas estranhas nos encaravam. Caras sem camisa e com uma expressão de insatisfeitos e desconfiados.

— Fica tranquilo, eles não vão fazer nada. – eu estava tenso porque nunca tinha ido naquele lugar, não dá pra saber como é, nem pra onde correr se acontecer alguma coisa. Se fosse o morro de Torres pelo menos, eu conhecia a maioria das pessoas e dos caras, era bem mais suave. – Encosta aí. – ele disse e fez sinal para um dos caras. Deixei-o falar com ele sozinho. Essa pica não era minha.

— A gente tem que ir até em frente a casa do chefe, ele explicou onde é. – andamos mais umas duas ou três ruas e viramos em uma quebrada infernal, cheia de buracos no chão e sem saída. Beleza. Se desse alguma merda ia me enfiar no muro. Só faltava essa.

— Desliga o farol playboy filho da puta! – um cara que estava do lado de fora falou com um tom nada amigável.

— Carro maneiro. – um cara que saiu da casa com um rádio na mão disse e começou a analisar o veículo. – Não é costume vim gente com carro zero aqui. – olhei para Rafael demonstrando como ele tinha tido a pior ideia do mundo. – Ow, quando eu estiver falando você olha pra mim. – eita porra. Voltei a olhar para o cara.

— Chefe, o pó deles. – o que mandou desligar o farol entregou o saquinho para ele. Rafael estava tirando o dinheiro da carteira.

— Sai dai, quero dar uma volta no seu carro. – sentei relaxadamente encostando meu corpo todo no encosto da poltrona e com o cotovelo apoiado na janela massageei minha testa com o polegar e indicador. Se eu perdesse aquele carro, a porra do meu pai iria me fazer voltar pra casa e nunca mais me daria nada. – Tá surdo branquelo?

— Relaxa Arthur, ele quer só da uma volta. – Rafael disse e saiu. Abri a porta e sai vagarosamente encarando o tal chefe.

— Não bota uma marra que a gente... Manda pro além. – ele me ameaçou e entrou no carro, saindo cantando pneu violentamente.

— Eu te odeio! – falei olhando para Rafael.

— QUAL É ARTHUR PORRA? VOCÊ VALORIZA MAIS AQUELE CARRO QUE O SEU PÊNIS QUE VAI SE DIVERTIR TANTO ESSA NOITE?

— PORRA, PARA DE GRITAR, CARALHO! TÁ QUERENDO DAR PALA, PORRA? DAQUI A POUCO APARECE POLÍCIA AÍ COM ESSA GRITARIA DO CARALHO! SEUS PLAYBOYS! – um dos caras disse gritando bem nervoso e o meu coração quase saiu pela boca e minha garganta se fechou como sempre acontece nessas horas de aperto. Os caras da boca de fumo inteira começaram a olhar pra gente, que merda! Ele continuou gritando, até um cara chegar perto.

— Tá mandando o moleque parar de gritar e tá gritando também, seu viado! E para de chamar os clientes de playboy! O patrão já deu ideia que não é pra fazer isso. – o outro não aceitou ser chamado a atenção e partiu pra cima dele. Ah, pronto! Agora seriamos responsáveis por um derramamento de sangue na boca.

— HAHAHA! VAI LÁ MORENINHO, SOCA A CARA DELE! VAI! – wtf, Rafa? Ele iria mesmo narrar a briga? Os caras continuaram discutindo e se esmurrando até que um deles tirou uma arma do bolso, CARALHO. Fodeu muito agora.

— Vamo parar com essa putaria, seus merdas. Vô atirar no pé de quem começar com graça. – o chefe disse ao chegar saindo pulando do carro quase em movimento.

— Vamos vazar. Anda. – Rafael me arrastou para entrarmos novamente no carro.  A partir daí eu já não me lembro de mais nada. Eu dei ré e depois corri como se a morte estivesse vindo atrás de mim num raxa clandestino. Que viado esse Rafa, que viado, que bicha louca e afetada. Quase bati em outro carro e furei uns quatro sinais vermelhos e eu não sabia mais pra onde estava correndo, só corria feito um louco. O Rafael estava rindo igual um filha da puta. Logo ele ia parar de achar graça e notar o que realmente estava acontecendo! Será que ele não estava entendendo a porra toda?!

Não demorou muito pra que eu me acalmasse e visse que não havia nenhum traficante doido atrás da gente. Eu estava tão puto e, ao mesmo tempo, tão aliviado, que comecei a rir também. Mas é um viado mesmo! Parei o carro no acostamento e ficamos ali por uns cinco minutos sem conseguir parar de rir.

Tu viu a cara do chefão??? – ele perguntou entre as risadas. – Ele estava muito puto porque colocamos os soldados deles para atracar igual galo de briga.

— Você devia levar um tiro no pau para deixar de ser idiota! Eu passei um aperto do caralho. – falei e voltei a rir.

— Eu já te amo cara! Você é parceiro para tudo! Eu faço seu rolê virar o melhor do mundo vai, admite. – o olhei enquanto ainda riamos. Depois de nos recuperarmos voltamos para a festa. Estava tudo igual, mesmo eu tendo a impressão de que fazia quase um ano que tínhamos saído de lá, de tanto aperto que passamos.

— Vou tentar achar a loirinha. – ele disse já saindo e eu fui procurar as meninas. Eu as achei juntas ainda, no mesmo canto. Era fácil passar o tempo perto de Fabiana, além de comunicativa ela era carismática. Peguei uma bebida e coloquei um gelo na boca e passei nos lábios, beijando a nuca de Fabiana que estava de costas para mim. Ela deu um gritinho escandaloso, me fazendo rir.

— Se você faz isso comigo acho que não sobrevivo. – Alícia disse e dei um sorriso safado. Mina direta ganha pontos.

— Do que estão falando? – perguntei simpaticamente para poder entrar no assunto.

— Primeira vez! – Fabiana exclamou e deu uma risada. Comecei a lembrar de como foi a minha. Eu estava bem nervoso no dia, e nem sei se eu mandei muito bem. Ela também nem soube, porque também era virgem. Foi um rolê bonitinho. Mas porra, isso já faz um tempo. Eu já comi mais minas que eu podia querer na vida. Vou te dizer, os garotos pensam muito em sexo, mas depois da primeira vez, vira vício.

— Conte a sua experiência Arthur. – Alícia pediu dando um sorriso que me indicava que ela queria mais que saber e sim experimentar.

— Ah, nada relevante.

— Biana, vamos buscar mais bebidas? – a outra garota chamou minha colega de quarto, parecendo perceber o clima que rolava ali.  Logo agora o Rafael apareceu como se tivesse brotado do chão. Ela sorriu ironicamente e foi logo se virando pra ir embora. Fico puto com essas coisas, a mina não merecia ter que correr de ninguém. Puxei ela de volta.

— Foda-se. Arthur vamos nessa. - não podia largar a Alícia sozinha, ainda mais pra ir com o Rafael. A guria ia ficar arrasada. Era mancada.

— Eu vou daqui a pouco, pode ir.

— Olha lá, hein? – ele milagrosamente não insistiu e saiu rapidamente. Ela ficou quieta de braços cruzados, olhando pra um ponto qualquer. Continuei tomando minha bebida, como se nada tivesse acontecido. Mas o silêncio dela estava começando a me incomodar.

— O Rafa não é justo contigo né? – a olhei.

— Ninguém que sabe do que aconteceu é na verdade.

— Apesar disso ele é um cara legal. – nem sei porque estava dizendo aquilo.

— Ele acha que só porque tem aqueles olhos azuis ele é melhor que as outras pessoas. Só se aproximou de você porque é igualmente chamativo.

— Sou a porra de um letreiro agora? – perguntei e ri. Ela deu uma risada e voltou a ficar em silêncio.

— Eu não sei qual é a das minas que gostam de caras do tipo dele. Ele pode meter bem, como eu imagino que faça, mas não perde a oportunidade de deixar a mina mal. Acho que é disso que elas gostam.

— O cara que você envolveu também não era legal né...

— Não vou me fazer de coitadinha. Peguei o irmão dele. Ele fez por vingança.

— Como é que é? - ela estava me contando sobre os podres dela? Não era possível. Qualquer garota iria ocultar esse fato ou se esconder da verdade até a morte.

— A história é longa, e ninguém sabe da metade dela.

— De qualquer forma você é vitima. Ele não tinha o direito de fazer aquilo. Nunca. Em hipótese alguma. Você podia ter pegado o pai dele. Nada justifica que fique bem claro. – ela me olhou com admiração.

— É difícil achar um cara que pense igual a você. – fiquei calado. - O cara mandou mal mesmo e eu fui muito burra. - eu não sabia o que dizer, mas nem precisei. As garotas são assim mesmo. Adoram falar. Ela contou toda a história em detalhes, desde o principio até o desfecho. Fiquei com pena, de verdade. Ela estava tendo um caso com o irmão do cara que ela nem namorava, só ficava e ele descobriu, fez com que ela mandasse as fotos e depois espalhou. E foi uma barra do caralho pra ela, a escola inteira ficou sabendo. Admiro ela pra caralho por não ter saído da escola, nem desaparecido nem nada. Mas que é burrice fazer esse tipo de coisa, é. Você não pode confiar em qualquer babaca. Parece que reviver aquilo fez mal a ela porque ela começou a chorar.

— Já passou, esquece isso.

— Esqueceria se o olhar do Rafael não me lembrasse o tempo todo. Nem fora da minha cidade consigo ficar longe desse inferno. - ela tampou o rosto com as mãos e chorou pra caralho. Levei-a lá pra fora pra ninguém vê-la chorando e achar que eu fiz alguma coisa. Fiquei imaginando o que Fael estaria fazendo, e por que caralho eu não estava lá, mas coitada da mina. A gente sentou em uma praça que havia ali perto e ela ficou chorando e falando da vida dela.

Desculpa, Arthur. - ela disse enxugando as lágrimas. Acho que agora ela finalmente tinha parado de chorar.

— Não tem problema. – acendi um cigarro. Eu não fumava. Bom, na verdade fumei um pouco no auge da adolescência, mas havia parado. Aqui estava eu de novo entregue a esse vício horrível do demônio.

— Eu estou fodendo sua festa.

— Relaxa.  – ela ficou me olhando e sem dizer uma palavra sequer me beijou. Que porra, eu iria ser beijado hoje sem aviso por todas as minas? Depois ela sorriu e foi embora. Fiquei sentado lá ainda por um tempo, até terminar o cigarro, imaginando que a Alice podia um dia ser tão burra quanto Alícia e acabar se metendo em uma encrenca dessas e sair machucada dessa forma. Mas isso não aconteceria com ela. Começando pelo fato de que os pais dela não a deixariam se envolver com ninguém. Ainda mais algum babaca feito o cara da história de Alícia ou até mesmo Rafael. Falando nele, cadê aquela porra?

Assim que terminei meu cigarro, me levantei e voltei pra festa, mas não conseguia encontra-lo. Perguntei pra umas minas muito loucas onde estava a dona da festa, mas elas não conseguiam falar nada que eu pudesse entender. Fui para o segundo andar, eles deviam estar em um dos quartos. Era um corredor grande pra caralho com um monte de portas fechadas. Putaria maluca a cada quarto que se abrisse, imaginei. Não daria para abrir cada porta e ver se eles estariam por ali, não mesmo. Liguei para ele e ele não atendeu. Que merda.

— Se os pais da Lu voltam e vê essa zona que ela fez durante a viagem deles ela tá fodida!- uma garota passou comentou com outra e começou a rir alto. Reparei na que ouvia a amiga, ela usava um body muito decotado, que mostra até uma pequena parte do bico do peito dela.

— Essa Lu que você está falando é a loira dona da festa né? – perguntei a garota do comentário.

— Sim. – ela respondeu parecendo me analisar. Não consegui tirar os olhos do decote da outra.

— Sabe onde ela tá? – dessa vez me esforcei para voltar minha atenção a ela.

— Tá querendo ela e olhando pra mim? – a outra perguntou me fazendo sorrir. Tomei um gole da garrafa de cerveja que estava em minha mão e voltei a olhar pra ela. Seu olhar me dizia que ela sabia que eu estava olhando para ela com segundas intenções.

— É que meu amigo está com ela. – expliquei e ela sorriu de um jeito que as minas sorriem quando encontram um cara que elas acham que valem muito a pena. E eu valia. Sabíamos muito bem disso. Ela estava disponível, sorrindo pra mim, sozinha, e fazendo de tudo pra mostrar interesse. Eu ia fazer o que?

Dei mais um gole em minha garrafa e me aproximei dela segurando sua nuca do jeito que eu sabia que elas gostavam, daquele jeito quando você enfia os dedos no meio do cabelo delas, e depois segura. Ela já desabou num gemidinho baixo. Começamos a nos beijar, e eu passei meu braço em volta de suas costas, mesmo que a garrafa ainda estivesse em minha mão. Ela colocou as duas mãos dentro da minha camisa, passou a mão por todo o meu corpo parando no botão da minha calça jeans.

— Vai com calma. – falei baixo me separando dela. Olhei em volta e vi que a amiga dela havia ido embora. Olhei aquele corredor cheio de portas. Um daqueles quartos tinha que tá vazio. Saí abrindo as portas, mesmo contra a minha vontade e com muito medo do que eu iria ver. Encontrei umas pessoas transando, algumas dando um tiro, outras passando mal. Num dos quartos, encontrei o Rafa e a Lu deitados, já com uma cara de pós sexo.

— Já estou pronta para recomeçarmos. – a loirinha disse e me olhou com uma expressão maliciosa.  

— Porra, mano. – resmunguei. O sexo a três que ela tanto queria. Pensei que já havia desistido, eu me enganei.

— Ele ainda trouxe uma amiguinha. – o idiota do Rafael invés de me ajudar piorou as coisas.

— Rafael eu te conheço há uma semana e vamos fazer uma orgia juntos?

— Vai ser uma experiência nova pra mim. – a garota que estava comigo e sorriu, mostrando gostar da ideia. Só eu tinha uma merda de consciência naquele lugar? Que se foda. Ninguém estava obrigando ninguém a nada, então estava tudo certo.

Não era a primeira vez que eu fazia aquilo. Murilo e eu pegamos duas amigas e fomos para um motel uma vez. Só que eu transei no banheiro e ele no quarto. Não misturamos os casais. Já tive duas minas chupando o meu pau, mas também não terminou em transa. Aquilo seria diferente. Bem mais profundo. Bem diferente mesmo.

— Não encosta a mão em mim. – avisei a Rafael que deu uma risada.

— O meu lado feminino é totalmente lésbico Arthur, nem em sonho isso aconteceria.

— Vem. – a garota que estava comigo fechou a porta e me puxou para a cama. Estava escuro, muito escuro. Rafa abriu um pouco a cortina para um feixe de luz entrar. A loirinha já estava nua então tirei a blusa da outra, que já havia jogado seu short longe, tirei a minha roupa também, fiquei beijando o pescoço dela, enquanto ela alisava minhas costas. Quando ela começou a me arranhar, a rodei em um movimento rápido e a coloquei em cima de mim. Nessas horas até sinto orgulho de ser eu. Na boa, se o cara te guia com tamanha facilidade você só pode esperar o melhor dele pro que vem depois. Rafael chegou atrás dela e começou a alisar a bunda dela. Eu já não tava aguentando mais, tava muito foda, mas estava muito bom pra ser verdade. Ele a pegou de mim e a loira veio com tudo. Ela segurava meu peito com muita força enquanto me beijava.

— Vou me arrepender disso amanhã. – ela disse baixo em meu ouvido e mordeu o lóbulo da minha orelha. Qual é a dessas minas que tem crise de santidade bem nessas horas? Tá querendo provar alguma coisa pra mim? Eu quero mais é que se foda. Ela prosseguiu com o beijo. Continuamos no amasso mais um pouco, até que comecei a beijar os peitos dela, ela já estava se contorcendo então mandei ver, já tinha até esquecido que estávamos em quatro. A mina rebolava pra caralho e gemia feito louca.

Rafael a colocou para chupa-lo e eu comecei a beijar a outra garota e pegar em seu peito. Era inexplicável essa sensação. Já estava ficando difícil de segurar, mas não era nem o começo. Depois de várias trocas e experiências, eu estava dentro da garota que encontrei no corredor,  ela me abraçou forte com as pernas, e depois relaxou com um gemido e parou com a respiração ofegante, tendo um orgasmo. Fiz o mesmo. Ficamos tentando recuperar o fôlego. Ouvi Rafael gemendo e sujando o rosto da loirinha. Quando voltei a mim, comecei a pensar onde eu enfiaria a minha cara, já que muito provavelmente, o tesão já havia passado e a vergonha chegado com tudo. Soltei a mina, colocamos nossas roupas de volta.

O cara que dividia o quarto com Rafael havia ido passar o fim de semana em casa e como o alojamento dele ficava bem antes do meu decidi dormir por lá mesmo. Daqui a pouco iria amanhecer, eu estava com uma fome e a ressaca iria ser do caralho. Dormi antes de encostar a cabeça na almofada. Sonhei com Alice. Ela estava em um campo florido e usava vestido rodado, sorria para mim e corria como se fosse um pássaro, cheia de liberdade e felicidade. Ela era tão o oposto de tudo.

Acordei e olhei para o lado. Rafael estava na outra cama e olhava para mim. Quando viu que eu havia acordado ele deu um sorriso igual ao do coringa.

— Gostou da noite de ontem?

— O que tem pra comer aê? Tô mortão de fome! – ignorei sua pergunta.

— Vai te foder, tu acha que eu sou dona de casa que fica indo pro mercado? – revirei os olhos. – O que tu ficou fazendo ontem antes de subir?

— Fiquei na festa, porra.

— Você sabe muito bem o que quero saber. O que rolou com a Alícia?

— A gente só conversou cara.

Porra! Tu é foda! Que viadagem Arthur! Vai dizer que a mina desabafou sobre os problemas da vida dela e chorou também. - que idiota. Pior que tinha chorado mesmo. Disse a ele que ela me contou toda a história das fotos, como aconteceu, que ela gostava do irmão do cara e se envolveu com ele sendo que só havia ficado uma vez com o outro, enfim.

— De todo jeito Arthur agora não tem mais o que tu fazer.

— Como assim?

— Ela te contou tudo. Sinal de que ela confia em ti. Sinal de que tá a fim de ti. Sinal de que tu come ela fácil.

— Sinal de que você não pensa em outra coisa nenhuma porra de tempo. - meu estômago já tava me matando.

— To com uma fome do caralho. Não vai querer comer?

— Tu tá drogado? Que larica de maconheiro!

— Vai pro inferno. – me levantei com dificuldade. Minha cabeça doía e eu estava com a boca seca pra caralho, de quando dá aquelas ressacas fodas mesmo, mas acendi um cigarro. Saí andando sem rumo, como tenho feito com frequência. Não conseguia parar de pensar no escroto do Kevin com Alice sem eu estar por perto. Acho que o mataria se os vissem juntos. Por isso era melhor não voltar pra casa ainda. Precisava esquecê-la. Entrei no carro e fui para o meu alojamento. Tomei um banho longo e coloquei uma bermuda, ligando para a merda do primeiro número que entregava comida mais perto e esperei chegar. Fiquei surpreso quando chamaram e eu desci vendo ser uma entregadora.

— Alícia? – perguntei e ri.

— Você pediu comida no bar que eu trabalho, por que a surpresa? Tem outro entregador, mas dia de sábado os pedidos são muitos e eu tenho que dar uma mão. Isso não devia acontecer já que tirei carteira a pouco tempo. – ela disse e deu uma risada nervosa. – O dono de lá tem um parafuso a menos. Não que eu seja imprudente, não é isso e eu também não quero dizer que mulher não sabe pilotar... – vi que o nervosismo não era só por não ter experiência com motos.

— Ei. – segurei em seu braço. – Respira.

— Eu te beijei ontem. Do nada. E eu te contei a minha vida toda. Acho que eu estava um pouco bêbada. E você está sem camisa. – dei uma risada.

— Acontece. – tentei analisar seus pensamentos.

— O beijo sim, claro, você é totalmente irresistível. Mas os desabafos... Desculpa. Mesmo.

— Eu gostei. – ela continuou com os olhos em meu peitoral exposto.

— Do beijo? – sorri.

— Também. Mas me referia a poder saber mais sobre você. – ela pareceu não esperar aquilo ou só estava recuperando o ar ainda. Reparei em seu rosto, ela tinha sardas, não tantas quanto minha irmã Otávia ou a Sofia, mas tinha. Sua boca era quase tão grande e carnuda quanto a de Alice, mas a boca de Alice era... A boca de Alice.

— Seu pedido. – ela entregou a sacola com nó e dentro o recipiente de isopor redondo. – Um strogonoff de filé bovino com acompanhamento de fritas? – ela leu o papel e me perguntou. Seu cabelo que era curto e preto voou com o vento que passou e eu a fiquei observando.

— Isso. – ela tirou a máquina e eu passei o cartão. Nos despedimos e eu subi correndo, comi igual a um animal e depois deitei e dormi de novo. Acordei e vi que já estava escuro.

— Caralho Arthur! A gente tem que combinar de desligarmos o celular a cada vez que eu o outro vai dormir. De novo essa merda vibrou como se não houvesse amanhã. – Biana reclamou enquanto eu pegava meu aparelho.

— Dona Luna, a senhora poderia parar de me ligar todo dia? – perguntei assim que retornei a ligação para a minha mãe.

— Ligo um dia sim e um dia não. A meta é ligar uma vez na semana, calma Tuh, estou me acostumando com você estar fora de casa. - fechei os olhos. Só ela e Alice me chamavam assim. 

— Já falamos tanto sobre isso mãe. – resmunguei.

— O seu pai diz que as coisas aí são intensas... E que a universidade vai transformar você.

— Você acredita nele? – perguntei e dei uma risada.

— Não me iludo que você vai estar quieto aí. – ela desconversou. – Mas tenho medo que deixe os estudos de lado.

— Isso nunca vai acontecer mãe.

— Como você está?

— Bem e você? E Otávia?

— Tá tudo bem. Seu tio está um pouco preocupado com Alice. Ela ficou muito triste com a sua partida. Ele nunca a viu assim.

— Ela vai se acostumar. – suspirei. Deixei minha mãe falar pelos cotovelos o que ela quisesse e desliguei. Rafael estava me mandando mil mensagens, ignorei e tentei dormir de novo. Só tentei. O celular estava perto do meu travesseiro e começou a vibrar sem parar. Olhei e vi que era Murilo. Ele não me ligaria atoa. Atendi rápido.

— Sei que você falou para não te contar nada, mas... – ele fez um silêncio estranho.

— Fala logo Murilo. – me sentei sabendo que era sério. – O que o Kevin fez? – fiquei esperando ele responder, mentalizando que não iria ser legal eu decidir matar o meu meio irmão.

— Ele levou a Alice para um motel.

— Vai-te-foder. - repeti pausadamente. – Que brincadeira mais sem graça Murilo!

— Não é brincadeira Arthur. Estou falando sério. – será que ele havia acabado de usar drogas? Porque ele só podia tá numa viagem de ácido.

— Explica isso direito! – falei entre os dentes tentando a todo custo me controlar.

— Meu pai não a deixou ir ao festival, ela foi escondido e aprontou essa. Mas não aconteceu nada, não deu tempo. E não se preocupe, ele foi socado brutalmente pelo meu pai. E isso deve ter doído muito. Acho que ele não vai voltar a aprontar nem tão cedo.

— QUE ESCROTO DO CARALHO! – levantei e joguei alguma coisa no chão. Vi que Fabiana estava em choque e fechei os olhos e respirei fundo.

— Arthur calma! – a voz de Murilo beirava o desespero. – Não devia ter te contado nada.

— Devia sim. – falei entre os dentes. Minha vontade era pegar meu carro e ir até Torres agora, apenas para socar a cara de Kevin. Mas eu não devia fazer isso. Ia contra tudo que estou buscando. Despedi do meu primo e desliguei a ligação.

— Se quiser conversar... – Fabiana falou um pouco sem graça e ainda assustada.

— Vou sair. – sem ligar ou mandar mensagem fui atrás de Rafael. Pelo menos ele iria me distrair. Era o que ele conseguia com maestria. Antes de chegar ao seu alojamento eu o encontrei em uma lanchonete com dois caras, reparei na mesa e tinha uma cerveja ao centro e várias cartas de baralho. Logo entendi que estavam jogando truco. Cumprimentei todos e puxei uma cadeira da outra mesa, me sentando. Ele viu que eu não estava bem.

— Poderia te perguntar o que aconteceu... – Fael disse ainda encarando suas cartas, depois me olhou. – Mas eu estou jogando e se eu perguntasse você iria estar me atrapalhando. – revirei os olhos e não disse nada.

— Não vai rolar nada hoje? – perguntei depois de um bom tempo.

— Que eu saiba não. - mas que merda, Fael sempre tinha algum rolê. Por que não hoje? Dia de merda mesmo. Por um lado era até bom, porque eu ainda estava quebrado da noite ontem. Respirei fundo.

— Vim pra ver qual seria a boa de hoje. Não podia ficar em casa de jeito nenhum. – falei baixo.

— Tretou com sua colega de quarto?

— Não.

— A princesa dos olhos dourados. – ele concluiu sem me olhar.


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