Amor Perfeito XIII - Versão Arthur escrita por Lola


Capítulo 22
Neurótico


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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— Você sumiu o dia inteiro. – Lis chegou até a mim. Onde eu havia conversado com Kevin eu ainda estava. – Todos já foram dormir. O que foi?

— Nada. – a olhei. Ela era uma margem a isso tudo. – Não tinha nenhum encontro com ele hoje? – voltei a olhar para frente.

— Não. Sinto que ele está me punindo pelo nosso beijo.

— Não duvidaria. – respirei fundo.

— Vejo que retrocedeu bastante ao plano de esquecê-la.

— É o meu irmão... Sei que sou esperto o suficiente para entende-lo e juntar as peças de tudo que ele vem fazendo, mas não consigo. E agora ele disse uma coisa que me deixou muito pensativo... Eu nunca o vi com nenhuma garota.

— É aquele do sorriso bonito e cabelo preto?

— Não, esse é o Yuri. É o outro.

— O tatuado dos olhos claros? – fiz sinal positivo. – Ele é gay. Não é assumido? – fiquei olhando para ela sem reação. – Ninguém nunca percebeu?

— A teoria de que ele é obcecado por Alice faz mais sentido.

— Ele não olha para garotas e para ela parece até um olhar mecânico, sem emoção. Observe-o a partir de agora e veja se não tenho razão. Não costumo errar. – ela deu de ombros. Continuei em silêncio. – Ele tem dezessete? Dou aula para garotos dessa média de idade, aprendi um pouco com isso.

— Se você estiver certa acho que entendi o que ele quis dizer.  – respirei fundo, se fosse mesmo isso era bem mais complicado que pensei.

— Alguma vez você deixou toda essa tensão de lado e relaxou? – nos olhamos e dei um sorriso. Lembrei-me de Rafael e do quanto estávamos nos afastando ali no abrigo.

— Algumas vezes.

— Poucas, eu imagino. – ela ficou me olhando. – Não sabia que roía unha.

— Não é te tirando, mas você não sabe muitas coisas sobre mim.

— Apenas que ama sua prima e quer esquecê-la.

— Isso qualquer um sabe. – me levantei. – Vou dormir. Devia fazer o mesmo.

— Decida o que os seus discípulos devem fazer, não eu. – ela respondeu em tom de brincadeira. Dei uma risadinha e fui para meu dormitório, passar a noite em claro, tentando entender Kevin.

 

Kevin Narrando

Não odiar Arthur era um exercício diário e complicado. Não conseguia olhar para ele e não sentir vontade de alguma forma acabar com a paz dele. Mas eu estava me esforçando tanto para isso que eu não iria me entregar a essa vontade estúpida, mesmo que a namoradinha falsa dele esteja dificultando um pouco esse meu esforço.

Quando ela veio até a mim e disse sobre como adolescentes sofrem para se aceitar quando se descobrem homossexuais e aquele tanto de coisa... A única coisa que eu conseguia pensar era em inúmeras formas de partir a cara dela. Ela não sabia absolutamente NADA sobre mim. A coisa que eu mais fazia era me aceitar. Nem por isso eu precisava ficar gritando aos quatro cantos o que eu gostava ou deixar isso estampado em meu jeito de ser. Estereotipados não me agradavam e eu só não era assim. E tudo bem. Cada um é de um jeito.

O mais engraçado é que eu não revelava isso a ninguém e acabaria me abrindo com o meu irmão, a pessoa mais improvável. Mas uma coisa eu tinha que admitir, se existia alguém no mundo em que eu podia confiar, esse alguém era Arthur.

Sempre tomei cuidado para manter esse assunto a distância. Mas o jeito que eu me abri... Era ilusão achar que ele não entenderia.

— Bom dever! – Gustavo disse assim que finalizei o dia. Lavei o rosto no tanque e vi que ele ainda me olhava. – Olha... Não sei se isso é um personagem... Mas estou orgulhoso de você. – ele sorriu me deixando ainda mais sem graça. – Espero que possa finalmente entender que não precisa ser igual ao seu pai. Você pode ser uma pessoa melhor.

— Eu não te perguntei nada. – sai andando com raiva. Moralistas do caralho! Como odiava esses caras. Mas eu precisava ter calma. Eu precisava.

Arthur Narrando

Ainda era cedo, encontrei Lis saindo de seu dormitório, peguei seu braço e levei de volta, sentando com ela na cama.

— Quantas vezes vou ter que te alertar que tem que tomar cuidado com tudo? Você não pode sair por aí agindo como se realmente fosse minha namorada e estivesse preocupada com o que me perturba. Não chegue mais perto do Kevin!

— Arthur...

— Você simplesmente chegou para ele e perguntou se ele era gay? Enlouqueceu?

— Não fiz assim. Ele é MUITO ardiloso, só tentei abordar o assunto de uma forma artificial e ele entendeu de primeira e já reverteu a situação para você.

— Você não acreditou nele? – a olhei assustado.  Kevin convencia qualquer um de qualquer coisa.

— Percebi que ele gostava de joguinhos. Sou mais velha Arthur, um pouco mais de maldade e experiência ajudaram né? Mas o motivo principal de não acreditar nem foi esse, porque eu poderia no mínimo ter ficado na dúvida, ele é muito bom nisso.

— Então porque não ficou?

— Um cara que beija uma mulher como você beija não pode ser gay. - ficamos nos olhamos.

— Alice e eu conversamos... Não tem mais jeito. Kevin nos destruiu como queria.

— Por que tem sempre que falar dela? O assunto nem era esse.

— Foi mal. Bom... Você não contou ao meu pai então?

— Não. Por quê?

— Ele é machista. Isso seria um grande problema.

— Típico dos machistas traírem suas esposas.

— Sabe que não está em posição de julgar né?

— Quero falar com você. – olhei para o lado e vi Yuri.

— Vamos. – me levantei e sai andando com ele. Esperava que não fosse nada sério.

— Estou apaixonado por Larissa. E ela está, mesmo que escondido, com Alexandre. E eu estou a um ponto de enlouquecer. Só penso nela, só vejo ela, quero ela o tempo todo e para piorar tudo a irmã dela está dando em cima de mim há mais tempo que eu posso suportar.

— Não dá para ficar longe das duas?

— Você ouviu o que eu acabei de dizer? – ele bufou insatisfeito. – Você consegue ficar longe de Alice? Nem lá na Universidade conseguia. E que caralho de namoro é esse, você pode me explicar?

— Os últimos dias têm sido tão cansativos... – comecei a pensar em tudo. – Você acha que estou muito com nosso pai?

— Quase não te vejo mais Arthur. Mas aqui, tudo é diferente. É um caos.

— A convivência com ele é altamente perigosa. Ele me enfiou de cabeça em toda a escuridão que ele vive. Essa namorada faz parte disso, ela é amante dele.

— O que? – ele arregalou os olhos completamente assustado. – E por que você aceitou isso?

— Não importa. – suspirei. – Só não queria esconder isso de você. – o olhei. – Sei que não tenho sido um bom irmão. Bom... Você veio atrás de conselho. – chegamos até o refeitório e avistei o pessoal na fila. – Basta reparar a forma como Larissa olha para o Alê. – ele a olhou. – Faça de tudo para esquecê-la. Não use Sophia para isso. Mas também não diga que sente algo pela irmã dela, isso só vai nutrir mais ódio entre as duas.

— Como vou conseguir esquecê-la? – ele perguntou com a voz triste.

— Decida verdadeiramente e saberá como. – nos olhamos e eu indiquei com a cabeça a fila do café.

Depois de tentar fazer Kevin se abrir comigo novamente eu acabei explodindo e levei Murilo praticamente a força para longe de todo mundo e o encostei contra a parede.

— Como conseguiu convencer Kevin a me pedir paz? – ele olhou para cima e depois voltou a me olhar. – Fala Murilo, por favor. Estou ficando angustiado já.

— Quando éramos pequenos enquanto você protegia Alice eu e ele criamos um laço afetivo. – ele respondeu e deu de ombros.

— Kevin não tem laço afetivo com ninguém. – ele me olhou e desviou o olhar. Seu silêncio permaneceu intacto. – Fala alguma coisa Murilo!

— O que você quer que eu diga? Não achei que ele fosse me ouvir, apenas dei um conselho. É nítido que ele está indo longe demais no plano de destruir você, ele te faz usar drogas, iludiu minha irmã, tramou tanta coisa... Já deu. Ele tem que parar com isso.

— Desde quando você da conselhos ao Kevin? – olhei em seus olhos.

— Desde quando eu me importo com as consequências dos atos dele.

— Não. Você se importa com ele.

— Ele é meu primo, seria natural também.

— Ele é um demônio. E você sabe disso.

— Sou semelhante. Tirando o fato que não destruo pessoas... Não conscientemente. Como Fabiana está?

— Bem. – respirei fundo e passei a mão no cabelo.

— Você está acabado.

— Se vocês dois me ajudassem eu não estaria. Quase não dormi essa noite. Preciso saber o que está rolando e sei que não é te pressionando...

— Não está rolando nada Arthur.

— Ele disse que me ama Murilo. E acabou de admitir isso em frente a todos. Esse não é o Kevin. Tudo leva a você. – encostei a parede que ele estava encostado. – Você confia em mim. Sabe que pode confiar. Só me diz o que está acontecendo com ele.

— Já disse tudo que sei. E mesmo se tivesse algo a mais eu não diria, você não é mais confiável Arthur. Virou o cachorrinho do Caleb.

— É isso que vocês dois acham?

— Respondo por mim e não por ele.

— Ele queria me deixar neurótico e conseguiu. Kevin não mudou porra nenhuma! Que ódio. Agora ele já deve estar aprontando alguma. Aposto que aquela vadia da Lis tá junto dele nessa e colocou coisa na minha cabeça também.

— Cara! Dá um tempo. Fica longe do seu pai. Sério mesmo. Ele é tóxico. E você já está totalmente contaminado.


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