Amor Perfeito XIII - Versão Arthur escrita por Lola


Capítulo 32
Afronta


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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Arthur Narrando

Meu pai conseguiu estragar meu dia ao me abordar de manhã, a frase “Então convence o Kevin ou alguém vai se ferir feio” ecoava em minha cabeça. Ele queria que Kevin não ficasse com Murilo, por toda a influência positiva que isso surtia em meu irmão.

Passei a manhã toda estressado, no fim da tarde foi que o meu humor começou a melhorar um pouco. Não sabia o que fazer, mas não queria pensar nisso e também não iria encher a cabeça deles agora, eles pareciam tão felizes, todo o tempo que estavam perto deles via que sorriam tanto. E os olhares que eles trocavam? Era tão bonitinho, não conseguia trazer mais problemas ainda. Eles sabiam que Caleb estava na cola dos dois, uma ameaça a mais e uma a menos...

Mas eu sabia que eles precisavam de ajuda para arrumarem essa bagunça. Então deixei meu nervosismo de lado e tentei pensar serenamente.

— Qual é? – Fael sentou ao meu lado no refeitório. – Não vai jantar?

— Já jantei. – fiquei o observando comer. – Você só está do meu lado porque aparentemente temos um caso?

— Porque somos amigos. Ou éramos né? Você fodeu tudo com essa história de ser gay e ter um caso logo comigo!

— Se somos amigos você poderia fazer algo por mim?

— Mais do que estou fazendo?

— Para de tratar Alícia mal.

— Parei faz tempo. Estou pegando leve com ela.

— Poderia começar a se importar com ela?

— Por que está me pedindo isso?

— Ela não é ruim, só toma decisões erradas. No fundo você sabe disso.

— Mas não tô a fim de bater palma para as decisões erradas dela.

— Se você trata-la de outra forma, você pode ter uma Alícia que não erre tanto...

— Por que você tá falando essas coisas? – ele me encarou desconfiado.

— Nada. – respirei fundo. – Acaba logo para irmos para o jardim. Quando chegamos notei que estava só os meninos.

— Cadê as meninas? – Fael perguntou ao se sentar.

— Cuidando do cabelo ou sei lá o que. – Yuri respondeu e reparei que ele estava olhando para Murilo e Kevin. – Esses dois retardados não param de fazer um tipo de brincadeira que eu não entendi até agora e rir. – ele me olhou. – Bota ordem na creche. – assoviei e eles me olharam. Ergui a sobrancelha.

— E aí Yurizinho, quem você tá pegando? – Fael perguntou iniciando um assunto, que claro, tinha que ser mulher.

— Ninguém. – ele suspirou.

— A Carla quer, mas ele ficou louco com a Larissinha. Até eu ficaria se fosse juvenil.

— Ah, homenzão! – Murilo zoou Ryan.

— Vindo de você eu não posso nem responder. – eles se olharam. – Caralho o Murilo é o cara, já o vi pegar cada uma... Aquela professora da academia, Júlia né? Mano, que mulher. Como você consegue?

— Não vou revelar os meus segredos. – ele mandou beijo para ele fazendo os outros rirem.

— Engraçado que para o Yuri você dá até aulas.

— O que eles estavam falando? – Alê perguntou curioso. Até eu queria saber.

— Não vou envergonhar meu priminho em publico.

— Ah não Murilo, vai ter que contar. – falei e olhei meu irmão que já estava vermelho. – E por que não veio até a mim? Acha esse idiota muito melhor que eu?

— Você é muito sério, o Muh é mais aberto.

— NÃO DESVIEM O FOCO! – Alê gritou nos olhando. – O que era?

— Eles não vão desistir. – ele avisou a Yuri e começou a responder. – Ele achava que estava fazendo movimentos rápidos demais... E me questionou qual era o certo.

— E o que você respondeu?

— Não dou consultoria grátis.

— Doutor do sexo agora?

— Olha a minha lista bebê.

— Não é porque você faz muito que faz bem.

— Então por que elas voltam?

— É, não tenho respostas.

— O que você respondeu Murilo?

— Vocês não transam caralho?

— O ritmo é de acordo com cada um... Cada caso. Não existe regra.

— Não é regra, mas se você está em cima de uma mulher achando que está apostando uma corrida não é um bom caminho.

— Então seria devagar?

— Razoavelmente.

— Por quê?

— Estou me sentindo cercado de crianças. – ele respirou fundo. – Questão de sensibilidade. – ele viu que eles não entenderam. – Puta que pariu. Vou tentar exemplificar. Quando temos sensibilidade no dente e mordemos um picolé dói num dói? Então... Se mordermos rápido dói menos, se for devagar vai doer pra caralho, assim é o prazer... Quanto mais o movimento for devagar maior vai ser a sensação. Rápido só rapidinhas e olhe lá. Agora minha aula acabou.

— Caralho, o moleque é foda mesmo. Faz todo sentido.

— Isso é básico, me ensine sobre o sexo entre homens. – Fael pediu e eu o olhei enraivecido com aquilo.

— Você poderia fazer isso melhor já que é quem tem um caso com Arthur. – Kevin respondeu rapidamente defendendo Murilo que nesse momento estava encarando Rafael.

— Mas o especialista aqui é ele. – ele percebeu o clima pesado. – É só uma brincadeira.

— Murilo nunca fica calado, que porra está acontecendo? – Ryan perguntou olhando para os dois.

— Não é você que diz que não tem a masculinidade frágil? O que foi? – Rafael continuou tentando amenizar suas palavras.

— Ele tá de zoeira. Daqui a pouco dá um berro e assusta todo mundo.

— Ou ele está se sentindo derrotado por não saber do assunto.

— Você tá preocupado? – ele perguntou encarando Rafael, aquilo não iria acabar bem.

— Eu? O cú é seu.  A forma como você dá não é meu problema. Só quero saber se você é o bonzão mesmo.

— Vem para uma foda comigo que você vai tirar suas próprias conclusões.

— Agora? – eles ficaram se olhando. Tinha que intervim naquilo, mas não sabia como, qualquer coisa que eu dissesse poderia ser comprometedora demais. – Vamos lá Murilo. Não desafie se não tem coragem.

— Se ele te pega ele arromba até a sua próxima geração só pra te dar uma lição. To sentindo o ódio no olhar dele. – Ryan falou passando os olhos de um para o outro.

— O Murilo não tem culpa de nada, não desconta nele. – falei sério encarando Rafael, sabia que ele estava assim por causa da minha conversa anterior sobre Alícia. Ficamos nos encarando.

— É, mas não posso descontar em você porque parece que estamos fodendo nessa porra desse lugar. Arthuzinho. – ele saiu andando e era melhor que ele ficasse sozinho agora.

— Não entendi nada que rolou aqui, mas lembrei que liberaram cerveja. Vou lá buscar, quem vem comigo me ajudar a trazer? – Alê falou se levantando e Yuri o acompanhou. Ryan os acompanhou dizendo que estava com fome e iria pegar algo para comer.

— Dá pra explicar que palhaçada foi essa? – meu primo perguntou com o olhar sério. Não era pra menos.

— Pedi a ele uma coisa que mexe com ele e... Não sabia que ele iria descontar em você, foi mal.

— O que pediu a ele?

— É algo pessoal dele. Desculpa.

— Então sei lá, dá um jeito nisso porque se for para ele ficar me afrontando toda vez que se sentir mal com algo que eu nem tenho a ver vai ser bem difícil.

— Indiretamente você tem a ver.

— Ele é apaixonado por Fabiana? – Kevin questionou e neguei.

— Ele é um babaca preconceituoso do caralho e no fundo queria ficar com um cara?

— Não. Mas ele tem inveja de você. Você tá com quem queria estar independente de ser um cara ou não... Já ele não consegue nem tratar quem ele gosta bem.

— O que eu disse? Um babaca.

— Você teve tanta paciência para ajudar o Kevin, me ajuda com ele Murilo.

— Eu sou um centro de reabilitação agora?

— Ele é tão fofo não é? – Kevin perguntou e mordeu a bochecha dele.

— Parece um ursinho de pelúcia. – respondi olhando os dois.

— Você não quer ir deitar com esse ursinho não? – ele olhou para o meu irmão cheio de manha.  – Sabe que eu odeio ter que ficar perto de você desse jeito.

— Eles vão desconfiar Murilo. E tá cedo ainda.

— Então vamos para outro lugar, só quero ficar sozinho com você. – fiquei olhando meu primo e dei uma risadinha baixa.

— Alice tem o mesmo charme. – dei um sorriso. – Vai Kevin. Você não tem outra escolha. – ele coçou a cabeça parecendo nervoso e acabou indo. Sabíamos que era questão de tempo todos perceberem, e esse tempo parecia que seria curto.

Kevin Narrando

Murilo e eu fomos para a ponte enquanto os meninos bebiam e conversavam. Confesso que era uma troca perfeita. Ele estava deitado em meu colo enquanto eu fazia carinho em seu cabelo. Comecei a ficar sem graça pela forma como eu sorria sem parar.

— Conseguiu descobrir alguma coisa? – ele suspirou ao lembrar o meu pai.

— Parece que o seu pai o esta ajudando a burlar a segurança... Tomara que seja para a tal Lis ir embora.

— Mas isso não tem nada a ver com a gente.

— Tem coisas que não dá pra saber antes que ele faça. A única coisa que sei é que ele não quer que seu pai saiba da gente e só. E como já chegamos a um acordo quanto a isso... – entrelacei nossas mãos.

— Poderia ficar a vida inteira aqui. Ou deitado com você em minha cama. Ou apenas com você em qualquer lugar.

— É assim que você conquista as meninas? – ele riu.

— Está devolvendo a ofensa quando perguntei se era daquela forma que manipulava as pessoas?

— É isso que eu amo em você, você me entende.

— Foi assim que tudo começou.  – ficamos nos olhando. Vi uma movimentação lá embaixo e suspirei pesado.

— Ah não! Não é possível. – reclamei ao notar Rafael vindo. Murilo levantou a cabeça tendo a mesma visão que eu.

— Juro que eu derrubo ele daqui de cima se ele agir daquela forma.

— Oi. Vim pedir desculpa. Fui um babaca. Foi sujo o que eu fiz, vocês... Estão começando a ficar agora e eu trouxe pressão fazendo aquelas perguntas e...

— Não tenho medo e insegurança de transar com o Kevin Rafael. Sexo pra mim é algo muito simples se ainda não percebeu. O que me deixou puto foi que você não foi legal... Não pensou se causaria algum desconforto.

— Sou um idiota. – ele se sentou e parecia realmente arrependido.

— Por que está se sentando? Já pediu desculpas, pode ir.

— Me deixa ficar aqui com vocês.

— Por que fica atrás da gente? – ele ficou calado.

— Admiro vocês. Acho foda a forma como nenhum dos dois correu disso.

— Disso? – questionei indignado.

— Desculpa. Do que sentem.

— Você tentou testar nossa coragem? Por isso ficava provocando com aquele papo de viadinho e tal?

— Talvez. Não sei. Eu faço coisas idiotas sem saber bem o motivo. – ele respirou fundo, parecia querer desabafar.

— Quanto antes falar é melhor. – incentivei.

— Nunca transem com alguém que tem atração... Essa atração pode virar um caralho de um sentimento muito forte. E essa pessoa pode não te corresponder. E você precisará agir como um completo inútil para fazê-la te odiar para que ela tenha pelo menos algum sentimento... Daí o seu melhor amigo quer que você pare com isso, que finalize esse ciclo de ódio. Ele não entende o quanto é doloroso pra mim. Nunca entenderia.

— Eu me achava bom em disfarçar emoções, mas você... Não sei se é por não reparar em você... Jamais imaginaria que sente algo por ela.

— Ah tá! – Murilo cruzou os braços. – Agora eu sou obrigado a participar do papo dos dois enigmáticos. – dei uma risadinha do jeito dele e me abaixei selando nossos lábios. Ele me puxou e me beijou. Eu me separei sem graça, ainda não havíamos nos beijado perto de ninguém.

— Ele está falando de Alícia. – contei enquanto Rafael continuava olhando para frente.

— Não se beijem mais, por favor. – sabia que Murilo iria xinga-lo e mandar ele sair dali. – Antes que apele ow estúpido – ele o olhou. – Não é por preconceito, é porque estou mal mesmo. Isso me deixa mais triste ainda.

— A gente não está pedindo a sua presença.

— Quando você virou eu? – perguntei olhando aquele idiota lindo.

— Não vou ficar sem te beijar porque ele tá na fossa. Problema é dele se não é correspondido.

— Sério Murilo?

— Rafael sabe quando posso beija-lo? Agora. Não posso ficar com ele perto dos nossos amigos. Não posso ficar com ele perto das pessoas do abrigo. Não posso ficar com ele perto dos nossos pais. Nesse tempo que está aqui acho que já me conhece bem e sabe que essa situação está começando a me encher o saco, eu odeio me sentir preso a algo ou a uma condição, sei lá... Entendo o que está passando, ou não, porque nunca passei por isso, mas sei que está sofrendo, só tenta entender que esse é o único momento que eu tenho com ele.

— Vou deixar vocês sozinhos. – ele iria se levantar, mas o segurei.

— Não vai. É até bom que esteja aqui. Assim não surgem suspeitas. Só não se importe com os nossos beijos. Pode ser?

— Ele virou você e você virou ele... É isso que acontece com os casais? – fiquei vermelho. Ainda não éramos um casal. Era muito cedo. Tudo era complicado, desde estar em um abrigo até sermos um casal que os pais não aceitariam.

— Você está colocando pressão de novo na gente. – Murilo avisou e ele ficou sem graça.

— Quando eu vou conseguir deixar de ser idiota?

— Por que Arthur quer que você finalize o ciclo de ódio? – perguntei mudando o assunto.

— A mania dele de salvar o mundo.

— Ou ele só está se distraindo do fato dele e Alice não estarem juntos. – Murilo opinou. – Quis ajudar o Kevin para me distrair do fato de ter feito Fabiana sofrer.

— Pode ser. – ele concordou.

— Como você tem certeza que ela não te corresponde? – ele revirou os olhos. – Tá, eu sei que ela baba por Arthur, mas talvez seja só físico e não emocional.

— Não quero mais falar disso. – ele respirou fundo. Era perceptível o que aquilo doía muito nele. Começamos a falar de outra coisa, até Murilo começar a me beijar demais e ele ficar sem graça e sair dali. Fomos dormir juntos, como estava sendo todos os dias. E parecia que cada novo dia conseguia ser melhor ainda que o anterior.


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