Amor Perfeito XIII - Versão Arthur escrita por Lola


Capítulo 13
Proteger Alice


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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Passamos o dia todo na construtora acertando e finalizando o projetando da cúpula. Fomos para o enorme terreno ao final da tarde, onde vimos que as máquinas enviadas já haviam tirado as gramas, matos, árvores e tudo necessário e feito todos os outros serviços. Amanhã tudo começaria a ser feito e como o material usado seria metal, aço e afins, demoraria um tempo considerável. Um tempo que não tínhamos. O dobro de gente precisou ser contratada e turnos seriam intercalados. O serviço começou essa noite. Já era madrugada quando chegamos na casa de pedra dos meus tios para dormirmos.

Havia ficado acertado que eu dormiria no quarto de Murilo com ele e Rafael, mas tentei abrir a porta e estava trancado. Desgraçado. Aposto que estava com Fabiana. Não podia olhar todos os quartos de hóspedes e correr o risco de acordar alguém. Mandei mensagem para o Rafael compulsivamente.

— Que foi caralho? Você está morrendo? – ele perguntou sonolento ao sair de um dos quartos.

— Era pra você estar no quarto do Murilo. E a porta está trancada. – ele deu de ombros.

— Se você esmurrar a porta seu tiozinho nervoso vai acordar e quebrar o filho todo.

— Onde você está dormindo?

— Em um quarto que tem Ryan, Alexandre, Yuri.

— Onde o Kevin está?

— No quarto com os pais. Parece que ele é apegado a eles né?

— Ai, tá. Estou morto de cansaço.

— Não cabe mais ninguém no quarto que eu tô, estou numa ponta do colchão do seu irmão que não vai muito com a minha cara e já quase me chutou de lá. Eu quase fui para o seu carro, mas você carrega a porra da chave com você.

— Vamos dormir no sofá?

— Partiu! Vou pegar travesseiro e coberta.

— Achei tão bonitinho vocês dois dormindo juntinhos no sofá! – minha tia Raíssa falou de manhã quando sai do banho.

— Eu falei para invés de abrir o sofá ele dormir no sofá fechado e eu no chão! – Rafael resmungou.

— Sua masculinidade é tão frágil a ponto de você dormir no chão duro? – perguntei e os adultos riram.

— Bom dia. – Alice acordou e pelo visto não estava bem humorada.

— Que foi filha? – a mãe dela perguntou ao notar seu tom de voz e sua expressão.

— Não me deixaram dormir.

— Quem? As meninas? – ela iria falar do irmão e iria me foder.

— Arthur. Ouvi a voz dele de madrugada.

— Desculpa.  – falei sem olhar para ela.

— Precisa ser tão grossa? Se ele chegou de madrugada e fez barulho é porque ficou com Ravi trabalhando até a tarde. – minha mãe falou e ela não pareceu se abalar. Esse foi só o inicio de uma péssima manhã. Quando finalmente pude conversar com minha vó me sentei com ela em um banco encostado na enorme parede de pedras perto da casa e despejei tudo que estava acontecendo, a forma como eu ficava travado ao tentar beijar Alice.

— Você tem que entender de onde vem esse bloqueio. É por que você ainda acha incapaz? Acha errado beija-la?

— Muito. Por mais que eu a ame...  Ela sempre vai ser a frágil Alice, sabe?

— É como se ela estivesse sendo abusada por você se beija-la?

— É como se eu tivesse passando uma barreira que eu não posso.

— Então ela é a sua área proibida?

— Totalmente.

— Ser carinhoso com ela e andarem feito um casal tudo bem?

— É algo puro. Não está relacionado a desejo.

— Um beijo pode ser puro também Arthur. É só você colocar essa pureza nele.

— Não é tão simples.

— Faça ser. Não a beije como beija as outras. Seja calmo.  Use todo esse sentimento que você diz sentir, a beije de forma romântica, lenta, pausada, não dê margem para o desejo surgir. Alice é muito nova. E nunca esteve com ninguém. E não sabe muito sobre essas coisas, você tem que ser o controle dela Arthur.

— Como vou fazer isso se eu não consigo beija-la vó?

— Pense nisso e conseguirá, é isso que estou dizendo.

— Não é só isso. – suspirei derrotado. – Vou tentar esquecer. É o melhor que eu faço.

— Quantas vezes você já tentou? – fiquei sem respostas. – Quer um conselho irresponsável? – a olhei. – Beba. Vai te encorajar.                          

— Você não vai estar hoje com Ravi. – tio Vini chegou ordenando com a expressão de poucos amigos. Todo mundo estava atrás vindo atrás dele. Ele respirou fundo e parecia esperar uma resposta minha, fiquei calado o olhando. Era ele quem tinha que justificar essa ordem. Todos chegaram e vi que estavam com a mesma expressão que ele. – Vai ficar aqui de olho nesse bando de adolescente que só sabe fazer coisa errada. Você precisava ouvir as perguntas que peguei sua amiga fazendo para a minha filha! Ela ainda não entendeu que ela é uma garota especial?!

— Meu filho... – minha mãe começou a falar com a voz doce, bem diferente de umas horas atrás. – Todos os adultos estão ocupados estabilizando o que precisa em seu negócio ou trabalho... Tem coisas que necessitam ser feitas antes da paralisação geral. A gente não dá conta de cuidar deles sem estarem estudando e ainda juntos com duas influências que não conhecemos. Sua amiga parece ser bem legal, mas ela está com os hormônios a flor da pele e... – a interrompi.

— Pega. – olhei para a Fabiana e mostrei que jogaria a chave do meu carro, ela pegou no ar. – Espera lá, estou indo agora. – me levantei.

— Não sou pai de ninguém aqui! – olhei para o meu tio de forma dura e séria. Eu não devia NADA a ele. Depois voltei a olhar minha mãe. – Vou ir ver Alícia e depois eu vou para a obra. Não vou deixar aquilo tudo nas costas do Ravi porque vocês querem.

— Nunca mais fale assim com o seu tio de novo. – minha mãe me olhou me fazendo rir.

— E ele pode falar comigo do jeito que quer sempre? Estou cansado das grosserias gratuitas deles. Porque tudo sempre é culpa minha. Porque eu não posso deixar de olhar esses idiotas por um segundo. Porque o filho dele é uma máquina de fazer sexo e eu sou o responsável. Porque a filha dele não pode ouvir sei lá o que e realmente sou eu que tenho total culpa. – o olhei. – Vai ter que usar outra pessoa para descontar suas frustrações a partir de agora. – sai andando antes que aquilo piorasse. Olhei de lado e vi Rafael de boca aberta, quando ele voltou a si deu uma corridinha e me alcançou entrando no carro.

— Caralho, você mandou muito bem! – Fabiana exclamou enquanto encostei a cabeça na poltrona e respirei fundo. – Antes que pergunte como ouvi tudo eu mandei mensagem para o Rafa e ele gravou.

— Rafa? Vocês nem se dão bem.

— Você acabou de esculachar o pai da garota que você ama e tá preocupado com a forma que eu chamo esse energúmeno?

— Amava. Em breve. – liguei o carro e fui em direção ao hospital.

— Desculpa causar todo esse transtorno a você.

— O que você perguntou a ela? – a olhei enquanto parava em um sinal. Estranhei os sinais ainda estarem funcionando.

— Se ela era virgem.

— Logico que ela é virgem! Até outro dia a garota não tinha nem reflexo Fabiana. O primeiro e único cara que ela beijou foi Kevin... – ela me interrompeu.

— Então... Não foi só isso. – ela olhou para baixo. – Seu tio chegou quando eu estava perguntando se ela não tinha vontade de transar com Kevin. – o sinal abriu e eu continuei parado. – Arthur. – sua fala e uma buzina atrás me fez acordar.

— Por isso ele estava tão nervoso. – continuei andando. – Não deu tempo dela responder né?

— Não deu não. Pela expressão que ela fez eu acho que é uma coisa que ela nunca pensou. Logo, ela não tem vontade, se não pensaria. – fiquei pensando se aquilo fazia mesmo sentido. – Olha Arthur, desculpa mesmo, você tinha me contado toda a história já, eu sabia que ela não era como eu ou as outras, não sei por que fiz essas perguntas idiotas... A noite com Murilo foi muito incrível. Fiz coisas que jamais imaginei fazer, só tenho dezoito anos, não sou tão experiente assim também... Acho que fiquei extasiada demais. Acabei não pensando.

— Tá tudo bem Fabiana. Não estou com raiva nem nada, relaxa.

— Juro que vou ficar na minha a partir de agora.  – ri alto.

— Você não conhece o Murilo. Ele não vai te deixar ficar na sua. De jeito nenhum. E qual é a de vocês dois? Que sexo tão bom é esse que tem que repetir todo dia?

— Todo dia? Tá mal informado. No caso é toda hora. Por que... – Fael começou a falar e ela o interrompeu.

— Ninguém te perguntou nada!

— Foda-se. – ele respondeu e apontou o dedo do meio.

— Ah pronto! Tenho que lidar com meu tio, minha mãe, aqueles adolescentes afetados, o trampo duro para ajudar a cidade e agora a inconstância do humor do Fael. O que foi? – virei para traz para encara-lo enquanto entrava no estacionamento do hospital.

— Você Arthur! Houve você! Primeiro que você está tratando sua mãe muito mal e você não sabe o que é não ter uma mãe por perto. Segundo que o seu tio pode ser estourado e o caralho, mas do jeito dele ele está te mostrando o quanto confia em você e os seus amigos vivem atrás de você e você só quer saber de se enterrar nessa luta diária de esquecer ou não esquecer o amor da sua vida! Que inferno. Quando você vai conseguir entender que essa garota só te faz mal? – estacionei e ficamos em silêncio.

— É um novo ponto de vista. – Fabiana comentou e deu de ombros. – E querendo ou não ele tem um pouco de razão...

— Ah obrigado aí pantera cor de rosa. – ele saiu do carro e foi em direção a recepção do hospital.

— Tenha calma vai, ele tá com medo de pegar essa doença. Não falou em outra coisa ontem. Acho que vim até o hospital foi demais para ele.

— Às vezes você é tão sensata. – a olhei.

— Exceto quando se trata de uma foda bem dada com o Murilo. – ela sorriu grande.

— Você falou igual o Rafael agora. – revirei os olhos e sai do carro. Ela fez o mesmo e então encontrei Maísa me esperando.

— Ela começou a reagir bem ao tratamento. Já respira sozinha e acordou há pouco tempo. Você veio fora do horário, se eu te colocar lá vão querer que seja aberta exceções para todos dessa doença... Você consegue vim de tarde?

— A gente está acompanhando a obra da cúpula de perto, ontem cheguei em casa de madrugada, mas eu vou parar tudo na hora e venho.

— Tá bom. E vocês estão sem máscara? No centro? Já disse Arthur. Ou levam essa doença a sério ou o número de mortes vai aumentar. – meu estômago embrulhou.

— Já houve morte?

— Mortes. No plural. – sua expressão não era nada boa. – Acha que estou fazendo plantões atoa? Cochilo algumas horas aqui mesmo e já volto porque isso está um caos. Inclusive preciso voltar. Vá direto para o terreno e não faça mais isso tá?

— Eu sai correndo, não foi por querer, de tarde voltarei protegido. – nos despedimos e voltamos direto. O caminho estava sendo silencioso até Rafael acender seu baseado.

— Se eu vou morrer, quero morrer chapado. – ele se justificou e eu pedi que me passasse. Quando chegamos meu olho estava lacrimejando, acho que estava há muitos dias sem fumar. O cheiro forte e os olhos pequenos denunciaram de cara.

— Caralho! O Arthur tá doidão! – Yuri comentou inocentemente e depois colocou a mão na boca, estavam todos na sala, copa e cozinha. Os únicos adultos eram minha mãe e meu tio Vini e minha tia Raíssa

 - Você bebeu? – minha mãe perguntou vindo até a mim. Fiz sinal negativo.

— E a Alicia? – tia Raíssa perguntou parecendo prever que o clima iria fechar. Ou ela estava mesmo preocupada, já que era tão boazinha.

— Melhorou. Tá acordada. De tarde vou lá.

— Por que você tá conversando assim? – minha mãe me olhou. Dei uma risada.

— Ele tá drogado você não tá vendo? - Kevin falou parecendo impaciente.

— Me chupa Kevin! – exclamei sem olhar para ele.

— Consegui cortar a onda dele. De nada por isso Luna.

— Até te daria um soco se eu me importasse o suficiente.

— O que está acontecendo Arthur? – minha mãe perguntou com os olhos cheios de água. – Você não é assim. Você não é isso.

— Calma Lu. – tia Raíssa veio até a gente e abraçou a minha mãe.

— Quando passar os efeitos totalmente a gente pode conversar? – meu tio perguntou com o tom de voz ameno.

— Tudo bem. – abaixei a cabeça. – Mas de qualquer forma saiba que não pode contar comigo. Eu não sou tão bom assim.

— Eu não aguento mais isso! – Otávia se levantou e exclamou. – Esses conflitos internos, essa guerra com Kevin... Tudo isso é só por um motivo. O tio Vinicius reconhece esse motivo. – ela chegou mais perto de mim. – Você inspira nossos amigos, eles te seguem por tudo que você tem em seu coração. Tudo o que você faz é para proteger Alice e isso é quem você é. Por isso não tem como fugir disso. Não adianta brigar ou se drogar. Você já devia saber disso Arthur. – fiquei totalmente desarmado e sem palavras. Pela primeira vez em tempos eu queria chorar. Eu me senti fraco, sabia que não precisava me fazer de forte, Otávia havia me quebrado completamente. Queria sumir. – Sabe que eu te amo né? – ela juntou nossas mãos. – Vem comigo.

— Não. – Alice se levantou. – Tudo o que ele faz é para ME proteger e isso é quem ele é, então sou eu quem deve estar ao lado dele quando ele precisa. – ela pegou minha mão e saímos da casa, sentando no banco na parede de pedra que mais cedo eu estava com minha vó. – Desculpa! Eu te tratei mal quando acordei porque estava com ciúme por achar que a voz era a sua. E acho que ouvi sua voz porque isso que estou sentindo está muito forte. Mas não vamos falar disso. – ela me olhou. – Você quer conversar sobre o que está acontecendo?


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