Amor Perfeito XIII - Versão Arthur escrita por Lola


Capítulo 26
Novo Kevin


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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Arthur Narrando

Não acreditava que havia feito aquilo. Mas fiz. Ela me olhava com aquele olhar provocante. Seus olhos verdes combinavam tanto com o cabelo vermelho e a pele clara.

— Roda a chave. – ela olhou para a porta da sala do meu pai. Parecia querer rir. Aquilo me fez lançar um olhar revoltado, mas logo vi o lado bom. 

— Ouvir isso me deixa de alguma forma... Relaxado eu acho. – falei e ela riu. – Você queria realmente apenas isso. Pensei que eu teria que lidar com mais drama. – suspirei.

— Ah... Não sei se deu para notar, mas eu sou uma mulher e não uma adolescente. – ela riu mais ainda. – Se houvesse a mínima possibilidade de estar me apaixonando eu não estaria aqui.

— Por quê? – acabei de arrumar minha roupa e a olhei.

— Seria muita burrice, pois iria ser mais doloroso ainda pra mim. – fui até a porta. – Você claramente não quer esquecer sua prima. Não faz o mínimo esforço. Fica atrás dela o tempo todo. Em meus vinte e seis anos eu nunca vi um cara tão obediente a um sentimento.

— Talvez a gente não fique junto. Talvez eu a veja se casando e seja até o padrinho dela... – dei um sorriso. – Mas sempre vou ama-la. Tem algo especial entre a gente, algo puro e inocente que eu não consigo entender. É diferente de tudo, tenho certeza disso.

— Prefiro o seu irmão mau que conseguiu conquistar o priminho garanhão. Vejo muito mais simplicidade nos dois, apesar de toda complicação que os envolve.

— Ainda tem isso. – suspirei. – Acha mesmo que é simples?

— Seu primo está pouco se fodendo para qualquer coisa, tira da cabeça que seu irmão vai sofrer. E para de tentar atrapalhar os dois. Se não puder ajudar, não faça nada.

— Você fez alguma coisa? – perguntei bem preocupado. Ela abaixou a cabeça.

— Falei para o Kevin que percebi que Murilo está apaixonado.

— VOCÊ É LOUCA?- gritei nervoso. – Nunca mais procure o Kevin! Ele está desconfiado do pai e se chegar até você... Lis. Por favor. Kevin vai acabar contigo.

— Percebi que ele é bem estourado, mas ele mudou completamente quando falei de Murilo.

— Se ele souber que você é amante do Caleb, você pode falar do Papa que ele vai continuar te odiando. Promete que vai ficar longe dele?

— Tá bom. Deixa de ser dramático. Vamos. – ela abriu a porta e saímos rápido. Não havia ninguém no corredor. Fomos para lados opostos. Passei na porta do dormitório de Murilo e o vi com Kevin completamente agarrado. E foi ali que eu vi que eu não podia fazer mais nada.

Kevin Narrando

Sabia que não conseguiria dormir em paz. Não no mundo em que Caleb Montez existisse.

— Você já conseguiu o que queria. Enganou Arthur, seu priminho e até os pais dos seus amigos e quem sabe seu titio querido. Mas a mim você não engana. Tira essa máscara de bom moço e diz agora quais são os seus planos. Você me surpreende Kevin.

— Já você não me surpreende nem um pouco.

— Está pagando de bom samaritano por quê?

— Porque agora eu mudei o foco e quero infernizar você invés de Arthur. – olhei em seus olhos e ele ficou me encarando por um bom tempo. – Não pretendo cuspir seus podres por aí, se é o que está pensando. É mais o trivial... Jogos. – pisquei e me preparei para sair do meu dormitório, não aguentaria ficar mais um minuto perto dele.

— Você pretende ganhar a família e fazer o que depois disso?

— Um bom jogador nunca mostra suas cartas.

— Tá bom. Mas você sabe com quem está jogando. Hoje o seu irmão já começa a pagar por suas atitudes. – tive que manter a pose, mas fiquei totalmente em alerta. Foi ele quem saiu, me deixando preocupado e assustado. Havia acabado de tomar banho então me troquei e fui atrás de Arthur. Eu o encontrei no refeitório, na fila do almoço.

— Precisamos conversar sério.

— Eu vi aquilo. – ele me olhou e sorriu.

— Ae. – lembrei-me dele ontem encostado a porta do dormitório do Murilo de braços cruzados, já era tarde. – Eu estava tentando fazê-lo dormir. Se eu não ia ajudar que sentido tinha estar ali?

— Sei lá... Achei muito fofo. – o olhei e revirei os olhos. – É estranho ver de forma tão natural? – ele franziu a testa.

— Você nunca fez carinho em alguém do mesmo sexo?

— Hum... Sim, no Murilo. – ele respondeu parecendo surpreso e riu. – Ele é bem cariciável né? – chegou a vez dele e ele olhou para trás. – Você furou fila.

— Não estou com fome. Vim falar algo sério, para de falar do Murilo!

— Achei que fosse sobre ele.

— O satã vai fazer algo contra você. – ele ficou pensativo. – Ele veio atrás de mim questionar minhas atitudes e disse que se vingaria em você se eu continuasse...

— Não importa o que ele faça comigo. Se ele não fizer nada a Alice já está ótimo.

— Caralho, você ama MUITO essa garota!

— É, mas... É mais um daqueles clichês que não dão certo.

— Tudo culpa minha. – nos olhamos enquanto ele se sentava.

— Você é humano, sente remorso. Isso é incrível. – ele falou sem ironia alguma. Engoli seco um pouco sem graça.

— Olá irmãozinhos. É tão estranho ver os dois juntos agora. – Sofia comentou se sentando. Com ela vieram todos. Ou quase todos.

— Chegou o único que faltava. Achamos que tinha morrido. – Rafael falou ao ver Murilo chegar e se sentar.

— Quase isso. – ele respondeu e passou a mão no rosto.

— Vou pegar comida para você. O que quer? – Alice perguntou e falou o que tinha a ele e assim que ele escolheu ela saiu saltitante. Eu olhava para todos os lados, não sabia o que podia ameaçar a segurança de Arthur, mas eu não iria desgrudar dele.

— Kevin chegou encomenda. – a moça que ficava na cozinha falou e eu fiz uma expressão de raiva.

— Vem comigo. – falei olhando para meu irmão.

— Você quis o castigo e agora quer que eu carregue as caixas contigo? – ele perguntou quase rindo.

— Não é isso...

— Ah, relaxa. Não vai acontecer nada.

— Se for sair daqui me manda mensagem falando aonde vai estar.

— De irmãos inimigos para irmãos inseparáveis. Segura essa! – Ryan exclamou e riu. Sai e tentei fazer o descarregamento em tempo extraordinariamente rápido. Depois pude ter um tempo livre para observar tudo e reparei um movimento estranho no jardim. Lógico que ele mandaria o Arthur cavar um buraco e esconderia em outro. Fui correndo até o refeitório onde a maioria estava sentada tomando café da tarde.

— Por que não está cuidando das plantas? – perguntei olhando Alice.

— Seu pai me deu folga para cuidar do meu irmão. – reparei em Murilo ao seu lado. – Ele só veio comer e vai deitar de novo. – ela se explicou com seu jeitinho meigo. Desgraçado. Havia alguma coisa naquilo tudo.

— Não pode andar sem camisa aqui garoto Kevin. – uma das mães me parou e eu coloquei minha blusa rapidamente.

— Temos que voltar para a biblioteca. – Alexandre chamou uma das gêmeas que eu nem notei qual era e com eles saíram mais alguns para função.

— Você já acabou de descarregar o caminhão? – Arthur perguntou e eu fiz sinal positivo enquanto olhava o final do corredor. – Vai acabar se machucando fazendo as coisas nessa velocidade.

— Ou acabar ficando mais gostoso, tá indo pelo caminho certo. – Alícia falou me olhando. Ela estava tentando inutilmente fazer ciúme em Arthur, toda oportunidade ela aproveitava.  Eu não podia me distrair com isso. Vi no corredor ao longe o guardinha passando. E parecia procurar alguma coisa.

— Tenho que ir. – falei e sai correndo. Entrei no dormitório do Arthur e comecei a mexer em tudo, na cama, criado, armário... Não deu outra. A droga que eu coloquei estava lá. E Caleb com certeza havia feito uma denúncia. Do próprio filho. Que iria ser expulso e pegar uma doença e morrer. Enfiei aquele tablete enorme em minha bermuda e me virei para correr para algum lugar. Meu dormitório era longe e aquilo era grande. Eu iria ter que bolar um plano. E bem rápido. Mas não deu tempo nem de pensar.

— Posso saber o que você tem aí? – olhei para o rosto do homem em minha frente.

— Droga. É minha.

— E o que faz aqui com ela?

— Vim ver se acho alguém que queira usar comigo, mas não acho ninguém. Você viu algum dos meninos?

— Não seja debochado. Diga agora de quem é essa droga.

— Minha! Que inferno. Pode nem ser drogado mais não?

— Não. Você vai para a sala do Gustavo agora. – fiquei naquela sala por horas e horas, até convencer que a droga era minha para consumo e não venda. Eu estava mudando e retroceder assim era como se eu estivesse fingindo antes, não fazia sentido. Inventei uma história que era viciado, mas que estava tentando mudar, acho que os comovi porque consegui não ser expulso.

— Você roubou a droga e mentiu para me proteger.  – Arthur falou assim que sai da sala. - A verdade é que eu estaria lá fora se não fosse por você.

— Vai se foder, você não vai fazer isso comigo.

— Isso o que?

— Conseguir me comover, mexer comigo.

— Não estou tentando fazer isso, mas tenho que te agradecer.

— Não vou deixar que ele te faça mal, já disse isso. Eu sou tão sujo quanto ele, sei do que ele é capaz. – fomos para o lado de fora.

— Você era. Nossa... Isso é horrível. Eu não me reconhecia. Tudo eu via armação, jogos mentais, mentiras... – ele precisava desabafar então o conduzi até a ponte de ferro onde nem todos tinham acesso e poderíamos ficar sozinhos.

— Eu quero mudar, mas eu não sei se eu consigo. - falei depois de um tempo. 

— Você consegue sim, já está mudando e muito.

— Menti para ele hoje. Entrei na dele e fiz os joguinhos como eu não deveria ter feito. – o celular dele começou a tocar, era a Lis, a namorada ruiva. – Termine com essa mulher. – falei assim que ele rejeitou a chamada. – Ele não pode mais te obrigar, eu sei de tudo. – ele me olhou muito assustado. – Relaxa. Não vou fazer nada. Só não quero que isso afete mais ainda você e Alice.

— Não existe eu e Alice. Tá estranho. Nem amigos parece que somos. – ele afirmou com tristeza e suspirou.

— Perdão. Nada que eu faça por você vai apagar o estrago que fiz com vocês dois. Eu podia ter acabado com tudo, menos com isso.

— Você não tinha alma. Não é sua culpa. Sabe... O que a gente fez para ter um pai desse?

— Queria saber também.

— Pensei que você fosse mata-lo ao saber da traição.

— Estou muito ocupado lidando com uma mistura de sentimentos bem estranhas... – ele me olhou atento.

— Murilo? – desviei o olhar.

— Por que só ouvir o nome dele faz meu estômago se contrair por inteiro?

— Até que enfim! Admitiu. – ele ficou sério. – Como isso aconteceu?

— Não sei.

— Por que não me contou antes?

— Não sei ainda o que está acontecendo... Como eu disse, é uma mistura de sentimentos estranhas... Só sei que quero cuidar dele. O tempo todo. – nos olhamos.

— Lis disse que ele te corresponde.

— Ela me falou. E você acha mesmo que ela sabe de alguma coisa? Não suporto essa mulher.

— Você não acha possível?

— Não, eu não acho Arthur.

— E o seu namorado? Por que de repente você se abriu assim?

— É difícil ainda pra mim isso de me abrir e tal... Não quero falar disso.

— Tá. Então me conta, como foi que descobriu que era gay?

— Querendo beijar o Murilo. – ele riu. – Mas nunca gostei dele. – suspirei.

— Por que agora? - o olhei e desviei o olhar.

— Foi natural. A gente sempre se deu bem e ele estava preocupado com a irmã, se aproximou mais de mim para eu deixa-la em paz, me convenceu a te pedir perdão... Resolveu me ajudar a mudar. Acabei mudando demais. – abaixei a cabeça. – Sei que ele é o cara mais heterossexual do mundo e agora não paro de pensar naquele sorrisinho presunçoso dele... Que idiota.

— Do jeito que você está falando parece até o seu primeiro amor. – o olhei sem graça. – Ah não! Seu primeiro amor tinha que ser o seu primo garanhão. Kevin, você é mesmo estranho!

— Vamos, tenho que ir ver como ele está.

— Seu olho até brilha quando fala nele, que bonitinho!

Ignorei as gracinhas dele e fui atrás de Murilo que já estava com todos do lado de fora. Segundo Alice eles queriam distrai-lo. Arthur começou a contar casos com o Rafael. A única coisa que eu queria era tirar ele dali e leva-lo pra dentro. Quando aquele amigo da Sofia chegou e o apontou como alvo dele... Minha vontade ficou ainda maior.

Estar com Murilo, apenas nós dois, perdidos um no olhar do outro, era como esquecer tudo, não existia o Murilo que nunca iria ficar comigo, existia só... Nós dois e esse sentimento que eu não conseguia entender, mas não conseguia negar e que também não tentaria fugir.

Arthur Narrando

Precisava conversar com Alice sobre Kevin e Murilo. Seria bem pior se ela descobrisse quando eles já estivessem envolvidos o bastante.

— Tuh... – a olhei surpreso. – O que foi?

— Faz tempo que você não me chama assim.

— Também faz tempo que você não me chama para conversar. – suspirei.

— É sobre o Murilo... – olhei para ela.

— Seja o que for fale de uma vez. O que está acontecendo?

— É delicado. É complicado. Eu não sei como dizer. Preciso que me prometa que a sua reação vai ser a mais calma possível.

— Ele está envolvido com algum garoto? – ela me olhou parecendo assustada e ao mesmo tempo tão confiante. – Entendi o que ele disse com aquele amigo da Sofia.

— Então... É isso.... – ficamos nos olhando.

— O Murilo... É gay? – sua voz saiu baixo.

— Não sei. Não conversei com ele. Acho que nem ele entendeu ainda o que está acontecendo com ele.

— Algo me diz que você está tentando chegar aos poucos onde quer.

— Sim. – respirei fundo e olhei para frente. – É o Kevin. – a olhei e vi que ela ficou branca e sem reação.

— Não. – tentei controlar o que eu sentia em relação a sua reação.

— Não?

— Preciso de tempo.

— Você sente algo por ele ainda Alice? – olhei para ela bem sério.

— Acho que você ainda não entendeu... Kevin. Ele... Ele me manipulou. Ele fez o que fez com a gente. Não posso deixar o meu irmão com esse ser Arthur.

— Ele mudou, você não está vendo?

— Como você sabe que agora ele é uma boa pessoa?

— Ele correu o risco de ser expulso daqui para me salvar... Não dá pra explicar, é coisa do meu pai. – bufei. – Ele cuida do Murilo como se fosse a coisa mais preciosa que ele já viu na vida... E ele sabe o quanto o seu irmão não vai levar isso numa boa e mesmo assim não quer deixar de se importar com ele, porque pra ele o fato de não ser correspondido ou ser correspondido e ainda assim não tê-lo, é menos importante que vê-lo bem. Ele coloca o Murilo acima dele. Isso não é mudar?

— Meu Deus. – nos olhamos.

— Foi você que me disse que ele era uma pessoa legal, que existia alguém diferente dentro dele. Você sabia disso desde o inicio.

— Isso foi antes de saber que ele só estava me usando para te atingir! O que eu estou querendo dizer é que eu tenho medo dele fazer Murilo sofrer.

— Nós dois queremos o que é melhor para Murilo e nesse momento é ficar perto de Kevin. Você ainda confia em mim?

— Eu nunca vou deixar de confiar em você.

— Precisava que soubesse... Tem que lidar com isso antes dele.

— Posso ficar deitada em seu ombro? Ou sua namorada vai achar ruim?

— Não tenho namorada Alice. Esquece isso.

— É tanta coisa para esquecer... – peguei em sua mão e entrelacei a minha.

— Só não se esqueça da gente. – sussurrei com suavidade. 

— Nem se eu quisesse eu conseguiria. – ela se aconchegou ainda mais em mim e eu esperava que amanhã a gente não se afastasse novamente.


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