Amor Perfeito XIII - Versão Arthur escrita por Lola


Capítulo 18
Jogo Sujo


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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Evitava andar em qualquer lugar do abrigo, para não ter que trombar com Kevin e Alice se beijando como aconteceu no dia que viemos para cá. Fora isso eu me preocupava com tudo menos com eles.

— AH! – Murilo chegou e se jogou em minha cama colocando o travesseiro no rosto e dando um grito abafado.

— Achei que só as garotas faziam esse tipo de coisa. – comentei e continuei olhando para o meu celular.

— A área de celular aqui é horrível... O que está fazendo?

— Deletando algumas fotos. – eu estava sentado na cama também, mas encostado na parede, então ele arredou para perto de mim e levantou a cabeça vendo o aparelho.

— Com a minha irmã? Que merda tá acontecendo com vocês dois hein?

— Acontecendo? Nada. Já aconteceu. E acabou. – o olhei. – Por que você deu esse grito abafado no travesseiro? Está em dúvida em qual marca de tênis usar hoje? – voltei a olhar o celular.

— Você odeia tanto Caleb, mas não sabe a sorte que tem.

— É... Devo ter muita sorte de ter um pai infiel, mentiroso e sem escrúpulos. Ganhei na loteria.

— Todo mundo te conhece pelo seu nome, não pelo do seu pai. É isso que eu quero.

— O meu pai é apenas um empresário mesmo que de uma rede de hotéis renomada, tradicional e muito bem sucedida. O seu pai foi o MAIOR lutador de todos os tempos. Dá pra você respeitar a história dele? Nem tudo diz respeito a você Murilo. Não sei por que te incomoda tanto que as pessoas te conheçam por ser filho dele. Eu teria um orgulho do caralho.

— A gente tem mais problemas do que parece.

— Ah cara, todos temos e isso... – ele me parou.

— Não. Não é só porque ele me acha um desregrado maníaco sexual. – ele olhou para baixo. – Aconteceu uma coisa que ninguém sabe.

— Se ninguém sabe eu não quero saber.

— Mas vai, você está estranho, se afastando, mas você sempre foi meu primo preferido e que o Yuri não me escute, confio em você e eu preciso tirar isso de mim.

— Tá bom. – respirei fundo e deixei meu celular de lado. Seja o que for era bem pesado.

— Meu pai sempre viu em você o irmão mais velho de Alice que eu nunca fui. Ele sempre fez questão de deixar isso claro pra mim. Um dia eu estava de saco cheio das falas dele, dela, do problema dela, de tudo e acabei falando coisas horríveis... Que hoje eu me arrependo muito. Mas, ele não esperou eu me arrepender, claro. – fechei os olhos. – Ele disse que se encostasse em mim iria acabar me matando de tanto ódio que ele estava naquele momento e então... Ele me mandou para a casa dos meus avós maternos. Ele ordenou ao meu avô que me desse uma lição. – ele começou a chorar. Que vontade de ir até meu tio e socar a cara dele. – Você sabe que eu fui uma criança terrível, que sou cheio de cicatrizes, pontos, já quebrei tudo que é osso... Mas, especificamente algumas delas ele que fez, meu avô. Não sei se ele sabia que lição para o meu avô significava tortura, mas acredito que sim. Fiquei dois dias no porão da casa dele, amarrado e com a boca completamente atada, sofrendo de várias formas que você não pode imaginar e mais três dias para me recuperar para ir pra casa.

— Por que você não fez alguma coisa quando ele te soltou? Foi a policia, denunciou?

— Ele disse que poderia sim ir preso, mas eu iria para o reformatório, porque ele alegaria que eu tentei molestar minha irmã e diante do laudo médico de que ela não sente nada e não acharia estranho por não ter amor de irmã por mim...

— Que sujeira Murilo, puta que pariu! – eu me questionava como ele manteve a sanidade esse tempo.

— Estava procurando vocês, eu... – Fabiana chegou falante como sempre e ao notar o estado do meu primo e que eu também não estava bem ela deu um passo para trás. – Volto depois. – ela virou devagar e foi saindo. Os dormitórios não tinham portas, então ela voltou e apareceu só com o rosto. – Querem que eu chame alguém? – eu ia dizer que não, mas sabia que ela continuaria a falar. – Estou preocupada. Não quero ser inconveniente, querem só que eu deixem vocês sozinhos? – tadinha, Fabiana era a melhor pessoa que a universidade me apresentou. O Rafael só não podia saber disso.

— Vem cá. – Murilo a chamou e ela veio bem rápido e se sentou ao lado dele. Ele encostou a cabeça no ombro dela e ela começou a fazer carinho no cabelo dele e eles deram as mãos. Podia ser só um momento de fraqueza ou apoio, mas eles pareciam muito um casal os vendo daquela forma. Talvez Aline ficar insistindo em trazer lembranças nossas à tona fez com que a paixão dele por ela se acabasse.

— Você acha mesmo que ele sabe Murilo? – perguntei sem dar nomes, quanto menos pessoas soubessem dessa história era melhor, pelo menos por enquanto.

— Eu me forcei a acreditar que não. – nos olhamos. – Mas não tem como.

— E isso fez com que se afastassem cada vez mais... – analisei. – Estou começando a gostar do meu pai.

— De repente conversinhas, jogos psicológicos, mentiras, intrigas... Tudo isso ficou tão leve né?

— Só uma coisa eu não entendi. Por que não teve ódio dela?

— Ela sempre fez de tudo para que nada acontecesse. – ele voltou a chorar.

— Ei calma. – Fabiana o abraçou.

— Mesmo quando não sentia absolutamente nada ela sempre foi a pessoa mais doce, mais bondosa, mais gentil. Naquela semana ela não dormiu, ela entendeu que havia algo errado, parecia até pressentimento de irmãos. Ela me abraçou quando me viu e o fez prometer que não me manteria mais longe, em hipótese alguma. Alice não merece estar nesse mundo. – por um instante tive vontade de ir até ela e questionar por que ela agiu daquela forma se ela era isso tudo e eu sabia que era, mas lembrei do beijo com Kevin. Era melhor deixar pra lá mesmo. Murilo se acalmou e acabou deitando no colo de Fabiana.

— Combinamos eu, o Ar, Alícia e Fael de ir ver as estrelas com o telescópio que era do Yuri hoje a noite... Você quer ir?

— Melhor não. – ele respondeu e senti um clima estranho.

— Ele e Alícia. – ela contou me olhando e revirou os olhos. – E é por sua causa, você sabe né?

— Achei que o Ryan fosse o bastante.

— Ela pegou o Ryan? – ela quase engasgou.

— Por que ninguém nunca fica sabendo os rolos do Ryan?

— Porque eu como quieto, bem ao contrário de você. – ele chegou respondendo e olhou para Fabiana. – O horário de almoço acabou tem vinte minutos e a lavanderia nos espera.

— Claro chefe. – ela brincou e riu. – Vamos lá. – ela ajeitou a cabeça de Murilo no travesseiro e se levantou, selando os lábios dos dois antes.

— O Ryan está afim dela. – ele comentou parecendo não gostar muito de ter percebido isso. Pelo visto essa temporada no abrigo seria muito mais agitada que eu imaginei.

— O Ryan está afim de quem? – Otávia chegou perguntando e se sentou em minha cama, se escorando na parede e ficando bem a vontade.

— Fabiana. E por que todo mundo está vindo pra cá? – meu primo respondeu a olhando.

— Todo mundo menos Alice né?! Quando essa briguinha imbecil entre vocês dois vai acabar? – ela me olhou. – Vocês viviam grudados. Faziam tudo um pelo outro. Que merda é essa Arthur? Se não quer sentir nada por ela, se isso não te faz bem, é você quem decide, mas pelo menos seja o primo e amigo dela que você sempre foi.

— Vai ter que mediar o lado de lá também, porque ela não quer nem ouvir falar o nome dele. – Murilo comentou. – Prefiro pensar que é uma fase. Deixa os dois. Eles vão se entender.

— Oi. – meu pai chegou e não aguentamos e começamos a rir.  – Espero que estejam rindo por estarem loucos de alucinógenos e não de mim.

— É de você mesmo. – falei e depois ri mais ainda. – Você está ridículo nessa roupa de soldado.

— Não queria que eu fizesse guarda com meu terno Armani né Arthur? E além do mais eu sou lindo de qualquer jeito. – ele deu aquele olhar arrogante.

— A aparição do Satã chefe se deve a que? – perguntei e ele revirou os olhos.

— Seus apelidinhos já nem me afetam mais. Vem aqui, preciso levar um papo sério contigo. – ele saiu do quarto e eu fui atrás, se eu não fosse ele ficaria no meu pé o dia inteiro.

— Preciso que dê um jeito em seu irmão.

— O que o Yuri fez? – perguntei preocupado.

— Não esse, o outro.

— Desconheço. – virei as costas e ele me puxou.

— Ele está vendendo drogas aqui. – ele falou baixo.

— E o que EU tenho a ver com isso?

— Se ele for descoberto vai ser expulso! Sei que ele se vira lá fora, mas pode pegar a doença e morrer. Kira vai enlouquecer.

— Interna na psiquiatria. – franzi a testa. – Nenhum dos dois é problema meu.

— Estou pedindo a sua ajuda Arthur.

— Por que toda vez que você me procura eu só escuto essa frase?

— Porque você é o melhor filho do mundo! – me virei para ele, como eu disse, não adiantaria nada lutar contra. – Olha, se eu não precisasse não viria até você e você sabe disso. Parece que ele tá envolvido em umas coisas bem pesadas.

— Como assim? Pensei que fossem algumas ervas, até mesmo a desgraça do pó... Que coisas pesadas?

— Quase tudo que ele repassa no hotel. – o olhei. – Eu não deixo Arthur! Ele é esperto demais, é ardiloso, você me acha o satã, mas o seu irmão é dez vezes pior.

— Esse é um negócio de família, que vem do tataravô. Tem mais de 100 anos. Ele pode conseguir fazer com que feche, ele pode arruinar tudo. Se o tio Gu ou o tio Vini imaginarem isso seu rostinho lindo vai ser deformado.

— O rosto eu faço uma ou várias cirurgias plásticas, o problema são as bolas que eles com toda certeza vão querer arrancar.

— Esse papo não está indo para um bom caminho.

— Então... Ele tem um fornecedor de LCD e eu vi o cara em um dos caminhões de entrega de águas. Tenho certeza que tem drogas no meio da entrega. Não é atoa que ele é quem recebe.

— Mas não recebe sozinho, inclusive tem vários responsáveis com ele.

— Sim, mas ele não pegou uma quantidade grande e deve ter lá as manhas e truques, é o Kevin, ele é um rato.

— Imagino que queira que eu o tire do recebimento. – nos olhamos. – É só eu falar com o meu tio e dois segundos já está feito. Isso é o que acontece quando se tem reputação ilibada. – suspirei. –Vou fazer. Não é por ele e nem por você, é para acabar com as drogas aqui. – virei as costas e iria voltar para o quarto.

— Quero outra coisa também para eu ter certeza que ele não irá pensar em outro jeito. – parei. – Dê uma surra nele.

— Você tá falando sério? –girei de volta o encarando.

— Muito. Ele merece e você sabe disso. Cansei de poupar Kevin. Desconte toda a sua raiva Arthur.

— Isso não me fará melhor que ele.

— Você é moralista demais, que inferno! – ele praguejou com raiva. – Quer um incentivo? Ele fez o que você tanto temia. Pergunte a Alice onde ela estava na noite passada.

— Não converso com ela e eu não tenho mais nada a ver com isso.

— Ah... – ele deu uma risada. – Chega a ser fofo a força que você faz para fingir não estar nem aí. Toda essa fúria acumulada na verdade é amor e você sabe disso, está morrendo de ciúme e fez tudo porque a queria só pra você e não aguentou vê-la dar atenção para outro. Agora ela é de outro. De corpo eu digo. Acho que subestimei meu filho, ele conseguiu levar a inocência da meiga Alice. Agora que eles transaram me surgiu uma dúvida... Será que ela sente orgasmo? Por que ela não sente tudo né? Ou sente? De qualquer forma... – o sangue já havia subido em minha cabeça, ele me puxou pelo braço e me levou para uma sala, vi que Kevin estava lá. – Acho que vocês dois tem um assunto para resolver. – ele disse e mostrou a chave. – Não se matem. Daqui a pouco eu volto. – ele trancou a porta. Minha primeira ideia foi de voar no pescoço dele, mas racionalmente eu não iria dar o que Caleb queria.

— O que foi isso? Não entendi nada, ele quer que a gente se reconcilie? – fiquei tentando achar um ponto de paz em algum lugar. Fechei os olhos e lembrei fatos que me deixavam instantaneamente feliz. Mas agora me deixavam triste e me se associavam as palavras do meu pai. – Fala alguma coisa idiota!

— Ele quer que eu arrebente a sua cara e eu estou a um milésimo de fazer isso, então cala a porra da sua boca.

— Mentiroso do caralho. Meu pai nunca iria querer isso. Posso saber por quê?

— Se ele nunca iria querer não tem motivo.

— O caráter dele não é dos melhores.

— E você herdou.

— Já pensou que você pode ser adotado?

— Já pensou que tenho mãe? – parei pra pensar. – Uma desgraçada falsa também. – quebrei um enfeite que estava na mesa.

— Sua vida parece estar indo nada bem... – ele deu uma risadinha.

— POR QUE VOCÊ TEM TANTO ÓDIO DE MIM? – gritei perdendo a paciência.

— Ela te escolheu mesmo quando não sentia nada. O meu pai te escolheu como filho preferido. Todas as pessoas que nos rodeiam sempre te escolhem! Sem falar nos seus amigos que te acham um super herói. Sabe Arthur... Vocês sempre dizem que não tenho amigos. Não tenho mesmo, nunca tive. O ÚNICO que tinha o minimo de identificação comigo era... - ele respirou fundo. - Murilo sempre foi meu amigo desde pequenininho... E quem ele escolheu para ser o preferido dele?

— É por causa do Murilo que você está fazendo isso tudo?

— Você é surdo? É por TUDO! 

— Ela me escolheu e acabou na sua cama Kevin. – ele começou a rir. – Pode rir, você venceu. Conseguiu o que tanto queria. Agora me diz que nossa disputa acabou Kevin, pelo amor de Deus, eu não aguento mais isso.

— Ela é o começo. Quero tirar tudo de você.

— Não vai conseguir sendo quem você é. Um traficante de merda que não tem princípios.

— Está se descrevendo. Nesse momento tem uma quantidade significativa de heroína nas suas coisas e acho que um dos guardas vai descobrir e te entregar... Você vai ser expulso. Espero que pegue a doença e morra. – demorei um tempo para processar tudo.

— Isso foi um plano de vocês dois?

— Não. Ele realmente planejou que eu levasse uma surra. Só que eu já sabia que ele havia descoberto o meu negócio e como eu tinha certeza que ele iria fazer alguma coisa eu tinha essa carta na manga. Ainda havia chance de você se safar... Meu plano era fazer uma troca, sua liberdade pelo silêncio dele... Mas ele não deu essa opção.

— Você é sujo em um nível que eu não consigo nem entender.

— Você ainda pode me dar uma surra. Mas isso vai piorar as coisas pra você... Com os guardas e com Alice. A propósito... Quem te contou da transa espetacular que tivemos? A primeira vez não foi tão boa, claro. Mas a segunda, terceira, quarta... Cada dia fica melhor. A boca dela é tão gostosa e quando ela... – não suportei aquilo e comecei uma sequência de socos que pareciam que não teriam fim. Também apanhei, mas eu acabei com ele, quando Caleb abriu a porta minhas mãos estavam cheias de sangue.

— Você é louco!  - ele não esperava isso de mim. Nem eu. Não foi uma surra. Foi um massacre. Se eu pudesse descrever essa cena agora estaria tocando uma música melancólica bem dramática e que mexesse com o sentimento de qualquer pessoa. No final ele conseguiu tudo que queria.


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