Amor Perfeito XIII - Versão Arthur escrita por Lola


Capítulo 14
Sinceridade


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/777951/chapter/14

— Tudo se resume em você Alice. Sempre foi você, é você e vai ser você. Estou magoado com o seu jeito. Como pode achar que eu estava com alguém? Não estive com ninguém desde que me disse que percebeu que sentia algo.

— Eu não estou sabendo lidar com o que estou sentindo, tenta me entender, eu nunca senti essas coisas. – sentei em minha perna direita e virei de frente para ela que fez o mesmo. – E eu estou fazendo o mesmo que você, tanto é que evito qualquer tentativa de conversa do Kevin. – peguei sua cintura e a trouxe para mais perto de mim. Olhei para a casa e sabia que ninguém nos veria ali a menos que saísse de lá de dentro. Eu só tinha que tomar atitude. Olhei em sua boca e depois para os seus olhos, vi a ansiedade tão nítida. Mas não sei o que acontecia comigo... Era a Alice. – A rigidez do seu corpo me diz que vai desistir. – ela suspirou e abaixou o rosto.  – Tem alguma coisa em mim que te repele, não é? – pensei em ser sincero e dizer tudo, contar o quanto eu não conseguia vê-la como mulher, mas isso a machucaria tanto.

— Minha boca está com gosto de maconha, é só isso. – disse a coisa mais idiota que passou em minha cabeça. Ela ficou me olhando.

— Você sabe que eu não acreditei nisso né? – ela sorriu. Depois ficou séria. – Quando quiser ser sincero, eu estou pronta. – apenas palavras. Ela não estava. E o pior que sabia disso. Ela suspirou. – Você não brigou com a Fabiana né? – fiz sinal negativo. – Gosto dela! – ela sorriu. – Gosto muito mesmo. Ela é tagarela, curiosa, indiscreta, mas... Ela é autentica. Não é falsa. E passa uma alegria. Um alto astral. Ela me faz esquecer todo drama que sempre estive inserida. Hoje o meu pai a colocou nesse drama. – ela olhou para cima, sabia que fazia isso para não chorar. Passei a mão em seu rosto. – O meu pai sabe... Ele nunca vai conseguir imaginar um contexto em que eu e sexo estejamos inseridos... E o pior que às vezes acho que você pensa do mesmo jeito que ele. E isso só me faz sentir vontade de ir até o Kevin e mostrar a vocês dois o contrário.

— Você está ouvindo o que está dizendo? – olhei em seus olhos.

— Sabe como é se sentir diferente das amigas? Sabe como é ver a pessoa que você gosta te evitar porque você é diferente?

— Não te evito porque você é diferente. – ela pareceu segurar o ar. – Eu te evito porque EU sou diferente. – não sabia como dizer aquilo, realmente não queria machuca-la.

— Você tem medo de me beijar e a gente acabar... – ela desviou o olhar com vergonha.

— Sim, é isso. – respondi.

— Você está mentindo de novo Arthur!

— Como você sabe?

— Você muda quando mente. – ela suspirou. – Mentir não é uma qualidade sua e sabe disso.

— Conversei com a vó hoje para tentar entender... Meio que travo quando tento te beijar. Não tem nada de errado contigo Alice. É só que eu te respeito demais. Você é minha prima, é bem mais nova que eu, o seu pai sempre confiou em mim... Todas essas coisas pesam demais!

— É muito mais fácil ficar com uma desconhecida. – ela deu de ombros. Tentei achar vestígio de mágoa em sua voz, mas não havia. – A gente não tem muita escolha Tuh.... Temos que ser os melhores amigos de sempre. – ela sorriu, como se aquilo fosse muito fácil. – Obrigada por ter sido sincero. Isso é muito importante pra mim.

— Não precisa agradecer. – fiquei sem palavras com a sua resposta.

— O almoço com certeza já está pronto, acho melhor irmos pra lá. – ela se levantou.

— Pode ir, daqui a pouco eu vou. – ela concordou e saiu. Fiquei por um tempo ali pensando se Alice havia se enganado sobre o que sentia por mim, já que sua primeira atitude foi se esquivar. Entrei e fui até a cozinha e tomei um copo grande água.

— Desculpa. – meu tio Vinicius parou de frente para mim encostando-se à pia e cruzou os braços. – Alice não é sua responsabilidade, não deveria agir como se fosse. Fui duro com você sem motivo. A verdade é que tenho um filho que me ignora completamente e você sempre foi como um filho pra mim... E eu perdi a mão. – ele me olhou.

— Você não pode me culpar por tudo que acontece só porque me acha capaz de cuidar de todos. Mas quero que saiba que a Alice nunca vai ser um peso para mim.  Era só você não chegar daquele jeito mandando em mim daquela forma. Nem meu pai manda em mim Vinicius! E não é porque eu sou como Kevin ou Murilo, é porque não precisa.

— Isso tudo que está acontecendo contribuiu muito, aquela hora Maísa tinha acabado de me contar que... – antes que ele acabasse de falar tia Raíssa chegou entre a gente.

— Liguei e marquei uma consulta de urgência para Alice. – segurei na bancada.

— Ela está apresentando sintomas da doença? – ele perguntou preocupado.

— Não!  É com a médica dela.

— E por quê? – todos que estavam almoçando passaram a prestar atenção neles.

— Tem que regular os medicamentos dela. Alice está sentindo as coisas com intensidade demais.

— O que aconteceu Raíssa? – ele chegou mais perto da esposa.

— Não aconteceu nada Vinicius, ela só precisa ter os medicamentos reajustados. Preciso que seja antes que tudo pare de vez.

— Vamos conversar lá em cima. – ele insistiu. Fiquei olhando para os dois enquanto meu celular vibrava em meu bolso. Olhei e era Ravi.

— Não tem o que conversar. Só estou te avisando.

— A filha é só sua agora? Raíssa, você nunca soube lidar com o fato de que um dia Alice poderia sentir alguma coisa e agora ela sente! Se ela está mal com alguma coisa o correto é tentarmos agir com ela como agiríamos com qualquer adolescente normal. E não correr com ela para a clínica porque ela faz um tratamento médico.

— O que a Alice tem? – Murilo se aproximou e questionou de forma preocupada. Raíssa ficou olhando para o marido. Nenhum dos dois dizia nada.

— Ela não tem nada gente. – Fabiana começou a falar e eu a olhei surpreso. – A gente estava vendo um vídeo de cachorrinhos e ela começou a chorar... Raíssa achou a reação exagerada e devem ter acontecido mais outras coisas para ela chegar nessa conclusão. Ela é mãe, né.

— Porque os adolescentes tem mais voz que os adultos nessa casa? – ela questionou estressada. Depois respirou fundo, parecendo repensar o que a garota disse. – É isso e pela primeira vez vejo algo sábio sair da boca dessa Fabiana. Vou chamar Alice para almoçar, daqui a pouco é a consulta dela.

— Não se case e não tenha filhos se não quiser virar um idiota incompreendido. – meu tio me avisou e saiu. Peguei um prato e me servi, me sentando com o resto dos meninos. Alice desceu e se serviu também se sentando perto de Fabiana.

— Por que a mãe quer te levar pra consultar? – Murilo perguntou de forma incisiva. Ela apenas o olhou e voltou a comer.

— Foi só um vídeo de cachorrinho que te deixou com essa cara de choro Alice? – Sofia questionou a encarando.

— Vídeo de cachorrinho? – ela a olhou como se fosse louca.

— É, eu e sua mãe contamos. – vi que Fabiana mentia descaradamente. Atendi Ravi que me ligava de novo, respondi algumas coisas sobre a obra e disse que iria pra lá daqui uns vinte minutos.

— Ela quer te dar uma espécie de anti amor? – Gio perguntou e riu. – Logo agora que você está tão bem. Quer dizer... Você se exalta em algumas reações, mas isso deve ser normal, com o tempo é que se acostuma e... – parei de ouvir e me levantei, fui levar meu prato até a cozinha, Rafael veio atrás.

— Você entendeu tudo né? – ele perguntou baixo. – Ela pediu para não contar, mas agora ficou evidente. Vem. – ele me indicou a saída.

— Vou escovar os dentes e trocar de roupa, Ravi está me esperando.

— Não sei o que você disse a ela, mas eu a peguei em uma crise de choro atrás da casa e ela só falou que era você e não podia te ter.

— Você sabe que essa casa apesar de ser de pedra e clássica por fora, tem o projeto moderno por dentro e os cômodos são abertos e ela provavelmente já percebeu que você me contou tudo. – falei indignado.

— Precisa usar o deboche? E até parece que você não tinha percebido que não tinha vídeo nenhum. Acho que a sua futura sogra apoia, mas o sogro não. Por isso a desculpa do vídeo.

— Tá. – cruzei os braços e respirei fundo. – E a Fabiana sabe disso?

— Óbvio que não, ela só tentou ser legal com a futura sogra DELA. – ele bateu em meu ombro. – Você já foi mais esperto parceiro. – ele apontou o dedo para mim e saiu. Fui para obra onde passei a tarde e a noite toda. Mas dessa vez Ravi não deixou que eu ficasse até a madrugada. Voltei era cedo, estranhei a casa estar vazia, quer dizer, todos os adultos estavam ali, mas não havia nenhum dos meus primos e amigos.

— O pessoal está organizando um lual sem lua e sem fogueira. – minha mãe contou e riu. – Vai tomar um banho para você ficar com eles. – ela beijou meu rosto e fiz o que sugeriu. Apesar de estar cansado e ter dormido pouco a noite anterior fui atrás da casa, onde eles estavam. Antes de chegar ouvi as risadas. A parte de trás não havia muito espaço, a floresta tomava um pouco conta de tudo, mas dava para ficarmos lá e lembro que fazíamos isso desde a infância.

— Vê se não vou ser um engenheiro de sucesso! – Fael exclamou me mostrando a pilha horizontal que ele fez em formato de L encostada na parede de pedra da casa.

— Isso são os suprimentos que as autoridades enviaram? – perguntei nada surpreso.

— Sim, mas não se preocupe, não tem nada perecível. É só papeis higiênicos nas caixas, sabão, sabonete, enfim, materiais de limpeza e higiene. – Otávia explicou e riu. – É um belo e grande banco que ele fez vai, não seja hipócrita, foi uma boa ideia.

— Se não teríamos que buscar o sofá velho e várias cadeiras. O Rafael é o herói da noite. Sem conversa. – Murilo falou sendo o bastante para todos gritarem e baterem palmas.

— Roubei o seu posto sem muito esforço. – ele se gabou e deu de ombros. - Agora vai lá e pega as banquetas para colocarmos as bebidas e petiscos fortão. – olhei para ele com misto de vontade de rir e de dar um soco nele.

— Minha mãe ainda te acha esquisito. – falei baixo e ri.

— Vamos apostar que a conquisto? – ele estendeu a mão com a expressão mais determinada que já vi na vida.  Apertei e ri. – Quanto tempo? Sou competitivo, quero regras claras. Valendo alguma coisa, por favor.

— Levando em conta que tudo está um caos e ela pode estar bem ocupada... Setenta e duas horas. – o encarei.

— Isso dá quatro dias né? – dei uma risada alta.

— Ue, quem é o engenheiro foda aqui?

— Sou engenheiro e não matemático.

— Como se não precisasse saber matemática. – ri mais ainda. – São três dias. Qual regra você acha importante?

— Ela não saber da aposta, se não claro que vai continuar se fazendo de antipática.

— Valendo o que Rafael? – já comecei a imaginar o que sairia de sua boca.

— Se eu conseguir você convence a Sofia a dar pra mim.

— Tá louco? Sexo não é convencimento. Rola se ela tiver afim. – falei de forma irredutível. – Próxima ideia.

— Se eu ganhar você pega sua prima. – o olhei. – Sim, Alice.

— Uso a mesma justificativa anterior.

— Não é sexo. Falei pegar, aí você faz o que tiver vontade, o que rolar.

— A segunda parte da justificativa.

— Ela quer e você quer.

— Não vou beija-la por causa de uma aposta.

— Vai dar o cú Arthur! – ele injuriou falando mais alto e chamando a atenção de todos. – Aí, você não buscou as banquetas seu primo Murilo e o seu amigo Ryan buscaram seu inútil. – ele falou alto ainda e depois me olhou. – Quando o vencedor ganhar ele escolhe algo. – encerramos aquele assunto.

— A caixa de som do Kevin é melhor que a minha e são da mesma marca. – Giovanna comentou analisando a caixa vermelha que tocava alguma música que agora eu não conseguia prestar muita atenção, já que o dono dela estava de conversinha com Alice.

— Deve ser porque a sua é falsificada e a minha não. – ele respondeu a garota com a sua grosseria de sempre.

— Você precisa é de um abraço e carinho sabia? – ela respondeu gentilmente.

— Mas não vai ser você quem vai dar. – Alê tomou a namorada pela cintura.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Amor Perfeito XIII - Versão Arthur" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.